3. Dimensionamento dos Condutores Elétricos Introdução Fatores básicos que envolvem o dimensionamento de um condutor: - tensão nominal; freqüência; potência ou corrente da carga a ser suprida; fator de potência da carga tipo de sistema: monofásico, bifásico e trifásico; método de instalação dos condutores; tipo de carga: iluminação, motores, capacitores, etc; distância da carga a ponto de suprimento (queda de tensão); corrente de curto circuito. Condutores utilizados Os cabos e condutores utilizados nas instalações de baixa tensão, são na grande maioria das vezes de cobre, já o de alumínio sofre sérias restrições mesmo sendo mais econômico. Hoje já temos condutores com a parte interna de aço inox recoberto com uma camada externa de cobre, isso se deve, principalmente ao grande número de roubo de cabos externos, inviabilizando a venda do mesmo por preço de cobre. O isolamento é de PVC (cloreto de polivinila) ou de outros materiais previstos por normas, como o EPR (etileno propileno) ou o XLPE (polietileno reticulado). Cabo Isolado – camada isolante sem capa de proteção Cabo unipolar – com capa de proteção Cabo multipolar – constituídos por vários condutores, protegidos por uma capa externa Exemplos de cabos ver cópias de catálogos. 1 Sistema de Distribuição Sistema monofásico a dois condutores (F - N) Sistema utilizado normalmente em residências e prédios comerciais de baixo consumo e de pequena caga. Secundário do Transformador F 127 V Ou 220V N Aterramento Sistema Trifásico 3 condutores (3F) – Trifásico em triângulo ou estrela com ponto neutro isolado 4 condutores (3F-N)- É o sistema secundário de distribuição mais comumente utilizado nas instalações elétricas industriais, normalmente é utilizada a configuração estrela com o ponto neutro aterrado. TRIÂNGULO a Ia Uab Uca Ib c 2 b Ubc Ic Uab Ica θ θ 120° 120° Ia = Iab + Iac Ib = Iba + Ibc θ Uca Ic = Ica + Icb 120° Ubc Ibc ESTRELA Tensões entre fases = Uab, Ubc, Uca (220V, 380V, 440V, 208V) Tensões entre fase e neutro = UaN., UbN, UcN (127V, 220V, 254V, a Ia Uan Uab Uca N Ib c b Ic Iab Ubc 120V) Uab = 1,73x UaN Ubc = 1,73x UbN 3 Uca = 1,73x UcN Potencia P 3 xUab x Ia cos Quando as cargas estão equilibradas entre as fases , a corrente resultante no neutro é nula. a b c N Representação Estrela Sistema de Aterramento Os sistemas de aterramento têm como principal função proteger os usuários de equipamentos elétricos, em relação às descargas atmosféricas e às fugas de corrente elétrica nos próprios equipamentos. Como o potencial de aterramento é definido como referência de segurança e também como referência para sistemas de energia, pode-se conectar "o cabo terra" como referência para sistemas de blindagens eletromagnéticas, otimizando-se as "Gaiolas de Faraday", formadas pelas caixas dos produtos. Com isso, se diminui a irradiação de interferências e/ou aumenta-se à imunidade a interferências irradiadas por outros equipamentos. Esses são os conceitos utilizados pelos fabricantes, ao usar cabos e plugues de três pinos, com o terceiro pino ligado à carcaça do equipamento. É interessante notar que o pino de terra é sempre o mais longo, justamente para garantir a proteção elétrica antes de se aplicar efetivamente energia ao equipamento; após energizada, a carcaça do produto estaria no potencial de terra, protegendo o usuário em relação a fugas de corrente e otimizando o efeito de blindagem eletromagnética da caixa do produto. Os principais efeitos que uma corrente (externa) pode produzir no corpo humano são fundamentalmente quatro: Tetanização – paralisia muscular Parada respiratória – pulmões são bloqueados 4 Queimaduras profundas – efeito Joule e calor Fibrilação ventricular – se a corrente elétrica atinge diretamente o músculo cardíaco. Os impulsos periódicos: sístole (contração) e diástole (expansão), são alterados e o coração vibra desordenadamente (perde o passo ou o sincronismo) Efeitos fisiológicos da corrente alternada (15Hz a 100Hz) pessoas com mais de 50kg 0,1 a 0,5mA – Leve percepção superficial 0,5 a 10mA – Ligeira tetanização do braço 10 a 30mA – Não perigosa se interrompida em menos de 5 segundos 30 a 500mA – Paralisia estendida dos músculos do tórax, com sensação de falta de ar e tontura. Possibilidade de fibrilação ventricular se a descarga se mantiver por mais de 200 ms Acima de 500mA – Parada cardíaca, salvo intervenção imediata de pessoal especializado. Para as freqüências industriais (50 - 60 Hz), desde que a intensidade não exceda o valor de 9 mA, o choque não produz conseqüências graves, quando a corrente ultrapassa 9mA, as contrações musculares tornam-se mais violentas e podem chegar a ponto de impedir que a vítima se liberte do contato com o circuito, se a região torácica for atingida poderão ocorrer asfixia e morte aparente, caso em que a vítima morre se não for socorrida a tempo. Correntes maiores que 20 mA são muito perigosas, mesmo quando atuam durante curto espaço de tempo, as correntes da ordem de 100 mA, quando atingem a zona do coração, produzem fibrilação ventricular em apenas 2 ou 3 segundos, e a morte é praticamente certa. Correntes de alguns ampéres, além de asfixia pela paralisação do sistema respiratório, produzem queimaduras extremamente graves, com necrose dos tecidos, nesta faixa de corrente não é possível o salvamento, a morte é instantânea. De um modo geral, pode-se citar outros efeitos, tais como: eletrólise no sangue, problemas renais, prolapso em órgãos ou músculos, perda da coordenação motora, perda da sensibilidade, danos à visão e ao cérebro e perturbação no sistema nervoso. Proteção contra choques elétricos diretos – contato com partes metálicas normalmente sob tensão (partes vivas) Contatos indiretos – contato de pessoas ou animais com partes metálicas normalmente não energizadas (massas), mas que podem ficar energizadas devido a uma falha de isolamento Contatos 5 Medidas de proteção Tensão de contato - Tensão que uma pessoa possa ser submetida ao tocar simultaneamente, em um objeto sob tensão e em outro elemento que se encontra num potencial diferente de passo – Parte da tensão de um eletrodo de aterramento à qual poderá ser submetida uma pessoa nas proximidades do eletrodo, cujos pés estejam separados pela distância equivalente a um passo Tensão Sistemas de Aterramento Sistema TN A B C Secundário do Transformador Icc N PE Icc N 6 Massa PE Aterramento da alimentação Os sistemas TN tem um ponto diretamente aterrado, sendo as massas ligadas a este ponto através de condutores de proteção. a) Sistemas TN-S São aqueles no qual o condutor neutro e o condutor de proteção são distintos. São conhecidos como sistema a cinco fios. O condutor de proteção é responsável pela condução das correntes de defeito entre fase e massa. PE – protection earth Condutor PEN – proteção e neutro da rede de BT externa TODAS AS MASSAS DE UMA INSTALAÇÃO DEVEM SER LIGADAS AO CONDUTOR DE PROTEÇÃO. Os circuitos de iluminação e tomadas em residências não são obrigatórios. O eletrodo de terra deverá apresentar a menor resistência de contato possível, devendo ser de 5 ohms e nunca ultrapassar 25 ohms. Há aparelhos de medida de resistência de terra dos sistemas. A secção do condutor de ligação à terra de um sistema de eletrodutos metálicos deverá ser escolhida em função do circuito de maior capacidade, mais a frente veremos como se determina esta secção. Ideais para instalações No esquema TN-C: com subestação ou gerador próprio •há economia de um condutor •utiliza o condutor PEN 7 •Somente pode ser usado quando S³10mm2 em cobre e S³16mm2 em alumínio que não utilizem cabos flexíveis •Não se admite o uso de dispositivos DR b) Sistema TN – C É aquele no qual as funções de neutro e de proteção são combinadas em um único condutor ao longo de todo o sistema. É conhecido como sistema a quatro condutores. Este sistema é mais utilizado em instalações de pequeno e médio porte. A B Secundário do Transformador C PE N Massa PE Aterramento da alimentação c) Sistema TN-C-S É aquele que tem as funções de neutro e de proteção combinadas em um único condutor em uma parte do sistema. 8 A B C Secundário do Transformador N PE N Massa Massa Aterramento da alimentação Sistema TT É aquele que tem um ponto de alimentação diretamente aterrado, sendo as massas ligadas a eletrodos de aterramento independentes do eletrodo da alimentação. Um ponto da alimentação (secundário do transformador ou terminal do gerador (normalmente o neutro), é aterrado com eletrodos independentes das massas Todas as massas protegidas contra contatos indiretos devem ser ligadas a um PONTO ÚNICO, para evitar malhas e surgimento de tensões de passo A proteção deve ser garantida por dispositivos DR (diferencial-residual), que detectam a corrente que escoa pela terra É extremamente simples. A B C Secundário do Transformador N N Massa Aterramento da alimentação Massa PE PE para instalações alimentadas diretamente por rede de distribuição ‘pública’ em baixa tensão. Ideal 9 Sistema IT É aquele em que o ponto de alimentação não está diretamente aterrado. Impedância Z suficientemente alta. O sistema IT é caracterizado quando a corrente resultante de uma falta fasemassa não possui suficiente intensidade para provocar o surgimento de tensões perigosas. A utilização deste sistema está restrita a casos específicos, como: - continuidade de operação seja essencial A B C Secundário do Transformador N N Massa Aterramento Z da alimentação Massa PE PE - manutenção do sistema esteja a cargo de pessoa habilitada - exista um sistema de detecção permanente de falta a terra Dispositivos DR Desde dezembro de 1997, é obrigatório no Brasil, em todas as instalações elétricas, o uso do chamado dispositivo DR (diferencial residual) nos circuitos elétricos que atendam aos seguintes locais: banheiros, cozinhas, copas-cozinhas, lavanderias, áreas de serviço e áreas externas. O dispositivo DR é um interruptor automático que desliga correntes elétricas de pequena intensidade (da ordem de centésimos de ampère), que um disjuntor comum não consegue detectar, mas que podem ser fatais se percorrerem o corpo humano. Dessa forma, um completo sistema de aterramento, que proteja as pessoas de uma forma eficaz, deve conter, além do fio terra, o dispositivo DR. A figura abaixo mostra a ligação desses dispositivos numa instalação elétrica. 10 11 3. Critérios para dimensionamento da seção mínima do condutor Fase A secção mínima dos condutores elétricos deve satisfazer, simultâneamente, aos três seguintes critérios: Capacidade de condução de corrente; Limites e queda de tensão; Capacidade de condução de corrente de curto circuito por tempo limitado. 3.1. Métodos de referência e tipos de linhas elétricas Para a determinação do valor da corrente máxima que percorrerá o condutor é necessário antes definirmos qual é o método de instalação que será aplicado na instalação. Este é definido através das tabelas 3.1 Métodos de referência e tabela 3.2 Tipos de linhas elétricas. Exemplos: Quando se deseja instalar um cabo multipolar em um eletroduto de seção circular que será embutido em uma parede, poderemos verificar na tabela 3.2 que o método de instalação é o 2 e o método de referência é o A2. Outro exemplo é quando se deseja instalar cabos unipolares ou multipolar em uma canaleta ventilada encaixada no piso ou no solo poderemos verificar na tabela 3.2 que o método de instalação é o 43 e o método de referência é o B1. Tabela 3.1 Métodos de referêrencia Referência A1 A2 B1 B2 C D E F G Descrição Condutores isolados em eletroduto de seção circular embutido em parede térmicamente isolante Cabo multipolar em eletroduto de seção circular embutido em parede térmicamente isolante Condutores isolados em eletroduto de seção circular sobre parede Cabo multipolar em eletroduto de seção circular sobre parede Cabos unipolares ou multipolares sobre parede Cabo multipolar em eletroduto enterrado no solo Cabo multipolar ao ar livre Cabos unipolares justapostos (na horizontal, na vertical ou em trifólio) ao ar livre Cabos unipolares espaçados ao ar livre 12 TABELA 3.2 13 TABELA 3.2 14 TABELA 3.2 15 TABELA 3.2 16 TABELA 3.2 17 TABELA 3.2 18 3.2 Critérios da capacidade de condução de corrente Este critério consiste em determinar o valor da corrente máxima que percorrerá o condutor. De acordo com o método de instalação determinado procura-se a seção nominal nas correspondentes Tabelas, 36, 37, 38 e 39. Tabelas 36 – Condutores isolados, cabos unipolares e multipolares. – A1, A2, B1, B2, C e D. - isolação PVC. - 2 e 3 condutores carregados - temperatura no condutor 70°C - temperatura ambiente: 30°C e 20°C para instalações subterrâneas. Tabelas 37 – Condutores isolados, cabos unipolares e multipolares. – A1, A2, B1, B2, C e D. - isolação EPR ou XLPE. - 2 e 3 condutores carregados - temperatura no condutor 90°C - temperatura ambiente: 30°C e 20°C para instalações subterrâneas. Tabelas 38 – Condutores isolados, cabos unipolares e multipolares. – E, F e G. - isolação PVC. - temperatura no condutor 70°C - temperatura ambiente: 30°C. Tabelas 39 – Condutores isolados, cabos unipolares e multipolares. – E, F e G. - isolação XLPE e EPR. - temperatura no condutor 90°C - temperatura ambiente: 30°C. 19 TABELA 35 20 21 22 23 24 25 3.2.1 Condutores secundários Compreende-se por condutores secundários aqueles enquadrados nas seguintes condições: - Dotados de isolação de PVC para 750 V; - Dotados de isolação de PVC ou EPR para 0,6/1 kV, com capa de proteção em PVC; - Dotados de isolação de XLPE para 0,6/1 kV, com capa de proteção em PVC. A NBR 5410/97 fixou a seção mínima dos condutores fase para cada tipo de instalação (tabela 3.8 abaixo). Por facilidade, aos diferentes circuitos de um projeto pode-se aplicar a tabela 3.9 em anexo, que estabelece a seção mínima dos condutores em condições normais de operação em função da carga de vários aparelhos, considerando uma queda de tensão no circuito terminal de 2% para um fator de potência igual a 0,9. Tabela 3.8 Seções dos condutores 26 27 a) Circuitos para iluminação e tomada Circuitos terminais do QDL. Conhecendo a carga a ser instalada e a demanda resultante (já visto no capítulo anterior) aplica-se as equações correspondentes: a.1) Circuitos monofásicos Com o valor da demanda calculada, a corrente de carga é dada pela equação Ic Dc V fn x cos Dc – demanda da carga, em W Vfn - tensão fase e neutro, em V cos - fator de potência de carga a.2) Circuitos bifásicos simétricos (F-F-N) Deve-se considerar como sendo o resultado de dois circuitos monofásicos, quando as cargas estão ligadas entre fase e neutro. Se há cargas ligadas entre fases a corrente deve ser calculada conforme a equação aplicada nos circuitos monofásicos acima alterando-se o valor de tensão entre fase e neutro por tensão entre fase e fase. EXERCÍCIO 1: Determinar a seção dos condutores fase do circuito mostrado na figura abaixo, sabendo-se que serão utilizados cabos unipolares, isolação de XLPE, dispostos em eletroduto embutido em alvenaria. 220 V 380 V A C 2.500 W FP=0,80 3.000 W FP=0,90 N C C 800 W FP=0,70 C 600 W FP=0,60 28 B Solução: I ab 2.500 8,2 A 380 x0,80 I an 3.000 15,1A 220 x0,90 I bn 800 600 9,7 A 220 x0,70 220 x0,60 Ia=Iab+Ian=8,2+15,1=23,3A Iab- corrente correspondente à carga ligada entre as fases A e B, em A Ian, Ibn – correntes correspondentes às cargas monofásicas, respectivamente ligadas entre fases A, B e o neutro, em A. Ia – corrente que circula na fase mais carregada (fase A), em A Logo, o valor da seção na fase mais carregada (fase A) vale: Sa=Sb=3#2,5 mm2 (Tabela 36, coluna B1 para três condutores carregados – justificada pela Tabela 3.2, método de instalação 7. É importante frisar que a operação que determinou o valor de Ia = 23,3 A é eletricamente incorreta, pois como os fatores de potência são diferentes, era necessário, a rigor, adotar a soma vetorial. Porém na prática como os fatores de potência são muito próximos não teremos grandes diferenças. a.3) Circuitos trifásicos Os circuitos trifásicos podem ser caracterizados por um circuito a três condutores (3F) ou por um circuito a quatro condutores (3F+N). Considerando que os aparelhos estejam ligados equilibradamente entre fases ou entre fases e neutro, pode-se determinar a corrente de carga através da equação abaixo: 29 Ic Pcar 3xV ff x cos Vff – tensão entre fases, em V Pcar - potência ativa demandada da carga, considerada equilibrada em W. Normalmente, esse tipo de circuito destina-se à alimentação de cargas trifásicas individuais, de QDL e de CCM. Com o valor da corrente calculada anteriormente e considerando-se as condições de instalação dos condutores, a sua seção é determinada através das tabelas 36, 37, 38 e 39. Exemplo de Aplicação. Determinar a seção dos condutores fase do circuito trifásico mostrado na figura abaixo, sabendo-se que serão utilizados cabos isolados em PVC, dispostos em eletroduto aparente. 220 V N C B C C C 1.000 W FP=0,70 C 1.500 W FP=0,60 220 V 380 v A 600 W FP=0,80 1.200 W FP=0,80 5.000 W FP=0,90 C I an 600 1.000 9,9 A 220 x0,80 220 x0,60 I bn 1.500 11,3 A 220 x0,60 30 Icn 1.200 6,8 A 220x0,80 I abc 5.000 3 x380 x0,90 8,4 A Ian, Ibn, Icn – correntes correspondentes às cargas monofásicas, respectivamente ligadas entre as fases A, B e C e o Neutro N, em A. Considerando-se a corrente da fase de maior carga, tem-se: Ib=Ibn+Iabc=11,3+8,4=19,7 A Ib- corrente de carga da fase B e que deve corresponder à capacidade mínima do condutor. Logo, Sa= Sb=Sc=3#2,5 mm2 (Tabela 36 – coluna B1 para três condutores carregados – justificada pela Tabela 3.2, método de instalação 3) a4). Circuitos terminais para ligação de motores Em geral, são caracterizados por circuitos trifásicos a três condutores (3F), originados de um circuito trifásicos a 4 condutores. Este é o tipo mais comum de circuito para ligação de motores trifásicos. Conhecidas as correntes de carga dos motores e sabido o método e sabido o método de referência de instalação dos cabos, segundo a forma mais conveniente para o local de trabalho, devem-se aplicar as seguintes instruções para determinar a seção transversal dos condutores: - Instalação de um motor A capacidade mínima de corrente do condutor deve ser igual ao valor da corrente nominal multiplicado pelo fator de serviço correspondente, se houver: Ic=FsxInm (A) Ic – corrente mínima que o condutor deve suportar em A; Inm - corrente nominal do motor, (será visto no capítulo referente a motores) em A; Fs - fator de serviço do motor, se não for especificado pode ser considerado como 1. 31 - Instalação de um grupo de motores A capacidade mínima de corrente do condutor deve ser igual à soma das correntes de carga de todos os motores, considerando-se os respectivos fatores de serviço. Quando os motores possuírem fatores de potência muito diferentes, o valor da corrente de carga Ic deverá ser calculado, levando-se em consideração a soma vetorial dos componentes ativo e reativo desses motores. Com base no valor da corrente calculada, pode-se obter nas tabelas o valor da seção dos condutores. EXEMPLO DE APLICAÇÃO Determinar a seção dos condutores isolados em PVC que alimentam um CCM que controla três motores de 40 cv e quatro motores de 15 cv, todos de IV pólos ligados na tensão de 380 V e com fatores de serviços unitários. Dados correntes nominal dos motores de 40 cv igual a 56,6 A e dos motores de 15 cv 26 A.. Ic= 3x56,6+ 4x26= 273,8A Considerando-se que os condutores isolados estão dispostos em eletroduto no interior de canaleta fechada, obtém-se na coluna B1 da tabela 36, 3 condutores carregados, justificada pela tabela 3.2 (método de instalação 42), a seção dos condutores fases: Sc= 3# 150 mm2 (PVC/70C – 750 V) O projeto de circuitos terminais e distribuição merecerem algumas considerações adicionais: Quando um motor apresentar mais de uma potência ou velocidade, deve se dimensionar a seção do condutor para a maior corrente resultante O dimensionamento dos condutores deve permitir uma queda de tensão na partida dos motores igual ou inferior a 10% da sua tensão nominal No caso de partida prolongada, com tempo de aceleração superior a 5s, devese levar em consideração o aquecimento do condutor durante a partida; A5) Circuitos terminais para ligação de capacitores A capacidade mínima de corrente do condutor deve ser igual a 135% do valor da corrente nominal do capacitor ou banco de capacitores. Ic=1,35xInc 32 3.2.2 Fatores de correção de corrente Quando os condutores estão dispostos em condições diferentes daquelas previstas nos métodos de referência, visto anteriormente, é necessário aplicar sobre os mencionados valores de corrente um fator de correção que mantenha o condutor em regime contínuo, com temperatura igual ou inferior aos limites estabelecidos. Os fatores de correção são aplicados para cada condição particular de instalação do cabo: Temperatura ambiente; Resistividade térmica do solo; Agrupamento de circuitos. a) Temperatura Ambiente Valores estipulados pelas das tabelas: 30C e 20C para linhas subterrâneas. Para temperaturas diferentes aplicar o fator de correção da Tabela 3.10 em (anexo) nas tabelas 36, 37, 38 e 39. Exemplo: No exercício 1, visto anteriormente, obtivemos para uma corrente de 23,3 A, que Sa=Sb=3#2,5 mm2 (Tabela 36, coluna B1 para três condutores carregados – justificada pela Tabela 3.2, método de instalação 7). Vamos considerar agora que a temperatura ambiente onde os cabos serão instalados é de 45C. Verificando a tabela 3.10, temperatura ambiente de 65C, isolação XLPE, encontramos um fator de correção de 0,65. Este valor deve ser aplicado em toda a coluna referente a capacidade de corrente para se determinar qual será a seção do condutor. Com isto chega-se ao valor de Sa=Sb=3#4 mm2, pois 37.0,65= 24,05. Fica mais fácil se dividirmos o valor da corrente (23,3) por 0,65 que é igual a 35,8 e entrarmos na tabela que daria o mesmo valor. 33 TABELA 3.10 – Fatores de correção para temperaturas ambientes diferentes de 30◦C para linhas não subterrâneas e de 200 C (temperatura do solo) para linhas subterrâneas. 34 b) Resistividade térmica do solo Para cabos contidos em eletrodutos enterrados as tabelas consideraram uma resistividade térmica do solo de 2,5 K.m/W, para valores diferentes aplicar os fatores de correção indicados na Tabela 3.11. Tabela 3.11 Resistividade 1 térmica K.m/W Fator de 1,18 correção 1,5 2 3 1,1 1,05 0,96 c) Agrupamento de circuitos c.1 - Os valores de capacidade de condução de corrente fornecidos pelas tabelas 36 a 39 são válidos para o número de condutores carregados que se encontra indicado em cada uma de suas colunas. Para linhas elétricas contendo um total de condutores superior às quantidades indicadas nas tabelas 36 a 39, a capacidade de condução de corrente dos condutores de cada circuito deve ser determinada, usando-se as tabelas 36 a 39, com a aplicação dos fatores de correção pertinentes dados nas tabelas 42 a 45 (fatores de agrupamento ). Notas 1- Sobre o número de condutores carregados a ser considerado, por circuito, ver c.2 2- Os fatores de agrupamento das tabelas 42 a 45 são aplicáveis a condutores com mesma temperatura máxima para serviço continuo. Para grupos contendo condutores com diferentes temperaturas máximas para serviço contínuo, a determinação da capacidade de condução de corrente dos condutores, para todos os circuitos do grupo, deve ser baseada não na temperatura máxima para serviço contínuo do condutor considerado, mas na menor temperatura máxima admissível em serviço continuo encontrada entre os condutores do grupo, acompanhada da aplicação do fator de agrupamento incorrido. c.2 Os condutores para os quais se prevê uma corrente de projeto não superior a 30% de sua capacidade de condução de corrente, já determinada observando-se o fator de agrupamento incorrido, podem ser desconsiderados para efeito de cálculo do fator de correção aplicável ao restante do grupo. c.3 As capacidades de condução de corrente indicadas nas tabelas 36 e 37 são válidas para maneiras de instalar que se enquadrem nos métodos de referência A 1 , A2, B1, B2, C e D, e para: 35 a) dois condutores carregados (dois condutores isolados, dois cabos unipolares ou um cabo bipolar); b) três condutores carregados (três condutores isolados, três cabos unipolares ou um cabo tripolar). Para um número maior de condutores agrupados, devem ser aplicados os fatores de correção especificados nas tabelas 42 a 45. NOTAS 1 Os fatores de agrupamento foram calculados admitindo-se todos os condutores vivos pennanentemente carregados com 100% de sua carga. Caso o carregamento seja inferior a 100%, os fatores de correção podem ser aumentados. 2 Os fatores de correção da tabela 42 são aplicáveis a condutores agrupados em feixe, seja em linhas abertas ou fechadas (os fatores pertinentes são os da linha 1 da tabela 42), e a condutores agrupados num mesmo plano e numa única camada (demais linhas da tabela). Já os fatores de correção da tabela 43 são aplicáveis a agrupamentos consistindo em mais de uma camada de condutores. Assim, no caso de agrupamento em camadas, os fatores de correção aplicáveis são os da tabela 42, quando a camada for única, ou os da tabela 43, quando houver mais de uma camada. 3 Os fatores de agrupamento das tabelas 44 e 45 são aplicáveis a linhas subterrâneas: os da tabela 44 a cabos diretamente enterrados e os da tabela 45 a linhas em eletrodutos enterrados. 36 37 38 39 3.3 Critério do limite da queda de tensão Após o dimensionamento da seção do condutor pela capacidade de corrente de carga, é necessário saber se esta seção está apropriada para provocar uma queda de tensão no ponto terminal do circuito, de acordo com os valores mínimos estabelecidos pela norma NBR-541O/97, ou obedecendo aos limites definidos pelo projetista para aquela planta em particular. Isto se faz necessário porque os aparelhos de utilização de energia elétrica são projetados para trabalharem a determinadas tensões, com uma pequena tolerância. Tabela 3.28 - Limites de queda de tensão Tipo da instalação A Iluminação Outros usos 5% 5% 7% 7% 7% 7% - Instalações alimentadas diretamente por um ramal de baixa tensão, a partir de uma rede de distribuição pública de baixa tensão B - Instalações alimentadas diretamente por subestação transformadora, a partir de uma instalação de alta tensão C - Instalações que possuam fonte própria A queda de tensão entre a origem da instalação e qualquer ponto de utilização deve ser igual ou inferior aos valores da Tabela 3.28 em relação à tensão nominal da instalação. Com relação à Tabela 3.28, a mesma norma estabelece que: - nos casos B e C, as quedas de tensão nos circuitos terminais não devem ser superiores aos valores indicados em A; - nos casos B e C, quando as linhas principais da instalação tiverem um comprimento superior a 100 m, as quedas de tensão poderão ser aumentadas em 0,005% por metro de linha superior a 100 m, sem que no entanto esta suplementação seja superior a 0,5%. No cálculo da queda de tensão deve-se utilizar a corrente de projeto, ou seja: - circuitos de iluminação e tomadas: a corrente resultante da carga efetivamente computada para operar simultaneamente; 40 . circuitos de motor: a corrente nominal do motor vezes o fator de serviço, quando houver; . circuitos de capacitores: 135% da corrente nominal do capacitor ou banco. Quando um motor é acionado, provoca no sistema uma queda de tensão bem superior aos valores aqui estabelecidos por norma. Essa queda de tensão terá limites apropriados cujos valores serão oportunamente discutidos. 3.3.1 Queda de tensão em sistema monofásico (F-N) A queda de tensão em circuitos monofásicos é dada pela equação abaixo SC 200 xx LC xIC mm2 V % xVfn - resistividade do material condutor (cobre) : 1/56 .mm2/m Lc - comprimento do circuito, em m; Ic - corrente total do circuito, em A; V%- queda de tensão máxima admitida em projeto, em %; Vfn - tensão entre fase e neutro, em V. 41 3.3.2 Queda de tensão em sistema trifásico (3F ou 3F-N Os valores máximos de queda de tensão atribuídos pela NBR-54 10/97 para unidades consumidoras atendidas por uma subestação referem-se somente aos circuitos secundários, cuja origem é a própria bucha de baixa tensão do transformador, apesar de, para efeitos legais, a origem da instalação ser o ponto de entrega de energia. C T R A F O QGF CCM Motores C V1% V2% V3% Diferentes trechos de um sistema industrial A figura acima mostra o ponto inicial do circuito a partir do qual devem ser consideradas as quedas de tensão regidas por norma. Convém lembrar que a queda de tensão V%- é tomada em relação à tensão nominal fase-fase Vff da instalação. Outrossim, existe uma grande diferença entre a queda de tensão num determinado ponto da instalação e a variação de tensão neste mesmo ponto. Ora, a queda de tensão num ponto considerado significa uma redução da tensão em relação a um valor base, normalmente a tensão nominal. Já a variação da tensão em relação a um determinado valor fixo, num ponto qualquer da instalação, pode significar a obtenção de tensões abaixo ou acima do valor de referência. Pode-se exemplificar dizendo-se que a queda da tensão até o barramento de um CCM cuja tensão nominal é de 380 V vale 4% (0,04 x 380 = 15,2 V). No entanto, se o fornecimento de energia elétrica da concessionária não tem boa regulação, a tensão pode variar ao longo de um determinado período entre -7,5% a +5%, num total de 12% (valor oficialmente admitido pela legislação). Se a tensão pretendida 42 no mesmo CCM é de 380 V, logo se observará neste ponto uma variação de tensão de 351,5 a 399 V. A seção do condutor pode ser obtida a partir de uma queda de tensão predeterminada, através da Equação: SC 173,2 xx LC xI C V % xV ff Vff – Tensão entre fases, em volts. EXEMPLO DE APLICAÇÃO Calcular a seção do condutor que liga o QGF ao CCM, vistos na figura anterior, sabendo-se que a carga é composta de 10 motores de 10 cv, IV pólos, 380 V, fator de utilização unitário, e o comprimento do circuito é de 150 m. Adotar o condutor isolado em PVC, instalado no interior de eletrodo de PVC, embutido em parede de alvenaria. FP=0,85 e = 0,85 A corrente de carga vale: Ic = 10 X 15,4 = 154,0 A A seção mínima do condutor vale: Se = 3 # 70 mm2 (Tabela 3.4 - coluna BI - justificada pela Tabela 3.22 - método de instalação 7) A seção mínima do condutor para uma queda de tensão máxima de 3% vale: Sc = 173,2 x (l/56) x 150 x 154,0 3 x 380 SC= 62,6 (mm2) ~ S = 3 # 70 mm2 Quando já se conhece a seção transversal dos condutores, a queda de tensão pode ser calculada através da seguinte equação: V % 100 xDC xLC xRx cos X sen V ff2 43 Dc - demanda da carga, em kV A; R - resistência do condutor, em m/m; X - reatância docondutor, em m/m. Os valores de resistência e reatância dos condutores estão determinados na Tabela 3.29, considerando-se as seguintes condições: . os condutores estão instalados contíguos, em formação triangular (trifólio); . a temperatura adotada para o condutor é a de valor máximo permitido para a isolação; . os condutores são de encordoamento compacto; . os condutores não possuem blindagem metálica (condutores de baixa tensão). Tabela 3.29 - Resistência e reatância dos condutores de PVC/70° C (valores médios) Impedância de seqüência positiva Impedância de seqüência zero (mOhmlm) (mOhmlm) Seção 1,5 2,5 4 6 10 16 25 35 50 70 95 120 150 185 240 300 400 500 630 Resistência Reatância Resistência Reatância 14,8137 8,8882 5,5518 3,7035 2,2221 1,3899 0,8891 0,6353 0,4450 0,3184 0,2352 0,1868 0,1502 0,1226 0,0958 0,0781 0,0608 0,0507 0,0292 0,1378 0,1345 0,1279 0,1225 0,1207 0,1173 0,1164 0,1128 0,1127 0,1096 0,1090 0,1076 0,1074 0,1073 0,1070 0,1068 0,1058 0,1051 0,1042 16,6137 10,6882 7,3552 5,5035 4,0222 3,1890 2,6891 2,4355 2,2450 2,1184 2,0352 1,9868 1,9502 1,9226 1,8958 1,8781 1,8608 1,8550 1,8376 2,9262 2,8755 2,8349 2,8000 2,7639 2,7173 2,6692 2,6382 2,5991 2,5681 2,5325 2,5104 2,4843 2,4594 2,4312 2,4067 2,3757 2,3491 2,3001 44 EXEMPLO DE APLICAÇÃO I1 I2 I3 I4 M C M C 11m I5 M C 5 cv 15 cv 20 cv Fp=0,83 Fp=0,75 Fp=0,86 28,8A 14m 11,9A 6m 28,8A 10m 26,0A 8m 7,9A 380 V Determinar a seção do condutor do circuito mostrado na Figura abaixo, sabendo-se que serão utilizados condutores unipolares isolados em XLPE, dispostos no interior de canaleta ventilada construída no piso. A queda de tensão admitida será de 4%. M C M C 7,5 cv Fp=0,81 20 cv Fp=0,83 Circuitos com distribuição com várias cargas Pelo critério da capacidade de corrente tem-se: I5 = 28 A I4 = 28,8 + 11,9 = 40,7 A I3 = 28,8 + 28,8 + 11,9 = 69,5 A I2 = 28,8 + 28,8 + 11,9 + 26 = 95,5 A I1 = 28,8 + 28,8 + 11,9 + 26 + 7,9 = 103,4 A SC = 25 mm2 (Tabela 3.5 - coluna B I - justificada pela Tabela 3.2 - método de instalação 43) Pelo critério da queda de tensão, tem-se: SC = 173,2 x (1/56) x [(7,9 x 8) + (26 x 18) + (28,8 x 24) + (11,9 x 38) + (28,8 x 49)] 4x380W SC = 6,27 mm2 _ SC = 3 # 10 mm2 Logo, O condutor adotado será de: SC = 3 # 25 mm2 (XLPE/90°C - 0,6/1 kV) 45 3.4 Critério da capacidade de corrente de curto-circuito Com base na corrente de curto-circuito podem-se admitir dois critérios básicos para o dimensionamento da seção do condutor de fase, ou seja: a) Limitação da seção do condutor para uma determinada corrente de curtocircuito 46 47 No dimensionamento dos condutores, é de grande importância o conhecimento do nível das correntes de curto-circuito nos diferentes pontos da instalação, isto porque os efeitos térmicos podem afetar o seu isolamento, É compreensível que os condutores que foram dimensionados para transportar as correntes de carga em regime normal tenham grandes limitações para transportar as correntes de curtocircuito, que podem chegar a 100 vezes as correntes de carga. Essa limitação está fundamentada no tempo máximo que o condutor pode funcionar transportando a corrente de defeito. Os gráficos das Figs. 3.24 e 3.25, respectivamente, para os cabos PVC/70°C, XLPE e EPR permitem determinar: - a máxima corrente de curto-circuito admissível num cabo; - a seção do condutor necessária para suportar uma particular condição de curto-circuito - O tempo máximo que o condutor pode funcionar com uma determinada corrente de curto circuito sem danificar a isolação. A seção mínima do condutor pode ser determinada, para uma particular corrente de curto-circuito, através da Equação abaixo, na qual se baseiam os gráficos anteriormente mencionados SC TC xICS 234 T f 0,34 x log 234 Ti Ics- corrente simétrica de curto-circuito, em kA; Tc - tempo de eliminação de defeito, em s; Tf- temperatura máxima de curto-circuito suportada pela isolação do condutor, em °C Ti - temperatura máxima admissível pelo condutor em regime normal de operação, em °C. Os valores de Tf e Ti são estabelecidos por norma, ou seja: . Condutor com isolação PVC/70°C Tf= 160°C e Ti = 70°C . Condutor com isolação XLPE Tf= 250°C e Ti = 90°C O estudo das correntes de curto-circuito será realizado posteriormente. 48 EXEMPLO DE APLICAÇÃO Considerando-se que, no caso do exemplo anterior, onde foi utilizado o cabo de 25 mm2/XLPE - 90°C, o tempo de eliminação do defeito realizado pelo fusível foi de 0,5 s para uma corrente simétrica de curto-circuito de 4,0 kA, no extremo do circuito determinar a seção mínima do condutor. Logo, o condutor de 25 mm2 satisfaz as três condições, ou seja, capacidade da corrente de carga, queda de tensão e capacidade da corrente de curto-circuito. Através do gráfico da Fig. 3.25 obtém-se o mesmo resultado, ou seja, tomando-se a corrente de curto circuito de 4,0 kA e cruzando-se a reta de 30 ciclos (0,50 s) obtémse a seção anteriormente dimensionada. 49 3.5 CRITÉRIO PARA DIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO MÍNIMA DO CONDUTOR NEUTRO A NBR-541O/97 estabelece os critérios básicos para o dimensionamento da seção mínima do condutor neutro, ou seja: a) O condutor neutro, se existir, deverá possuir a mesma seção do(s) condutor(es) fase, nos seguintes casos: - em circuitos monofásicos a dois e três condutores, e bifásicos a três condutores, qualquer que seja a seção do condutor fase: - em circuitos trifásicos, quando a seção dos condutores fase for inferior ou igual a 25 mm2, em cobre - em circuitos trifásicos, quando for prevista a presença de harmônicos, qualquer que seja a seção do condutor fase; b) Nos circuitos trifásicos, a seção do condutor neutro pode ser inferior à dos condutores fase sem ser inferior aos valores indicados na Tabela 3.30, em função da seção dos condutores fase, quando as duas condições seguintes forem simultaneamente atendidas: Tabela 3.30 neutro - Seção do condutor Seção dos condutores fase (mm2) Seção mínima do condutor (mm2) S 5 25 S 35 50 70 95 120 150 185 240 300 500 25 25 35 50 70 70 95 120 150 185 a) A soma das potências absorvidas pelos equipamentos de utilização alimentados entre cada fase e o neutro não for superior a 10% da potência total transportada pelo circuito; b) A máxima corrente suscetível de percorrer o condutor neutro, em serviço normal, incluindo harmônicos, for inferior à capacidade de condução de corrente correspondente à seção reduzida do neutro. 50 Em nenhuma circunstância o condutor neutro poderá ser comum a vários circuitos. Pode-se, também, determinar a corrente do condutor neutro de um circuito polifásico desequilibrado a partir das correntes de fase, de acordo com a Equação abaixo: I N I a2 I b2 I c2 I a xI b I c xI a I b Ia, Ib, Ic - correntes que circulam nas fases A, B e C, respectivamente, em A; In - corrente que circula no condutor neutro, em A; Para um aircuito totalmente equilibrado onde as correntes de fase são iguais, o valor de In é nulo, 51 3.6 CRITÉRIOS PARA O DIMENSIONAMENTO DA SEÇÃO MÍNIMA DO CONDUTOR DE PROTEÇÃO Todas as partes metálicas não-condutoras de uma instalação devem ser obrigatoriamente aterradas com a finalidade de proteção ou com finalidade funcional. O sistema de aterramento deve ser o elemento responsável pelo escoamento à terra de todas as correntes resultantes de defeito na instalação, de forma a dar total segurança às pessoas que a operam e dela se utilizam. A seção mínima do condutor de proteção pode ser dada em função da seção dos condutores fase do circuito, de acordo com a Tabela 3.31. Tabela 3.31- Seção mínima condutores de proteção Seção mínima dos condutores fase (mm2) S 16 16 < S 35 S > 35 dos Seção mínima dos condutores de proteção (mm2) S 16 0,5 X S Para se determinar a seção e as condições de uso de um condutor de proteção, adotar os seguintes princípios, definidos na NBR 5410/97. um condutor de proteção pode ser comum a vários circuitos de distribuição ou a vários terminais quando estes estiverem contidos em um mesmo conduto; a aplicação da Tabela 3.31 somente é válida quando o condutor de proteção é da mesma natureza que os condutores fase. Se o condutor de proteção não fizer parte do mesmo cabo ou do mesmo invólucro dos condutores fase, a sua seção não deverá ser inferior a: 2,5 mm2 se for protegido mecanicamente; 4mm2 se não for protegido mecanicamente. Como condutor de proteção podem ser usados os seguintes elementos: . veias de cabos multipolares; . condutores isolados ou cabos unipolares num invólucro comum ao dos condutores vivos; . condutores isolados, cabos unipolares ou condutores nus independentes; 52 . proteções metálicas ou blindagens de cabos; . eletrodutos metálicos e outros condutos metálicos; Segue abaixo algumas recomendações: o condutor isolado, quando utilizado como condutor de proteção, deve ser identificado através da cor verde ou verde-amarela. Se for utilizado um condutor para a função combinada de neutro e de condutor de proteção (PEN), este deve ser identificado através da cor verde ou verde-amarela; os elementos estranhos à instalação, tais como as armações de ferro do concreto armado, somente obedecendo a certas condições podem ser utilizados como condutor de proteção, porém nunca devem ser aplicados na função combinada de neutro e de condutor de proteção; nos esquemas TN, quando o condutor de proteção tiver uma seção maior ou igual a 10 mm2 em cobre nas instalações fixas, as funções de condutor de proteção e de condutor neutro poderão ser combinadas desde que a parte da instalação em referência não seja protegida por um dispositivo a corrente diferencial residual. No entanto, a seção mínima de 'condutor PEN pode ser de 4 mm2, desde que o cabo seja do tipo concêntrico e que as conexões que garantem a continuidade sejam duplicadas em todos os pontos de conexão ao longo do percurso do condutor periférico; o condutor PEN deve ser isolado para tensões elevadas a que possa ser submetido, a fim de evitar fugas de corrente. Entretanto, no interior de quadros e conjuntos de controle, o condutor PEN não precisa ser isolado; se, a partir de um ponto qualquer da instalação, o condutor neutro e o condutor de proteção forem separados, não será permitido religá-los após esse ponto; 53 3.7 Dimensionamento de Dutos 3.7.1- Prescrições gerais todos os condutores vivos (fase e neutro) pertencentes a um mesmo circuito devem ser agrupados num mesmo duto (eletroduto, calha, bandeja, etc.); não se deve colocar fases diferentes de um mesmo circuito em eletrodutos de ferro galvanizado (dutos magnéticos) individuais. Caso contrário, devido à intensa magnetização resultante, cujo valor é diretamente proporcional à corrente de carga do cabo, os eletrodutos sofrerão um elevado aquecimento, que poderá danificar a isolação dos condutores; os eletrodutos ou calhas somente devem conter mais de um circuito nas seguintes condições, simultaneamente atendidas: - todos os circuitos devem se originar de um mesmo dispositivo geral de comando e proteção, sem a interposição de equipamentos que transformem a corrente elétrica - os condutores isolados ou cabos isolados devem ter a mesma temperatura máxima para serviço contínuo. 3.7.2 Eletrodutos Os eletrodutos são os dutos mais comumente utilizados. Podem ser de PVC ou de ferro galvanizado. Os eletrodutos de PVC são geralmente utilizados quando embutidos ou enterrados. Já os eletrodutos de ferro galvanizados são geralmente mais utilizados em instalações aparentes. Os eletrodutos de ferro galvanizado não devem possuir costura longitudinal e suas paredes internas devem ser perfeitamente lisas, livres de quaisquer pontos resultantes de uma galvanização imperfeita. Também, cuidados devem ser tomados quanto às luvas e curvas. Quaisquer saliências podem danificar a isolação dos condutores. A instalação de condutores em eletrodutos deve ser precedida das seguintes considerações: A taxa máxima de ocupação em relação à área da seção transversal dos eletrodutos não deve ser superior a: 53% no caso de um único condutor ou cabo; 31 % no caso de dois condutores ou cabos; 54 40% no caso de três ou mais condutores ou cabos; Nos eletrodutos, só devem ser instalados condutores isolados, cabos unipolares ou cabos multipolares, admitindo-se a utilização de condutor nu em eletroduto isolante exclusivo, quando tal condutor se destina a aterramento; O diâmetro externo dos eletrodutos deve ser igual ou superior a 16 mm; Não deve haver trechos contínuos (sem interposição de caixas de derivação ou aparelhos) retilíneos de tubulação maiores do que 15 m; nos trechos com curvas,este espaçamento deve ser reduzido de 3 m para cad curva de 90; A área da seção transversal interna dos eletrodutos ocupada pelos cabos deve estar de acordo com a Tabela 3.32. Tabela 3.32 – Área dos eletrodutos rígidos ocupáveis pelos cabos Eletrodutos rígidos de PVC, do tipo rosqueado Dimensões do eletroduto Tamanho Diametro Espessura da parede externo Classe A ClasseB Rosca Área ocupável pelos cabos Área útil Classe A Classe B mm pol mm mm mm mm2 16 3/8 16,7 0,3 2,00 1,80 120 128 20 1/2 21,1 0,3 2,50 1,80 196 25 3/4 26,2 0,3 2,60 2,30 32 1 33,2 0,3 3,20 40 1 1/4 42,2 0,3 50 1 1/2 > 3 cabos: 40% Classe Classe Classe Classe B A B A mm2 mm2 mm2 37 40 48 52 232 60 71 79 93 536 366 166 1I3 135 143 2,70 551 593 170 183 221 238 3,60 2,90 945 1.023 282 317 378 410 47,8 0,4 4,00 3,00 1.219 1.346 377 417 488 539 2 59,4 0,4 4,60 3,10 1.947 2.189 603 678 779 876 75 21/2 75,1 0,4 5,50 3,80 3.186 3.536 987 1.096 1.275 1.415 85 3 85 0,4 5,50 3,80 4.254 4.656 1.318 1.443 1. 701 1.862 31/2 88,0 0,4 6,20 4,00 4.441 4.976 1.396 1.542 1. 777 1.976 60 100 mm2 2 cabos: 31% mm2 55 Tamanho Rosca Diâmetro externo Eletrodutos rígidos de aço carbono Espessura da Área útil parede Extra Pesada Extra Pesada 2 cabos: 31% > 3 cabos: 400/0 Extra Pesada Extra Pesada mm mm2 mm2 mm2 mm2 mm2 17,1 0,38 2,25 2,00 1I8 127 36 40 47 51 1/2 21,3 0,38 2,65 2,25 192 212 60 65 77 85 20 3/4 26,7 0,38 2,65 2,25 347 374 107 1I5 139 150 25 1 33,4 0,38 3,00 2,65 573 604 177 187 230 242 32 1 1/4 42,2 0,38 3,35 3,00 969 1.008 300 312 388 403 40 1 1/2 48,3 0,38 3,35 3,00 1.334 1.380 413 427 534 552 863 890 mm pol 10 3/8 15 mm mm mm2 50 2 60,3 0,38 3,75 3,35 2.158 2.225 668 689 65 21/2 73,0 0,64 4,50 3,75 3.153 3.331 997 1.032 1.261 1.333 80 3 101,6 0,64 4,75 3,75 6.570 6.861 2.036 2.126 2.628 2.745 3 1/2 114,3 0,64 5,00 4,25 8.440 8.685 2.616 2.692 3.376 3.474 141,3 0,64 5,30 4,25 13 .286 13.718 4.118 4.252 5.315 5.487 90 100 4 125 5 139,7 l 6,00 5,00 12.608 13.009 3.908 4.032 5.043 5.204 150 6 168,3 1 6,30 5,30 18.797 19.286 5.827 5.978 7.519 7.714 Os eletrodutos rigidos de aço carbono são designados por série: extrapesada. 56 A Tabela 3.33 fornece diretamente a área ocupada pelos cabos EPR. PVC, XLPE e Tabela 3.33 -. Área ocupada pelos cabos Área total - mm2 Área total- mm2 Seção PVC XLPE (mm2) 1,5 2,5 4 6 10 16 25 35 50 Seção U nipolar ou EPR (mm2) Isolado 7,0 10,7 14,5 18,8 27,3 37,4 56,7 72,3 103,8 23,7 28,2 36,3 41,8 50,2 63,6 91,6 1l3, I 151,7 23,7 28,2 36,3 41,8 50,2 63,6 91,6 1l3,1 151,7 70 95 120 150 185 240 300 400 500 PVC XLPE Isolado U nipolar ou EPR l30,7 179,7 2l3,8 268,8 336,5 430,0 530,9 692,8 870,9 188,7 246,0 289,5 359,6 444,8 559,9 683,5 881,4 1.092,7 188,7 246,0 289,5 359,6 444,8 559,9 683,5 881,4 1. 092, 7 EXEMPLO DE APLICAÇÃO Determinar a área da seção transversal de um eletroduto de aço carbono, parede pesada, que contém um circuito trifásico. a cinco condutores (3F + N + PE) de isolação em PVC, de seções transversais, respectivamente iguais a 120 mm2, 70 mm2 e 70 mm2. Considerar o percurso do eletroduto da figura abaixo 57 N alimentação PE Massa Secundário A B C da Aterramento Transformador Icc do Através da Tabela 3.33, pode-se obter com maior simplicidade. SCOND = 3 x 213,8 + 130,7 + 130,7 = 902,8 mm2 Caso não houvesse curvas a seção do eletroduto seria 2 ½” (vide tabela 3.2) Se considerarmos que o eletroduto tem o percurso dado na figura, então o seu novo diâmetro será: . Comprimento total do trecho Ct = 3x6+3=21 m Distância máxima permitida considerando-se as duas curvas da figura Dtma = 15 - (3 x 2) = 9 m Diferença entre o comprimento total do trecho e a distância máxima permitida: Dma =Ct -Dma =21-9=12m Fração de aumentos para cada 6 m F . Dtma 12 2 6 6 Diâmetro dos eletrodutos A - B = 6 m 65 (2 1/2") B - C = 6 m 65 (2 1/2") C - D = 6 m 80 (3") D - E = 3 m 90 (3 1/2") Logo, o eletroduto do trecho A - E nas aplicações práticas será de tamanho 90 mm (3 1/2") 58