RCC - Ministério de formação - Apostila - 4

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RENOVAÇÃO CARISMÁTICA
CATÓLICA - BRASIL
SECRETARIA PAULO APÓSTOLO
ORAÇÃO: CAMINHO DE
SANTIDADE
MÓDULO BÁSICO
APOSTILA 4
AUTORES:
Helena Lopez Rios Machado
Maria Lucia Vianna
Ronaldo José de Sousa
SUMÁRIO
Apresentação
Capítulo I – Oração, caminho de santidade
Capítulo II – Oração na vida cristã
Capítulo III – As formas da oração
Capítulo IV – Oração pessoal
Capítulo V – A oração de Jesus
Capítulo VI – A oração da Igreja
Bibliografia
APRESENTAÇÃO
Este conjunto de ensinos quer aprofundar o estudo a respeito da vida de oração, instrumento
para se percorrer um verdadeiro e seguro caminho de santidade. O objetivo é revitalizar em cada
participante do Grupo de Oração e, por extensão, nele mesmo enquanto dimensão de oração
comunitária, a compreensão acerca da necessidade da oração no dia-a-dia, como condição para o
crescimento espiritual.
O texto está dividido em seis capítulos. No primeiro deles (Oração: caminho de santidade)
procuramos conceituar a oração e fazer indicações de sua necessidade e eficácia no processo de
santificação. No segundo (Oração na vida cristã) indicamos, em acordo com o Catecismo da Igreja
Católica, os caminhos e as fontes da oração cristã. No terceiro (As formas da oração), enumeramos
e cometamos as formas de oração. Por causa do tamanho desse capítulo, recomendamos que seja
dividido em dois ensinos, quando estiver sendo ministrado o conteúdo da apostila. No quarto
capítulo (Oração pessoal), discorremos sobre os principais elementos que envolvem a caminhada
da vida de oração pessoal. O capítulo quinto (A oração de Jesus) apresenta o Jesus orante e comenta
o Pai-Nosso. Por fim, fazemos no sexto capítulo (A oração da Igreja) algumas observações
fundamentais acerca da Liturgia das Horas, do Ano Litúrgico e do Terço.
Recomendamos a aplicação de dinâmicas após cada ensino, de acordo com o seu conteúdo
e público alvo. Sugerimos as seguintes:
a) Oração Pessoal – tempo de oração pessoal. Insistir no recolhimento, buscando não ficar
conversando, mas sim, em silêncio. Deve-se exortar à interiorização e à intimidade com
Deus. Na oração deve-se anotar o que o Senhor inspirou e quais as dificuldades
encontradas.
b) Jardim – tempo de meditação pessoal sobre o que foi proposto no ensino.
c) Grupos – devem ser orientados grupos 2 a 2 ou mesmo de mais pessoas, para crescimento
mútuo sobre o que foi ouvido no ensino.
d) Tendas – formar grupo de 5 pessoas para orar e pedindo o batismo no Espírito Santo.
Os temas a serem desenvolvidos estão apresentados em conteúdo e resumo (esquema). O
formador deve tomar o cuidado com o fator tempo para que o ensino fique bem motivado. Deve
procurar resumir os conteúdos e possibilitar ao máximo a experiência.
Agradecemos sinceramente a colaboração do padre Francisco de Assis da Silva (Diocese
de Cajazeiras-PB) e da professora Flaviana de Oliveira Pereira, pelo esforço que desprenderam
nas revisões teológica e técnica respectivamente. Esperamos, enfim, que o esforço desprendido na
elaboração dessa apostila possa ser fecundo na formação dos irmãos de todos os lugares e
situações.
Deus abençoe a todos.
OS AUTORES
CAPÍTULO I
ORAÇÃO: CAMINHO DE SANTIDADE
1. Introdução
A vontade de Deus é que todos sejam puros e santos. “Esta é a vontade de Deus: a vossa
santificação; que eviteis a impureza; pois Deus não nos chamou para a impureza, mas para a
santidade” (1 Tss 4, 3.7).
A essência de Deus é a santidade, e todos podem se aproximar d’Ele na medida em que
respondem ao Seu chamado. A iniciativa é sempre de Deus, que dá o desejo e a graça de se
aproximar d’Ele.
2. Santidade
Santidade é a finalidade da obra salvífica de Jesus, é o caminho que todos são convidados
a percorrer, seguindo o estilo de vida próprio de cada um.
A Igreja orienta que “todos os fiéis cristãos são convidados e obrigados a procurar a
santidade e a perfeição do próprio estado”.[1] Esta participação brota do batismo quando os fiéis
são mergulhados na graça de Deus, morrendo para o pecado e ressurgindo com Cristo Jesus. Com
o batismo, ele readquire a graça santificante, que o torna capaz de crer e amar a Deus através das
virtudes teologais: fé, esperança e caridade, que constituem o alicerce da vida cristã. “A vocação
à santidade mergulha suas raízes no Batismo e volta a ser proposta pelos sacramentos, sobretudo
a Eucaristia; revestidos de Jesus Cristo, impregnados por seu Espírito, os cristãos são ‘santos’ e
por isso habilitados e empenhados em manifestar a santidade do seu ser”.[2]
Santo é aquele que busca fazer a vontade de Deus; é aquele que é separado do mundo,
embora no mundo, para uma vida consagrada a Deus; “porque és um povo consagrado ao Senhor,
teu Deus, o qual te escolheu para seres o seu povo, sua propriedade exclusiva, entre todas as outras
nações da terra” (Dt 7, 6).
Este chamado, esta escolha de Deus leva o cristão a ter uma vida de vigilância com o
objetivo de estar sempre em busca de Sua face, para uma transformação interior. O grande amor
de Deus é que gera todas essas coisas. São João diz em sua Primeira Carta (4, 16): “Deus é Amor
e quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele”. Esta permanência é decorrente da
perseverança, quando frutifica a semente principal: o amor.
Alguns são os meios e caminhos para chegar a esse aperfeiçoamento. A palavra da Igreja
orienta que “cada fiel deve voluntariamente ouvir a palavra de Deus e com auxílio de Sua graça
cumprir por obras Sua vontade, participar freqüentemente dos sacramentos, sobretudo da
Eucaristia, e das sagradas ações, aplicar-se constantemente à oração, à abnegação de si mesmo,
ao serviço fraterno atuante e ao exercício de todas as virtudes. Pois a caridade como vínculo de
perfeição e plenitude da lei (cf. Cl 3,14; Rm 13,10), rege, informa e conduz ao fim todos os meios
de santificação”.[3]
Portanto, a vida de oração constante é um meio eficaz pelo qual se caminha rumo à
santidade.
3. O que é a oração
A oração é um dos caminhos para uma vida nova, pois oração é comunicação com Deus.
É um diálogo de uma relação viva e pessoal. O orante fala com Deus e Ele responde; Ele fala com
o orante e este responde adequadamente.
O fundamento da oração é duplo: na ordem da criação, o fiel é dependente e na ordem da
graça é filho. A essência da oração é a atividade do amor. Santa Teresinha diz que: “a oração é um
impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no
meio da provação ou no meio da alegria”.[4] O coração voltado ao Senhor, cada vez mais
plenificado pelo seu amor; deixa o fiel totalmente livre para poder elevar a alma a Deus ou pedir
bens convenientes.[5]
Jesus diz que Ele é a Videira e que cada um está ligado a Ele como ramo (cf. Jo 15, 3). Se
o ramo não permanecer ligado à Videira, murchará e morrerá. Jesus é a fonte que supre todas as
necessidades da vida do fiel orante.
“Permanecei em mim, e Eu permanecerei em vós” (Jo 15,4). Permanecer no Senhor, viver
na presença do Senhor, estar ligado ao Senhor na mente, no coração e no espírito é graça que o fiel
recebe porque “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5b).
Acima de tudo, a oração é relacionamento filial, em que a pessoa se encontra com Deus
para estabelecer um diálogo de amor. Não se pode crescer na vida de oração sem a acomodação
da verdadeira imagem do Pai, revelada por Jesus e comunicada pelo Espírito Santo. A oração não
é predominantemente metódica nem deve ser encarada como uma obrigação árida e desprovida de
significado. A relação com o Senhor deve ser paternal e não patronal. Santa Teresa afirma que a
oração “não é, a meu parecer, (...) senão tratar de amizade - estando muitas vezes a sós - com quem
sabemos que nos ama” (Santa Teresa).[6]
É necessário, portanto, absorver a imagem misericordiosa, amorosa e benevolente de Deus.
Assim Ele o é. Relaciona-se com os homens dessa forma e quer transformar a vida de oração dos
seus filhos em verdadeiro espaço de crescimento espiritual e humano.
Muitas pessoas constroem uma imagem negativa de Deus, assim como o fazem de si
mesmos e dos outros. As vezes a imagem paterna de Deus acaba sendo distorcida por causa da
experiência familiar, marcada por traumas e frustrações. Isso pode transformar a oração numa
“coisa aprendida por rotina” (cf. Is 29, 13c), uma relação marcada pelo medo e a desconfiança[7]
ou uma prática intimista, pela qual a pessoa se centraliza nela mesma, foge de suas necessidades
interiores mais profundas e se detém sempre nas suas preocupações mais latentes (emprego, filhos,
carências, etc), sem dirigir sua inteligência e vontade à vivência do senhorio de Cristo.
Para usufruir uma vida de oração saudável e frutuosa, é necessário perceber que Deus não
é:
a) Egoísta – quer tudo para Ele; exige da pessoa que não peque, que lhe sirva, sem considerar as
limitações de cada um;
b) Indiferente – desconsidera os pedidos e orações que não são “do seu interesse”;
c) Castigador – está sempre pronto a punir os erros cometidos;
d) Distante – está no céu e o homem na terra, como se houvesse um longo caminho entre um e
outro.
Mas também Deus não é escravo do homem, ou seja, alguém todo poderoso que está
sempre disposto a satisfazer as vontades humanas. Deus é Pai e, como tal, educa o orante num
maravilhoso processo de purificação das paixões e adequação à mentalidade do Evangelho. Isso
plenifica a pessoa e a estabelece como referencial profético de santidade, na medida em que os
frutos da vida de oração vão se fazendo perceber em sua vida.
Somente quem ama o Pai e nele confia, consentirá que Ele interfira na vida,
transformando-a, redimensionando-a de acordo com a via de santidade. Aqui, a vida de oração
começa e acontece efetivamente.
4. Atitudes de oração
Não sendo uma prática meramente intelectual, mas um relacionamento de amor, a vida
de oração exige da pessoa algumas atitudes, capazes de deixá-la com o coração aberto para Deus.
É possível citar:
a) Humildade
É a virtude que revela a consciência da própria fraqueza. Dirigir-se ao Senhor com
humildade é fundamental[8] para que a vida de oração seja autêntica (cf. Mt 15, 21-28); a soberba
e a prepotência diante de Deus tornam a oração improdutiva (cf. Lc 18, 9-14).
b) Sinceridade
O orante deve manifestar ao Senhor o que sente e vive sem disfarces, sem máscaras, sem
tentar esconder as verdadeiras intenções do coração. Deus perscruta o ser do homem, nada lhe é
oculto (cf. Sl 138, 1-15). Esquivar-se de Deus seria assumir a mesma atitude dos primeiros homens,
após o pecado original (cf. Gn 3, 8-10).
c) Desprendimento
Desapego de bens materiais e preocupações egoístas. Quem pauta sua vida de oração
somente sobre os próprios problemas e dificuldades, sem se abrir ao que Deus quer construir além
deles, permanecerá na superficialidade. É necessário buscar o Senhor e Sua vontade e não se
prender a sonhos e desejos pessoais (cf. 1 Rs 3, 4-15; Tg 4, 3).
d) Confiança
Nesse caso, trata-se da segurança interior quanto à presença e ação de Deus. O orante
deve confiar no Senhor sem reservas, sem jamais desconfiar do Seu amor e cuidado (Cf. Lc 11,
11-13; 1 Rs 18, 20-40).
e) Temor
Sentimento de respeito e reverência ao Senhor. Quem a Ele se dirige, deve fazê-lo com a
consciência clara de Sua grandeza e majestade (cf. Mt 8, 5-10).
5. Conclusão
“Sede santos porque Eu sou Santo” (1 Pe 1, 16). Jesus envia o Espírito Santo para que todos
sejam santos. E o mesmo Espírito ora em cada um sem cessar. A chave da permanência em Deus
é “orar sem cessar” (1Tss 5, 17-18).
Jesus prometeu que aquele que viver unido a Ele, produzirá muitos frutos (cf. Jo 15, 5). Os
frutos refletem uma vida transformada; a vivência do Batismo no Espírito Santo dá condição para
que a pessoa abandone os frutos da carne e saboreie os do Espírito Santo. Assim, a oração não é
apenas um diálogo com Deus, mas um estilo de vida (cf. 1 Tss 5,17).
A vida no Espírito tem por base a vida de oração. Quem quer crescer no conhecimento de
Deus precisa orar. Vários são os momentos, modos e necessidades de orar; mas, antes de orar, é
bom pedir o Espírito Santo, o Espírito de Santidade, “que vem em nosso auxílio porque não
sabemos orar como convém” (Rm 8, 26).
RESUMO
1) Introdução
Santificação – é a vontade de Deus I Tss 4, 3.7
2) Santidade é:
- A essência de Deus
- A finalidade da obra Salvífica de Jesus
- O caminho a que somos chamados a percorrer (cf. LG 42)
Vocação à Santidade – tem raízes no batismo (CRL n. 16)
Ser Santo é aquele que:
- Busca fazer a vontade de Deus
- É separado pelo Senhor
- É consagrado ao Senhor (Dt 7, 6)
Meios e caminhos para alcançar o aperfeiçoamento
- Palavra de Deus
- Participar dos sacramentos
- Aplicar-se constantemente à oração
- Exercício das virtudes
3) O que é oração?
- É um diálogo de uma relação viva e pessoal
- É um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu... (Sta Teresinha do Menino
Jesus)
- É a elevação da alma a Deus (S. João Damasceno)
- É falar com Deus (S. João Crisóstomo)
- É falar da amizade com quem sabemos que nos ama (Santa Teresa)
A essência da oração é a atitude do amor:
João 15,4 – Jesus pede permanência n`Ele
I Tss 5,17-18 – chave da permanência n`Ele, Orar sem cessar
João 15,5b – Sem Ele nada podemos fazer
Vida de Oração Saudável.
- Perceber que Deus é amor
- Permitir que Ele interfira em sua vida
4) Atitudes de Oração
a- Humildade – ser dependente de Deus – Mt 15,21-28
b- Sinceridade – não ter disfarces diante de Deus – Sl 138,1-15
c- Desprendimento – desapego, buscar a vontade de Deus – Tg 4,3
d- Confiança – Segurança quanto à ação de Deus Lc 11,11-13
e- Temor – respeito e reverencia ao Senhor Mt 8,5-10
5) Conclusão:
I Pd 1,16 – Sede Santos porque Eu Sou Santo
João 15,5 – Os frutos refletem uma vida transformada
Vivência do Batismo no Espírito Santo – dá condição para saborear estes frutos.
A vida no Espírito tem por base a Vida de Oração
CAPÍTULO II
A ORAÇÃO NA VIDA CRISTÃ
1
1. Introdução
Orar é conversar com Deus. Mas, a oração deve ser mais do que simples palavras. A oração
é a expressão profunda da alma, uma comunicação real com o Criador. Deve envolver a vida do
fiel de tal maneira que tudo o que fizer se torne um ato de oração.
Para o cristão, tudo o que se faz é para o Senhor. Os afazeres e atividades de rotina, as
conversas e atitudes, os relacionamentos e a vida profissional, tudo deve ser oferecido ao Senhor
como um ato de oração.
2. Oração como dom de Deus
Quando a pessoa recebe Jesus como Salvador e Senhor, nasce espiritualmente, e o Espírito
Santo começa a habitar nela. Jesus disse à Samaritana: “Se conhecesses o dom de Deus” (Jo 4,
10). “A maravilha da oração se revela justamente aí, à beira dos poços aonde vamos procurar nossa
água; é aí que Cristo vem ao encontro de todo ser humano, é o primeiro a nos procurar e é Ele que
pede de beber. Jesus tem sede, seu pedido vem das profundezas do Deus que nos deseja. A oração,
quer saibamos ou não, é o encontro entre a sede de Deus e a nossa. Deus tem sede de que nós
tenhamos sede dele”.[9]
“Tu é que lhe pedirias e Ele te daria água viva” (Jo 4,10). “Nossa oração de pedido é,
paradoxalmente, uma resposta. Resposta à queixa do Deus vivo: ‘Eles me abandonaram, a fonte
de água viva, para cavar para si cisternas furadas!’ (Jr 2, 13), resposta de fé à promessa gratuita da
salvação, resposta de amor à sede do Filho único”.[10]
À medida que experimenta a oração em sua vida, a fé da pessoa torna-se mais forte e o
amor a Deus aumenta. Quanto mais tempo a pessoa ora, tanto mais profundamente poderá
experimentar a dimensão espiritual e nela viver.
3. O caminho da oração[11]
“Não existe outro caminho da oração cristã senão Cristo. Seja a nossa oração
comunitária ou pessoal, vocal ou interior, ela só tem acesso ao Pai se orarmos ‘em nome’ de
Jesus”.[12] É, portanto, o Nome divino de Jesus que contém a “presença que significa”;[13] Por
Ele e por Sua vontade é que o homem deve se dirigir ...
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