música em casa - Universidade de Coimbra

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Licenciatura em Engenharia Informática
COMUNICAÇÃO & PROFISSÃO
MÚSICA EM CASA:
CRIAÇÕES BASEADAS EM SOFTWARE
por Pedro Gil Ferreira da Silva Santos
Sumário. É intenção do autor destacar algum do software existente no mercado para simulação e criação de
música em casa. Do software apresentado uns são mais simples e outros são de foro mais profissional, sendo que,
foram escolhidos de modo a permitir ao utilizador criar as suas músicas a partir de um computador sem qualquer
contacto com um instrumento. O software apresentado foi pesquisado na Internet e escolhido de entre muitos pelas
suas características e, na visão do autor, com maior interesse para o utilizador.
Com o crescente suporte que a informática oferece à música e o aparecimento de software cada vez mais
simples e sofisticado importa salientar o perigo que a música sofre, ou não, se as pessoas começarem a adoptar este
tipo de soluções e como evoluirá o software de música no futuro.
Palavras chave. música, software musical, editores de música.
1. Introdução
Cada coisa que nos rodeia, por mais insignificante
que pareça, tem o seu próprio som, é como que uma
“propriedade” inerente às coisas. Mesmo antes do
homem aparecer, o som já existia nas coisas. É até
muito provável que, outrora, existissem sons que no
mundo de hoje nunca possamos vir a ter
conhecimento. Citando a definição da palavra música,
segundo um dicionário comum da língua portuguesa,
“resultado da combinação de sons ou arte de os
combinar”, é possível afirmar que vivemos dentro de
uma grande música da qual também fazemos parte
todos os dias. Mas, quando proferimos a palavra
música estamos a referir-nos à arte de combinar sons,
sons estes que são produzidos por instrumentos e que,
nos dias de hoje, podem ser simulados digitalmente.
Arrisco em afirmar que ninguém consegue passar sem
música e que a música é uma parte imprescindível da
vida de qualquer ser humano mesmo que isso
signifique apenas o prazer de a ouvir. Já o tocar
música proporciona, a quem o sabe e mesmo a
curiosos, outro tipo de sensações e sensibilidades. É
pois, com grande pena, que se tem vindo a assistir,
cada vez mais, ao aparecimento de géneros musicais
alternativos baseados em peças de hardware que
produzem sons e um homem cuja missão é geri-los e
manipulá-los. Mas, é assim a evolução, temos que nos
saber adaptar às mudanças e tentar procurar soluções
para que o mundo possa prosseguir o seu caminho. É
aqui que entra a informática. A informática tem um
papel fundamental na música dos dias de hoje. A
indústria discográfica necessita da informática nos
estúdios, as bandas, sejam estas orquestras, grupos e
afins, necessitam de suporte informático, por
exemplo, nos concertos. A música de hoje tem uma
forte dependência a nível do software existente,
criado para os diversos fins desta área. A informática
proporcionou à música novos horizontes, redefiniu
conceitos e tem vindo a escrever muitas páginas na
história da música. Por estas razões a música e a
informática são indissociáveis. O presente texto
procura explicar, ao utilizador comum, alguns
processos e características de algum do software
existente no mercado cuja finalidade é permitir a esse
mesmo utilizador criar ou compor as suas músicas em
casa sem a necessidade de ter grandes conhecimentos
musicais. A abordagem seguida centra-se na
apresentação de alguns editores de música e o modo
como o utilizador deverá abordar cada um deles de
um modo muito simples para que se sinta à vontade
com o software e o possa explorar consoante as suas
necessidades. Os editores de música que serão
apresentados foram escolhidos de modo a ser possível
criar/simular apenas instrumentos musicais que
constituem grupos ou bandas de hoje em dia.
2. Software musical
O mundo de software que a informática tem vindo a
desenvolver ao longo dos anos oferece, aos
utilizadores, uma imensa variedade de programas à
escolha. Deste modo foi realizada uma selecção dos
editores disponíveis hoje em dia. Serão abordados:
Departamento de Engenharia Informática, Universidade de Coimbra
1. Editores de áudio
2. Editores de bateria e percussão
2004/2005
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3. Editores de guitarra
4. Editores de notação
Editores de áudio. No presente texto serão
abordados os editores que nos permitem trabalhar o
áudio em si. O primeiro editor a ser apresentado é o
ACID da Sony. Trata-se de um software vencedor de
vários prémios no âmbito do software de edição
musical. O ACID permite ao utilizador estruturar as
suas músicas tendo, para isso, que recorrer apenas a
amostras de músicas já existentes ou criadas no
momento. Como o editor funciona com várias pistas
de música o utilizador pode escolher tantas amostras
quantas as que pretende e depois, para cada uma
delas, necessita de pintar a barra temporal consoante o
tempo desejado, tempo o qual a amostra se ouvirá
aquando da execução do projecto. É de salientar que a
execução do projecto é loop-based, isto é, sempre que
a música terminar recomeça a sua execução desde o
início. As amostras quando são colocadas nas pistas
podem sofrer alterações como introdução de efeitos e
tratamento áudio. Os projectos, quando terminados,
podem ser partilhados na internet com outros
utilizadores e existem bastantes amostras disponíveis
na internet para adicionar ao programa. Uma segunda
hipótese de editores áudio é o SONAR da Cakewalk
cujo modo de funcionamento se assemelha em quase
tudo ao ACID. Mas, existem outras opções que
colocam este editor acima do ACID. Este software
não funciona apenas como editor mas, também, como
uma mesa de mistura digital que permite o controlo
de áudio, MIDI, sintetizadores e efeitos. Traz também
um editor de bateria onde é possível criar rítmos e
escrever notação MIDI, acordes para vários
intrumentos e tablaturas. As tablaturas são como que
partituras, com a diferença de não usarem notação
musical mas sim uma linguagem de interpretação
intuitiva, no caso do utilizador preferir usar um
instrumento. Este editor torna-se, assim, uma
ferramenta muito mais completa do que o ACID e só
perde por ser muito mais complexo na sua utilização.
Por fim, é apresentado o editor de áudio usado em,
praticamente, todas as editoras discográficas do
mundo, o Sounf Forge. Embora este editor aponte
mais para o uso profissional é possível explorá-lo sem
ser a esse nível. O Sound Forge é uma ferramenta de
trabalho orientada para tratamento, edição e
manipulação de áudio. Ao nível de uma editora o
programa pode ser usado para eliminar certos erros
que se dão durante as gravações como, por exemplo,
respirações, enganos, desafinações, entre outros. Em
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casa a utilização deste editor remete-se, praticamente,
à manipulação áudio de um projecto já terminado. É
possível introduzir-lhe efeitos, cortar partes que não
interessam ou que resultaram pior, equalizar ondas,
entre outras opções. Estes três editores possibilitam o
trabalho com áudio e a sua gravação e embora só o
ACID seja de utilização quase intuitiva os outros
exigem já algum empenho por parte do utilizador que
pode semrpe recorrer a tutorials para aprender.
Editores de bateria e percussão. Quando é referido
este tipo de editores é obrigatório abordar um dos
mais famosos editores de música de sempre, o Fruity
Loops. Para se ter noção do verdadeiro poder desta
ferramente basta dizer que, utilizando apenas este
programa se podem criar músicas sem ter a
necessidade de recorrer a outro tipo de software. Isto
deve-se ao facto da enorme base de dados que
acompanha o Fruity Loops ter imensos instrumentos,
loops e amostras, à qual é ainda possível juntar mais
exemplos fazendo downloads na internet. É possível
criar desde as músicas mais simples às mais
complexas pois tudo é possível neste programa. O
editor funciona por vários pedaçoes rítmicos com
várias pistas ou canais, tantos quantos forem
necessário ao utilizador. Em cada um deste canais é
colocado o instrumento que se pretende e para cada
um clicar as vezes que se quiser no sequenciador para
que o instrumento em causa produza o ritmo
desejado. Na criação do ritmo é necessário ter em
conta o tempo que está marcado em pulsações,
medida utilizada na música para marcar o tempo, e
ajustá-lo consoante as necessidades. Após a conclusão
desta operação foi criado um pedaço da música e
podem ser criados muitos mais e todos diferentes.
Nos instrumentos onde é possível criar melodias o
utilizador pode enviar o instrumento para um teclado
e fazer a melodia que pretende. Cada instrumento
pode também ser alterado a nível sonoro com a
indução de efeitos sonoros, tratamento da onda sonora
do instrumento, entre outros. Obtém-se o resultado
final criando a estrutura final da música, isto é, os
vários pedaços são colocados numa barra temporal e
pinta-se essa mesma barra correspondente ao pedaço
que se pretende que toque e, como é óbvio, os vários
pedaços podem tocar em simultâneo. Colocando no
modo de play song (tocar múscia) é possível ouvir a
nossa criação que segue a estrutura final das barras
temporais. Embora este editor tenha sido abordado
como um editor que possibilita simular uma banda em
todo o seu conjunto o Fruity Loops é conhecido pela
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sua vertente rítmica e é por isso que é aqui
apresentado como tal. É o software mais utilizado por
bateristas e DJ’s. Também o é guitarristas quando
necessitam de praticar. Para muitos é vital ter um
suporte rítmico a tocar atrás. Outra ferramenta rítmica
é o MyDrums. É um programa que não é
propriamente um editor mas sim, uma mesa de
mistura digital para bateria o que é muito interessante
do ponto de vista musical pois, na vida real, não
existem mesas de mistura para baterias. O único
suporte tecnológico que é possível encontrar numa
bateria são os microfones e esses sim podem ser
ligados a uma mesa de mistura. À parte da
curiosidade esta ferramenta possibilita ao utilizador
pegar em amostras de sons e músicas com bateria e
combiná-los para dar um maior realismo a nível
sonoro. A introdução de efeitos no som produzido
melhora a sensação de espaço. Possui diversas
ferramentas que permitem o controlo do instrumento
a nível de volume, filtragem de ruído e de distorção,
entre outros. Outra ferramenta semelhante ao
MyDrums é o Virtual Drum. Este programa funciona
por slots (ou janelas) onde são colocados os diferentes
sons da bateria e depois é possível para cada uma das
janelas induzir sons ou criar novos sons a partir dos
existentes. Aquando da criação de novos sons o
utilizador pode optar por criar um som random e isso
é feito pelo software ou então, se o utilizador entender
minimamente de modulação de som tem várias
opções à escolha que pode alterar.
Editores de guitarra. O primeiro programa a ser
abordado não é propriamente um editor mas sim, uma
mesa de mistura virtual que obriga a que o utilizador
tenha uma guitarra e a ligue ao computador. A partir
deste ponto, o software oferece um conjunto de
opções ao utilizador como gravar várias faixas,
introduzir vários efeitos ao som da guitarra,
substituindo, assim, os pedais próprios para o efeito e
no final é possível misturar as várias faixas gravadas
se for essa a intenção do executante. Outro aspecto a
salientar é o facto do program trazer consigo um
pequeno editor rítmico que permite ao guitarrista criar
um pequeno ritmo de acompanhamento enquanto toca
guitarra e este nunca se ouvirá na gravação. Um dos
softwares mais virados para a edição de música para
guitarra é o Sweet Guitar. Este editor funciona com
tablaturas. O seu modo de uso é bastante simples pois
o utilizador necessita, apenas, de transpor a sua
música para uma tablatura. No caso particular do
Sweet Guitar as tablaturas são feitas para guitarra.
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Cada tablatura tem várias linhas e cada uma delas
corresponde a uma corda da guitarra. Depois, para
cada linha é colocado um número na linha que se
pretende que significa em que posição é que se deve
colocar o dedo nessa corda, isto para quem quiser
tocar com o instrumento pois, o player do programa
faz a interpretação naturalmente. Outro aspecto
interessante deste software é a possibilidade de
induzir rítmo à melodia o que mostra um cuidado
especial por parte dos criadores do programa porque
não é comum as tablaturas proporciomarem ritmo. O
que acontece normalmente é aparecerem tablaturas
com a melodia e o ritmo fica ao gosto do executante
do instumento. Com a tablatura escrita pode-se ouvir
o resultado final ouvindo uma guitarra a tocar o que
escrevemos.
Editores de notação. O tipo de editores abordados no
presente texto exigem que o utilizador possua alguns
conhecimentos básicos de música para poder escrever
partituras. Os três editores que serão apresentados
remetem-se para a escrita musical em partituras. O
software número um do mundo, o Sibelius, é muito
simples de usar. Ao utilizador cabe escolher os
instrumentos que serão alvo da sua criação. Para tal, o
Sibelius possui uma enorme base de dados de
instrumentos. Feita a escolha é necessário escrever a
música de cada um deles. O editor tem um menu de
acesso rápido a símbolos rítmicos utilizados na
música e depois passá-los para a partitura consoante
as notas que o utilizador pretenda para o instrumento
em causa. Finda a escrita da partitura só resta ouvir o
resultado final carregando no play do editor. Outro
editor necessário referir é o Overture da GenieSoft,
que é o software “rival” do Sibelius. É muito utilizado
a nível profissional por músicos e compositores. A
base de funcionamento do programa é praticamente
idêntica à do Sibelius. As diferenças apenas existem
ao nível da interface e do conteúdo dos menus. O
último editor a ser abordado é o MagicScore Maestro.
Este programa funciona, também, na mesma base dos
dois anteriores embora seja mais limitado tanto na
base de dados, como nos menus e notação disponível
para a escrita de partituras. De salientar que, por estas
razões, é uma boa opção para utilizadores que estejam
a dar os primeiros passos no mundo da música e na
escrita de música recorrendo a software de notação.
3. Conclusões
Pretendeu-se que este trabalho abordasse certo tipo de
editores. Editores estes que apenas possibilitam a
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criação de música para instrumentos que
encontramos, facilmente, em bandas um pouco por
todo o mundo. Era intenção, também, a familiarização
com alguns conceitos inerentes a software de música
de vertentes diferentes e ao seu modo de utilização.
Para satisfazer este objectivo, optou-se por uma
descrição do modo de utilização de todos os editores e
consoante o aparecimento de novos termos foram
dadas breves explicações sobre os mesmos. Pensa-se
que o resultado obtido satisfaz os objectivos a que se
propunha. Pensa-se também que constituirá um
auxiliar útil, de referência frequente, para o leitor que
pretenda criar as suas músicas sem ter de sair de casa
ou ter utilizar vários instrumentos para que possa
obter a sua música. Todavia, ninguém se pode
considerar perfeito neste tipo de actividade nem se
pode apenas basear neste artigo na sua viagem pelas
criações musicais. A arte de escrever música vai
amadurecendo através da experiência, da cultura e,
sobretudo no início, explorando sozinho e por
tentativa e erro. Assim, as indicações deste texto
deverão ser entendidas como um pequeno guia de
iniciação aos editores no que toca à escrita musical e
à criação musical. Seria interessante deixar esta
questão para deixar os leitores a pensar, “Será que a
música, da maneira como a conhecemos hoje, irá
morrer para dar lugar a música totalmente criada
digitalmente sem recorrer a qualquer tipo de
instrumento que não seja o computador ou será
possível manter a simbiose que existe nos dias de
hoje?”. É motivo de reflexão pois é um tema bastante
perigoso para a música.
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2.
Página da Sony,
mediasoftware.sonypictures.com
3.
Página do Fruity Loops,
www.fruityloops.com
4.
Página da Cakewalk,
www.cakewalk.com
5.
Página do Sibelius,
www.sibelius.com
Agradecimentos
O autor agradece aos seus professores das disciplinas
de “Comunicação e Profissão”, da Licenciatura em
Engenharia Informática, o desempenho que
demonstraram no leccionamento da cadeira o que
possibilitou a escrita deste texto. O trabalho
correspondente foi realizado no âmbito do portfolio
da cadeira de “Comunicação e Profissão”,
nomeadamente, na escrita de artigos. O autor
agradece, também, aos seu colegas com quem teve
saudáveis discussões que permitiram chegar ao tema
deste trabalho.
Referências
1.
Motor de pesquisa de música,
www.hitsquad.com
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