GLOBALIZAÇÃO E MERCADOS REGIONAIS

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GLOBALIZAÇÃO E MERCADOS REGIONAIS
O que é globalização?
1- Um dos aspectos mais importantes da nova ordem mundial é a globalização. Esse termo, tal como é empregado hoje, surgiu na
década de 1980 para se referir a um novo e mais avançado estágio na interdependência de todos os povos e economias da superfície
terrestre.
1.1- Esse processo, no entanto, não é inteiramente novo. Como vimos, a expansão capitalista iniciada na Europa, nos séculos XV e XVI,
unificou o planeta e criou, pela primeira vez na história da humanidade, um mercado mundial. Mas esse momento atual de integração
planetária, chamado de globalização, representa um novo degrau ou etapa desse processo secular de modernização do capitalismo, um
momento em que as economias nacionais estão se enfraquecendo diante da maior importância do mercado global.
1.2- Até na cultura vem ocorrendo uma integração mundial, na medida em que o planeta parece estar ficando menor e que todos se
conhecem (assistem a programas semelhantes na televisão, ficam sabendo no mesmo dia o que acontece no mundo inteiro, etc.) por
isso, muitos falam em aldeia global para se referir a essa condição de comunicação instantâneas e de alcance planetário. Além disso,
existe certa uniformização de hábitos: em qualquer região do planeta, atualmente, as pessoas comem, cada vez mais, nas mesmas
cadeias de fast-food, bebem os mesmos refrigerantes, vestem jeans, ouvem músicas semelhantes e assistem aos mesmos filmes.
1.3- Houve um enorme desenvolvimento nos meios de transporte e de comunicações, nas viagens e no turismo internacionais, nas trocas
comerciais entre países.
1.4- Dois importantes símbolos da globalização são a Internet (rede mundial de computadores e informações) e o sistema financeiro
internacional (os investimentos no exterior, principalmente as compras e vendas das ações de empresas, algo que vai deixando de ser
nacional para se tornar planetário).
1.5- Para ter uma boa idéia desse processo de globalização, saiba que, em 1960, foram feitos 2 milhões de ligações telefônicas entre os
Estados Unidos e a Europa; atualmente, essas ligações ultrapassam em muito a cifra de 1 bilhão por ano. Em 1980, o volume dos
investimentos de residentes de um país no exterior atingia a quantia de 120 bilhões de dólares; em 2000, apenas 20 anos depois, esse
valor já atingia a casa dos 9 trilhões de dólares.
1.6- Isso quer dizer que as economias nacionais estão se desnacionalizando em ritmo acelerado, pois os norte-americanos possuem
ações ou títulos de propriedades no Japão, na Europa e na América Latina, os japoneses investem em empresas norte-americanas ou
coreanas, os alemães compram ações de empresas russas ou tailandesas, etc.
1.7- A globalização está associada a uma aceleração do tempo e um encolhimento do espaço. Tudo muda mais rapidamente hoje em dia.
E todos os lugares são mais interdependentes e parecem estar mais próximos. Os deslocamentos também se tornaram muito rápidos, as
comunicações são instantâneas e, com isso, o espaço mundial ficou muito mais integrado – ou encolhido, como dizem alguns. Basta
lembrar que, em 1856, quando o presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln foi assassinado, a notícia sobre esse fato levou treze
dias para chegar à Europa. Hoje em dia, apenas alguns segundos são suficientes para uma notícia qualquer cruzar o planeta, seja por
telefone ou por fax, seja pela Internet ou até mesmo pelas redes de televisão.
Expansão das multinacionais
2- Um dos aspectos mais importantes da globalização é a expansão das empresas multinacionais – ou transnacionais, como preferem
alguns –, que são firmas, (indústrias, bancos, empresas de transportes ou de comunicações, etc.) que possuem estabelecimentos em
inúmeros países, muitas vezes em todos os continentes.
2.1- Nas décadas de 1950 e 1960, havia apenas algumas centenas de empresas multinacionais, que eram principalmente norteamericanas (GM, Ford, IIT, Exxon, etc.). nos anos 1970, começou-se a falar cada vez mais nas multinacionais européias e japonesas
(Fiat, Renault, Nestlé, Volkswagen, Siemens, British Petroleum, Toyota, Mitsubishi, Sony, etc.), e o número dessas empresas aumentou
para alguns milhares. Atualmente, calcula-se que mais de 50 mil empresas podem ser consideradas multinacionais, que controlam uma
crescente fatia da economia mundial.
2.2- Algumas das maiores empresas multinacionais possuem sedes e capitais originários de países do Sul, como: Samsung, Daewoo, SK
e Hyundai, da Coréia do sul; Sinochem e Cofco, da China; Banco do Brasil e Petrobrás, do Brasil; Chinese Petroleum e Cathay Life, de
Taiwan; Petronas, da Malásia; PDVSA, da Venezuela; Pemex, do México; e inúmeras outras.
2.3- Com a crise do mundo socialista no fim dos anos 1980, a globalização se expandiu ainda mais. Isso porque o chamado Segundo
Mundo – isto é, o mundo socialista – vivia até o início daquela década mais ou menos à margem do mundo capitalista, com o seu próprio
comércio e as suas empresas estatais. Com a abertura desses países ex-socialistas para a economia de mercado e o capitalismo, a
globalização atingiu todo o planeta. Hoje em dia até na Rússia, na China ou na Mongólia se pagam contas de cartão de crédito do
Ocidente, existem produtos eletrônicos japoneses e cadeias de fast-food do tipo McDonalds, o comércio externo e o turismo crescem a
cada ano, etc.
Os mercados regionais
3- Outro aspecto importante da globalização é a formação ou criação de mercados comuns entre grupos de nações, que alguns autores
chamam de mercados regionais ou megablocos (mega, ‘grande’, ‘múltiplo’). Esses imensos mercados internacionais, ou blocos
comerciais, constituem uma das características da atual globalização, que é a interdependência crescente de todos os países e povos do
mundo. A globalização, em especial no aspecto comercial, não se faz por igual em todo o espaço mundial. Ela é bem mais intensa entre
os países desenvolvidos e, particularmente, no interior desses grandes mercados regionais.
3.1- Quais são os principais megablocos ou mercados regionais? Vejamos a seguir.
União Européia (U.E.)
4- União Européia: Nascida nos anos 1950 como Mercado Comum Europeu (MCE) e também conhecida como Comunidade Econômica
Européia (CCE), essa associação foi pioneira. Forneceu o exemplo a ser seguido pelo resto do mundo. Graças ao sucesso do MCE, que
passou a ser chamado de União Européia em 1993, depois da aprovação do Tratado de Maastricht pelos países membros – é que os
demais países procuraram criar outros mercados regionais, outros exemplos de integração econômica internacional.
4.1- Nos anos 1990 a União Européia era constituída por quinze países membros: Alemanha, França, Espanha, Itália, Bélgica, Países
Baixos, Luxemburgo, Portugal, Grécia, Dinamarca, Reino Unido, Irlanda, Áustria, Finlândia e Suécia. Em abril de 2003, dez novos
membros assinaram a sua adesão ao bloco: Polônia, Rep. Tcheca, Malta, Lituânia, Letônia, Estônia, Hungria, Eslováquia, Eslovênia e
Chipre. Existe ainda a possibilidade de outros países da Europa também ingressarem nessa associação.
4.2- Os países membros da União Européia abriram progressivamente entre si suas fronteiras comerciais, ou seja, os produtos de um
país podem ser vendidos nos outros sem impostos alfandegários (de importação). E também os serviços foram integrados, o que significa
que, por exemplo, um advogado, um médico e um professor podem exercer livremente a sua profissão em qualquer país membro, sem a
necessidade de nenhuma autorização especial, sucessivos tratados foram negociados entre eles e a unificação econômica (e também,
em parte, a unificação política, com a criação de um parlamento europeu), avançou muito.
4.3- O segredo do sucesso dessa comunidade é o mercado de consumo: são cerca de 380 milhões de consumidores de alto poder
aquisitivo – isso sem contar as nações que deverão ingressar na primeira década desse século, o que ampliará esse número para mais
de 420 milhões. Isso significa que a mão-de-obra relativamente barata das áreas mais pobres (Portugal, sul da Itália, Grécia, Irlanda) não
é um elemento positivo: ao contrário, é um fator negativo a ser corrigido com o tempo.
Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta)
5- O Nafta é outro exemplo de progressiva integração econômica e ocorre na América do Norte. Foi assinado, em 1993, pelos Estados
Unidos, pelo Canadá e pelo México. Esses três países, em conjunto, somam quase 400 milhões de habitantes, que normalmente são
consumidores de elevado poder de compra (com exceção de grande parte da população mexicana).
5.1- Atualmente, a economia canadense é quase um anexo da economia norte-americana, e a parte norte do México, na fronteira com os
Estados Unidos, vem recebendo grandes investimentos de capital norte-americano. Até há algumas décadas, o Canadá era praticamente
um “quintal” do Reino Unido, com o qual mantinha a maior parte de suas relações comerciais. Hoje, a situação é outra: a antiga
metrópole passou para segundo plano e o grande parceiro comercial do Canadá são os Estados Unidos.
Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec)
6- Também no sudeste e leste da Ásia, na Oceania e na parte da América banhada pelo oceano Pacífico, formou-se um imenso mercado
internacional. Trata-se da Apec, uma associação fundada por quinze membros: Japão, Estados Unidos, China, Canadá, Tailândia,
Taiwan, Hong Kong, Cingapura, Brunei, Malásia, Indonésia, Filipinas, Austrália, Nova Zelândia e Coréia do Sul. Também integram esse
bloco o México, o Chile e Papua-Nova Guiné.
6.1- Antes da criação da Apec falava-se muito na formação de um bloco asiático, comandado pelo Japão, que seria a grande potência da
Ásia e também da Oceania, pois já havia ocupado o antigo lugar privilegiado do Reino Unido nas relações comerciais com a Austrália e
Nova Zelândia. Mas o que ocorreu, de fato, foi a criação de um imenso mercado internacional em que não há um grande líder, e sim dois
ou três (Estados Unidos, Japão e talvez China). O oceano Pacífico, e não a Ásia, é que acabou sendo o elemento de união desse
megabloco.
6.2- A dinâmica da economia japonesa, pelo menos até o início dos anos 1990, o “arranque industrial” e comercial dos países do Sudeste
e do leste asiáticos – em especial Coréia do Sul, Hong Kong, Cingapura, Malásia e, mais recentemente, China – e o crescimento da parte
ocidental dos Estados Unidos (notadamente a Califórnia) determinaram uma enorme expansão do comércio que passa pelo Pacífico.
Alguns estudiosos chegam a afirmar que esse oceano será a grande via do comércio mundial no séc. XXI, substituindo o Atlântico.
6.3- De fato, a participação da região banhada pelo Pacífico na Produção econômica mundial vem aumentando a cada ano. Em 1962, por
exemplo, os países do leste asiático participavam com apenas 9% da produção econômica mundial; vinte anos depois, em 1982, eles
participavam com 15% desse total e, atualmente, com cerca de 20%. Se somarmos a essa área as demais áreas banhadas pelo pacífico
(oeste da América, Oceania e Sudeste Asiático), teremos quase metade da economia mundial.
Outros mercados regionais
7- Além dos três megablocos ou mercados internacionais mencionados, que são os mais importantes do mundo, também existem, ou
estão sendo criados, outros. Um deles é a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), constituída pelos países originários da exUnião Soviética, com exceção das três nações bálticas: Lituânia, Letônia e Estônia. Seus membros totalizaram doze Estados-nações.
Outra associação internacional voltada para a integração de seus membros é o Pacto de Visegrad, na Europa Ocidental, que congrega
Hungria, Polônia, Rep. Tcheca e Eslováquia. São países com problemas comuns – em especial a transição da planificação para a
economia de mercado – e que deverão ser aceitos pela União Européia, o que talvez vá esvaziar esse mercado regional. Até mesmo na
África se formou um “bloco comercial”, a Comunidade Econômica Africana (CEA), instituída em 1991 e relançada em 1997, que procura
criar um espaço econômico unificado no continente. E, na América do Sul, instituiu-se o Mercado Comum do Sul (Mercosul), formado em
1991 por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A Bolívia e o Chile também participam, mas na condição de membros associados (e não
de membros plenos).
ATIVIDADES
I- O que significa globalização? Dê exemplos.
II- A criação de megablocos ou mercados regionais é algo que contraria a globalização? Justifique por quê.
III- Mencione os três principais blocos ou mercados regionais e faça uma síntese sobre cada um deles.
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