Responsabilidade Social Empresarial Autor: Francisco A. A. Gonçalves Jr. Acredito que na sociedade moderna, em que vivemos, o “conhecimento” é um bem de valor imensurável, pelo que é necessário promover a criação de mecanismos que contribuam para a sua consolidação e difusão. Aceder e fomentar o acesso à informação, constituirá uma tarefa básica para os cidadãos e compete às diversas entidades, inclusive as empresas garantir que esse acesso se efectue de forma rápida, eficaz e numa base equitativa, e neste caso especificamente o tema “Responsabilidade Social Empresarial” torna-se um fator merecedor de toda a atenção. Afirmar a responsabilidade social das empresas no domínio da formação não somente da liderança, mas de todos os seus colaboradores, implica que partamos do pressuposto genérico de que estas devem adotar processos de inter-relação entre a performance social e a performance econômica. A atual revalorização das empresas e das suas funções encontra-se ligada aos aspectos econômicos e sociais da comunidade local e países onde estão inseridas. A nova responsabilidade social das empresas significa dizer que a orientação das suas estratégias se paute quer pelos valores pessoais dos seus dirigentes, que determinam os meios a utilizar para atingirem os fins pretendidos, quer seja pelo “mercado”, quer pela sua própria responsabilidade perante a sociedade, dando resposta às necessidades e às expectativas desta. Nesta ótica, há uma preocupação com as interações desenvolvidas entre as empresas e a sociedade, assumindo aquelas a sua "razão de ser" de uma forma mais abrangente, intimamente associada à sociedade envolvente e ao impacto que nela provoca. Emerge assim a necessidade de um compromisso entre aquilo que os dirigentes pretendem e aquilo que a sociedade tem o “direito” de exigir, nomeadamente em termos de algumas responsabilidades específicas tais como a ecologia e meio ambiente, o emprego de minorias e de deficientes, entre outras. O “mercado” aqui, vem ser apenas um fator de referência e de indicadores. No que concerne, em particular, à “gestão das pessoas”, considero que a responsabilidade social das empresas constitui uma questão central e, no seu âmbito, deve-se salientar o domínio das práticas de participação, de formação profissional inicial e contínua e de valorização dos seus colaboradores. Sendo certo que tais práticas ultrapassam a redoma empresarial, ratificando ou difundindo assim a “imagem” da instituição. A responsabilidade social das empresas remete para o domínio do planejamento, da organização, da comunicação e do controle de atividades de âmbito social que as estas assumem em relação aos seus trabalhadores, clientes, acionistas e à comunidade que a envolve. Significa que a sua responsabilidade é incorporada em todas as actividades, situando-se no centro da reflexão e da decisão estratégica com a mesma importância que é dada a outros domínios. As empresas têm agora de atender, de forma articulada, ao meio envolvente, englobando os objectivos de outros atores institucionais, bem como dos seus colaboradores internos, independentemente destes últimos integrarem algum tipo de sub-culturas, cujos valores poderão até entrar em confronto com a “cultura” global da organização. Este é um dos desafios que se coloca hoje às empresas que se pretendem ser competitivas: ter simultaneamente em atenção a performance econômica e social, sem privilegiar nenhuma delas, e ainda, se for o caso renunciar aos alguns posicionamentos que até hoje, prevalecem. Ora, no novo quadro sócio-econômico, a perspectiva da responsabilidade social das empresas, ou seja, o desenvolvimento social da empresa, implica considerá-la não mais somente uma sociedade de capitais, mas como uma sociedade de ação colectiva de carácter sócio-econômico. As empresas surgem como uma instituição social central nas nossas sociedades e o funcionamento da sua estrutura social concede-lhes uma autonomia suficientemente vincada para influenciar o sistema social global, atuando em conjunto com outras instituições portadoras de efeitos sociais específicos no funcionamento sociedade, sendo a mesma, por outras palavras, produtoras de crenças, regras, e valores que influenciam os comportamentos e as atitudes sociais dos cidadãos. Penso que as empresas têm um papel insubstituível no processo de transformação e desenvolvimento social, a par do Estado, da Escola, Igrejas, ONGs e de outras instituições. A empresa é consumidora de saberes e de competências, mas também deve ser, produtora dos saberes e das competências necessárias ao seu processo de desenvolvimento econômico e social. Se as empresas não produzirem em continuidade e em tempo útil as competências que necessitam, não encontram neste momento particular, os meios necessários para responderem aos seus objectivos de competitividade ou pelo menos de sobrevivência. Os processos de (re)socialização que têm lugar no interior da empresa não são somente desencadeados de forma intencional ou pelos dirigentes com vista a atingir determinados objectivos. A empresa, como espaço de trabalho, promove uma socialização dos agentes, que pode não ser necessariamente consciente. Refiro-me a processos não intencionais de aprendizagem de valores, princípios e regras de comportamento convergentes ou não com o projeto da empresa. Ademais, se ainda considerarmos em nosso país as deficiências e dificuldades encontradas no sistema ensino/formação, podemos salientar daí a empresa ser, não apenas um espaço de integração, mas igualmente de confronto cultural de identidades socio-profissionais. Esta sociabilização pode ser encarada como desenvolvimento social, na medida em que produz alterações no domínio das culturas, das identidades, das interações e dos sistemas sociais que estão subjacentes às suas relações organizadas. A socialização no interior da empresa é também um elemento básico de construção/sedimentação de identidades sociais e profissionais, na medida em que estas se constituem como o resultado estável e provisório, individual e colectivo, subjectivo e objectivo, de diversos processos de socialização que, conjuntamente, constroem os indivíduos e definem as instituições, no sentido mais amplo possível. Sendo assim, os processos de socialização que decorrem no interior da empresa são um dos instrumentos que concorrem para a formação de identidades sociais e profissionais, e deles não podem ser excluídos. Desenvolvendo-se de uma forma mais ambiciosa, acredito ser uma organização, ao menos, promissora de um algum tipo de sucesso, aquela que se designa como uma instituição que esta sempre a “aprendendo a aprender”, por sua vez, e por outro lado facilitando e possibilitando a aprendizagem de todos os seus membros, se transformando permanentemente, tendo mobilidade, com o objetivo de atingir seus fins estratégicos. Portanto penso que as organizações devem agir à partir de um processo de individualização da “aprendizagem sócio-empresarial”, onde todos tenham a possibilidade e acesso a estes processos, porém deve, é claro ser centrado naqueles indivíduos que aprendem e estão dispostos a isto, sendo estes responsáveis pelo maior diferencial competitivo entre as empresas, hoje em dia, considerados como protagonistas de todo o sucesso ou não das instituições.