CINCO EIXOS ORIENTADORES DE PRÁTICAS EDUCATIVAS ESCOLARES VOLTADAS A INICIAR REFLEXÕES SOBRE O ESPAÇO GEOGRÁFICO NOS PRIMEIROS QUATRO ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E NA EDUCAÇÃO INFANTIL Texto escrito coletivamente pelos Supervisores e APs da disciplina Teoria Pedagógica e Produção do Conhecimento em Geografia Wenceslao M. de Oliveira Jr Adriano Picarelli Alexandra Molina Elaine Barreto Juçara P. Noveli Maria A. B. Fermiano Michele Schlögl No título acima há tentativa de destacar pontos fortes da perspectiva que estamos assumindo para pensar e propor rumos durante momentos em que conhecimentos geográficos estiverem no centro de práticas educativas escolares, nos anos iniciais da Educação Básica. Este texto visa dizer mais palavras acerca desses pontos fortes, de modo a nos permitir (a nós que os “inventamos” e aos leitores) uma aproximação mais tranqüila de nossas pretensões e de nossos inevitáveis vazios de entendimento. Os destaques do título nos auxiliam a construir a escritura. Os cinco eixos indicam caminhos a seguir, caminhos aglutinando um conjunto de informações, conhecimentos e raciocínios geográficos pertinentes ao entendimento do mundo no qual vivemos – e de seu espaço geográfico em especial. Cinco foi quantidade escolhida com deliberado intuito de evitarmos a dispersão de inúmeras coisas a fazer e propor em tempo tão curto – 60 horas de carga horária total. Quisemos fugir da falta de tempo para discutir dúvidas e propor práticas educativas escolares que auxiliem os professores a iniciar ações – atos e reflexões – nos rumos que acreditamos importantes neste momento histórico da sociedade brasileira, em geral, e das instituições escolares públicas da Região Metropolitana de Campinas, em particular. Nós, o grupo de professores da disciplina Teoria pedagógica e produção do conhecimento em Geografia (PROESF/FE/Unicamp), chegamos aos cinco eixos a partir de tentativa de listar o que considerávamos muito significativo para ser “trabalhado” nos anos iniciais do ensino fundamental, tomando como base o conhecimento geográfico, tanto acadêmico quanto escolar, tanto atual quanto tradicional. Cada um enumerou três pontos (entre assuntos, conceitos, temas, habilidades, conteúdos, raciocínios etc ...) e, durante uma de nossas reuniões, fomos aproximando uns dos outros, de modo a aglutiná-los em torno de, no máximo, cinco eixos norteadores de nossas ações no contexto desta disciplina. Nos cinco eixos imbricam-se idéias repetidamente conversadas, debatidas ..., porém, confessamos, nem sempre muito claras. Entre essas idéias podemos citar a insatisfação com o ensino somente conceitual, a insatisfação, ainda mais forte, com o ensino meramente informativo, uma terceira insatisfação com o ensino somente instrumental – notadamente no caso dos mapas -, e o desejo de um ensino que, em vez de somente dizer o que existe no espaço geográfico, busque fazer com que o espaço ‘salte aos olhos’ de alunos e professores, passe a inquietá-los, gere ‘estranhamentos’, dúvidas, estimulando a curiosidade, a colocação de perguntas (por que é assim? poderia ser de outro modo? etc) e a construção de interpretações. Desejamos um ensino que ainda estimule a curiosidade e forneça elementos para um estudo crítico sobre imagens e discursos referentes ao espaço geográfico. Um ensino que, junto do reconhecimento de certa identidade com o espaço/lugar, sustente também a possibilidade de ‘distanciamento’ (reflexão sobre as próprias vivências espaciais, negação da mera reprodução de relações já existentes, possibilidade de fazer escolhas, etc). Pensamos em alunos e professores entendendo-se como viventes e falantes de um lugar, e também como produtores do espaço onde vivem, uma vez que participam da concretização de práticas sociais e discursivas desse espaço geográfico. Talvez, tenhamo-nos guiado principalmente no sentido de negar a continuidade de certas práticas atualmente hegemônicas nas instituições escolares. Idéias de novas práticas flutuam em nossas reflexões e conversas, mas sua materialização em propostas de ação ainda permanece um tanto quanto incipiente. Mas quais são esses cinco eixos? A seguir, escrevemos como os nomeamos e explicamos/apresentamos, inicialmente: As diversas identidades sociais: deslocamento do individual para o social. Trabalho: a realização e os sentidos do trabalho estão no jogo coletivo, o mundo é fruto dos trabalhos. Lugar: reconhecimento do lugar como espaço geográfico complexo e resultado do cruzamento de forças, tanto naturais quanto sociais; reconhecimento de que o lugar se apresenta em inúmeras camadas de tempo. Mapa: pensemos em quatro elementos constituidores (escala/proporção, simbologia/legenda, ponto de vista/projeção e orientação/localização), pensemos em sua produção, nas escolhas feitas pelo autor, e no entendimento/leituras. Raciocínio por escala (espacial e temporal): suas relações com processos sociais. O resumo acima foi o primeiro passo dado. Agora, no momento em que escrevemos este texto, tentamos dar início a caminhada mais efetiva. Ou seja, começamos a conversar sobre nosso entendimento dos cinco eixos e sobre como tal entendimento poderia se desdobrar em ações educativas a serem desenvolvidas na disciplina Teoria pedagógica e produção do conhecimento em Geografia, tendo como objetivos articulados a problematização das atuais práticas dos professores-alunos da disciplina e a vivência de outras práticas, construídas com a pretensão de trânsito pelos cinco eixos que concebemos (ou, ao menos, por algum deles). Cabem, ainda, e em boa hora, algumas palavras de advertência. Primeiro, a ordem de apresentação dos eixos não seguiu nenhuma hierarquia de importância. Segundo, o aparecimento dos cinco eixos implicou no desaparecimento de outros tantos, os quais, segundo nossa visão à época, ou estariam, de alguma forma, contidos naqueles que prevaleceram, ou seriam de “menor importância” e, assim, poderiam ser “deixados de lado”, neste momento da nossa empreitada docente. A seguir, nosso objetivo principal será apresentar algumas palavras a respeito do(s) motivo(s) de escolha e de nosso(s) entendimento(s) de cada um dos eixos.