X- Doença Periodontal Entende-se por doença periodontal um conjunto de condições inflamatórias, de caráter crônico e de origem bacteriana, que se inicia afetando o tecido gengival e pode levar, com o tempo, à perda dos tecidos de suporte dos dentes. Doença Periodontal É o conjunto de alterações que afetam os tecidos de sustentação do elemento dentário. Gengiva Ligamento Periodontal Cemento Radicular Osso Alveolar Anatomia Dental Gengiva Condições normais: firme, de cor rosa pálido, opaca, com textura irregular recoberta de pontilhado semelhante à casca de laranja. Gengiva: Livre Marginal: recobre a porção cervical dos dentes. Papilar: protege e preenche os espaços interproximais. Inserida: estende-se como faixa contínua sobre as arcadas dentárias entre a gengiva livre e a junção mucogengival. Ligamento Periodontal Tecido conjuntivo frouxo, que circunda as raízes dos dentes e une o cemento radicular ao osso alveolar propriamente dito. Cemento radicular Tecido mineralizado especializado que cobre as superfícies radiculares, isento de vasos sanguíneos e linfáticos, sem inervação e que insere as fibras do ligamento periodontal à raiz. Osso Alveolar É a parte da maxila e mandíbula que forma e dá suporte aos alvéolos dentários. Funções do Periodonto Ligar o dente ao seu alojamento ósseo; Suportar as forças geradas pela mastigação, fonação e deglutição; Manter a integridade da superfície do corpo, separando o meio-ambiente externo do interno; Defesa contra as influências ambientais externas nocivas, presentes na cavidade bucal. História Natural da Doença Periodontal Gengivites Gengivite leve, moderada ou severa. Características Clínicas: Mudança na coloração gengival: vermelhidão Perda do granulado: lisa e brilhante Aumento de volume: edema inflamatório Consistência alterada: flacidez Morfologia irregular Presença de sangramento após estímulo Ulceração, necrose, exsudato e dor. Periodontite Leve - Moderada - Avançada A inflamação gengival invade o ligamento periodontal, dando início à formação de bolsa periodontal. Pode ser crônica ou agressiva. Características clínicas: perda da inserção conjuntiva bolsa periodontal sangramento, exsudato e abscesso mobilidade e migração patológica dos dentes destruição óssea progressiva retração gengival e perda da unidade papilar halitose e dor perda de função Etiologia da Doença Periodontal Fatores Locais Higiene bucal inadequada Irritações/Trauma Fatores iatrogênicos Aparelhos ortodônticos e protéticos Fatores Predisponentes Morfologia do Periodonto Forma do dente e do arco Inclinação axial do dente Espessura das margens ósseas Relação frouxa de contato Fatores modificantes Doenças sistêmicas Stress emocional Má-nutrição Fatores hormonais Lesões dermatológicas (lúpus eritematoso sistêmico) Fumo Biofilme Bacteriano É um depósito bacteriano renovável, composto por diferentes espécies bacterianas. Experimentos clássicos têm demonstrado que o acúmulo bacteriano sobre os dentes induz uma resposta inflamatória nos tecidos gengivais. O termo biofilme descreve uma comunidade microbiana indefinida associada à superfície do dente, que em seus níveis mais inferiores é composto por uma densa camada de microorganismos unidos a uma matriz de polissacarídeos e demais componentes orgânicos e inorgânicos. Epidemiologia da Doença Periodontal Prevalência: Alta prevalência em todo o mundo; Indicadores demonstram resultados acima de 90%; Pequenas variações de resultados: metodologia diferente. Idade: A ocorrência da doença independe da idade; É observável em todas as faixas etárias. Severidade: Correlação positiva entre idade e severidade; Necessidades acumuladas agravam a doença. Sexo: Estudos mostram pequenas variações; Homens e mulheres são afetados de igual forma. Grupo Étnico: Poucos relatos cruzando grupo étnico x prevalência. Nível Sócio-Econômico-Cultural: Correlação negativa em termos de prevalência; Fatores comportamentais formam o diferencial. Condições de Saúde/Doença Periodontal - 15/19 anos Indonésia – 100% Egito – 100% Uruguai – 99% China – 97% Chile – 95% Holanda – 94% Índia – 94% Alemanha – 93% Ghana – 91% Inglaterra – 88% Japão – 88% Lesotho – 85% Argélia – 84% Canadá – 83% USA – 83% Tanzânia – 82% Portugal – 79% Turquia – 74% Paquistão – 74% Brasil – 70% Condições de Saúde/Doença Periodontal - 35/44 anos Alemanha – 100% Egito – 100% China – 100% Japão – 100% Austrália – 100% Hong Kong – 100% Zaire – 99% Indonésia – 99% Tailândia – 99% Índia – 98% Itália – 97% Portugal – 97% Turquia – 97% Ghana – 96% USA – 94% Holanda – 94% Inglaterra – 94% Tanzânia – 94% Uruguai – 94% Brasil – 88% Indicadores de Doença Periodontal Índice de Placa Visível (IPV) Índice de Sangramento Gengival (ISG) Índice Periodontal Comunitário (IPC) Índice de Higiene Oral Simplificado (IHOS) Índice de Placa Visível(IPV) Indice de Sangramento Gengival(ISG) Proposto por Ainamo & Bay (1975) para verificar a presença ou ausência de doença periodontal. Observa-se a presença de placa visível por dente, e percorre-se a sonda periodontal suavemente no sulco gengival de todos os dentes presentes e observa-se se houve ou não sangramento. Não existe a preocupação de quantificar o sangramento, pois a noção básica é que se houver sangramento, existe a doença periodontal e também a necessidade de tratamento. Os resultados são colocados como número de dentes afetados em percentagem pelo número de dentes examinados IPV= número de faces com placa X 100 número total de faces (dentes X 5) ISG= número de faces sangrantes X 100 número total de faces (dentes X 4) Índice Periodontal Comunitário (IPC) Anteriormente denominado de CPITN, foi proposto por Ainamo et al.(1982) para a Organização Mundial de Saúde. Este índice avalia a necessidade de tratamento periodontal, que vai desde, adequada instrução de higiene oral até uma combinação de instrução de higiene oral, raspagem e alisamento radicular e cirurgia periodontal. Utiliza-se uma sonda periodontal padronizada e específica. No IPC a boca é dividida em sextantes: Maxilar: direito, anterior e esquerdo. Mandibular: direito, anterior e esquerdo. Apenas a pior condição de cada sextante deve ser anotada. O exame só pode ser realizado com 2 ou mais dentes presentes no sextante e que não estejam indicados para extração. Escores para Diagnóstico Zero: Periodonto saudável, sem sinais de enfermidade. Um: Presença de sangramento gengival após exploração suave. Dois: Presença de cálculo supra ou sub-gengival. Três: Presença de bolsa periodontal patológica, com profundidade entre 4-5 mm. Quatro: Presença de bolsa periodontal patológica, com 6 mm ou mais de profundidade. Nulo: Ausência do dente-índice no sextante (menos de 2 dentes com função) Escores para Necessidades TN0 (cód. 0): Não necessita tratamento periodontal. TN1 (cód. 1): Necessita instrução sobre higiene bucal. TN2 (cód. 2 + 3): Necessita raspagem e alisamento radicular em adição à instrução em higiene bucal, incluindo a eliminação de placa retentiva nas margens das restaurações e coroas. TN3 (cód. 4) : Necessita tratamento periodontal complexo (cirúrgico), em adição aos procedimentos descritos anteriormente. Prevenção da doença Periodontal A associação causal direta entre a colonização bacteriana sobre a superfície dentária e a destruição da inserção dentária pela inflamação tem sido demonstrada claramente. A taxa de destruição varia consideravelmente de uma pessoa para outra e, até mesmo, de uma área para a área seguinte na mesma boca, na dependência principalmente das diferenças individuais na resposta tecidual à irritação bacteriana. Lindhe,J. Níveis de prevenção Primeiro Nível: Promoção de Saúde Nutrição Caráter físico da dieta Oclusão normal Segundo Nível: Proteção Específica Controle da Placa Bacteriana Profilaxia Bucal Periódica Prevenção da Cárie Dentária Odontologia Restauradora de Alto Padrão Controle da Placa Bacteriana Educação do Paciente Métodos auxiliares: Filmes Educativos, Folhetos, Cartilhas Evidenciadores. Método Principal: Ensino direto na boca. Ramfjord & Ash Agentes evidenciadores Eritrosina Fucsina Verde Malaquita Azul de Metileno Marrom de Bismark Violeta de Genciana Remoção Mecânica da Placa Técnicas de Escovação: Rotatória Vertical Deslizamento Bass Charters Stillman (vibratória) Horizontal (fricção) Não existe evidência que possa provar a superioridade de um método de escovação dentária em relação a outro. Todos eles, quando corretamente empregados e regularmente executados demonstram manter e melhorar a saúde gengival. ESCOVAS DENTÁRIAS (ADA) Possuir cabo reto e ponta ativa pequena, sem angulação; Cerdas de nylon com extremidades arredondadas; Diâmetro das cerdas: 0,017 cm; Comprimento das cerdas: 1,03 cm; 3 x 9 fileiras de tufos; Cada tufo deve conter 80 cerdas em média. Técnica de Bass Indicação: pacientes com periodonto sadio e/ou com doença periodontal. Posição da escova: 45° em relação ao eixo do dente. As cerdas são introduzidas no sulco gengival. Técnica: movimentos curtos, vibratórios, horizontais. Higienização Interdental Fio ou Fita Dental Super Floss Escovas interdentárias APARELHOS DE IRRIGAÇÃO São meios auxiliares especiais; não substituem a limpeza com escova + fio dental; aumentam a motivação do paciente. ESCOVAS ELÉTRICAS Devem ser utilizadas por pacientes com necessidades especiais, principalmente aqueles com dificuldades motoras. Controle Químico da Placa Avaliação dos agentes antimicrobianos: Especificidade Eficácia Substantividade Segurança Estabilidade ESPECIFICIDADE Antimicrobianos utilizados para infecções sérias de caráter geral não devem ser utilizados para o controle local da placa. EFICÁCIA O agente antimicrobiano selecionado deve ser eficaz contra os microorganismos implicados na etiologia da doença periodontal. SUBSTANTIVIDADE É uma medida do tempo de contato que une a substância com o substrato num dado meio. Necessidade de tempo para inibir ou eliminar um microorganismo. SEGURANÇA Substâncias devem ser testadas experimentalmente antes do emprego clínico. Os efeitos colaterais devem ser investigados. ESTABILIDADE Os agentes antimicrobianos devem ser estáveis à temperatura ambiente por um tempo considerável Classificação dos Antimicrobianos Antibióticos - Enzimas - Antissépticos Os antibióticos e as enzimas, mostraram-se incapazes de serem utilizados na prática clínica diária. Os diversos mecanismos de adesão interbacteriana e o desequilíbrio da flora bacteriana contra-indicam sua utilização. Os antissépticos são os mais utilizados por causarem menos risco à saúde e por cumprirem com eficiência o seu papel. Clorexidina O Digluconato de Clorexidina é a substância química mais efetiva no controle de placa, exibindo excelentes resultados em estudos de curta e longa duração. MECANISMO DE AÇÃO É ativa contra microorganismos gram positivos, negativos, leveduras e fungos (cândida); Possui natureza altamente catiônica, o que dá afinidade pela parede celular, alterando as estruturas da superfície; O equilíbrio osmótico é perdido, impossibilitando o reparo da parede celular. APLICAÇÕES CLÍNICAS: Bochechos, irrigadores, gél e dentifrícios. EFEITOS COLATERAIS: Formação de pigmentação extrínseca amareloacastanhada nos dentes e na língua, gosto amargo e alteração do paladar. NOMES COMERCIAIS: Colgate Periogard®, Hibitane®, Gelplak®, Duplak®, Chlorzoin®, Cervitec® e Perioxidin®. Terceiro Nível: Diagnóstico Precoce e Tratamento Imediato Terapia Básica Raspagem e alisamento radicular Desgaste seletivo (balanceio oclusal) Correção de fatores sistêmicos Quarto Nível: Limitação do Dano Terapia Complementar Gengivectomias Cirurgias muco-gengivais Osteostomia - Osteoplastia Enxertos - Regeneração Tecidual Guiada Gengivectomia Quinto Nível - Reabilitação Reabilitação Oral Prótese Total Dúvidas???