aula 3 - Saúde Bucal Coletiva

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X- Doença Periodontal
Entende-se por doença periodontal um conjunto de condições inflamatórias, de
caráter crônico e de origem bacteriana, que se inicia afetando o tecido gengival e
pode levar, com o tempo, à perda dos tecidos de suporte dos dentes.
Doença Periodontal
É o conjunto de alterações que afetam os tecidos de sustentação do elemento
dentário.
Gengiva
Ligamento Periodontal
Cemento Radicular
Osso Alveolar
Anatomia Dental
Gengiva
Condições normais: firme, de cor rosa pálido, opaca, com textura irregular
recoberta de pontilhado semelhante à casca de laranja.
Gengiva: Livre
Marginal: recobre a porção cervical dos dentes.
Papilar: protege e preenche os
espaços
interproximais.
Inserida: estende-se como faixa contínua sobre as arcadas dentárias entre a gengiva
livre e a junção mucogengival.
Ligamento Periodontal
Tecido conjuntivo frouxo, que circunda as raízes dos dentes e une o cemento
radicular ao osso alveolar propriamente dito.
Cemento radicular
Tecido mineralizado especializado que cobre as superfícies radiculares, isento de
vasos sanguíneos e linfáticos, sem inervação e que insere as fibras do ligamento
periodontal à raiz.
Osso Alveolar
É a parte da maxila e mandíbula que forma e dá suporte aos alvéolos dentários.
Funções do Periodonto
Ligar o dente ao seu alojamento ósseo;
Suportar as forças geradas pela mastigação, fonação e deglutição;
Manter a integridade da superfície do corpo, separando o meio-ambiente externo
do interno;
Defesa contra as influências ambientais externas nocivas, presentes na cavidade
bucal.
História Natural da Doença Periodontal
Gengivites
Gengivite leve, moderada ou severa.
Características Clínicas:
Mudança na coloração gengival: vermelhidão
Perda do granulado: lisa e brilhante
Aumento de volume: edema inflamatório
Consistência alterada: flacidez
Morfologia irregular
Presença de sangramento após estímulo
Ulceração, necrose, exsudato e dor.

Periodontite
Leve - Moderada - Avançada
A inflamação gengival invade o ligamento periodontal, dando início à formação de
bolsa periodontal. Pode ser crônica ou agressiva.
Características clínicas:
perda da inserção conjuntiva
bolsa periodontal
sangramento, exsudato e abscesso
mobilidade e migração patológica dos dentes
destruição óssea progressiva
retração gengival e perda da unidade papilar
halitose e dor
perda de função
Etiologia da Doença Periodontal
Fatores Locais
Higiene bucal inadequada
Irritações/Trauma
Fatores iatrogênicos
Aparelhos ortodônticos e protéticos
Fatores Predisponentes
Morfologia do Periodonto
Forma do dente e do arco
Inclinação axial do dente
Espessura das margens ósseas
Relação frouxa de contato
Fatores modificantes
Doenças sistêmicas
Stress emocional
Má-nutrição
Fatores hormonais
Lesões dermatológicas (lúpus eritematoso sistêmico)
Fumo
Biofilme Bacteriano
É um depósito bacteriano renovável, composto por diferentes espécies bacterianas.
Experimentos clássicos têm demonstrado que o acúmulo bacteriano sobre os dentes
induz uma resposta inflamatória nos tecidos gengivais.
O termo biofilme descreve uma comunidade microbiana indefinida associada à
superfície do dente, que em seus níveis mais inferiores é composto por uma densa
camada de microorganismos unidos a uma matriz de polissacarídeos e demais
componentes orgânicos e inorgânicos.
Epidemiologia da Doença Periodontal
Prevalência:
Alta prevalência em todo o mundo;
Indicadores demonstram resultados acima de 90%;
Pequenas variações de resultados: metodologia diferente.
Idade:
A ocorrência da doença independe da idade;
É observável em todas as faixas etárias.
Severidade:
Correlação positiva entre idade e severidade;
Necessidades acumuladas agravam a doença.
Sexo:
Estudos mostram pequenas variações;
Homens e mulheres são afetados de igual forma.
Grupo Étnico:
Poucos relatos
cruzando grupo étnico x prevalência.
Nível Sócio-Econômico-Cultural:
Correlação negativa em termos de prevalência;
Fatores comportamentais formam o diferencial.
Condições de Saúde/Doença Periodontal - 15/19 anos
Indonésia – 100%
Egito – 100%
Uruguai – 99%
China – 97%
Chile – 95%
Holanda – 94%
Índia – 94%
Alemanha – 93%
Ghana – 91%
Inglaterra – 88%
Japão – 88%
Lesotho – 85%
Argélia – 84%
Canadá – 83%
USA – 83%
Tanzânia – 82%
Portugal – 79%
Turquia – 74%
Paquistão – 74%
Brasil – 70%
Condições de Saúde/Doença Periodontal - 35/44 anos
Alemanha – 100%
Egito – 100%
China – 100%
Japão – 100%
Austrália – 100%
Hong Kong – 100%
Zaire – 99%
Indonésia – 99%
Tailândia – 99%
Índia – 98%
Itália – 97%
Portugal – 97%
Turquia – 97%
Ghana – 96%
USA – 94%
Holanda – 94%
Inglaterra – 94%
Tanzânia – 94%
Uruguai – 94%
Brasil – 88%
Indicadores de Doença Periodontal
Índice de Placa Visível (IPV)
Índice de Sangramento Gengival (ISG)
Índice Periodontal Comunitário (IPC)
Índice de Higiene Oral Simplificado (IHOS)
Índice de Placa Visível(IPV)
Indice de Sangramento Gengival(ISG)
Proposto por Ainamo & Bay (1975) para verificar a presença ou ausência de doença
periodontal.
Observa-se a presença de placa visível por dente, e percorre-se a sonda periodontal
suavemente no sulco gengival de todos os dentes presentes e observa-se se houve ou
não sangramento.
Não existe a preocupação de quantificar o sangramento, pois a noção básica é que se
houver sangramento, existe a doença periodontal e também a necessidade de
tratamento.
Os resultados são colocados como número de dentes afetados em percentagem pelo
número de dentes examinados
IPV=
número de faces com placa X 100
número total de faces (dentes X 5)
ISG=
número de faces sangrantes X 100
número total de faces (dentes X 4)
Índice Periodontal Comunitário (IPC)
Anteriormente denominado de CPITN, foi proposto por Ainamo et al.(1982) para a
Organização Mundial de Saúde.
Este índice avalia a necessidade de tratamento periodontal, que vai desde, adequada
instrução de higiene oral até uma combinação de instrução de higiene oral,
raspagem e alisamento radicular e cirurgia periodontal.
Utiliza-se uma sonda periodontal padronizada e específica.
No IPC a boca é dividida em sextantes:
Maxilar: direito, anterior e esquerdo.
Mandibular: direito, anterior e esquerdo.

Apenas a pior condição de cada sextante deve ser anotada.
O exame só pode ser realizado com 2 ou mais dentes presentes no sextante e que não
estejam indicados para extração.
Escores para Diagnóstico
Zero: Periodonto saudável, sem sinais de enfermidade.
Um: Presença de sangramento gengival após exploração suave.
Dois: Presença de cálculo supra ou sub-gengival.
Três: Presença de bolsa periodontal patológica, com profundidade entre 4-5 mm.
Quatro: Presença de bolsa periodontal patológica, com 6 mm ou mais de
profundidade.
Nulo: Ausência do dente-índice no sextante (menos de 2 dentes com função)
Escores para Necessidades
TN0 (cód. 0): Não necessita tratamento periodontal.
TN1 (cód. 1): Necessita instrução sobre higiene bucal.
TN2 (cód. 2 + 3): Necessita raspagem e alisamento radicular em adição à instrução
em higiene bucal, incluindo a eliminação de placa retentiva nas margens das
restaurações e coroas.
TN3 (cód. 4) : Necessita tratamento periodontal complexo (cirúrgico), em adição aos
procedimentos descritos anteriormente.
Prevenção da doença Periodontal
A associação causal direta entre a colonização bacteriana sobre a superfície dentária
e a destruição da inserção dentária pela inflamação tem sido demonstrada
claramente.
A taxa de destruição varia consideravelmente de uma pessoa para outra e, até
mesmo, de uma área para a área seguinte na mesma boca, na dependência
principalmente das diferenças individuais na resposta tecidual à irritação
bacteriana.
Lindhe,J.
Níveis de prevenção
Primeiro Nível: Promoção de Saúde
Nutrição
Caráter físico da dieta
Oclusão normal
Segundo Nível: Proteção Específica
Controle da Placa Bacteriana
Profilaxia Bucal Periódica
Prevenção da Cárie Dentária
Odontologia Restauradora de Alto Padrão
Controle da Placa Bacteriana
Educação do Paciente
Métodos auxiliares: Filmes Educativos,
Folhetos, Cartilhas
Evidenciadores.
Método Principal: Ensino direto na boca.
Ramfjord & Ash
Agentes evidenciadores
Eritrosina
Fucsina
Verde Malaquita
Azul de Metileno
Marrom de Bismark
Violeta de Genciana
Remoção Mecânica da Placa
Técnicas de Escovação:
Rotatória
Vertical
Deslizamento
Bass
Charters
Stillman (vibratória)
Horizontal (fricção)
Não existe evidência que possa provar a superioridade de um método de escovação
dentária em relação a outro. Todos eles, quando corretamente empregados e
regularmente executados demonstram manter e melhorar a saúde gengival.
ESCOVAS DENTÁRIAS (ADA)
Possuir cabo reto e ponta ativa pequena, sem angulação;
Cerdas de nylon com extremidades arredondadas;
Diâmetro das cerdas: 0,017 cm;
Comprimento das cerdas: 1,03 cm;
3 x 9 fileiras de tufos;
Cada tufo deve conter 80 cerdas em média.
Técnica de Bass
Indicação: pacientes com periodonto sadio e/ou com doença periodontal.
Posição da escova: 45° em relação ao eixo do dente. As cerdas são introduzidas no
sulco gengival.
Técnica: movimentos curtos, vibratórios, horizontais.
Higienização Interdental
Fio ou Fita Dental
Super Floss
Escovas interdentárias
APARELHOS DE IRRIGAÇÃO
São meios auxiliares especiais;
não substituem a limpeza com escova + fio dental; aumentam a
motivação do paciente.
ESCOVAS ELÉTRICAS
Devem ser utilizadas por pacientes
com necessidades especiais,
principalmente aqueles com
dificuldades motoras.
Controle Químico da Placa
Avaliação dos agentes antimicrobianos:
Especificidade
Eficácia
Substantividade
Segurança
Estabilidade
ESPECIFICIDADE
Antimicrobianos utilizados para infecções sérias de caráter geral não devem ser
utilizados para o controle local da placa.
EFICÁCIA
O agente antimicrobiano selecionado deve ser eficaz contra os microorganismos
implicados na etiologia da doença periodontal.
SUBSTANTIVIDADE
É uma medida do tempo de contato que une a substância com o substrato num dado
meio. Necessidade de tempo para inibir ou eliminar um microorganismo.
SEGURANÇA
Substâncias devem ser testadas experimentalmente antes do emprego clínico. Os
efeitos colaterais devem ser investigados.
ESTABILIDADE
Os agentes antimicrobianos devem ser estáveis à temperatura ambiente por um
tempo considerável
Classificação dos Antimicrobianos
Antibióticos - Enzimas - Antissépticos
Os antibióticos e as enzimas, mostraram-se incapazes de serem utilizados na prática
clínica diária.
Os diversos mecanismos de adesão interbacteriana e o desequilíbrio da flora
bacteriana contra-indicam sua utilização.
Os antissépticos são os mais utilizados por causarem menos risco à saúde e por
cumprirem com eficiência o seu papel.
Clorexidina
O Digluconato de Clorexidina é a substância química mais efetiva no controle de
placa, exibindo excelentes resultados em estudos de curta e longa duração.
MECANISMO DE AÇÃO
É ativa contra microorganismos gram positivos, negativos, leveduras e fungos
(cândida);
Possui natureza altamente catiônica, o que dá afinidade pela parede celular,
alterando as estruturas da superfície;
O equilíbrio osmótico é perdido, impossibilitando o reparo da parede celular.
APLICAÇÕES CLÍNICAS: Bochechos, irrigadores, gél e dentifrícios.
EFEITOS COLATERAIS: Formação de pigmentação extrínseca amareloacastanhada nos dentes e na língua, gosto amargo e alteração do paladar.
NOMES COMERCIAIS: Colgate Periogard®, Hibitane®, Gelplak®, Duplak®,
Chlorzoin®, Cervitec® e Perioxidin®.
Terceiro Nível: Diagnóstico Precoce e Tratamento Imediato
Terapia Básica
Raspagem e alisamento radicular
Desgaste seletivo (balanceio oclusal)
Correção de fatores sistêmicos
Quarto Nível: Limitação do Dano
Terapia Complementar
Gengivectomias
Cirurgias muco-gengivais
Osteostomia - Osteoplastia
Enxertos - Regeneração Tecidual Guiada
Gengivectomia
Quinto Nível - Reabilitação
Reabilitação Oral
Prótese Total
Dúvidas???
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