ATIVIDADE 1: Escreva algumas palavras com anti- e

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JOGO: Este jogo reproduz a estrutura do jogo feito para a disciplina de Morfologia no
curso Letras-Libras, no material escrito pela mesma professora Maria Cristina. A idéia é
então reaproveitar o programa já feito lá, apenas substituindo as perguntas e as respostas
por essas que se seguem.
Questões:
1. O que é WH in situ?
(a) uma doença que dá em plantas aquáticas. <LINK 1a> Não chuta tão longe!
Este curso é de aquisição de linguagem, não de botânica!
(b) trata-se de uma construção das línguas humanas na qual não se observa o
movimento do sintagma interrogativo para o início da sentença. Essa construção é
possível em português, é obrigatória em chinês e é impossível em inglês. <LINK 1b>
Certíssimo: tudo isso é a mais pura verdade!
(c) trata-se da construção interrogativa mais simples que temos nas línguas e as
crianças aprendendo português começam por ela. <LINK 1c> Errado: apesar da sua
aparência simples, essa construção é sofisticada em termos de sintaxe no português, e
por isso mesmo é a última estrutura que a criança falante nativa de português brasileiro
aprende!
2. O movimento do verbo de I para C se perdeu no português brasileiro.
(a) Verdadeiro < LINK 2a> Verdade mesmo! O português brasileiro tem horror
a todas as estruturas com inversão verbo-sujeito. Apenas em algumas poucas
construções com verbos inacusativos ainda se pode encontrar a ordem de palavras VS;
contudo, é possível mostrar que nessas construções não foi o verbo que se moveu para a
esquerda, mas o sujeito que está à direita desde a estrutura de base, porque é na verdade
o argumento interno do verbo!
(b) Falso < LINK 2b> Não, esta afirmação não está errada. Você pode ficar
iludido pensando que o verbo foi de I para C em construções como “onde foram os
meninos?”, mas a verdade é que essas são construções de falsa inversão, porque nelas o
verbo não se moveu para a esquerda. O que se passa aqui é que o sujeito nunca saiu da
sua posição de base, que é dentro do VP.
3. Um dos argumentos contra a hipótese da aquisição da linguagem por imitação é o
fato de que as crianças fazem certos tipos de erros que seriam inesperados se elas
estivessem apenas imitando os adultos. Por exemplo, é comum as crianças
regularizarem a morfologia irregular nos verbos ou nos nomes nas línguas que possuem
morfologia visível.
(a) Verdadeiro < LINK 3a> Exatamente! Por exemplo, em português, que é
uma língua que exibe morfologia verbal, vemos crianças por volta dos 3 anos dizerem
sistematicamente coisas como eu fazi ou eu di. Essas formas não podem estar sendo
imitadas da fala dos adultos que as rodeiam, já que os adultos não usam essas formas.
(b) Falso < LINK 3b> Não está errado não: produções como eu fazi ou eu di,
formas inexistentes na fala do adulto falante nativo de português (brasileiro), mostram
que a criança, muito além de imitar, está depreendendo regras do que ela recebe como
input dos adultos que a rodeiam. É verdade que ela também imita, mas isso não é tudo
na aquisição.
4. O argumento da pobreza do estímulo se refere fundamentalmente ao fato de que a
criança não tem acesso a um input completo.
(a) Verdadeiro < LINK 4a> Não está certo não! O argumento da pobreza do
estímulo se define fundamentalmente pelo fato de a criança chegar a saber coisas que
não estão presentes no input que ela recebe. Assim, ninguém diz para a criança que a
sentença “Ele disse que o Paulo saiu” não pode significar que o próprio Paulo disse ter
saído, mas esse é um fato da língua dominado por qualquer criança, e é um erro que a
criança nunca faz.
(b) Falso < LINK 4b>. Exato: o argumento da pobreza do estímulo se define
fundamentalmente pelo fato de a criança chegar a saber coisas que não estão presentes
no input que ela recebe. Assim, ninguém diz para a criança que a sentença “Ele disse
que o Paulo saiu” não pode significar que o próprio Paulo disse ter saído, mas esse é
um fato da língua dominado por qualquer criança e é um erro que a criança nunca faz.
5. O casamento entre letras e sons não é perfeito. Há casos de monogamia, é verdade,
onde uma letra e um som se relacionam com exclusividade; mas há casos de poligamia,
isto é, um som que se relaciona com várias letras, e também há casos de poliandria,
quando uma letra se relaciona com vários sons. São exemplos de cada um desses casos:
(a) vatapá e data; cama e máquina; lama e mal <LINK 5a> Isto mesmo! No
primeiro par de exemplos, cada uma das letras se relaciona com um único som; já no
par de exemplos seguinte, “cama” e “máquina”, temos o som [k] representado ora pela
letra “c” (na frente de “a”), ora pelas letras “qu” (na frente de “i”). Finalmente, o último
par de exemplos mostra que a letra “l” ora pode ter o som de [l], quando precede a
vogal, ora pode ter o som de [u], quando segue a vogal.
(b) lá e cal; cama e máquina; lama e mal <LINK 5b> Ôpa! Embora o segundo e
o terceiro conjunto de exemplos estejam perfeitos, o primeiro par de exemplos não é um
exemplo de casamento monogâmico entre letras e sons, porque a letra “l” pode estar
relacionada tanto a [l] (quando precede a vogal) quanto a [u] (quando vem depois da
vogal), isso pra não falar da letra “c”, que tanto pode ter o som de [k], quando precede
as vogais “a”, “o” ou “u”, quanto o som [s], quando precede as vogais “e” e “i”.
(c) vatapá e data; cama e máquina; pata e bata <LINK 5c> Ôpa! Embora os
dois primeiros conjuntos de exemplos estejam perfeitos, o terceiro não exemplifica o
caso da poliandria, isto é, o caso em que temos uma única letra relacionada com vários
sons, porque “p”, “b” e “t” são letras absolutamente monogâmicas!
6. Lyons (1987) identifica várias propriedades, presentes em alto grau nas línguas
humanas, responsáveis por torná-las fundamentalmente diferentes das linguagens
animais. Dentre elas, temos:
(a) a arbitrariedade e a versatilidade. <LINK 6a> Não! A arbitrariedade do
signo lingüístico (isto é, o fato de a relação entre sons e significados ser fruto de uma
convenção entre os falantes) é que garante a versatilidade das línguas humanas, isto é,
sua capacidade de adaptar-se a novas circunstâncias e necessidades.
(b) a flexibilidade e a dualidade. <LINK 6b> Não! A flexibilidade das línguas
humanas é garantida por uma propriedade que é a dualidade das formas nas línguas,
isto é, o fato de existirem elementos de um nível mais baixo (os fonemas), que se
combinam por meio de regras resultando em unidades em um nível mais alto (os
morfemas).
(c) a descontinuidade e a produtividade <LINK 6c> Exatamente! A
descontinuidade (isto é, o fato de a nossa percepção ser categorial e assim uma
pequena variação na forma não corresponder a uma pequena variação do sentido) e a
produtividade (ou seja, a possibilidade de criação e interpretação de novos sinais) são
duas das propriedades que garantem máxima flexibilidade e versatilidade para as
línguas humanas!
7. Chama-se “período crítico” para a aquisição da linguagem ao período que vai, para
estudiosos como Lenneberg, até em torno da puberdade; durante esta fase, a criança
deve ter acesso a input em uma língua natural, porque depois disso a sua aquisição
lexical, isto é, a aquisição do seu vocabulário, estará completamente comprometida.
(a) Verdadeiro < LINK 7a> Não é assim não. É verdade que existe um período
crítico para a aquisição da linguagem e que esse período vai até o início da puberdade,
como parecem mostrar os dados de Lenneberg (1967). No entanto, o que se inviabiliza
completamente após essa fase é a aquisição da sintaxe das línguas naturais, não o seu
léxico. Aliás, a aquisição do léxico não pára durante toda a nossa vida, ainda que, após a
puberdade, se processe em ritmo menos acelerado...
(b) Falso < LINK 7b> Isso mesmo. É verdade que existe um período crítico para
a aquisição da linguagem e que esse período vai até o início da puberdade, como
parecem mostrar os dados de Lenneberg (1967). No entanto, o que se inviabiliza
completamente após essa fase é a aquisição da sintaxe das línguas naturais, não o seu
léxico. Aliás, a aquisição do léxico não pára durante toda a nossa vida, ainda que, após a
puberdade, se processe em ritmo menos acelerado...
8. O paiês (também conhecido como manhês ou mamanhês) é:
(a) um remédio que a mãe ou o pai dá para a criança que está com problemas
para falar. < LINK 8a> Não viaja!
(b) uma forma de falar com os bebês que simplifica a gramática adulta e,
portanto, organiza o input para a criança, sendo assim crucial para a aquisição da
linguagem. < LINK 8b> É verdade que o paiês é uma forma de falar com as crianças
que supostamente simplifica a gramática adulta, mas não há evidência de que o uso
desse tipo de forma de falar pelos pais seja essencial para a aquisição, pois crianças que
não têm acesso a essa “fala simplificada” adquirem a língua com igual perfeição.
(c) uma forma de falar com os bebês que faz uso de processos como a
reduplicação na constituição do léxico (mamá, xixi, papá). < LINK 8c> Exatamente!
Embora a reduplicação não seja um processo gramatical produtivo no português, no
“paiês” ele é amplamente utilizado porque imita, de alguma maneira, a estrutura do
balbucio das crianças, pelo menos nas suas primeiras fases.
9. A Teoria de Princípios e Parâmetros hipotetiza que todos nós já sabemos, ao nascer,
todos os princípios que regem as línguas humanas. Nossa tarefa na fase da aquisição da
linguagem é, além de aprender os itens lexicais, fixar o valor dos parâmetros.
(a) Verdadeiro <LINK 9a>: Exatamente! A hipótese inatista supõe que a
criança já sabe uma série de propriedades gerais das línguas humanas, os princípios; o
que ela ainda deve adquirir, no que diz respeito à sintaxe, é apenas o conjunto de
propriedades particulares da língua que falamos ao seu redor, isto é, ela deve fixar o
valor dos parâmetros, que se apresentam em formato binário e precisam de dados
simples para ser acionados.
(b) Falso <LINK 9b> Não é falso não. Sob a perspectiva inatista, o que acontece
é exatamente isso: já nascemos sabendo uma série de propriedades gerais das línguas
humanas; o que a criança deve adquirir, no que diz respeito à sintaxe, é apenas o
conjunto de propriedades particulares da língua que falamos ao seu redor, isto é, ela
deve fixar o valor dos parâmetros, que se apresentam em formato binário e precisam de
dados simples para ser acionados.
10. Entre os 18 e os 24 meses de vida, observa-se que a criança não produz nem
compreende palavras gramaticais da língua que ela está adquirindo.
(a) Verdadeiro <LINK 10a> Nada disso! É verdade que a criança não usa
determinantes ou preposições; contudo, uma pesquisa feita por Roberta Golinkoff
mostra que, se na brincadeira com a criança, usamos itens que não são determinantes no
lugar esperado de um determinante, a criança se atrapalha consideravelmente na
execução da tarefa pedida pelo experimento, o que mostra que a criança é sensível sim a
essa informação.
(b) Falso <LINK 10b> Exatamente! Embora a criança não produza
determinantes ou preposições, uma pesquisa feita por Roberta Golinkoff mostra que, se
na brincadeira com a criança, usamos itens que não são determinantes no lugar esperado
de um determinante, a criança se atrapalha consideravelmente na execução da tarefa
pedida pelo experimento, o que mostra que a criança é sensível sim a essa informação.
11. Os parâmetros que controlam a distribuição dos sintagmas interrogativos nas línguas
humanas são:
(a) a parte do Critério WH que diz: “um operador WH deve estar numa
configuração especificador-núcleo com um núcleo carregando o traço [+wh]” <LINK
11b> O Critério WH é fundamental em toda a discussão sobre movimento interrogativo,
mas ele é um princípio. Temos dois parâmetros ligados a ele: o primeiro diz respeito ao
movimento do operador WH ser visível em SS ou ser movimento coberto em LF; e o
segundo diz respeito à aplicação ou não aplicação de movimento de I-a-C
(b) O primeiro diz respeito ao movimento do operador WH ser visível em SS ou
ser movimento coberto em LF; e o segundo diz respeito à aplicação ou não aplicação de
movimento de I-a-C. <LINK 11b> Perfeito! Que orgulho de você!
(c) a parte do Critério WH que diz: “um núcleo carregando o traço [+wh] deve
estar numa configuração especificador-núcleo com um operador WH”. <LINK 11c> O
Critério WH é fundamental em toda a discussão sobre movimento interrogativo, mas ele
é um princípio. Temos dois parâmetros ligados a ele: o primeiro diz respeito ao
movimento do operador WH ser visível em SS ou ser movimento coberto em LF; e o
segundo diz respeito à aplicação ou não aplicação de movimento de I-a-C.
12. Lyons (1987) afirma que a lingüística moderna em geral assume que a língua falada
é mais básica que a língua escrita. A respeito deste tema, diga qual é a afirmação
incorreta:
(a) a prioridade histórica da língua falada é indiscutível porque todas as
comunidades conhecidas possuem fala (que pode ser uma língua de sinais), mas muitas
sociedades são ágrafas ou muitos de seus membros são analfabetos. < LINK 12a> Essa
afirmação está exata, mas a questão pede que você assinale a afirmação incorreta.
(b) a prioridade biológica da fala é uma questão temporal, porque em geral
aprendemos a falar primeiro do que a escrever, mas seria perfeitamente possível, mesmo
sem ter aprendido nenhuma língua falada (oral ou de sinais) na infância, depois de
adulto aprender a escrever qualquer língua. <LINK 12b> Essa afirmação está incorreta:
sem aprender a falar uma língua natural na primeira infância somos incapazes de
aprender a falar ou a escrever, com competência de falantes típicos, qualquer língua
depois de adultos. Evidentemente, somos capazes de aprender a escrever uma língua
que não falamos (ou que não tem falantes nativos atualmente, como é o caso do latim),
mas apenas se já dominamos uma língua falada desde a infância.
(c) a prioridade estrutural da fala sobre a escrita é um pouco mais sutil, porque
é preciso assumir em primeiro lugar uma relativa isomorfia entre os sistemas de sons e
os sistemas de letras (supondo uma escrita alfabética como a nossa). O que se observa,
então, é que, mesmo sendo possível escrever uma seqüência qualquer de letras, nem
sempre é possível pronunciar a seqüência de sons que poderia corresponder àquele
conjunto de letras. O que se conclui, portanto, é que as restrições que pesam sobre essas
combinações são restrições sonoras, ligadas à fala, não restrições das formas das letras,
ligadas especificamente à escrita. <LINK 12c> Essa afirmação está exata, mas a questão
pede que você assinale a afirmação incorreta.
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