Energia nuclear - Laboratórios de Informática Unilasalle

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Energia nuclear
Forma de energia obtida a partir da força que mantém os prótons unidos no núcleo do
átomo . Pode ser liberada por fissão ou fusão dos núcleos atômicos. A fissão é a quebra do
núcleo de átomos pesados. A fusão é a união de núcleo de átomos leves. Desde 1956, a
energia nuclear por fissão é utilizada como fonte de produção de energia elétrica. É
considerada fonte não-renovável porque as reservas de urânio, o principal combustível, são
limitadas. A fusão não é usada por falta de tecnologia para sua produção controlada em
laboratório. As principais desvantagens do combustível nuclear são o alto custo e o risco de
contaminação da população vizinha aos reatores . O material radiativo usado na fissão
provoca, entre outras doenças, o câncer.
Fissão – Neste processo, usa-se urânio, o elemento mais pesado da natureza. Seus átomos
têm os maiores núcleos e também mais instáveis, sendo apropriados à divisão. O
urânio-235 (U-235) é o principal combustível na fissão. Trata-se de um isótopo, átomo com
igual número de prótons, mas diferente número de nêutrons, do urânio. Ao serem atingidos
por um feixe de nêutrons, os núcleos do U-235 se dividem e liberam nêutrons, energia e
resíduos radiativos. Esses nêutrons atingem outros núcleos de urânio, que liberam novos
nêutrons formando uma reação em cadeia.
A fissão pode ou não ser controlada. No primeiro caso, ela é produzida em reatores
nucleares. O urânio é quebrado dentro de varetas localizadas no núcleo do reator. Elas são
envolvidas por um elemento resfriador, em geral, água pressurizada a 150 atm (para não se
transformar em vapor). A água aquecida a cerca de 325º C carrega o calor pelo reator até
chegar num gerador de vapor. Nesse local, há um reservatório de água não-pressurizada.
Com a troca de calor, a água do reservatório transforma-se em vapor que move uma turbina
ligada a um gerador de energia elétrica.
Na fissão não-controlada a liberação de energia dá-se sob a forma de uma grande explosão.
É o que acontece no interior de uma bomba atômica .
Fusão – O processo de fusão nuclear é semelhante ao que ocorre no interior de estrelas
como o Sol, segundo teoria proposta em 1939 pelo físico norte-americano Hans Bethe. Na
fusão a energia é liberada pela ligação de dois núcleos de átomos leves que formam um
mais estável e pesado. A fusão mais fácil de ser obtida é a que utiliza dois isótopos de
hidrogênio: o deutério e o trítio. Aquecidos a temperaturas de cerca de 100 milhões de
graus, os núcleos desses isótopos fundem-se e formam um isótopo de hélio. A reação libera
enorme quantidade de energia. A viabilidade da fusão já foi demonstrada cientificamente,
mas não existe tecnologia para aproveitamento comercial.
Átomo
A menor unidade de matéria que pode ser considerada como um elemento químico com
propriedades distintas. Conforme o conceito original criado pelos filósofos gregos
atomistas, átomo quer dizer “o que não pode ser dividido”. Ele é formado, porém, por
partículas menores : um núcleo (10 mil vezes menor do que o átomo) com carga elétrica
positiva, que contém nêutrons e prótons, e é cercado por uma nuvem de elétrons, partículas
com carga elétrica negativa. Os átomos podem trocar elétrons para estabelecer ligações
químicas . Essas combinações de átomos, chamadas moléculas, são as menores unidades
dos compostos ou substâncias químicas. Um centímetro cúbico de matéria tem o
equivalente a 1024 átomos, ou seja, o número 1 seguido de 24 zeros.
Átomo de Rutherford – A estrutura do átomo é descrita em 1919 através de um modelo
clássico proposto pelo físico inglês Ernest Rutherford (1871-1937).
Para ele, o átomo permanece estável pela atração entre o núcleo e os elétrons que circulam
em torno dele seguindo órbitas. Esse modelo explica a maior parte dos fenômenos
químicos. Para uma explicação de outros fenômenos, principalmente físicos em escalas
subatômicas, é necessário aplicar a Mecânica ou Física quântica, teoria criada em 1913. No
lugar do modelo planetário de átomo, com elétrons orbitando em volta de um núcleo, a
quântica propõe um gráfico que indica zonas onde eles têm maior ou menor probabilidade
de existir.
Câncer
Nome dado a todas as formas de tumores malignos. A palavra vem do latim cancer, que
significa caranguejo. Esse nome deve-se à semelhança entre as pernas do crustáceo e os
tentáculos do tumor, que se infiltram nos tecidos sadios do corpo.
Os tumores ocorrem quando determinadas células de um organismo se multiplicam de
maneira descontrolada, devido a uma anormalidade nos genes. Forma-se então um núcleo
celular sólido e uma rede de vasos sanguíneos para sustentá-lo. E é através da corrente
sanguínea ou linfática que as células malignas atingem outros órgãos e dão origem a novos
tumores, num processo conhecido como metástase. Na maior parte dos casos, o câncer é
uma doença de longa evolução. Até atingir o tamanho aproximado de uma azeitona, que é
quando costuma ser diagnosticado, um tumor pode levar alguns anos. Existem mais de cem
tipos de câncer, como o de pele, pulmão, mama, fígado, estômago, rim, ovário, cérebro,
próstata, pâncreas e ossos. Cerca de 90% deles são curáveis se diagnosticados
precocemente e tratados de maneira correta.
O câncer causa a morte de mais de 4 milhões de pessoas por ano, em todo o mundo. E o de
pulmão, responsável por 30% dos casos mundiais da doença, é o que mais mata. No Brasil,
o câncer é a segunda causa de morte, depois das doenças do aparelho circulatório (ver
Doenças circulatórias). Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCa) para
1996, a doença seria responsável por 94.150 óbitos, sendo 51.100 do sexo masculino e
43.050 do sexo feminino. O número de casos diagnosticados seria de 268.500 (ver Saúde
em Brasil). Os tumores responsáveis pelas maiores taxas de incidência e mortalidade no
país são os de pulmão, estômago e próstata para os homens; e os de mama, estômago e colo
do útero para as mulheres.
Causas – As causas do câncer não são conhecidas, mas existem alguns fatores que
potencializam o risco de sua manifestação. O fumo, por exemplo, aumenta as chances de
câncer no pulmão, assim como a exposição demasiada ao Sol intensifica o risco de câncer
de pele. O excesso de bebidas alcoólicas pode favorecer o câncer de boca. Já é provado que
a propensão a alguns tipos de câncer é transmitida hereditariamente.
Sintomas – Cada tipo de tumor tem seus próprios sintomas. Emagrecimento sem causa
aparente pode ser um sintoma de câncer no intestino, pulmão ou esôfago. Feridas que não
se cicatrizam podem ser sinais de câncer de pele ou de boca, assim como nódulos nos seios
podem indicar um câncer de mama.
Tratamento – Há vários tipos de tratamento contra o câncer, como a cirurgia, a radioterapia,
a quimioterapia e a hormonoterapia. A cirurgia e a radioterapia consistem nas formas locais
de tratamento da doença. A cirurgia é usada para a retirada dos tumores. Já a radioterapia
mata a célula maligna pelo efeito da irradiação. Porém, pode atingir outros tecidos,
provocando o aparecimento de dermatite, cistite e retite no paciente. A quimioterapia,
tratamento à base de drogas, impede a reprodução celular e conseqüentemente leva as
células malignas à morte. Mas atua também sobre as células normais, causando efeitos
colaterais temporários, como queda de cabelo, vômito e diarréia. A hormonoterapia é usada
para combater os tumores que são mais sensíveis à ação dos hormônios, como o câncer de
mama e o de próstata.
A utilização de tratamentos multidisciplinares que associam a cirurgia com a radioterapia
ou a quimioterapia tem mostrado resultados satisfatórios, como nos dois tipos de tumores
ósseos mais comuns, o osteossarcoma e o sarcoma de Ewing, nos casos de câncer de mama
e do tumor de Wilms (tumor do rim de criança).
A terapia gênica, aplicação da engenharia genética, pesquisa a fabricação de cópias de
genes normais e sua implantação nas células em que foram detectados os defeitos. A
ciência investe também na produção de drogas que interrompam a fase na qual o tumor
produz seus próprios vasos sanguíneos para poder crescer. Em 1995, foram registrados
progressos nas pesquisas com o interferon, uma proteína natural capaz de matar células
cancerosas, e com a interleucina, um grupo de moléculas produzido em pequenas
quantidades pelas células e considerado eficaz para desencadear a ação do sistema
imunológico. O médico brasileiro Raul Maranhão consegue nos EUA, em 1996, a patente
da partícula LDE, capaz de diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia, além de
aumentar a eficácia do tratamento.
Armas nucleares
Arma cujo efeito destruidor é baseado na liberação da energia nuclear, que existe em estado
latente no “núcleo” do átomo. Diferencia-se dos explosivos convencionais, que agem pela
queima ou decomposição química, como a pólvora ou a dinamite. As armas nucleares são
de dois tipos básicos: a bomba atômica, que funciona com a fissão de núcleos, e a bomba
de hidrogênio, ou bomba-H, que se baseia na fusão de núcleos.
O que torna essas armas especiais é a enorme concentração de energia em pequenos
volumes, que pode ser liberada de repente com efeitos devastadores. A explicação para isso
está na famosa equação criada por Albert Einstein , E = mc². E, ou energia, equivale à M,
ou massa, multiplicada pelo quadrado de C, velocidade da luz. A radioatividade é a
propriedade de certos elementos de emitirem partículas ou radiação eletromagnética como
fruto da instabilidade dos seus núcleos. Para medir a capacidade de uma arma nuclear, se
usam os termos “kiloton” e “megaton”. Um kiloton equivale à explosão de mil toneladas de
TNT; um megaton equivale a 1 milhão de toneladas.
Apenas cerca de 15% da energia liberada pela explosão de uma bomba vem na forma de
radiação, ou seja, como partículas atômicas energizadas, que podem afetar organismos
vivos. Mortes por radiação representaram cerca de 10% das vítimas imediatas nas cidades
japonesas atacadas em 1945.
Na prática, a maior parte da energia da bomba se converte numa onda fortíssima de choque
e de calor. Depois da explosão, também surge o subproduto característico, as partículas
radioativas na forma de uma poeira contaminada, que mantêm o perigo por muito tempo.
Projeto Manhattan – A primeira bomba atômica é testada, em 16 de julho de 1945, com
uma explosão no deserto de Sonoran , no Estado do Novo México, EUA. Para construir a
nova arma antes dos alemães, durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) , o governo
norte-americano monta um programa altamente secreto, o Projeto Manhattan. Muitos dos
principais físicos dos países aliados envolvidos no projeto passaram a morar e a trabalhar,
isolados do resto do mundo, em Los Alamos, Novo México, chefiados pelo físico
norte-americano Julius Robert Oppenheimer (1904-1967). Desse trabalho, resultou a
primeira bomba, que tinha o poder explosivo de 18 mil toneladas de TNT, ou 18 kilotons.
Hiroshima e Nagasaki – As duas únicas armas nucleares usadas em guerra até hoje foram
lançadas contra o Japão pela Força Aérea Norte-Americana. Em 6 de agosto de 1945, uma
bomba explodiu em Hiroshima: numa área de 12 km² houve 150 mil vítimas, entre as quais
80 mil mortos. Em 9 de agosto, em Nagasaki, explodiu a segunda bomba. Elas fizeram
dezenas de milhares de mortos imediatamente e ao longo dos anos seguintes. Há cálculos
de que, durante os seis anos da 2ª Guerra Mundial, em todos os continentes, foram
empregados o equivalente a 3 mil quilotons (ou 3 megatons) de explosivo convencional.
Trinta e seis mil quilotons destruíram duas cidades japonesas em poucos segundos. Os
EUA e a URSS construíram durante a Guerra Fria um arsenal equivalente a 7.500
megatons, o suficiente para repetir a 2ª Guerra Mundial por 2.500 vezes.
Como funcionam – A matéria-prima da bomba atômica , o chamado material “físsil” (que
se pode fender), existe em quantidade pequena na natureza. O processo consiste em
“enriquecer” a proporção do material físsil na amostra. Quer dizer, aumentar, por exemplo,
os isótopos (variantes com pesos atômicos diferentes) urânio-235 e plutônio-239. Para uma
bomba bastam cerca de 8 kg de plutônio-239 ou 25 kg de urânio-235. O núcleo desses
elementos pode ser partido ao ser bombardeado com as partículas nucleares chamadas
nêutrons. O resultado são dois outros elementos e muita energia. A idéia básica é criar uma
reação em cadeia não-controlada, quando o material físsil começa a se cindir rapidamente e
explode. Para a bomba de urânio explodir, basta detonar uma “espoleta” de explosivo
convencional. A bomba de plutônio exige que a explosão seja exatamente direcionada
contra o material físsil, de modo a provocar a reação descontrolada com o aumento da
pressão.
Bombas-H – Também chamadas de bombas de “fusão”, são bem mais complexas e
poderosas. Geralmente, a “espoleta” é também uma bomba atômica, de material físsil. É
possível combinar fusão e fissão nas armas, criando bombas mais poderosas. Como a fusão
libera menos material contaminado com radioatividade, essas bombas são consideradas
menos “sujas”.
Bomba de nêutrons – Nome popular da arma de radiação ampliada, é um modelo de arma
nuclear na qual é privilegiada a emissão de radiação, através dos nêutrons rápidos e letais.
Há uma menor emissão de calor ou energia de choque. Com isso, ela preserva edifícios,
mas é letal para os seres vivos, por provocar reações em cadeia que destroem as estruturas
celulares.
Albert Einstein
Físico alemão radicado nos EUA (1879-1955). É um dos maiores gênios científicos de
todos os tempos. Nasce em Ulm, mas vive em Munique e na Suíça. Em 1900, forma-se na
Escola Politécnica de Zurique. Cinco anos depois, formula a Teoria da Relatividade
Restrita e passa a publicar artigos sobre Física teórica. Em 1909, torna-se professor da
Universidade de Zurique e, em 1914, pesquisador do Instituto de Física Kaiser Guilherme,
em Berlim. Um ano depois enuncia a Teoria Geral da Relatividade, que apresenta uma nova
visão dos fenômenos gravitacionais. Em 1921, recebe o Prêmio Nobel de Física . Com a
chegada de Hitler ao poder, é obrigado a fugir do país. Vai para os EUA e ganha cidadania
norte-americana em 1940. Suas teorias permitem a construção da primeira bomba atômica .
Após as explosões no Japão, no final da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), defende a
fiscalização do uso da energia atômica e luta pelo pacifismo. Diante dos avanços de outros
cientistas, acredita que sua teoria está errada por pressupor que o Universo é estático. Nos
anos 80, pesquisadores provam que as teorias da relatividade são compatíveis com o
modelo de Universo em expansão.
Segunda Guerra Mundial
O mais devastador conflito militar da História . Dura de 1939 a 1945 e envolve países de
todos os continentes. Resulta do choque entre os interesses das nações que dividiam o
mercado internacional desde o fim da 1ª Guerra Mundial (1914-1918) e as pretensões da
Alemanha de conquistar o mundo. Termina com a destruição do 3º Reich, de Adolf Hitler
(1889-1945), e o declínio das nações da Europa, que passam a ter, pela primeira vez, o seu
destino à mercê de países não-europeus – Estados Unidos e União Soviética (ver Federação
Russa), superpotências emergentes no pós-guerra. As perdas humanas são estimadas em
quase 50 milhões de mortos, na maioria civis.
Causas – As humilhantes condições impostas à Alemanha, em 1918, favorecem o
surgimento do nazismo. A ascensão de Hitler ao poder, em 1933, é sustentada pela
exaltação ao nacionalismo e por propostas militaristas e expansionistas. O Führer deseja
construir uma “nova ordem”, exigindo a participação alemã na exploração do mundo
colonial, rico em matérias-primas e até então repartido entre os vitoriosos do primeiro
conflito mundial. Ambiciona também controlar o petróleo da Romênia e do Cáucaso, o
carvão e o ferro da Sibéria e o trigo da Ucrânia. As potências ocidentais permitem o
crescimento nazista como forma de bloqueio à União Soviética, um “cordão sanitário”
contra o avanço do comunismo sobre a Europa.
Em 1935, a Alemanha reinicia a produção de armamentos e restabelece o serviço militar
obrigatório, em claro desrespeito ao Tratado de Versalhes (1919). Um ano depois, reocupa
a Romênia e inicia uma política estratégica de alianças. Oferece ajuda econômica à Itália
fascista de Benito Mussolini (1883-1945), sob embargo da Liga das Nações por ter
invadido a Etiópia. Apóia Francisco Franco (1892-1975) na Guerra Civil Espanhola
(1936-1939), aproveitando o conflito para testar novos engenhos militares. Assina com o
Japão o Pacto Anti-Comintern, em 1936, a fim de conter a expansão comunista da União
Soviética, com a adesão de Hungria, Itália e Espanha. Justifica a anexação
(Anschluss) da Áustria, em 1938, por se tratar de mais um povo germânico. No mesmo ano,
alcança, com a conivência inglesa e francesa na Conferência de Munique, a incorporação
de parte da Tchecoslováquia, exatamente a região dos Sudetos, conhecida por abrigar
minorias alemãs. Cria os protetorados da Boêmia e da Moldávia, desmembrando o restante
do território tcheco, em março de 1939. Por fim, Hitler aproveita as desconfianças da URSS
em relação às potências ocidentais para assinar um acordo, por cinco anos, de não-agressão
e neutralidade com o líder soviético Josef Stalin (1879-1953): o Pacto
Germânico-Soviético, de 23 de agosto de 1939. Abre-se, assim, para Hitler , o caminho a
leste para atacar a Polônia, em nome do que lhe fora tirado pelo Tratado de Versalhes: a
devolução da zona conhecida por “Corredor Polonês”, a do porto de Dantzig, que une a
Alemanha à Prússia Oriental.
Ofensiva alemã – Diante da negativa da Polônia em ceder Dantzig, as tropas alemãs
invadem o país em 1 de setembro de 1939 e travam uma guerra relâmpago (blitzkrieg) com
a frágil resistência local. A conquista faz-se em três semanas. É estabelecido um governo
geral nazista e inicia-se a perseguição aos judeus, vítimas preferenciais da ideologia nazista,
ao longo de todo o conflito mundial. A Inglaterra (ver Reino Unido), comprometida com a
defesa polonesa, e a França, aliada inglesa, declaram guerra à Alemanha. Em seguida,
Dinamarca e Noruega são ocupadas pelo Exército nazista, garantindo o abastecimento
alemão de aço pelos mares Báltico e do Norte. Holanda e Bélgica tornam-se as próximas
conquistas. Em Dunquerque, na França, o Exército belga-anglo-francês sofre a primeira
derrota aliada e só escapa do massacre graças à ação da Marinha inglesa, que consegue
evacuar a maioria dos combatentes. Hitler avança contra a França a partir de maio de 1940.
Um mês mais tarde, a assinatura pela França dos armistícios com a Alemanha e a Itália, que
submetem metade do território francês à ocupação das forças nazistas, evidencia o domínio
alemão.
O primeiro-ministro da França, marechal Henri Philippe Pétain (1856-1951),
anti-republicano e conservador, assume poderes ditatoriais, após acordo com os alemães.
Transfere a capital para Vichy, no sul do país, enquanto Paris permanece ocupada pelos
nazistas. O subsecretário de Defesa Nacional Francesa, general Charles de Gaulle
(1890-1970), vai para a Inglaterra representando a resistência da França. Ao mesmo tempo,
a Alemanha implanta a sua “nova ordem” nos territórios ocupados, reativando indústrias
paralisadas e obrigando as populações a trabalhos forçados.
Em setembro de 1940, o Eixo, pacto entre Berlim, Roma e Tóquio, é formalizado,
estabelecendo apoio mútuo entre os países em caso de ataque por potência ainda não
envolvida na guerra – entenda-se, os Estados Unidos. A partir de 15 de setembro,
intensificam-se os combates na Inglaterra. Bombardeiros alemães despejam cerca de 20 mil
toneladas de bombas sobre Londres. Mas a ação da Royal Air Force (RAF), a aviação de
combate inglesa, evita a destruição do país, abatendo inúmeros aviões inimigos. No norte
da África, italianos e alemães ameaçam, sob as ordens do general Erwin Rommel
(1891-1944), o domínio inglês no Egito.
Hitler reorienta então a sua máquina de guerra mais uma vez para o Leste Europeu,
despertando a preocupação russa. Ao governo de Moscou propõe a partilha do mundo em
zonas de influência, mas as negociações falham e o território da União Soviética acaba por
ser invadido, sem uma declaração formal de guerra, em 22 de junho de 1941. Por essa
época, o domínio alemão já se faz sentir em vários países do Leste Europeu, como na
Romênia, Bulgária e Hungria, além de Iugoslávia e Grécia. Mas a resistência soviética no
Cerco de Stalingrado onde, devido à fome, morrem 500 mil civis, modifica o panorama da
2ª Guerra Mundial. Ela põe fim ao mito da invencibilidade alemã e instiga o Exército
soviético a avançar, em contra-ataque, sobre os países-satélites da Alemanha, às voltas
agora com duas frentes de guerra.
Ataque japonês – Os japoneses
precipitam a entrada dos EUA na guerra ao
bombardearem, em 7 de dezembro de 1941, a base naval de Pearl Harbor, no Havaí. A
ofensiva do Japão generaliza-se e suas forças conquistam a supremacia no Pacífico e no
Sudeste Asiático. Definem-se, assim, as duas facções em conflito. De um lado, os países do
Eixo (Alemanha, Itália e Japão) e, de outro, os Aliados (Inglaterra, Estados Unidos, União
Soviética e China, esta última em guerra com o Japão desde 1931). Em todos os territórios
ocupados pelos nazistas, organizam-se movimentos de resistência.
Entre 1942 e 1943, a Marinha anglo-americana elimina submarinos alemães no Atlântico,
ao mesmo tempo em que a aviação aliada intensifica o bombardeio à Alemanha. Os
recursos industriais do país começam a sofrer sérios danos. No norte da África, o
Afrikakorps, o Exército alemão no continente, rende-se em maio de 1943. Os Aliados
desembarcam na Sicília e invadem a Itália. Mussolini é preso e o novo governo italiano
rende-se aos invasores. Com isso, boa parte do país é ocupada por tropas alemãs, que só
capitulam em abril de 1945. Na outra frente, o Exército soviético alcança vitórias na
Romênia, Bulgária e Iugoslávia, em 1944, enquanto Albânia e Grécia expulsam os alemães.
“Dia D” – O dia 6 de junho de 1944, o “Dia D”, é o golpe mortal às forças nazistas.
Considera-se o desembarque de 155 mil soldados aliados em Caen, na Normandia francesa,
a maior operação aeronaval da História. Envolve mais de 1.200 navios de guerra e mil
aviões, uma operação coroada de êxito ao enganar as forças alemãs concentradas em
Pas-de-Calais. Paris é libertada em 25 de agosto. Inicia-se o ano decisivo de 1945. Os
russos, pelo leste, e os norte-americanos e britânicos, pelo oeste, disputam a chegada a
Berlim. Em 30 de abril, os soviéticos fincam a sua bandeira no alto do Parlamento alemão,
o Reichstag, e Hitler suicida-se junto com sua mulher, Eva Braun. A capital alemã em
ruínas é ocupada em 2 de maio pelo Exército da URSS, com a prisão de 135 mil defensores
da cidade. Cinco dias mais tarde, a Alemanha rende-se incondicionalmente.
Guerra no Pacífico – Na luta contra os japoneses, a situação começa a se inverter a favor
dos Aliados, após as vitórias dos norte-americanos nas batalhas navais de Midway e do Mar
do Coral, em 1942. No início de 1945, tropas norte-americanas, britânicas e chinesas
reabrem a rota da Birmânia (atual Mianmá) e recuperam as Filipinas. Aperta-se o cerco aos
japoneses, alvo de pesados bombardeios. Em 19 de fevereiro, ocorre o primeiro
desembarque norte-americano em território do Japão, na Ilha de Iwojima. Mas, ante a
resistência feroz dos inimigos, o que sugere um prolongamento indesejável da guerra, os
EUA optam por atacar as cidades japonesas com um novo tipo de arma, a bomba atômica .
A primeira, lançada sobre Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, mata 100 mil pessoas. Três
dias depois, uma segunda bomba cai sobre Nagasaki, provocando mais 70 mil mortes (ver
Armas nucleares).
A partir de 8 de agosto, com a intenção velada de recuperar territórios perdidos há décadas
para o Japão, no Extremo Oriente, tropas soviéticas expulsam os japoneses da Manchúria e
da Coréia. Finalmente, em 2 de setembro de 1945, o Japão rende-se ao Exército
norte-americano, numa cerimônia a bordo do encouraçado Missouri. É o final da 2ª Guerra
Mundial.
Tratados – Em fevereiro de 1945, na Conferência de Yalta , no sul da URSS, os EUA, a
Grã-Bretanha e a URSS reúnem-se para remontar o mapa geopolítico europeu: os
soviéticos anexam os Estados bálticos (Letônia, Lituânia e Estônia) e o leste da Polônia e
consolidam sua presença na Europa Central e Oriental. No mesmo ano, na Conferência de
Potsdam, em Berlim, é determinada a dissolução de todos os órgãos e associações nazistas,
o desarmamento alemão, o fechamento das indústrias bélicas germânicas, o pagamento de
reparações de guerra e a divisão do país em quatro zonas de ocupação militar: soviética,
norte-americana, francesa e britânica. A Alemanha é separada da Áustria, obrigada a
devolver os territórios tomados à Tchecoslováquia, a entregar Dantzig à Polônia e a
reconhecer a divisão da Prússia Oriental entre URSS e Polônia. De abril a junho de 1945,
durante a Conferência de São Francisco, 50 nações assinam a carta de criação da (ONU)
Organização da Nações Unidas.
Massacre – À medida que a Europa é libertada da dominação alemã, a humanidade constata
a extensão das atrocidades cometidas durante a guerra, em particular nos campos de
concentração e extermínio criados pelos nazistas. Cerca de 5,9 milhões de judeus foram
assassinados, num dos maiores genocídios da História. A liderança do 3º Reich é julgada
entre 1945 e 1947 pelo Tribunal de Nuremberg, cidade palco dos maiores comícios nazistas
nos anos 30. Os gastos com a guerra chegam a US$ 1,4 trilhão.
O pós-guerra – São os grandes vencedores, EUA e URSS, que agora determinam os
desígnios da política internacional. As demais nações, arruinadas pelo conflito, ficam à
mercê das duas superpotências. Para reafirmar sua hegemonia sobre o Leste Europeu, a
URSS estabelece o Pacto de Varsóvia e passa a adotar uma política isolacionista – a
chamada Cortina de Ferro. Em oposição ao bloco soviético, os EUA criam a Organização
do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A tensão mundial aumenta sem provocar conflitos
diretos: é a chamada Guerra Fria. Nos anos 50 e 60, os países europeus, arrasados com a
guerra, não conseguem impedir os movimentos nacionalistas de emancipação de suas
colônias na África e na Ásia (ver Descolonização da África e Descolonização da Ásia).
Mais tarde, temendo a ameaça soviética, os ocidentais se unem e criam a União Européia
(UE).
Primeira Guerra Mundial
Conflito armado que começa em 1914, como uma disputa local entre o Império
Austro-Húngaro e a Sérvia, estende-se às potências imperialistas da Europa e acaba se
tornando global. O estopim foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro
do trono austríaco, em Sarajevo. A guerra termina em 1918, causando a morte de mais de
8 milhões de soldados e 6,5 milhões de civis.
Confrontam-se dois grupos de países organizados em pactos antagônicos: a Tríplice
Aliança, liderada pela Alemanha, e a Tríplice Entente, encabeçada pela França. A vitória
ficou com os aliados da Entente, mas teve como conseqüência principal a perda, pela
Europa, do papel de liderança planetária. Os Estados Unidos, que entram no conflito só em
1917, assumem a liderança dos negócios mundiais e passam a ser o centro de poder do
capitalismo. A reorganização do cenário político no continente europeu e as condições
humilhantes impostas pelo Tratado de Versalhes ao perdedor, a Alemanha, levam à 2ª
Guerra Mundial (1939-1945). O mundo do pós-guerra assiste também à implantação do
primeiro Estado socialista, a União Soviética.
O cenário antes da guerra – O choque dos interesses imperialistas das nações européias,
aliado ao espírito nacionalista emergente, é a principal causa do conflito. Na virada deste
século, a Alemanha se torna o país mais poderoso da Europa Continental após a guerra
franco-prussiana (1870/71) e a arrancada industrial propiciada pela unificação do país em
1871. A nova potência ameaça os interesses econômicos da Inglaterra e os
político-militares da Rússia e da França.
Alemães e franceses preparam-se militarmente para a anunciada revanche francesa pela
reconquista dos territórios da Alsácia e Lorena, perdidos para a Alemanha. Por sua vez, a
Rússia estimula o nacionalismo eslavo – Pan-eslavismo – desde o fim do século XIX e
apóia a independência dos povos dominados pelo Império Austro-Húngaro. Por trás dessa
política está o projeto expansionista russo de alcançar o Mediterrâneo.
Preparativos – As diferenças nacionalistas entre França e Alemanha são acirradas pela
disputa do Marrocos. Em 1906, um acordo cede o Marrocos à França. A Alemanha recebe
terras no sudoeste africano, mas também exige da França parte do território do Congo.
Outros enfrentamentos, desta vez entre Sérvia e Áustria após as Guerras Balcânicas,
aumentam a tensão pré-bélica. A anexação da Bósnia-Herzegóvina pelos austríacos em
1908 causa a explosão do nacionalismo sérvio, apoiado pela Rússia.
Esses conflitos de interesses levam à criação de dois sistemas rivais de alianças. Em 1879,
o chanceler da Alemanha, Otto von Bismarck, firma com o Império Austro-Húngaro um
acordo contra a Rússia. Três anos depois a Itália, rival da França no Mediterrâneo, alia-se
aos dois países, criando a Tríplice Aliança. O segundo tem sua origem na Entente Cordiale,
formada em 1904 pelo Reino Unido e pela França para se opor ao expansionismo
germânico. Em 1907, conquista a adesão da Rússia, formando a Tríplice Entente.
O mundo em guerra – Francisco José (1830-1916), imperador do Império Austro-Húngaro,
aos 84 anos prepara-se para deixar o trono ao herdeiro. Mas, em 28 de junho de 1914, o
arquiduque Francisco Ferdinando (1863-1914) e sua esposa são assassinados durante visita
a Sarajevo, na Bósnia-Hezergóvina, pelo estudante anarquista sérvio Gravilo Princip.
Confirmada a cumplicidade de políticos da Sérvia no atentado, o governo austríaco envia
em julho um ultimato ao governo sérvio. Exige a demissão de ministros suspeitos de
ligações com terroristas, o fechamento de jornais anti-austríacos e a perseguição de
sociedades secretas. Como a Sérvia reluta em atender às exigências, o país é invadido pelos
austríacos em 1 de agosto.
O complexo sistema de alianças que impera no continente arrasta outros países europeus ao
conflito. A Rússia declara guerra à Áustria; a Alemanha adere contra a Rússia. A França,
ligada aos russos, mobiliza tropas contra os alemães. No dia 3 de agosto de 1914, o mundo
está em guerra.
O Reino Unido hesita até o dia seguinte, quando os alemães invadem a Bélgica, violando a
neutralidade desse país, para atingir a França. Outras nações envolvem-se em seguida: a
Turquia, do lado dos alemães, ataca os portos russos no Mar Negro; Montenegro socorre os
sérvios em nome da afinidade étnica; e o Japão, interessado nos domínios germânicos no
Extremo Oriente, engrossa o bloco contra a Alemanha.
Com a guerra, ao lado da Entente entram 24 outras nações estabelecendo uma ampla
coalizão, conhecida como os Aliados. Já a Alemanha recebe a adesão do Império
Turco-Otomano, rival da Rússia e da Bulgária, movida pelos interesses nos Bálcãs . A
Itália, embora pertencente à Tríplice Aliança, fica neutra no início, trocando de lado em
1915, sob a promessa de receber parte dos territórios turcos e austríacos.
Avanço alemão – Na frente ocidental, a França contém os alemães na Batalha do Marne,
em setembro de 1914. A partir daí, os Exércitos inimigos ocupam no solo francês uma
extensa malha de trincheiras protegida por arame farpado, a Linha Maginot, e dedicam-se a
ataques de efeitos locais. Essa guerra de posição estende-se praticamente até 1918, sem que
nenhum dos lados saia vitorioso. Na frente oriental, os alemães abatem o numeroso e
desorganizado Exército da Rússia. O maior país da Europa, fragilizado pela derrota na
Guerra Russo-Japonesa (1904/05), paga o preço do atraso industrial e da agitação política
interna. O povo russo atinge o ponto máximo de insatisfação com a guerra e o colapso do
abastecimento. O czar Nicolau II (1868-1918) renuncia ao poder e a Revolução Russa
instala no país um Estado socialista, em 1917.
Com a derrota militar russa consumada, os Aliados correm o risco de a Alemanha avançar
pela frente oriental e atacar a França. A situação leva os Estados Unidos a entrarem
diretamente na guerra e a decidirem o confronto. Durante os anos em que permanecem
neutros, os norte-americanos tinham enriquecido vendendo armas e alimentos aos Aliados e
dominando os mercados latino-americanos e asiáticos. O objetivo dos EUA na luta é
preservar o equilíbrio de poder na Europa e evitar uma possível hegemonia alemã.
A paz – Surgem propostas de paz em 1917 e 1918, mas com pouca ou nenhuma
repercussão. Apenas a do presidente americano Woodrow Wilson (1856-1924) ganha
importância, inclusive entre a população alemã. Ela sugere uma “paz sem vencedores” e
sem anexações territoriais, em um programa com 14 itens. Mas, em julho de 1918, forças
inglesas, francesas e norte-americanas lançam um ataque definitivo. A guerra está
praticamente vencida. Turquia, Áustria e Bulgária rendem-se. Os bolcheviques, que com a
queda do czar russo assumem o poder após dois governos provisórios, já haviam assinado a
paz em separado com a Alemanha, em março, pelo Tratado de Brest-Litovsk.
A fome e a saúde precária da população levam a Alemanha à beira de uma revolução
social. Com a renúncia do kaiser, exigida pelos EUA, um conselho provisório socialista
negocia a rendição.
Tratado de Versalhes – Em 28 de junho de 1919, é assinado o Tratado de Versalhes.
Pressionada por um embargo naval, a Alemanha é obrigada a ratificá-lo. Com ele, perde
partes do seu território e todas as colônias, que são repartidas entre os Aliados. Também
passa a ser atravessada pelo chamado “Corredor Polonês”, que dá à Polônia acesso ao Mar
Báltico e divide o país em dois. Deve ainda pagar pesadas indenizações por todos os danos
civis causados pela guerra e fica impedida de formar um Exército regular. Mas essas
providências, que tentam evitar que a Alemanha venha a ter condições econômicas e
políticas para uma outra aventura bélica, têm o efeito contrário. Tanto que o mundo saído
do Tratado de Versalhes é o berço de regimes totalitários em muitas nações, do comunismo
ao fascismo e nazismo, que preparam as armas para, poucas décadas depois, deflagrar a 2ª
Guerra Mundial. O pós-guerra também apresenta um novo desenho da Europa, com a
dissolução dos impérios Austro-Húngaro, Turco-Otomano e Russo. De suas ruínas,
formaram-se novos países, como Polônia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia,
Tchecoslováquia, Hungria e Iugoslávia. No
Oriente Médio, a Arábia Saudita desliga-se do domínio turco. A Síria e o Líbano ficam sob
tutela da França, e o Iraque, a Palestina e a Transjordânia (atual Jordânia) tornam-se
protetorados da Inglaterra.
Japão
O Japão é formado por quatro grandes ilhas montanhosas e mais de 3 mil pequenas
ilhas. Sua localização, no extremo leste da Ásia , tornou-o conhecido como “terra do sol
nascente”. O país situa-se em uma zona de freqüentes furacões e é exposto a terremotos e
vulcões, por estar localizado nos limites da placa tectônica euroasiática.
É a segunda potência econômica do mundo, atrás dos EUA. Com poucas terras cultiváveis,
desenvolveu a maior indústria de pesca do mundo e tem nos frutos do mar a base de sua
culinária. É o mais competitivo fabricante e exportador mundial de carros e produtos
eletrônicos, enfrentando conflitos comerciais com outros países. Nação milenar, o Japão
teve suas instituições reconstruídas após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) segundo os
moldes ocidentais. Mantém, no entanto, valores conservadores, como o papel submisso da
mulher na sociedade.
FATOS HISTÓRICOS – O Japão é herdeiro de uma civilização que remonta ao século VII
a.C. No século IV, o clã Yamato unifica os vários Estados do país sob um imperador. No
século VI, o Japão invade a Coréia (ver Coréia do Sul e Coréia do Norte), que vivia sob
forte influência chinesa, e assimila muito da cultura da China. Apesar disso, o país
mantém-se relativamente isolado do exterior e tem uma das sociedades mais homogêneas
do mundo em termos culturais e étnicos.
No século XII, o crescimento da aristocracia militar (os samurais) mina a monarquia que
ocupa o poder. O país passa a ser dominado principalmente pelos xoguns, espécie de
senhores feudais, que permanecem até o século XIX. Os primeiros contatos com o Ocidente
datam do século XVI, quando chegam vários missionários portugueses que formam uma
pequena comunidade cristã. A religião predominante é o xintoísmo, mas os japoneses
também recebem influências budistas.
Em 1603, o xogum Tokugawa Ieyasu, depois de vencer clãs rivais, estabelece a capital em
Edo (atual Tóquio), proíbe o cristianismo e fecha o país ao contato com estrangeiros. Nos
250 anos seguintes, a única janela aberta ao mundo é um pequeno posto comercial em
Nagasaki.
Modernização – O ingresso do país na era moderna ocorre em 1854, com a chegada do
almirante norte-americano Matthew Perry, que força a abertura dos portos do país ao
comércio com o Ocidente. O clã Tokugawa não consegue manter o isolamento japonês e
enfrenta uma revolta de jovens samurais (casta guerreira leal ao xogunato), que exigem a
restauração do poder real para resistir à dominação estrangeira. Em 1868, começa a era
Meiji: assume o imperador Mutsuhito, que abole o feudalismo. No final do século XIX, o
Japão, tendo resistido ao imperialismo ocidental, dá início à sua própria expansão
imperialista. Vence a China na Guerra Sino-Japonesa (1894/95) e a Rússia (ver Federação
Russa) em 1904, estabelecendo influência sobre a Manchúria, a Coréia – transformada em
colônia em 1910 – e a Ilha Sakalina. O Japão fica ao lado dos aliados na 1ª Guerra Mundial
(1914-1918) e obtém vantagens no Tratado de Versalhes.
Expansão e guerra – Nos anos 20, a crise econômica abre caminho para facções
nacionalistas de direita, que se tornam dominantes no governo. Em 1931, o Japão invade a
Manchúria, na China, onde estabelece em 1934 o Estado-fantoche do Mandchukuo, que
tem como testa-de-ferro Pu Yi, o último imperador chinês. A China, que já vinha sofrendo
incursões japonesas em 1937, é invadida em grande escala.
O Japão na 2ª Guerra Mundial – Durante o conflito, o governo militarista alia-se à
Alemanha e à Itália, em 1940, e ocupa a Indochina francesa no ano seguinte. A expansão
militar coloca o Japão em choque com os EUA. Em 7 de dezembro de 1941, os japoneses
realizam um ataque-surpresa e destroem a esquadra norte-americana ancorada em Pearl
Harbor, no Havaí. O Japão toma o sudeste da Ásia e a maior parte do Pacífico Ocidental,
mas é derrotado pelas forças aliadas e retira-se das áreas ocupadas. A rendição só acontece
em setembro de 1945, depois da explosão das bombas atômicas jogadas pelos EUA nas
cidades de Hiroshima e Nagasaki (ver Armas nucleares). As ilhas Kurilas, no norte do
arquipélago, são anexadas pela União Soviética.
Os norte-americanos ocupam o país até abril de 1952 e impõem uma Constituição e um
sistema de governo nos moldes das democracias ocidentais. O Japão assina, em 1954, um
tratado de defesa mútua com os EUA. As instituições políticas, modeladas à semelhança
das ocidentais, conservam certas características, como a tradição de lealdade ao chefe. A
combinação desse traço cultural com um sistema clientelista garante o domínio do Partido
Liberal Democrático (PLD), a partir de 1955. Vinte anos depois, o Japão está reconstruído
e começa a desenvolver-se como potência econômica.
Corrupção – Sucessivos escândalos de corrupção levam à renúncia e à prisão do
primeiro-ministro Kakuei Tanaka, em 1974, mas não são suficientes para pôr fim à
hegemonia do PLD. Na década de 80, irrompe o conflito comercial com os EUA, devido ao
protecionismo comercial japonês e ao desequilíbrio da balança comercial entre os dois
países, desfavorável aos norte-americanos. A desregulamentação parcial dos mercados
financeiros japoneses e medidas de estímulo à importação começam a ser adotas em 1986.
No ano seguinte, o presidente norte-americano Ronald Reagan proíbe a importação de
diversos produtos japoneses, acusando o governo do primeiro-ministro Noburo Takeshita
de protecionismo e concorrência desleal. Os escândalos de corrupção, que abalam o
governo de Takeshita a partir de 1988, são momentaneamente esquecidos com a morte, em
janeiro de 1989, do imperador Hiroíto, no trono desde 1926. Hiroíto é substituído por seu
filho Akihito. Takeshita renuncia em abril de 1989, acusado de receber subornos da
empresa Recruit.
As relações com os países asiáticos melhoram com a visita do imperador Akihito à China,
em 1992, e com o pedido oficial de desculpas às vítimas do militarismo japonês, em agosto
de 1993. As desculpas, no entanto, são consideradas insuficientes pela maioria dos países
vítimas do imperialismo japonês, e ao mesmo tempo suscitam forte oposição nacionalista
interna.
Aliança com os socialistas – Em 1993, novos escândalos de corrupção provocam cisões no
partido dominante, o PLD. Em julho, dois grupos dissidentes do PLD, em aliança inédita
com os socialistas do Partido Social-Democrata, o Komeito (Partido do Governo Limpo) e
mais três partidos menores, conseguem formar um novo governo, que enfrenta o
agravamento do litígio comercial com os EUA, o aumento do desemprego e a resistência da
Federação Russa às pressões japonesas pela devolução das ilhas Kurilas. A fragilidade da
coalizão leva ao colapso do governo. Em junho de 1994, o Japão tem seu primeiro chefe de
governo socialista, Tomiichi Murayama, cujo partido forma um novo governo, aliando-se
ao PLD.
Seita religiosa – Em janeiro de 1995, um violento terremoto atinge a cidade de Kobe,
matando mais de 5 mil pessoas. Em março, a seita religiosa Aum Shinri Kyo (Ensino da
Verdade Suprema) ataca o metrô de Tóquio com o gás mortífero sarin, matando 12 pessoas
e causando intoxicação em outras 5,5 mil. Novos atentados com gases tóxicos ocorrem em
várias cidades. As autoridades prendem seguidores da seita, inclusive o guru Shoko
Asahara. Em outubro, a justiça japonesa dissolve a seita. Em novembro, três soldados da
base norte-americana na ilha de Okinawa são presos por terem estuprado, dois meses antes,
uma menina de 12 anos. O caso provoca protestos violentos contra a presença militar
norte-americana e um acordo com os EUA para reduzi-la em 20% nos próximos anos é
assinado em abril de 1996.
Escândalos financeiros – Em janeiro de 1996, o PLD volta ao poder, com a inesperada
renúncia de Murayama. O novo primeiro-ministro, Ryutaro Hashimoto, governa com a
mesma coalizão de seu antecessor (PLD, socialistas e o Novo Partido Sakigake). Entre os
objetivos do governo estão uma cadeira permanente para o Japão no Conselho de
Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e a luta pela liberalização do sistema
financeiro do país, visando desencorajar a corrupção e o acúmulo de dívidas podres, que
abalam a economia japonesa.
Em fevereiro, o Daiwa Bank aceita pagar multa de US$ 340 milhões por operações
irregulares nos EUA durante onze anos, cobrindo prejuízos de US$ 1,1 bilhão provocados
por um de seus corretores. No mesmo mês, o governo anuncia que usará dinheiro do
contribuinte para cobrir US$ 6,8 bilhões de prejuízos de instituições de crédito imobiliário
cujos empréstimos tinham sido artificialmente inflados durante a década de 80. O plano
leva a oposição a bloquear, durante três semanas de março, a votação do orçamento do ano
fiscal de 1996. Em junho, um novo escândalo financeiro: o grupo Sumitomo anuncia a
perda de US$ 2,6 bilhões por conta de operações irregulares de seu principal corretor no
mercado mundial de cobre, durante dez anos.
Escravas-sexuais – No mês seguinte, são pagas as primeiras compensações às
ex-escravas-sexuais – sobreviventes das mais de 200 mil mulheres forçadas a servir de
prostitutas para soldados japoneses durante a ocupação militar na Ásia. Os pagamentos, de
US$ 19 mil, são acompanhados de pedido de desculpas de Murayama a quatro filipinas.
Outras quatro filipinas e organizações de Formosa e Coréia do Sul recusam a compensação,
alegando que ela vem de um fundo privado e não do governo japonês.
Desregulamentação – Em 20 de outubro, novas eleições parlamentares não resolvem o
problema da instabilidade política. O PLD aumenta o número de cadeiras na Assembléia de
211 para 239 (são 500 no total), mas seus parceiros de coalizão perdem representação e
desistem de participar do gabinete. Em novembro, o PLD volta a formar o gabinete
sozinho. No dia 11, Hashimoto anuncia seu plano “Big Bang”, que promete uma revolução
no sistema financeiro japonês, tornando-o tão desregulamentado quanto os mercados
europeus e norte-americanos até o ano 2001.
ONU
Organização das Nações Unidas . Organismo internacional que surge no final da 2ª Guerra
Mundial (1939-1945) em substituição à Liga das Nações. Tem como objetivos manter a
paz, defender os direitos humanos e as liberdades fundamentais e promover o
desenvolvimento dos países em escala mundial. A primeira etapa de sua criação acontece
entre abril e junho de 1945: representantes de 50 países (entre eles o Brasil ) reúnem-se em
São Francisco (EUA) para redigir e assinar a sua Carta. Em 24 de outubro do mesmo ano
começa a funcionar oficialmente.
Atualmente, a ONU é integrada por 185 dos 192 Estados do mundo e opera com um
orçamento de US$ 2,687 bilhões no biênio 1996/97. Nos últimos anos, a ONU vem
enfrentando uma séria crise financeira, traduzida por uma dívida de US$ 3,3 bilhões,
principalmente por causa de atrasos nos pagamentos das contribuições dos países-membros.
A organização também enfrenta uma crise política, derivada da falta de definição de seu
papel num mundo pós-Guerra Fria. Os Estados Unidos são o país que mais deve e o que
mais critica a burocracia da ONU.
Estrutura – Seis órgãos principais compõem a ONU: a Assembléia Geral, o Conselho de
Segurança, a Secretaria Geral, a Corte Internacional de Justiça, o Conselho Econômico e
Social e o Conselho de Tutela. A Assembléia Geral é formada por todos os países-membros
e se reúne uma vez por ano para debater questões internacionais. Apenas 15 países
constituem o Conselho de Segurança, dos quais dez são eleitos por um sistema rotativo,
com mandatos de dois anos. Os cinco vencedores da 2ª Guerra Mundial – Reino Unido,
EUA, Federação Russa, França e China – são membros permanentes e têm poder de vetar
suas resoluções.
A Secretaria Geral administra os programas e políticas elaborados pelos órgãos da ONU.
Em novembro de 1996, os EUA vetam a reeleição do egípcio Boutros Boutros-Ghali
(1922-) para o cargo de secretário geral.
Quinze juízes de todas as regiões do mundo fazem parte da Corte Internacional de Justiça,
em Haia (Holanda), que julga as disputas entre os países. Em novembro de 1996, o
brasileiro Francisco Rezek é eleito para um dos assentos da Corte Internacional. O outro
brasileiro a ocupar um cargo em Haia foi Rui Barbosa (1849-1923). O Conselho
Econômico e Social coordena os trabalhos realizados pela ONU nessas áreas. O Conselho
de Tutela, instituído para supervisionar os territórios sob administração e proteção da ONU,
encontra-se praticamente desativado devido à independência da maioria das colônias.
A ONU também possui agências especializadas, entre elas a Agência Internacional de
Energia Atômica (IAEA), a Organização de Alimentação e Agricultura (FAO), a
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a
Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o
Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização Mundial de Comércio (OMC) e
agências de serviços, como o Alto-Comissariado para Refugiados (UNHCR), o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Fundo de População das Nações Unidas
(UNFPA).
Energia no Brasil
A energia hidráulica é a mais importante fonte de energia no Brasil, responsável em 1995
por 44,2% de toda a energia produzida. Somada à lenha (14,1%) e produtos derivados da
cana-de-açúcar (13,2%), forma as principais fontes de energia renováveis, que representam
hoje 73,2% do total. Entre as fontes de energia não-renováveis, o petróleo é a mais
importante, responsável por 21% da energia do país.
PRODUÇÃO DE ENERGIA PRIMÁRIA NO BRASIL – 1995 FontesProdução de energia
primária (%)
Não-renováveis26,8
Petróleo21,0
Gás natural4,6
Carvão vapor1,2
Carvão metalúrgico0,0
Urânio (U3O8)0,0
Renováveis73,2
Energia hidráulica44,2
Lenha14,1
Produtos da cana-de-açúcar13,2
Outras fontes1,7
Total100,0
(1) Em 1.000 t equivalentes de petróleo
Fonte: Secretaria de Energia, Ministério das Minas e Energia
Energia hidráulica – Cerca de 97% da energia elétrica produzida no Brasil é gerada em
hidrelétricas. Somente a Bacia do Prata possui cerca de 60,9% das hidrelétricas em
operação ou construção. O país aproveita, no entanto, apenas uma pequena parte do seu
potencial hidráulico. De 127 mil mw/ano de capacidade estimada, apenas 32,2 mil mw/ano
são produzidos. O alto custo de construção de uma usina, somado aos problemas sociais e
ambientais decorrentes do alagamento de grandes áreas, desestimula a instalação de novas
hidrelétricas. A região amazônica é o exemplo mais claro dessa dificuldade. Apesar de ter o
maior potencial hidrelétrico do país, seus rios são pouco apropriados para a construção de
usinas por correrem em regiões muito planas, que requerem o alagamento de áreas mais
extensas. A Usina de Balbina, no estado do Amazonas, precisou inundar 2.360 km² para
produzir 250 mw de energia. Já a Usina de Boa Esperança, no Piauí, localizada em terreno
mais adequado, alagou apenas 352,2 km² para gerar energia equivalente.
Energia nuclear – O Brasil produziu em 1995 apenas 0,9% do total da energia elétrica a
partir da usina nuclear de Angra 1. Essa é a única usina nuclear do país e apresenta
problemas operacionais desde a sua inauguração, em 1985. Seus equipamentos, fornecidos
pela empresa norte-americana Westinghouse, apresentaram tantos defeitos que esteve
desligada por inúmeros períodos. Durante o ano de 1996, o reator permaneceu desligado
por cinco meses. Dessa vez o motivo foi a troca de combustível, somada às péssimas
condições de acesso à cidade, que obrigou a prorrogar a interrupção, por razões de
segurança – em caso de um acidente nuclear é necessário que as estradas estejam em boas
condições para uma eventual retirada da população.
A construção de usinas nucleares no país foi decidida em 1967, pelo governo militar. Além
da geração de energia elétrica, o governo queria ter acesso à tecnologia nuclear. Em 1975,
foram desapropriadas terras na Praia de Itaorna, em Angra dos Reis, para a construção das
primeiras usinas. Também em 1975, o Brasil assinou um acordo de cooperação nuclear
com a então Alemanha Ocidental. Outras duas usinas começaram a ser construídas. O
término de Angra 2 tem sofrido sucessivos adiamentos. Previsto inicialmente para 1983, só
ocorrerá em 1999. Já a construção de Angra 3 continua paralisada.
PRODUÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA
NO BRASIL (GW) – 1995
Tipo1995Variação 1994/95 (%)
Hidrelétrica282.104,865,5
Óleo diesel108,914,9
Óleo combustível377,2-33,9
Gás natural0,00,0
Carvão3.660,717,7
Nuclear (1)2.518,44.479,0
Total288.770,06,4
(1) Em 1994 o Brasil produziu apenas 55 gwh em Angra 1
Fonte: Eletrobrás
CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA
NO BRASIL (gw) – 1995
Tipo1995Variação 1994/95 (%)
Hidrelétrica282.104,865,5
Industrial117.9641,0
Comercial32.14211,3
Residencial63.52213,5
Petróleo – Em 1996 a produção de petróleo do país foi em média de 850 mil barris por dia.
Isso representa aproximadamente 60% do petróleo consumido diariamente; o restante é
importado. Atualmente, cerca de 70% do petróleo extraído no Brasil vem das plataformas
marítimas, e a principal região produtora é a Bacia de Campos, no litoral do Rio de Janeiro.
No continente, os principais poços de petróleo estão no estado da Bahia, onde jorrou
petróleo pela primeira vez no Brasil, em 1939, no atual município de Lobato. O grande
aumento na produção interna deu-se no final da década de 60, quando a plataforma
continental passou a ser explorada.
Álcool – O país produziu 12.500.000 m³ de álcool etílico (etanol) em 1995. Esse volume é
usado para abastecer a frota nacional de veículos a álcool e também para ser misturado à
gasolina. Produzido desde 1975, o álcool surgiu como uma alternativa de combustível mais
barato, para enfrentar a crise dos preços do petróleo de 1973. Com isso, além de produzir
um combustível mais barato e menos poluente, o governo brasileiro pode criar um grande
número de empregos no país.
Com a estabilização dos preços da gasolina em níveis bem inferiores ao esperado e com o
aumento do custo de produção de álcool, o governo começou a ter prejuízo, já que o
subsídio embutido nos preços dos combustíveis não cobre os custos de produção. Para
manter o Proálcool, os consumidores de todo o país pagam um adicional ao preço dos
combustíveis. Em fevereiro de 1996, o prejuízo da Petrobrás é de R$ 0,0965 por litro de
álcool.
Hidrografia do Brasil
O Brasil possui uma das maiores redes fluviais do mundo, com 55.457 km² de águas
internas. A maioria dos rios é perene, ou seja, não se extingue na estação seca. A única
exceção está no sertão nordestino, onde existem muitos rios temporários. As bacias
brasileiras podem ser divididas em dois tipos: as planálticas, que permitem aproveitamento
hidrelétrico, e as de planície, com correnteza fraca, utilizadas para navegação (ver Energia
no Brasil). As principais bacias são: Amazônica, São Francisco, Tocantins, Prata e
Atlântico Sul.
Bacia Amazônica – Tem a maior área do mundo. São 23.000 km de rios navegáveis, que
transformam os barcos no principal meio de transporte da região. Só o seu rio principal, o
Amazonas , tem cerca de 7 mil afluentes, sendo os principais o Negro, o Trombetas e o Jari
(margem esquerda); o Madeira, o Xingu e o Tapajós (direita). O Amazonas é o rio de maior
vazão de água (100.000 m³/s) e também o maior em extensão do planeta, com seus 6.868
km de comprimento – cálculo feito pelo Instituto de Pesquisas Aeroespaciais (Inpe).
Na época das cheias, o encontro de suas águas com o mar, durante as marés altas, provoca
um fenômeno conhecido como pororoca. A força das duas correntes em sentidos contrários
forma ondas enormes e, quando o equilíbrio se rompe, as águas invadem o continente. O
barulho do impacto pode ser ouvido a grandes distâncias.
A Bacia Amazônica também tem o maior potencial hidrelétrico do país. Mas a baixa
declividade do seu terreno dificulta a instalação de usinas hidrelétricas, por exigir que
grandes áreas de florestas sejam alagadas.
Bacia do São Francisco – O Rio São Francisco é o único fornecedor de água da região
semi-árida do Nordeste. Com nascente na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e foz na
divisa de Alagoas e Sergipe, o “Velho Chico”, como é conhecido, é o maior rio situado
inteiramente em território brasileiro. Além de afluentes perenes, como o Carinhanha, o
Pardo e o Grande, na margem esquerda, e o Velhas, na margem direita, ele tem afluentes
temporários, como os rios das Rãs, o Paramirim e o Jacaré.
Seu principal trecho navegável tem 1.300 km e liga as cidades de Pirapora (MG) a Juazeiro
(BA). Além de importante para a navegação, o São Francisco possui bom potencial
hidrelétrico. Nele estão instaladas as usinas de Paulo Afonso e Sobradinho, na Bahia;
Moxotó, em Alagoas; e Três Marias, em Minas Gerais.
Bacia do Tocantins – Maior bacia localizada inteiramente em território nacional, seu rio
principal, o Tocantins , nasce na confluência dos rios Maranhão e Paraná, em Goiás, e
deságua na Foz do Rio Amazonas, no Pará. Durante o período de cheias é navegável em um
trecho de 1.900 km, entre as cidades de Belém (PA) e Peixe (GO). Seu potencial
hidrelétrico é parcialmente aproveitado pela Usina de Tucuruí, no Pará. O Araguaia, outro
rio importante dessa bacia, é navegável num trecho de 1.100 km. O percurso, no entanto,
não liga nenhuma grande cidade ou porto.
Bacia do Prata – É formada pelos rios Paraná, Uruguai e Paraguai, que nascem no Brasil e
dão origem ao Rio da Prata, na fronteira entre Argentina e Uruguai. O Paraná, que nasce da
união dos rios Paranaíba e Grande na divisa entre Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e
São Paulo, é o rio com o maior aproveitamento hidrelétrico no país. Além de Itaipu , há
hidrelétricas nos afluentes Tietê, Grande, Paranaíba, Iguaçu e Paranapanema. Sua
navegabilidade e a de seus afluentes vêm sendo aumentadas pela construção da Hidrovia
Tietê–Paraná. Seis barragens no Rio Tietê já permitem a navegação em um trecho de 1.040
km. Com a entrada em funcionamento das eclusas de Três Irmãos, no Tietê, e Jupiá, no
Paraná, o trecho navegável deverá ser ampliado para 2.400 km, terminando em Itaipu. A
hidrovia serve ao transporte de cargas, pessoas e veículos e está se tornando uma
importante ligação com os países do Mercosul . Além disso, as cidades ribeirinhas poderão
explorar o turismo.
O Rio Uruguai é formado pelos rios Canoas e Pelotas na divisa do Rio Grande do Sul com
Santa Catarina. É navegável entre São Borja e Uruguaiana (RS) e possui potencial
hidrelétrico em parte de seu curso. Com nascente na Serra de Araporé, no Mato Grosso, o
Rio Paraguai atravessa a planície do Pantanal e é muito utilizado na navegação regional.
ÁREA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS
BaciasÁrea (km²)pard
Amazônica3.904.392,8
Tocantins813.674,1
Atlântico Sul - trecho norte/nordeste990.229,1
Atlântico Sul - trecho leste572.295,8
Atlântico Sul - trecho sudeste223.810,2
São Francisco 645.067,2
Prata1.397.905,5
Fonte: Anuário Estatístico do IBGE – 1994
Bacia do Atlântico Sul – É formada por bacias pequenas e médias de rios que correm
próximo ao litoral e deságuam no Oceano Atlântico.
No trecho Norte–Nordeste estão os rios perenes que correm ao norte da Bacia Amazônica e
entre a foz dos rios Tocantins e São Francisco. Entre eles está o Parnaíba. Sua foz, entre o
Piauí e o Maranhão, forma o único delta oceânico das Américas. São cinco braços
principais cobrindo uma área de 2.700 km².
O trecho leste é formado pelas bacias dos rios que correm entre a Foz do São Francisco e a
divisa entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Seu rio mais importante é o Paraíba
do Sul.
O trecho sudeste é formado pelas bacias dos rios que estão ao sul da divisa dos estados do
Rio de Janeiro e de São Paulo. O Itajaí, em Santa Catarina, é o rio mais importante dessa
bacia.
Fontes geradoras de energia
As formas de produção de energia diferenciam-se pela fonte geradora , pelo impacto no
meio ambiente e pela viabilidade econômica. As fontes podem ser não-renováveis e
renováveis. As não-renováveis correspondem aos recursos naturais finitos no meio
ambiente, como o urânio, o ferro, o manganês e os combustíveis fósseis (petróleo, carvão
mineral e gás natural). Os combustíveis fósseis produzem mais de 90% da energia mundial.
As fontes renováveis, uma vez exploradas pelo homem, são capazes de se reconstituir
espontaneamente ou por meio de práticas conservacionistas. Entre elas estão o ar, a água e
a vegetação.
Nos últimos anos os países estão priorizando a exploração de recursos renováveis, em
substituição às fontes não-renováveis. Além de estarem sempre disponíveis no meio
ambiente, contrariamente aos recursos não-renováveis, a sua obtenção provoca danos
ambientais bem menores.
Biodiversidade
Conceito que designa a diversidade biológica existente entre seres vivos – animais, vegetais
e microrganismos. Ela está ligada à diversidade genética existente entre indivíduos de
diferentes espécies e entre indivíduos de uma mesma espécie, e também à diversidade de
ecossistemas.
O conceito ganha destaque a partir da década de 80, com a discussão sobre o risco de
extinção de espécies animais e vegetais e a necessidade da preservação do maior número
delas como condição de sobrevivência do homem. Não há uma avaliação precisa do
número de espécies existentes no planeta. As estimativas oscilam entre 5 milhões e 30
milhões, em sua grande maioria concentradas nos países tropicais. Segundo a União
Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), mais de 25% desse total corre sério
risco de extinção até a metade do próximo século. Um dos principais fatores para o
desaparecimento das espécies é a degradação ambiental , como a poluição das águas e do
ar, e a contaminação do meio ambiente pela radioatividade, pelos agrotóxicos e pelos
desmatamentos. A UICN estima que cerca de cem espécies vegetais e animais desapareçam
diariamente devido a esses fatores.
Na agricultura, a descoberta de sementes mais produtivas ameaça o desaparecimento das
sementes tradicionais. Essas últimas, apesar de serem menos lucrativas, possuem
importantes patrimônios genéticos, como uma maior resistência a certas pragas epidêmicas.
A medida encontrada para evitar a supressão dessas sementes foi a criação, em todo o
mundo, dos bancos de sementes.
Novas estratégias – Na segunda Conferência Mundial para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, a ECO-92, realizada no Rio de Janeiro, é apresentado o documento
Estratégia Global para a Biodiversidade, elaborado pelo World Resource Institute, dos
EUA, e pela União Mundial para a Natureza, da Suíça. O documento contém 85 propostas
para a preservação da diversidade biológica no planeta e um plano para o uso sustentado de
recursos biológicos. O documento é aprovado pelo Programa de Meio Ambiente da
Organização das Nações Unidas (ONU) e pelas Organizações Não-Governamentais
(ONGs) que participam do Fórum Global.
ONG
Sigla de Organização Não-Governamental, entidade de direito civil, sem fins lucrativos
nem vínculos com governos, sindicatos ou partidos políticos. As ONGs atuam nos mais
variados ramos da atividade humana. Trabalham com projetos sociais e de promoção da
cidadania, defendem o meio ambiente e os direitos de minorias étnicas e sociais, lutam
contra a extinção das espécies animais e vegetais e fazem campanhas contra discriminações
políticas, religiosas e raciais. Além de promover manifestações e atos públicos em defesa
de seus objetivos, as ONGs, a partir dos anos 80, elaboram e propõem políticas públicas e
estabelecem parcerias com governos e organismos internacionais. Assim, elas se tornam
um tipo novo de participante da cena política internacional.
Apesar de existirem desde a década de 20, só a partir dos anos 60 as ONGs surgem com o
objetivo de lutar pelos direitos específicos da população, ajudando a consolidar a
democracia nos países em que atuam. É o caso da Anistia Internacional, criada em Londres
em 1961, a mais importante entidade não-governamental de defesa dos direitos humanos
em todo o mundo. No mesmo ano, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), principal
ONG ambientalista do planeta, é fundada a partir de uma campanha promovida na China
para a preservação dos ursos pandas. Hoje, a WWF opera em mais de cem países e tem
cerca de 2 mil funcionários. Outra importante organização de defesa do meio ambiente é o
Greenpeace.
Financiamento – As ONGs sobrevivem graças às doações de seus militantes e
simpatizantes espalhados por todo o globo. Muitas delas também recebem ajuda e verbas de
empresas, entidades privadas, governos e organizações internacionais, como a ONU.
Geralmente, as ONGs dos países em desenvolvimento são financiadas também por suas
parceiras ricas – as ONGs dos países industrializados. Uma outra forma de conseguir
fundos bastante usada pelas ONGs são as campanhas periódicas de arrecadaçã, o Reino
Unido impõe sua hegemonia na região, que se torna um protetorado. O país só adquire
independência nominal em 1951, mas as Forças Armadas continuam a ser comandadas
pelos ingleses. Na década de 50, as tropas britânicas contêm várias rebeliões.
O petróleo é descoberto em 1964. Três anos depois, as exportações anuais chegam a 1
milhão de toneladas. Em julho de 1970, o príncipe herdeiro Qabus Bin Said depõe seu pai e
assume o poder – no qual ainda se mantém. O príncipe institui um programa de
desenvolvimento nacional e, em 1975, sufoca uma rebelião de esquerda. O país, até então
conhecido como Mascate e Omã, adota o nome de Sultanato de Omã e é admitido na Organ
Cazaquistão
Situado no centro-oeste da Ásia, o Cazaquistão ocupa uma grande extensão de regiões
desérticas e estepes. Rico em minérios, estima-se que possua no Mar Cáspio uma das
maiores reservas de petróleo ainda inexploradas do planeta. Após a desintegração da URSS,
o país abriu mão de seu enorme arsenal nuclear – o quarto do mundo na época – em troca
de ajuda financeira dos EUA e hoje é uma das nações mais influentes da Comunidade dos
Estados Independentes (CEI). A abertura de sua economia vem atraindo crescentes
investimentos dos EUA, Europa e Ásia.
FATOS HISTÓRICOS – Os cazaques, ou “cavaleiros das estepes”, descendem de tribos
nômades de origem turca e religião muçulmana que, no século XVII, pedem proteção ao
czar russo diante da ameaça de uma invasão mongol. O Império Russo retira o poder dos
chefes tribais (khans) e absorve gradualmente o Cazaquistão.
Com a abolição da servidão pelo império, em 1861, milhões de camponeses russos e
ucranianos são estimulados a se instalar em terras cazaques doadas pelo governo central,
provocando ressentimentos entre a população nativa. Uma grande rebelião contra o
domínio russo, em 1916, é brutalmente reprimida pelo Exército do czar, que mata 150 mil
pessoas.
República soviética – Após a tomada do poder pelos bolcheviques (comunistas) na Rússia,
em 1917, nacionalistas cazaques participam de uma coligação contra-revolucionária, ao
lado de czaristas e de tropas estrangeiras. A coligação é derrotada pelos comunistas e o
Cazaquistão torna-se, em 1920, uma república soviética denominada Turquestão, junto com
cinco outras nações da periferia do extinto Império Russo. Em 1936, torna-se uma
república autônoma dentro da URSS. A imigração russa volta a ser estimulada pelo ditador
soviético Josef Stalin, de tal modo que, ao fim dos anos 30, os russos são maioria. A etnia
cazaque, com taxas mais elevadas de natalidade, só volta a ultrapassar numericamente a
população de origem russa em 1989.
No final dos anos 30, mais de 1 milhão de cazaques (um terço da população) morrem de
fome, como conseqüência da política de coletivização forçada da terra e de assentamento
compulsório das populações nômades. Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), o Cazaquistão
torna-se local de destino dos diversos povos deportados de suas terras originais, por ordem
de Stalin, que desconfia da lealdade desses grupos nacionais. A vinda das populações
deportadas provoca novos atritos com os moradores nativos.
Nacionalismo – Com o processo de abertura política (glasnost) impulsionado pelo
presidente soviético Mikhail Gorbatchov , a partir de 1985, ocorre no Cazaquistão a
primeira manifestação de nacionalismo contra o poder central soviético. Em dezembro de
1986, o chefe comunista local Dinmukhamed Kunaev – um cazaque – é substituído por um
burocrata russo, Genadi Kolbin, desencadeando uma onda de protestos, violentamente
reprimidos pela polícia. A tensão é agravada por uma crescente crise econômica, até que,
em junho de 1989, Kolbin é substituído pelo primeiro-ministro da República, Nursultan
Nazarbayev, um defensor das reformas de Gorbatchov. Nas primeiras eleições
multipartidárias, em abril de 1990, Nazarbayev é confirmado presidente. Após o fracasso
do golpe de Estado desferido contra Gorbatchov em agosto de 1991, o Partido Comunista
(PC) do Cazaquistão deixa de fazer parte do PC da União Soviética e muda seu nome para
Partido Socialista. O Cazaquistão é a última das ex-repúblicas soviéticas a proclamar a
independência, esperando até a criação da CEI, em dezembro de 1991. No mesmo mês,
Nazarbayev é reeleito presidente e aposta na abertura do país ao capital estrangeiro como
forma de dinamizar a economia. O governo decide abrir mão do arsenal nuclear que
herdara da extinta URSS e adere ao Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start).
Nova Constituição – Em março de 1995, o Tribunal Constitucional declara inválidas as
eleições de 1994, por considerar que o partido do presidente (Congresso da Unidade
Popular) havia conquistado maioria graças a fraudes. Nazarbaiev dissolve o Parlamento e
passa a governar por decreto. Em abril, Nazarbayev vence o referendo que estende seu
mandato até o ano 2000, cancelando as eleições presidenciais previstas para 1996. Os
países ocidentais, particularmente os EUA, expressam desconfiança com a manobra política
do presidente. Em agosto, Nazarbaiev vence por larga margem outro referendo, sobre uma
nova Constituição que lhe outorga maiores poderes. É criado um Parlamento, mas as
decisões, contudo, estão sujeitas ao direito de veto do presidente. Governos ocidentais
consideram a nova Carta ditatorial.
O Parlamento é eleito em dezembro de 1995 e empossado em janeiro de 1996. Em março, o
projeto do presidente Nazarbayev de uma união alfandegária entre as repúblicas eslavas da
CEI ganha mais um reforço: a Quirguízia se junta ao Cazaquistão, à Federação Russa e a
Belarus e assina um acordo visando maior integração econômica e cultural.
CEI
A Comunidade dos Estados Independentes (CEI) nasce do fim da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS), em dezembro de 1991, com o objetivo de manter a
associação entre as ex-repúblicas e integrá-las à nova ordem mundial. Sediada em Minsk,
em Belarus, a CEI organiza-se em uma confederação de Estados, com vínculos entre si,
mas que preserva a soberania de cada uma das nações. Não possui governo central, mas
Conselhos de Chefes de Estado, que se reúnem duas vezes ao ano, e de Governo, que se
encontram de três em três meses.
No ato de criação a comunidade prevê a centralização das Forças Armadas e uma moeda
comum: o rublo. Na prática, contudo, as repúblicas não têm conseguido a unidade. Rússia e
Belarus saíram à frente e assinaram um acordo em 1996, estabelecendo a formação de uma
moeda única para 1997, além de uma política externa e de defesa em comum. Tensões
separatistas são constantes em grande parte das repúblicas da CEI (ver Guerras e conflitos
atuais) e há disputas pelo controle do poderoso arsenal nuclear da ex-URSS.
Membros: Federação Russa , Cazaquistão , Ucrânia , Belarus , Tadjiquistão , Turcomênia ,
Geórgia , Quirguízia , Armênia , Uzbequistão , Azerbaidjão e Moldávia .
Guerras e conflitos atuais
As principais guerras e conflitos da atualidade são motivados por questões étnicas ou
religiosas (Afeganistão, Argélia, Armênia e Azerbaidjão, Bósnia-Herzegóvina, Burundi,
Egito, Líbano, Libéria, Palestina, Ruanda, Somália, Sudão, Tadjiquistão e Zaire). Se na
economia o mundo assiste a um processo acelerado de globalização, ainda há diversas
guerras e conflitos separatistas (Chechênia, Córsega, Curdistão, Espanha, Geórgia, Irian
Jaya, Irlanda do Norte, Saara Ocidental, Sri Lanka, Tibet, Timor Leste). E na década de 90
ressurgem os movimentos armados de extrema esquerda que, alicerçados em posições
ideológicas, lutam contra os governos do México e Colômbia.
Afeganistão – Guerra travada entre diversos grupos étnicos e tribos, organizados em
grupos armados rivais, que acontece desde a derrubada do governo pró-soviético. Em
setembro de 1994, surge a facção islâmica Talibã. Chefiado por Mulvi Mohammed Umar e
formado por estudantes do Corão que querem instaurar um regime islâmico puro no país,
em 1996 o Talibã depõe o governo de Burhanuddin Rabini, toma Cabul, a capital, e chega a
controlar 70% do território. O conflito deixa mais de 2 milhões de mortos e 2,7 milhões de
refugiados.
Argélia – Desde janeiro de 1992, quando o governo, apoiado pela França, anula eleições
vencidas pela Frente Islâmica de Salvação (FIS), a tem sido palco de uma guerra civil entre
fundamentalistas islâmicos, que querem um Estado muçulmano, e o governo militar do
general Liamin Zeroual. Em 1996, o Grupo Islâmico Armado (GIA), dirigido pelos
militares, declara guerra à FIS. A violência inclui atentados contra civis argelinos e
estrangeiros. O conflito provoca a morte de cerca de 50 mil pessoas.
Armênia e Azerbaidjão – Desde 1988, Armênia e Azerbaidjão disputam a posse da
região de Nagorno-Karabakh, habitada por uma maioria armênia cristã, mas localizada no
centro do território azeri (de maioria muçulmana). Em maio de 1994, é assinado um
cessar-fogo entre os dois países. Dois meses depois, o cessar-fogo é transformado em
trégua por tempo indeterminado. A guerra deixa 18 mil mortos e 25 mil feridos.
Bósnia-Herzegóvina – Conflito étnico e religioso na Bósnia iniciado pelos sérvios, em
1992, quando o território declara independência da ex- Iugoslávia. Apesar do acordo de paz
assinado em 1996, forças da Otan continuam no país. Com as eleições presidenciais de
1996 e a instauração de um governo multiétnico, diplomatas temem a retomada da guerra.
O saldo é de 250 mil mortos e 2,7 milhões de refugiados.
Burundi – O conflito étnico entre hutus e tutsis ocorre no país desde 1962, ano de sua
independência da Bélgica. Com a morte do presidente hutu Cyprien Ntaryamira num
acidente de avião em 1994, explode uma nova fase de violência entre as etnias. Em junho
de 1995, o Exército do Burundi, dominado pelos tutsis, dá um golpe de Estado, nomeando
presidente Pierre Buyoya. Estima-se que haja 150 mil mortos e 389,2 mil hutus refugiados
nos países vizinhos de Zaire, Ruanda e Tanzânia.
Chechênia – República autônoma da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) que
declara independência da Rússia em 1991. A declaração não é reconhecida e os chechênios
entram em choque armado com a Rússia. Em 1996, após ser fortemente reprimida, a
república alcança uma soberania informal. A guerra deixa 40 mil mortos apenas no ano de
1995.
Colômbia – Guerrilheiros de orientação marxista, característicos da década de 60,
ressurgem na Colômbia, atacando alvos policiais e militares e ameaçando o governo do
atual presidente Ernesto Samper Pizano. Em setembro de 1996, os grupos Exército de
Libertação Nacional (ELN) e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc)
promovem ataques a bases militares em 26 municípios, deixando aproximadamente 97
mortos.
Córsega – Um dos mais radicais grupos extremistas da Europa, a Frente de Libertação
Nacionalista da Córsega (FLNC), ligado à máfia italiana, mantém uma campanha terrorista
pela independência córsica da França. Os atentados, que se iniciam em 1966, antes restritos
ao território córsico, espalham-se pela França. Em outubro de 1996, uma bomba explode o
gabinete do primeiro-ministro francês, Alain Juppé. Logo depois, um violento incêndio
destrói o Palácio da Justiça de Roanne, cidade próxima a Paris. A França coloca um grande
número de policiais na Córsega para manter seu controle sobre a ilha. Nos últimos 15 anos,
201 pessoas morreram e 993 ficaram feridas nos atentados córsicos.
Curdistão – No “ Curdistão Turco”, desde 1984 os guerrilheiros do Partido dos
Trabalhadores do Curdistão (PKK) lutam pela constituição de um Estado curdo contra as
forças militares turcas. A região tem grande importância para a Turquia, que vem
desenvolvendo ali, junto ao vale dos rios Tigres e Eufrates, um empreendimento agrícola e
energético chamado projeto da Grande Anatólia (PGA). Nas províncias petrolíferas do
norte do Iraque, no chamado “Curdistão Iraquiano”, os curdos enfrentam conflitos com as
tropas de Saddam Hussein . Em 1991, depois de ocuparem uma parte maior do território, os
curdos são esmagados violentamente pelos iraquianos. No mesmo ano, Hussein é obrigado
pela ONU a suspender ações militares na região e negociar um projeto de autonomia para o
Curdistão. Desde então, a região ocupada pela etnia vive sob proteção da ONU. Porém, em
agosto de 1996, as forças iraquianas capturam a cidade curda de Abril. Na região também
há conflitos entre o União Patriótica do Curdistão (PUK), pró-Irã, e o Partido Democrático
do Curdistão (KDP), apoiado pelo Iraque. Em outubro de 1996, as duas facções entram em
guerra 9 h após a assinatura do acordo de cessar-fogo acertado com os EUA. O saldo total
do conflito no “Curdistão Iraquiano” é de 22 mil curdos mortos.
Egito – Após a Guerra do Golfo, terroristas islâmicos, que haviam praticado vários
atentados no país durante a década de 80, voltam à ação. Em 1995, após um atentado
fracassado contra o presidente Hosni Mubarak, os terroristas atacam turistas e monumentos
históricos. Os ataque acontecem especialmente no norte do país, na Província de Asyut,
reduto do grupo extremista islâmico Gammaat-i-Islami.
Espanha – Criado em 1959, o grupo separatista Pátria Basca e Liberdade (ETA) luta
contra o governo espanhol pela independência total da região do País Basco. O ETA vive
uma trégua com o governo até 1983, quando retoma a luta armada. Desde então, ondas de
atentados terroristas, dentro e fora da província basca, abalam o país. Em 1996, durante a
campanha para eleições gerais espanholas, o grupo coloca 15 bombas em alvos turísticos.
Geórgia – Desde 1990, separatistas muçulmanos da Abkhazia enfrentam o governo. No
começo de 1994, o presidente Eduard Shevardnadze faz concessões à Rússia e obtém apoio
para combater os separatistas. Em julho de 1996, o Conselho de Segurança da ONU resolve
ampliar até janeiro de 1997 o mandato da Missão de Observação na Geórgia (Unomig).
Cerca de 7 mil pessoas já morreram no combate.
Irian Jaya – Anexada pela Indonésia em 1963, a ilha ainda reivindica sua independência.
Em 1994, o Movimento pela Papua Livre propõe o início de negociações de paz mas, em
1995, os conflitos com o Exército indonésio voltam a intensificar-se. O conflito já fez cerca
de 100 mil mortos.
Irlanda do Norte – O IRA anuncia a suspensão completa da luta armada contra a ocupação
britânica na Irlanda do Norte em agosto de 1994. Apesar disso, volta a empreender
atentados terroristas na capital britânica, Londres, em 1996. Também ocorrem atentados
contra os quartéis das forças britânicas na Irlanda do Norte.
Líbano – O Hezbollah (Partido de Deus), grupo armado radical formado por libaneses
xiitas, é criado em 1982 como resposta à invasão israelense do sul do Líbano. Contra a
existência do Estado de Israel e baseado no Corão, o movimento inspira-se no modelo
iraniano de um Estado islâmico puro. Após diversos ataques do Hezbollah, Israel
bombardeia Beirute, em 11 de abril de 1996, matando 110 civis. Em 27 de abril, entra em
vigor um cessar-fogo.
Libéria – Conflito entre a guerrilha Ulimo-J, de etnia krahn e liderada pelo general
Roosevelt Johnson, e as forças multiétnicas leais ao líder Charles Taylor. Em 1989, Taylor
tenta um frustrado golpe de Estado contra o então presidente Samuel Doe. A morte de Doe,
em 1980, dá início a uma guerra civil que se estende até 1995, quando é assinado um
acordo de paz. Contudo, em abril de 1996 o acordo é quebrado quando combatentes que
apóiam Taylor tentam prender o líder krahn, acusando-o de assassinato e violação do
cessar-fogo. A guerra mata cerca de 150 mil pessoas e deixa 794 mil refugiados.
México – Além do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), o país é cenário
de dois outros movimentos revolucionários de extrema-esquerda, intitulados Exército
Popular Revolucionário (EPR) e Exército Revolucionário da Urgência Popular (ERUP). Os
movimentos são contra a oligarquia do Partido Revolucionário Institucional (PRI), no
poder há 67 anos e desgastado pela corrupção, e a abertura do país ao livre mercado.
Ataques a instalações militares e policiais em vários Estados feitas pelo EPR, em setembro
de 1996, provocam a morte de pelo menos 15 pessoas e ferem mais de 20.
Palestina – O conflito entre muçulmanos e judeus na Palestina existe desde a formação do
Estado de Israel, em 1948. Em setembro de 1993, o então primeiro-ministro israelense
Yitzhak Rabin e o líder palestino Yasser Arafat assinam um tratado de paz. Em maio de
1996, o novo primeiro-ministro de Israel, Benyamin Natanyahu, contrário à entrega de
territórios da Cisjordânia e Faixa de Gaza aos palestinos, provoca novos conflitos ao
ordenar a abertura de um túnel que une a Via Dolorosa ao Muro das Lamentações ,
passando sob a mesquita de Al-Aqsa (terceiro lugar mais sagrado do islamismo). Horas
depois da abertura do túnel, começa a revolta palestina encabeçada pelo grupo
fundamentalista islâmico, o Hamas, que aposta na radicalização da Intifada (em árabe,
“revolta das pedras”). Desde então, conflitos explodem por todo o território palestino,
matando 66 pessoas (53 palestinos e 13 israelenses) e ferindo outras mil.
Ruanda – As duas principais etnias do país, tutsi e hutu, vivem um conflito desde a
formação do país. A morte do presidente hutu Juvenal Habyariman, num acidente de avião
provocado por um míssil, em 1994, faz explodir a guerra. Em represália, tropas da etnia
hutu (85% da população do país) passam a massacrar a minoria tutsi (14%) e os hutus de
oposição. A Frente Patriótica Ruandesa (FPR), formada por extremistas tutsis exilados em
Uganda, inicia uma ofensiva que termina com a tomada do poder três meses depois e com o
massacre de 800 mil hutus. Segundo a ONU, o saldo total da guerra é de 1 milhão de
mortos e 2,2 milhões de refugiados hutus nos vizinhos Zaire, Uganda, Burundi e
Tanzânia.
Saara Ocidental – Em 1976, a Espanha renuncia ao controle de seu território Saara
Ocidental, localizado na fronteira sul do Marrocos e rico em fosfato. O Marrocos, apoiado
pelos EUA e Egito, anexa a maior parte do território e, desde então, enfrenta a oposição
acirrada da Frente Polisário pela independência do território. Em 1978, a frente proclama a
República Árabe Democrática do Saara (Rads), que em 1984 é reconhecida pela
Organização da Unidade Africana. Em 1991, a ONU impõe um cessar-fogo e consegue um
acordo para a realização de um plebiscito sobre a autonomia do território. A votação tem
sido adiada e o cessar-fogo quebrado diversas vezes pelos marroquinos.
Somália – Desde 1991, com a queda do presidente Mohammed Siad Barre, o país é palco
de uma guerra civil entre clãs armados. Sem qualquer solução para o conflito, as últimas
tropas norte-americanas da Operação Restaurar a Esperança, mantidas por dois anos no
país, deixam a Somália em março de 1994. A guerra e a fome provocada pela seca, pela
estagnação da produção interna e pela intercepção das ajudas humanitárias por guerrilheiros
deixam mais de 1 milhão de mortos e 546 mil refugiados na Etiópia e Quênia .
Sri Lanka – Os Tigres da Libertação do Tâmil Eelam, principal grupo armado do país,
lutam pela criação de um Estado tâmil independente no norte no Sri Lanka. Os Tigres
iniciam sua revolta armada em abril de 1983. Os cingaleses respondem com um ataque
sangrento que deixa centenas de tâmeis mortos. Desde então, os tâmeis realizam diversos
atentados terroristas na capital, Colombo, contra civis, soldados e policiais. Em janeiro de
1995, o governo da presidente Chandrika Bandaranaike Kumaratunga propõe um
cessar-fogo, aceito pelos tâmeis. Em abril, porém, os separatistas rompem a trégua,
abandonam a conversação de paz com o governo e voltam à luta armada. Mais de 50 mil
pessoas já morreram no conflito.
Sudão – A região sul do país está em guerra civil desde 1983, quando os africanos
muçulmanos do norte iniciam um combate contra a resistência do sul, formada por
animistas e cristãos. A repressão é conduzida pelo Exército sudanês, apoiado pelos
paramilitares muçulmanos.
Tadjiquistão
– Os conflitos religiosos e políticos começam em 1992, quando
ex-comunistas derrubam o presidente Rakhmon Nabiyev, que havia formado um governo
de coalizão com grupos fundamentalistas, e assumem o poder. O golpe é apoiado pela
Rússia, interessada em barrar a expansão islâmica. No final de 1992, forças leais ao
governo comunista atacam as cidades de Garm e Gorny Badakhshan, executando
partidários das forças islâmicas – mais de 50 mil fogem para o Afeganistão . Na tentativa
de tomar o poder, as forças islâmicas continuam a rebelar-se na fronteira com o
Afeganistão.
Tibet – Desde o século XVII, quando é declarado território soberano da China , o Tibet
luta pela independência. Apesar de tê-la conseguido em 1912, em 1950 o regime comunista
da China ordena a invasão da região, que é anexada como província. Em 1965, contra a
vontade popular, o país torna-se região autônoma da China. Desde então, tropas comunistas
reprimem violentamente qualquer manifestação contrária à sua presença. Pelo menos 6 mil
jovens com menos de 25 anos fogem do Tibet no período de 1990 a 1995 e 230 pessoas, na
maioria monges e freiras, são presas arbitrariamente.
Timor Leste – Após tornar-se independente de Portugal em 1975, a Ilha do Timor é
invadida e anexada no ano seguinte como província da Indonésia . A anexação jamais foi
reconhecida pela ONU nem aceita pela maioria da população timorense. Duas décadas
depois da invasão, a população continua vivendo sobre pressão militar das tropas do ditador
Suharto. A repressão à Frente Revolucionária do Timor Leste Independente (Fretilin), que
resiste à ocupação por meio de guerrilhas, já deixa mais 300 mil mortos (em uma população
de 650 mil). Em 1996, o jornalista Ramos Horta e o bispo D. Ximenes Belo recebem o
Nobel da Paz por sua luta pela independência do Timor Leste.
Zaire – Hutus ruandeses refugiados no Zaire desde 1994, quando os tutsis tomam o poder
em Ruanda , são mortos por guerrilheiros da etnia tutsi de origem ruandesa. Os
guerrilheiros, apoiados pelo Exército de seu país de origem, governado por tutsis, também
entram em choque com grupos e soldados do Zaire e ocupam cidades próximas à fronteira.
A organização francesa Médicos sem Fronteiras estima que mais de 13 mil refugiados
hutus tenham morrido apenas nas últimas três semanas de outubro de 1996. A França e
outros países estudam o envio de tropas internacionais. No final de novembro de 1996, os
refugiados hutus iniciam uma caminhada de retorno a Ruanda.
Ecossistema
Conjunto de seres vivos e o meio ambiente onde vivem e todas as interações desses
organismos entre si e com o meio. São exemplos de ecossistema uma floresta, um rio, um
lago ou um jardim. O maior deles é a própria biosfera. A zona de transição entre
ecossistemas diferentes, chamada ecotona, possui características de cada uma das
comunidades fronteiriças e espécies nelas existentes.
Os ecossistemas apresentam dois componentes básicos: as comunidades vivas (biótico) e os
elementos físicos e químicos do meio (abiótico). A parte biótica é formada por plantas,
animais e microrganismos. A porção abiótica é o conjunto de nutrientes, água, ar, gases,
energia e substâncias orgânicas e inorgânicas do meio ambiente. Os ecossistemas também
podem ser subdivididos em pequenas unidades bióticas, conhecidas como comunidades
biológicas. São compostas por duas ou mais populações de espécies interdependentes
como, por exemplo, o conjunto da flora e fauna de um lago. As grandes comunidades
biológicas do planeta, como a Floresta Amazônica e a Tundra Ártica , são chamadas de
biomas.
Cadeia alimentar – É a seqüência de transferências de matéria e energia de um organismo
para outro, sob a forma de alimento. Esse ciclo vital garante o equilíbrio e a reprodução dos
ecossistemas.
Os diferentes seres vivos de um ecossistema cumprem papéis específicos dentro da cadeia
alimentar. Ela é formada por três níveis distintos: produtores, consumidores e
decompositores. Os produtores são as plantas verdes, os únicos seres vivos capazes de
produzir alimento, por meio da fotossíntese. Acionadas pela luz do sol, absorvem os
compostos inorgânicos presentes na atmosfera e no solo e os transformam em compostos
orgânicos. Esse material orgânico sustenta, direta ou indiretamente, os organismos
consumidores, assim denominados por não produzirem o seu próprio alimento. Esses
consumidores podem ser primários (animais herbívoros) ou secundários e terciários
(animais carnívoros). Quando os dejetos desses animais são lançados no solo, entram em
ação os chamados organismos decompositores. Eles completam o ciclo vital, pois
decompõem a matéria orgânica presente nas plantas e animais mortos, transformando-a
novamente nos compostos inorgânicos que alimentam as plantas.
O equilíbrio do ecossistema depende da realização de cada uma dessas etapas da cadeia
alimentar. A drástica redução dos animais carnívoros, por exemplo, pode resultar na
proliferação dos animais herbívoros e, com isso, na escassez ou extinção de algumas
espécies vegetais.
Física quântica
Ramo da Física que descreve as interações entre matéria e energia em pequena escala –
como a estrutura do átomo e o movimento das partículas atômicas . A base da Física
quântica é a Teoria da Energia, do alemão Max Planck (1858-1947), e resulta de várias
pesquisas sobre a estrutura do átomo, a radiatividade e a ondulatória. Antes os físicos
achavam que a energia poderia ser dividida infinitamente, como acontece com uma medida
– sempre é possível dividir um milímetro em frações ainda menores. Mas no caso da
energia há um limite nessa divisão.
Segundo a Teoria Quântica, a energia radiante é transmitida na forma de unidades, os
quanta (no singular, quantum). Os quanta constituem a menor soma de uma quantidade
física com existência independente, como, por exemplo, uma pequena quantidade de
energia eletromagnética. No caso da luz, são chamados de fótons. Em vez de parecer uma
rampa contínua, a energia lembra uma escada com seus degraus – cada degrau é um
quantum. A energia não sobe a rampa de modo contínuo. Ela salta de degrau em degrau.
Sem a Teoria Quântica não teria sido possível o desenvolvimento moderno da eletrônica.
A teoria geral da Física quântica é de autoria de um grupo de físicos, entre eles o
dinamarquês Niels Bohr (1885-1962), o austríaco Erwin Schrodinger (1887-1961), o
alemão Werner Heisenberg (1901-1976) e o inglês Paul Dirac (1901-1984).
Em sistemas de maiores escalas, a descrição da Física quântica equivale à da Física
clássica. Em sistemas extremamente maiores (como os de ordem cosmológica), e que se
movem com velocidade próxima a da luz, a melhor teoria descritiva é a da Relatividade,
que junto com a quântica constituem as bases da Física moderna, em oposição à clássica.
Átomo quântico – Em 1913, Niels Bohr elabora o modelo quântico de átomo. No lugar do
modelo planetário de átomo, com elétrons orbitando em volta do núcleo, a quântica
apresenta um gráfico que indica zonas em que os elétrons têm maior ou menor
probabilidade de existir. Os elétrons estão distribuídos em níveis de energia característicos
de cada elemento. Ao absorver um quantum de energia, um elétron pode pular para outro
nível e depois voltar a seu nível original, emitindo um quantum idêntico.
Irã
O Irã é o principal foco de expansão do islamismo no mundo desde a revolução que
tomou o poder no país em 1979. Estado teocrático, a autoridade suprema pertence a um
chefe religioso, indicado pelo alto clero xiita. Os preceitos do Corão , livro sagrado do
islamismo, são rigidamente seguidos. As tentativas de se abrir mais às relações
internacionais chocam-se com o obscurantismo de líderes iranianos radicais. O país,
herdeiro do milenar Império Persa, fica numa região montanhosa e com poucas terras
férteis, entre o Mar Cáspio e o Golfo Pérsico. Abalada por oito anos de guerra com o
Iraque, sua economia baseia-se na exploração de petróleo .
FATOS HISTÓRICOS – As origens do Irã atual estão no antigo Império Persa, fundado em
539 a.C. por Ciro, o Grande. A invasão árabe, em 642 d.C., marca a conversão dos seus
habitantes ao islamismo. O zoroastrismo, religião tradicional persa, é suprimido e seus
últimos praticantes fogem para a Índia. É adotado o alfabeto arábico, mas o idioma persa se
mantém.
O país é invadido pelos turcos no século XI e pelos mongóis no século XIII. Recupera a
independência e passa por várias dinastias (Safávidas, Afjar, Kajar). No século XIX, é
cenário de disputa entre o Reino Unido e a Rússia (ver Federação Russa), que dividem o
território em áreas de influência, em 1906. Cabe aos ingleses explorar o petróleo,
descoberto em 1908.
O período moderno tem como marco inicial o golpe de Estado de 1921, quando o general
Reza Khan derruba o último sultão Kajar, coroando-se xá em 1926, com o nome de Reza
Shah Pahlevi. Um decreto real em 1935 muda o nome do país de Pérsia para Irã.
A 2ª Guerra Mundial (1939-1945) atinge o Irã em 1941, com a ocupação do país por tropas
inglesas e soviéticas. O xá, que simpatizava com o nazismo, abdica em favor do filho,
Mohamed Reza Pahlevi. A ocupação estrangeira termina em 1946, com a saída dos últimos
soldados soviéticos.
Nacionalismo – Em 1953, o país entra em choque com os interesses do Reino Unido,
devido à decisão do Parlamento iraniano, sob o primeiro-ministro Mohamed Mossadegh, de
nacionalizar as companhias petrolíferas estrangeiras, quase todas britânicas. O Irã rompe
relações com o Reino Unido.
A URSS apóia o Irã e começa a comprar o seu petróleo, para compensar o boicote
decretado pelos países ocidentais. A crise atinge o auge em agosto de 1953, com a
deposição de Mossadegh através de um golpe militar realizado com ajuda dos serviços
secretos do Reino Unido e dos EUA. O xá Reza Pahlevi, que havia fugido do país, retorna e
assume poderes ditatoriais. Mossadegh é preso.
O xá promove em 1963 a “revolução branca”, uma campanha modernizante que inclui a
reforma agrária e o direito de voto para as mulheres. Os laços militares com os EUA
aprofundam-se em 1971, com a concessão de créditos para a compra de armas no valor de
US$ 1 bilhão. A aliança com o Ocidente não impede o governo do Irã de assumir o controle
da indústria petrolífera nem de aderir ao embargo decretado pela Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (Opep), em 1973.
Revolução Islâmica – Em 1978, as diversas correntes de oposição ao xá (esquerdistas,
liberais e muçulmanos tradicionalistas) unem-se sob a liderança do aiatolá Ruhollah
Khomeini , exilado na França. Greves e manifestações de protesto espalham-se
rapidamente, apesar da feroz repressão. O governo não consegue controlar a insurreição e,
em janeiro de 1979, o xá Reza Pahlevi foge do país. O poder é transferido ao
primeiro-ministro Chapur Baktiar. As Forças Armadas aderem aos revoltosos. Khomeini
regressa triunfalmente a Teerã, capital, em 1 de fevereiro de 1979, e, dez dias depois,
assume o poder, com a renúncia e fuga de Baktiar.
Em 1º de abril, o Irã é declarado oficialmente uma república islâmica, cuja autoridade
suprema é um chefe religioso (o próprio Khomeini). Para a chefia executiva do governo, é
eleito como presidente da república, em janeiro de 1980, Abolhasan Bani-Sadr, um dos
líderes da oposição laica ao governo do xá. Os chefes da polícia política do xá (a Savak)
são executados.
Reféns norte-americanos – Em 4 de novembro de 1979, um grupo de militantes islâmicos
ocupa a embaixada dos EUA em Teerã e toma 64 norte-americanos como reféns. O
governo iraniano apóia a ocupação da embaixada e faz várias exigências, entre as quais a
extradição do xá, que na ocasião estava nos EUA. O governo norte-americano congela os
bens iranianos no país. Em abril de 1980, os EUA fazem uma fracassada incursão militar
em território do Irã.
O impasse não se resolve nem mesmo com a morte do xá, em 27 de julho de 1980, no
Egito. Os reféns norte-americanos são libertados somente em janeiro de 1981, depois de um
acordo para a devolução dos bens iranianos nos EUA. Nessa altura, o Irã já enfrenta a
guerra com o Iraque, cujo governo havia ocupado áreas em litígio às margens do Rio Chatt
El-Arab. A guerra provoca grande destruição nos dois países. Só termina em 1988 e as
fronteiras – objeto da disputa – permanecem inalteradas. Estima-se que morreram 400 mil
iranianos e 300 mil iraquianos.
Luta de facções – A Revolução Islâmica logo degenera numa luta pelo poder em que se
confrontam os aiatolás – partidários da instalação de um regime teocrático – e as forças
civis, defensoras da separação entre o Estado e a religião. Em julho de 1981, ocorrem
combates entre a Guarda Revolucionária, milícia ligada aos aiatolás, e os Combatentes do
Povo (Mujahedin), de esquerda. O presidente Bani-Sadr, que havia-se aliado aos
Mujahedin, é destituído pelo Parlamento e se exila na França. Os Mujahedin tentam uma
insurreição e são esmagados num conflito em que morrem 13 mil pessoas.
Os rebeldes reagem com uma campanha terrorista em que são assassinadas altas
autoridades. Em 1983 a repressão atinge o Partido Comunista (Tudeh), com o qual o regime
de Khomeini convivia pacificamente. Os principais dirigentes comunistas são presos e o
partido é declarado ilegal.
Os problemas econômicos, agravados pela queda dos preços do petróleo, trazem à tona as
divergências entre os aiatolás. A ala mais moderada – os chamados “pragmáticos” – prega
o abandono da política isolacionista e a aproximação com o Ocidente, visando obter
recursos para desenvolver o país. A corrente radical opõe-se às influências externas. O
predomínio dos radicais expressa-se na sentença de morte decretada pelo aiatolá Khomeini,
em 20 de fevereiro de 1989, contra o escritor anglo-indiano Salman Rushdie, cujo livro
Versos Satânicos é julgado ofensivo ao Islã.
Moderados – A morte de Khomeini, em 3 de junho de 1989, favorece os pragmáticos. Um
líder religioso moderado, Ali Hashemi Rafsanjani, é eleito presidente e entra em choque
com Ali Khamenei, um aiatolá radical escolhido por Khomeini para sucedê-lo. Confirmado
por uma Assembléia de Sábios, Khamenei mostra força ao renovar, em 1990, a sentença de
morte contra Rushdie. Rafsanjani, de sua parte, fecha contratos para investimentos alemães,
franceses e ingleses.
Rafsanjani consolida sua liderança nas eleições para o Parlamento, em 1992, com a
conquista de 70% das cadeiras por seus partidários. Enfrenta, porém, protestos contra sua
política econômica. Rafsanjani é reeleito presidente em 13 de junho de 1993, com 63% dos
votos, e promete manter as linhas principais de sua política: moderação nas diretrizes de
governo e abertura para o exterior, principalmente na área econômica.
Relações com os EUA – Em 1995 há um agravamento da crise econômica e do confronto
com os EUA, motivado pela possibilidade de o Irã fabricar uma bomba nuclear (ver Armas
nucleares) usando tecnologia russa. Em março, os EUA suspendem um contrato petrolífero
firmado com o Irã pela empresa Conoco e impõem um severo embargo comercial ao país,
depois de acusar o governo de Rafsanjani de apoiar o terrorismo internacional e de insistir
na tentativa de desenvolver armas nucleares. Os iranianos desafiam o embargo, mas sua
economia sofre efeitos cada vez mais pesados. Explodem violentos protestos contra a
carestia nos arredores de Teerã, duramente reprimidos.
Na aprovação do orçamento para 1996, em janeiro, o Parlamento (Majlis) cria um fundo
especial de US$ 20 milhões para neutralizar a interferência norte-americana nos assuntos
internos do Irã e processar os EUA em tribunais internacionais, com base em violações à
Carta da ONU. O conflito com os EUA tem novo episódio em julho, quando o Congresso
norte-americano aprova uma lei de sanções a empresas que investirem mais de US$ 40
milhões anuais no Irã ou na Líbia, países acusados de terrorismo.
Disputa política – Em março e abril de 1996, é renovado o Parlamento iraniano. O governo
não divulga os resultados oficiais das eleições – por não aceitar a idéia ocidental de
“partidos” – mas resultados extra-oficiais indicam que a Sociedade do Clero Combativo
(SCC), de direita, perde a maioria absoluta e cresce a representação dos Servidores da
Construção do Irã (SCI), mais liberal e apoiada pelo presidente Rafsanjani. A reação é
rápida: em maio, o líder espiritual do país, Ali Khamenei, faz discursos contra a presença
de elementos não-islâmicos em instituições públicas e universidades. Nesse clima, o
recém-formado grupo militante Ansar-e-Hezbollah sente-se fortalecido para atacar
iranianos em filas de cinema ou mulheres ciclistas, por “atitudes antiislâmicas”.
Em julho, no entanto, o líder da SCC, Ali Akbar Nateq-Nuri, é reeleito presidente do
Parlamento, derrotando o candidato do SCI. No mês seguinte formam-se dois grupos
parlamentares, a Assembléia Hezbollah e a Facção Hezbollah, formalizando a disputa entre
as duas tendências políticas. O fato mostra também o fortalecimento de um sistema
partidário – embora a presença do nome Hezbollah (Partido de Deus) nos dois grupos
indique a resistência à admissão aberta de divisões políticas no país dos aiatolás.
Iraque
Grande parte do território do Iraque fica no vale entre os rios Tigre e Eufrates, que na
Antiguidade correspondia à região da Mesopotâmia. A região foi berço de importantes
civilizações da história (ver Civilizações orientais antigas). O solo é fértil, mas o clima
árido dificulta a agricultura. A base da economia atual é a produção de petróleo e gás
natural. O país ressente-se de um longo período de conflitos, iniciado com a Guerra
Irã-Iraque (1980-1988). A economia iraquiana sofre ainda as conseqüências da derrota na
Guerra do Golfo (1990/91), devido ao bloqueio comercial decretado pela Organização das
Nações Unidas (ONU). Sob o governo ditatorial de Saddam Hussein desde 1979, o país
enfrenta a reivindicação de autonomia dos curdos, cerca de 20% da população iraquiana,
concentrados no norte.
FATOS HISTÓRICOS – A antiga Mesopotâmia abriga a partir de 3.000 a.C. algumas das
mais antigas civilizações: os sumérios, os acádios, os babilônios e os assírios. Conquistada
por persas, gregos e romanos, torna-se o centro de um vasto Império Árabe nos séculos
VIII e IX. Os árabes fundam Bagdá em 762 e introduzem a religião islâmica. Seguem-se
as invasões dos mongóis e dos turcos e um longo período de decadência.
O Iraque moderno nasce em 1920, quando o Império Turco-Otomano é desmembrado
após a 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Uma decisão da Liga das Nações põe o novo país
sob a tutela do Reino Unido, que instala no trono, em 1921, um monarca árabe da dinastia
hashemita, Faiçal Hussein. Um irmão de Faiçal, Abdullah, torna-se na mesma época o emir
da Transjordânia (atual Jordânia), também sob controle britânico.
Independência – Em 1932, o Iraque é admitido na Liga das Nações como país
independente, mas os britânicos mantêm o controle sobre o governo iraquiano e obtêm,
com isso, direitos exclusivos de exploração do petróleo.
Tropas britânicas intervêm no país em 1941, durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945),
para esmagar uma tentativa de golpe pró-nazista. Em 1948, o Iraque participa da Guerra
Árabe-Israelense. Dez anos depois, a monarquia iraquiana é derrubada, num golpe militar
liderado pelo general Abdal Karim Kassem, que instala um regime nacionalista de
esquerda. O rei Faiçal e seu tio Abdal Ilah são metralhados durante a tomada do palácio
real em Bagdá.
O novo governo é instável e enfrenta várias tentativas de golpe, lideradas, principalmente,
pelo Partido Baath (renascimento, em árabe), que defende a união de todos os povos árabes
num único país. Em 1961, é aprovada uma lei limitando os direitos das empresas
petrolíferas estrangeiras. Kassem é derrubado e fuzilado em 1963, num golpe militar com
participação do Baath. Em 1968, o Baath torna-se o partido único.
Em 1972 o petróleo é nacionalizado. Uma rebelião de minoria curda é esmagada no norte
do país, com milhares de mortos entre 1974 e 1975.
Guerra Irã-Iraque – O vice-presidente Saddam Hussein amplia sua influência ao longo da
década de 70, até assumir a presidência, em 1979, num golpe. Em 1980, o Iraque invade o
Irã, iniciando a guerra que dura até 1988. Durante o conflito, o país recebe apoio de
potências ocidentais, como EUA, Reino Unido e França, da URSS e de países árabes com
regimes conservadores, como Arábia Saudita e Egito, todos temerosos de que o exemplo da
revolução iraniana estimule rebeliões islâmicas no Oriente Médio e no sul da URSS.
Morrem 300 mil iraquianos e 400 mil iranianos numa guerra que termina sem vencedor.
Em 7 de junho de 1981, a aviação israelense destrói o reator nuclear de Osirak, no Iraque,
alegando que ele seria usado para a fabricação de armas atômicas. Guerrilheiros curdos
atacam os militares iraquianos a partir de 1985. Três anos depois, as Forças Armadas do
Iraque usam armas químicas – proibidas por convenções internacionais – contra a aldeia
curda de Halabja, matando 5 mil civis.
Guerra do Golfo – Em 1990, crescem as tensões com o vizinho Kuweit, devido a
divergências sobre a demarcação de fronteiras e a política de preços do petróleo. Em 2 de
agosto de 1990, o Iraque invade o Kuweit e, dias depois, anuncia sua anexação. A invasão é
condenada pela ONU, que exige a retirada incondicional.
Os EUA formam com mais 29 países uma coalizão e concentram tropas na Arábia Saudita.
Em 29 de novembro, a ONU autoriza o uso da força, visando a retirada dos iraquianos do
Kuweit. Em 17 de janeiro de 1991, os EUA e seus aliados iniciam os bombardeios contra o
Iraque, na chamada Operação Tempestade no Deserto. O Iraque sofre pesadas perdas. Em
21 de fevereiro, a coalizão lança uma ofensiva por terra que destrói boa parte do Exército
iraquiano e põe fim à ocupação do Kuweit. Em 28 de fevereiro, é assinado o cessar-fogo.
Rebelião curda – Com o fim da guerra, eclodem revoltas contra o regime de Saddam
Hussein, que permanece no poder. No norte, separatistas curdos ocupam territórios. No sul,
a comunidade xiita rebela-se e toma várias cidades.
As duas insurreições são violentamente esmagadas pelo governo. Cerca de 2,5 milhões de
curdos fogem para a Turquia e o Irã. Saddam, pressionado pela ONU, suspende as ações
militares e começa a negociar com os dirigentes curdos um projeto de autonomia para o
Curdistão , região onde esse grupo étnico é majoritário e que abrange o norte do Iraque,
noroeste do Irã e sudeste da Turquia. A ONU impõe áreas de exclusão de forças iraquianas,
ao norte e ao sul do país.
Embargo da ONU – Os atritos com os EUA e seus aliados prosseguem depois da Guerra do
Golfo . A ONU decide impor um embargo comercial ao país. Em 1992, técnicos da ONU
desmantelam fábricas de armas químicas e instalações nucleares no Iraque. Em janeiro de
1993, Saddam viola o acordo de cessar-fogo ao negar autorização para a entrada de uma
equipe da ONU encarregada de destruir instalações militares. Os EUA reiniciam os
bombardeios sistemáticos contra o Iraque. Saddam recua e permite a presença dos enviados
da ONU.
Em junho, os EUA voltam a bombardear o Iraque, numa reação à descoberta de um suposto
plano iraquiano para assassinar o então presidente norte-americano George Bush, na
viagem que fez ao Kuweit em abril de 1992. A ONU decide manter o embargo comercial
até que o Iraque retire os obstáculos às inspeções em seus programas bélicos, reconheça as
fronteiras com o Kuweit e suspenda definitivamente a perseguição aos curdos e aos xiitas.
Em novembro de 1994, sob a ameaça de nova ação militar dos EUA e aliados, o Iraque
retira tropas que estavam perto da fronteira do Kuweit e o Parlamento iraquiano reconhece
a soberania do país vizinho. Em maio de 1995, a ONU acusa o regime de Saddam Hussein
de esconder estoques de armas biológicas e mantém as sanções.
Deserção – Em agosto, o regime sofre um sério golpe com a deserção de 15 altos oficiais e
suas famílias para a Jordânia, entre os quais o general Hussein Kamel Hassan, genro do
presidente e considerado o “número 2” na hierarquia do poder, e seu irmão, Saddam
Kamel, também genro de Saddam. Ainda em agosto, o rei Hussein, da Jordânia, anuncia o
rompimento com o Iraque.
Em outubro de 1995, um referendo popular mantém Saddam na Presidência, com 99,96%
dos votos. Fora do Iraque, ninguém acredita na idoneidade da eleição. Outras eleições são
realizadas em março de 1996, para a Assembléia Nacional, as primeiras desde 1989. Todos
os 689 candidatos às 250 cadeiras tinham recebido prévia aprovação de um comitê de
seleção do governo.
Em fevereiro de 1996, voltam ao país os dois genros de Saddam que estavam exilados na
Jordânia havia seis meses, após receberem garantias de que seriam perdoados. Três dias
depois, no dia 23, a TV iraquiana anuncia primeiro o divórcio das filhas do presidente, “que
não aceitam permanecer casadas com traidores da pátria”, e, algumas horas mais tarde, a
morte de Hussein Kamel e Saddam Kamel, num tiroteio na casa do pai deles, num subúrbio
de Bagdá. Segundo o governo, os dois foram mortos por seus próprios parentes, para lavar
a honra da família. Informes não-oficiais dizem que o assassinato foi uma operação de
guerra montada pelo governo.
Em maio de 1996, o Iraque finalmente chega a um acordo com a ONU para voltar a vender
petróleo, em quantidade limitada. Pelo acordo, o pagamento pelo petróleo será
supervisionado pela ONU e repartido entre indenizações de guerra, operações da própria
ONU, reconstrução de instalações e compra de remédios e alimentos para a população
iraquiana.
Ataque aos curdos – As vendas de petróleo são suspensas em setembro, em reação à
captura da cidade curda de Arbil, na área de exclusão controlada pela ONU e pelos EUA. O
ataque, em 31 de agosto, contou com 120 mil soldados iraquianos, em apoio ao Partido
Democrático do Curdistão, pró-Iraque, em sua luta contra a União Patriótica do Curdistão,
apoiada pelo Irã. A retaliação dos Estados Unidos ocorre em setembro, com ataques aéreos
contra instalações militares, que deixam seis mortos e dezenas de feridos.
Radiação eletromagnética
Transmissão de energia na forma de ondas, contendo um componente elétrico e outro
magnético, por ser produzida pela aceleração de uma carga elétrica em um campo
magnético. O espectro da radiação eletromagnética engloba a luz visível, os raios gama, as
ondas de rádio, as microondas, os raios x, ultravioleta, infravermelho. Esses nomes indicam
áreas do espectro divididas com fins didáticos e práticos, pois o espectro é contínuo e não
há diferenças abruptas entre as formas de radiação e todas são basicamente o mesmo
fenômeno físico. Por exemplo, todas irradiam-se pelo espaço com a mesma velocidade,
conhecida como “velocidade da luz”, de cerca de 300 mil km/s. As diferenças estão no
comprimento das ondas e na freqüência da radiação, que fazem com que tenham diferentes
características, como o poder de penetração dos raios X ou o aquecimento do
infravermelho.
Uma fonte de radiação, como o Sol, pode emitir luz dentro de um espectro variado. Por
exemplo, decompondo-se a luz solar com um prisma é possível ver um espectro de cores,
como as do arco-íris. Outras são invisíveis ao olho humano mas detectáveis por
instrumentos.
Raios X
Tipo de radiação eletromagnética penetrante e invisível ao olho humano, com comprimento
de onda menor que o da luz visível. Os raios X são produzidos quando se bombardeia um
alvo, como um metal, com elétrons em alta velocidade. Essa capacidade de penetração
permite que os raios X sejam utilizados para fazer imagens do interior do corpo humano ou
de estruturas internas de objetos, seja na indústria, na Medicina ou na pesquisa científica.
Foram descobertos por acaso, em 1895, pelo físico alemão Wilhelm Conrad Roentgen
(1845-1923), quando trabalhava com um tubo de raios catódicos – aparelho que emite
elétrons acelerados e focados para uma tela fosforescente e constitui a base da televisão. O
tubo estava envolto por uma caixa de papelão negra, mas Roentgen percebeu que uma tela
deixada perto emitia luz toda vez que o tubo funcionava. Ele provou que a causa da
luminescência eram raios invisíveis e misteriosos que chamou de “X”.
Esse tipo de radiação é produzida sempre que os elétrons em alta velocidade atingem um
objeto; parte da energia do choque produz os raios ao atingir os do alvo.
Assim como a luz visível, os raios X também podem sensibilizar o filme fotográfico. Seu
grau de absorção por uma substância depende da densidade e do peso atômico dela. Quanto
menor o peso atômico, mais transparente é a substância aos raios X. Os ossos, por terem
elementos de maior peso atômico do que os órgãos e a carne, absorvem mais a radiação e
por isso deixam sombras mais escuras no filme fotográfico.
Radiação ultravioleta
Tipo de radiação eletromagnética invisível ao olho humano, com comprimentos de onda
menores que a da luz visível e mais longos que os dos raios X. A radiação ultravioleta
natural é produzida principalmente pelo Sol, mas nem todos os comprimentos de onda
chegam à superfície terrestre. Parte deles, principalmente os mais nocivos aos seres vivos,
são interceptados pela alta atmosfera, notadamente pela camada de ozônio .
Um comprimento de onda é responsável pela formação de vitamina D e pelo bronzeamento
da pele. Esse mesmo ultravioleta pode ser bloqueado por vidro comum de janelas.
A radiação ultravioleta também serve à astronomia. Detectores de ultravioleta costumam
ser usados em satélites e sondas espaciais. Por estarem acima da atmosfera, podem captar
essa radiação sem barreiras. Outra área do espectro ultravioleta é útil como agente
esterilizador para matar bactérias.
Radiação infravermelha
Radiação eletromagnética com comprimento de onda superior ao da radiação visível e
inferior ao das microondas. Os raios infravermelhos aparecem no espectro pouco além do
limite da luz vermelha visível. São usados para obter imagens de objetos distantes, como na
astronomia ou no sensoriamento remoto da Terra, por não serem dispersados pela neblina
na atmosfera.
Os raios infravermelhos podem ser detectados como calor. Essa radiação foi descoberta
pelo britânico William Herschel (1738-1822), que em 1800 mostrou que no espectro da luz
decomposta por um prisma o calor era mais intenso depois do vermelho. A associação com
o calor vem de um fato: a maioria dos materiais absorve a radiação infravermelha. Todo
objeto com temperatura acima do zero absoluto (- 273,15º C) emite energia infravermelha.
Cerca de 60% dos raios do Sol são infravermelhos.
Técnicas que incorporam essa radiação servem à indústria e à pesquisa, ou para
diagnósticos em medicina, nos casos em que os raios X não são adequados. Mísseis
guiados pela emissão de infravermelho estão entre as armas dos aviões de caça.
Reciclagem
Processo de transformação de materiais usados em novos produtos. A reciclagem é
empregada na recuperação de uma parte do lixo sólido. Os objetos mais comuns são o
papel, latas de alumínio e aço, vidro, plástico e restos de jardim. Uma vez reciclados, esses
materiais são reaproveitados, podendo ser encontrados em produtos como livros, fitas de
áudio e vídeo, lâmpadas fluorescentes, concreto, bicicletas, baterias e pneus de automóvel.
O gerenciamento do lixo sólido por meio da reciclagem, além de ajudar na preservação dos
recursos primários existentes na natureza, permite a redução do volume do lixo e a
diminuição da poluição do ar e da água. Traz também economia de energia e de água na
produção. O papel reciclado, por exemplo, requer cerca de 74% a menos de energia e 50%
a menos de água do que o papel obtido de madeira virgem. Por outro lado, a reciclagem
pode contribuir para a poluição do ar e da água se os produtos químicos empregados no
reprocessamento dos materiais não forem usados de forma apropriada.
Os países industrializados são os que mais produzem lixo e também os que mais reciclam.
O Japão reutiliza 50% do seu lixo sólido. Neste país, um dos mais engajados em questões
de preservação ambiental, são comuns diversos tipos de reciclagem, como o
reaproveitamento da água do chuveiro na privada. Já a Europa Ocidental recupera 30% de
seu lixo e os Estados Unidos reciclam 11%. Nesse país, a produção de lixo por pessoa é o
dobro da de qualquer outro país: em média 1,5 kg por dia. No final de um ano são 10
bilhões de toneladas de lixo. Nova York é a cidade que mais produz lixo no mundo: uma
média diária de 13.000 t. O Brasil e os EUA lideram a reciclagem de latas: reaproveitam
cerca de 60% das latas produzidas.
Revolução Industrial
Processo de mudança de uma economia agrária e manual para uma economia dominada
pela indústria e mecanização da manufatura. Tem início na Inglaterra em 1760 e alastra-se
para o resto do mundo, provocando profundas mudanças na sociedade. Caracteriza-se pelo
uso de novas fontes de energia; invenção de máquinas que permitem aumentar a produção
com menor gasto de energia humana; divisão e especialização do trabalho;
desenvolvimento do transporte e da comunicação; e aplicação da ciência na indústria. A
revolução também promove mudanças na estrutura agrária e o declínio da terra como fonte
de riqueza; a produção em grande escala voltada ao mercado internacional; a afirmação do
poder econômico da burguesia; o crescimento das cidades e o surgimento da classe
operária; e consolida o capitalismo como sistema dominante da sociedade.
1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – Ocorre a partir de 1760 e restringe-se à Inglaterra (ver
Reino Unido). O pioneirismo deve-se ao acúmulo de capital, devido à rápida expansão do
comércio ultramarino e continental; às reservas de carvão e ferro; à disponibilidade de
mão-de-obra; ao avanço tecnológico; à existência de mercados consumidores. Na sua
origem está a Revolução Gloriosa (1688). Ela fortalece a burguesia, que transforma a
estrutura agrária do país e conquista os mercados mundiais.
A disponibilidade de capital e o sistema financeiro eficiente facilitam os investimentos dos
empresários, que constroem ferrovias, estradas, portos e sistemas de comunicação,
favorecendo o comércio. Os campos são apropriados pela burguesia, no processo chamado
de cercamentos, quando são criadas extensas propriedades rurais. Com isso, os camponeses
são expulsos das terras, migram às cidades e tornam-se mão-de-obra disponível. Por outro
lado, aumenta a produção de alimentos, favorecendo o crescimento populacional.
Avanços técnicos – A criação de novas máquinas – como a máquina a vapor e o tear
mecânico – e o ferro obtido com uso de carvão de coque permitem o aumento da
produtividade e racionalizam o trabalho. Com a aplicação da força a vapor às máquinas
fabris, a mecanização difunde-se na indústria têxtil. Para aumentar a resistência das
máquinas, o metal substitui a madeira, estimulando a siderurgia e o surgimento da indústria
pesada de máquinas. A invenção da locomotiva e do navio a vapor acelera a c.irculação das
mercadorias.
Oferta de mão-de-obra – O novo sistema industrial cria duas novas classes opostas. De um
lado, os empresários – donos do capital, dos modos e bens de produção –, de outro, os
operários, que vendem sua força de trabalho em troca de salários. A Revolução Industrial
concentra os trabalhadores em fábricas, promove o desenvolvimento urbano e muda
radicalmente o caráter do trabalho. Para aumentar o desempenho dos operários, a produção
é dividida em várias operações. O operário executa uma única etapa, sempre do mesmo
modo, o que o aliena do processo de trabalho.
Com a mecanização, o trabalho desqualifica-se, o que reduz os salários. No início, os
empresários impõem duras condições aos operários para aumentar a produção e garantir
uma margem de lucro crescente. Estes, então, organizam-se em associações para reivindicar
melhores condições de trabalho, dando origem aos sindicatos (ver Sindicalismo).
2ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – Inicia-se a partir de 1870, com a industrialização da
França, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Japão. Novas fontes de
energia (eletricidade e petróleo) e produtos químicos, como o plástico, são descobertos e o
ferro é substituído pelo aço. Surgem novas máquinas e ferramentas. Em 1909, Henry Ford
cria a linha de montagem e a produção em série, com base no taylorismo. Na segunda
metade do século XX, quase todas as indústrias já estão mecanizadas e a automação
alcança todos os setores das fábricas.
As inovações técnicas aumentam a capacidade produtiva das indústrias e o acúmulo de
capital. As potências industriais passam a buscar novos mercados consumidores (ver
Neocolonialismo). Os empresários investem em outros países. Os avanços na Medicina
sanitária favorecem o crescimento demográfico, aumentando a oferta de operários. Nos
países desenvolvidos, surge o fantasma do desemprego.
3ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – No período pós- 2ª Guerra Mundial, surgem complexos
industriais e empresas multinacionais. As indústrias química e eletrônica desenvolvem-se.
Os avanços da automação, da informática e da engenharia genética são incorporados ao
processo produtivo, que depende cada vez mais de alta tecnologia e da mão-de-obra
especializada. Os computadores tornam-se a principal ferramenta em quase todos os setores
da economia, e o conhecimento, ou a informação, o requisito primordial ao trabalhador. O
mundo entra na era da globalização (ver Informática).
Pierre e Marie Curie
Físicos franceses. Pierre (1859-1906) e Marie Curie (1867-1934) são os descobridores da
radioatividade. Pierre Curie nasce em Paris, onde se dedica ao estudo da calorimetria e da
cristalografia, descobrindo a piezeletricidade. Torna-se supervisor da Escola de Física e
Química, em 1882, e passa a pesquisar o magnetismo. Suas descobertas nesse campo são
conhecidas como lei de Curie. Maria Sklodowska nasce na Polônia e emigra para a França
em 1891, onde estuda Física, Química e Matemática na Universidade de Paris. Casa-se com
Pierre Curie em 1895. Três anos depois, junto com Pierre, descobre o polônio e o rádio. Em
1903, o casal recebe o Prêmio Nobel de Física pela descoberta da radioatividade. Pierre é
nomeado professor da Universidade de Paris em 1904 e começa a pesquisar o raio X e sua
aplicação na Medicina. Após sua morte, em 1906, vítima de atropelamento, Marie dá
continuidade aos estudos sobre o raio X e substitui o marido na universidade. Ganha o
Nobel de Química pelo isolamento do rádio puro. Em 1932, funda o Instituto do Rádio.
Armas químicas
Substâncias químicas empregadas com o objetivo de incapacitar ou matar. São utilizadas
em manifestações (gás lacrimogêneo), guerras e conflitos. A guerra química moderna surge
na 1ª Guerra Mundial (1914-1918) para superar a luta nas trincheiras, derrotando o
inimigo com gases venenosos. No conflito, as armas químicas mataram ou feriram cerca de
800 mil pessoas. A substância mais conhecida era o gás mostarda (conhecido por esse
nome devido a sua cor amarelada), disparado sobre o alvo através de granadas de artilharia
e capaz de queimar a pele e produzir danos graves ao pulmão. Nessa época surgem as
máscaras contra gás, extremamente incômodas aos combatentes. Apesar de outras armas
químicas terem sido desenvolvidas entre as duas guerras mundiais, na 2ª Guerra Mundial
(1939-1945), elas não chegaram a ser usadas na Europa, por uma espécie de acordo tácito:
se um lado usasse, o outro pagaria na mesma moeda. As vantagens de seu uso numa guerra
diminuem no momento em que é preciso uma roupa especial. As armas mais temidas são os
agentes organofosforados, que agem no sistema nervoso, como o alemão Tabun, o russo
Soman e o norte-americano Sarin. Bastam pequenas quantidades sobre a pele para provocar
convulsões e morte. Se o conceito de arma química for ampliado, também se pode incluir o
herbicida Agente Laranja, sem efeitos imediatos em seres humanos e usado pelos
norte-americanos na Guerra do Vietnã (1965-1973) para destruir florestas sob as quais se
escondiam os guerrilheiros vietcongues. Na guerra entre Irã e Iraque, de 1980 a 1988, os
iranianos usam armas químicas contra o inimigo. O uso mais recente acontece em 1991,
quando o Iraque bombardeia aldeias curdas, do norte do país.
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