EVOLUÇÃO GEOQUÍMICA DOS MAGMAS NEFELINA SIENÍTICOS DOS COMPLEXOS INTRUSIVOS DE TANGUÁ E RIO BONITO, RJ: CRISTALIZAÇÃO FRACIONADA OU ASSIMILAÇÃO DA CROSTA CONTINENTAL ? Akihisa Motoki 1 ([email protected]); Thais Vargas 1; Woldemar Iwanuch 1; José Ribeiro Aires 2 ; Alex Balmant 1; Juliana Gonçalves 1; Nina Rocha 1 1 Mineralogia e Petrologia Ígnea, FGEL/UERJ - Rio de Janeiro; 2 ABAST/PETROBRAS Os complexos intrusivos de rochas alcalinas félsicas de Tanguá e Rio Bonito situam-se na região centro-leste do Estado do Rio de Janeiro, constituindo parte do segmento SE do alinhamento do magmatismo alcalino de Poços de Caldas - Cabo Frio. Estes corpos intrusivos são formados principalmente por nefelina sienito com eventuais ocorrências de fonolito e brecha de conduto subvulcânico. Na borda ocidental do corpo intrusivo de Tanguá, encontrase pseudoleucita sienito e na borda sul uma zona de hidrotermalismo e uma mineralização de fluorita. Foram analisadas 34 amostras de rochas alcalinas de Tanguá e Rio Bonito por fluorescência de raios X. As rochas são caracterizadas pelo alto valor de Na2O+K2O em relação ao SiO2 e alto teor de K2O em relação ao Na2O. Elas são altamente félsicas, com o índice de diferenciação (D.I., a soma de minerais félsicos normativos) com média de 91,57. Apesar do alto D.I. o teor de SiO2 é baixo, situando-se na faixa de 55,35% a 63,57%. No diagrama Na2O+K2O v.s. Al2O3 cerca da metade das rochas coloca-se no campo peralcalino, enquanto que, a outra metade, localiza-se no campo subalcalino-subaluminoso (meta-aluminoso). A maioria delas possui alto teor de nefelina normativa, embora nenhuma apresente acmita normativa. Apesar de que a maioria das rochas seja fortemente subsaturada e moderadamente peralcalina, foram encontradas algumas rochas com quartzo e/ou coríndon normativos. Os dados plotados em diagramas de variação SiO2 v.s. Mg#, SiO2 v.s. FeO* não se enquadram num modelo consistente de evolução magmática. Por outro lado, o diagrama de CaO v.s. FeO* indica que deve ocorrer a cristalização de clinopiroxênio e/ou anfibólio. Os diagramas Al2O3 v.s. K2O e Al2O3 v.s. Na2O sugerem respectivamente a cristalização feldspato alcalino potássico e feldspato alcalino sódico e/ou nefelina. Os dados plotados no diagrama CaO v.s.Al2O3 não apresentam uma boa correlação, ficando a cristalização do plagioclásio pouco evidente. Os diagramas de TiO2 v.s. FeO* e TiO2 v.s.CaO exibem boas correlações dos dados, apontando a cristalização da ilmenita e da titanita. Não é possível extrair nenhuma informação sobre o magma primário das rochas alcalinas félsicas com base nos dados dos elementos principais. No entanto, é possível admitir com base no diagrama ternário do sistema de SiO2-NaAlSiO4-KAlSiO4 que o magma inicial relativamente pouco fracionado era potássico e tinha leucita normativa. Assim, através da cristalização da leucita, o magma evoluiu na direção da curva cotética. E ao longo da curva cotéctica, ocorreu a cristalização do feldspato alcalino de composição relativamente potássica sob a pressão de H2O na faixa de 0,6 a 0,8 kb e, o magma residual evoluiu de potássico para sódico. A variação geoquímica das rochas ocorreu principalmente neste estágio. Existem algumas rochas cuja composição se localiza na proximidade da barreira térmica. Elas são representadas por álcali sienito e quartzo sienito. Devido à instabilidade termodinâmica, não é possível justificar a presença dessas rochas através do modelo de cristalização fracionada. Desta forma, interpreta-se a origem dessas últimas rochas como provenientes de magmas que assimilaram rochas crustais de composição granítica a granodiorítica. Agradecimentos: PETROBRAS