O Renascimento desenvolve-se em Itália desde finais do séc. XIV. Em Portugal e Espanha só na 3ª década do séc.XVI se inicia a literatura Renascentista. O Renascimento originou profundas transformações sociais, políticas e económicas nos países da Europa. O Humanismo é o fundamento cultural do Renascimento. Consiste no estudo da gramática, da retórica, da poética, da história, da filosofia moral e no conhecimento da língua e culturas latina e grega. Os humanistas do Renascimento acreditavam que estes estudos são a expressão mais autêntica e a salvaguarda mais segura da dignidade humana. Os autores gregos e latinos são admirados como autores modelares pela riqueza e pela perfeição das suas obras. Procura-se o equilíbrio, a simplicidade e a elegância das formas e os grandes géneros literários readquirem o esplendor. Os Lusíadas surgem durante o Renascimento Português. Fontes de Os Lusíadas: Nacionais Literárias: A Castro Trovas à Morte de Inês de Castro Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda Históricas: Crónicas (de Fernão Lopes; Zurara; Rui de Pina; Duarte Galvão; Frei João Álvares) Em André de Resende encontrou o título do poema e em Pedro Nunes (tratado da Esfera) as informações de astronomia que enriquecem o poema. Estrangeiras: Epopeias clássicas (Ilíada; Odisseia; Eneida); Fastos; Metamorfoses; Geórgicas ( sugerem-lhe a dedicatória que não existia nas outras); Orlando Innamorato, de Boiardo; Orlando Furioso; de Ariosto – que lhe fornece a rima em oitavas; Divina Comédia; Bíblia; História de muitos povos orientais; Obras de natureza filosófica e científica; Obras de Garcia da Horta; Obras de Ptolomeu; …/… De todas as fontes a que mais importância teve na estruturação do poema foi, sem dúvida, a obra de Virgílio. Assim: A Dedicatória assenta nas Geórgicas (e Fastos, de Ovídio); A divisão em Proposição, Invocação (Dedicatória) e Narração (coincidindo o início desta com o meio da acção, como preceituavam os cânones da epopeia) é comum ao poema latino; As súplicas de Vénus a Júpiter, no canto II, têm paralelo na Eneida; As profecias de Júpiter são de um e de outro poema; A tempestade do Poema de Virgílio sugere a de Camões, no Canto VI; A recepção de Vasco da Gama pelo rei de Melinde e consequente narrativa histórica tem correspondência na recepção de Eneias por Dido e consequente narração da História dos Troianos feita por aquele; Na introdução do maravilhoso pagão, deuses contrariam e favorecem num e noutro poema; Baco – o anjo mau dos Portugueses – equipara-se a Juno, a perseguidora dos Troianos; Júpiter e Vénus protegem os heróis nos dois poemas; Semelhantes às profecias de Anquises, nos Infernos, no Canto VI da Eneida, são as de Tétis, no Canto X, na Ilha dos Amores; O sonho de D. Manuel tem ressonâncias do sonho de Eneias; Inês de Castro aproxima-se da figura de Cassandra;a Fama que Virgílio apresenta no Canto IV aparece no Canto IX do Poema nacional, e sugere as estrofes do Canto II em que anuncia a recepção de Melinde. A tudo isto Camões comunicou um saber feito de experiência misturado com sofrimento e indiscutível amor à Pátria. “Não me falta na vida honesto estudo Com longa experiência misturado Nem engenho que aqui vereis presente, Coisas que juntas se acham raramente.” Canto X