AMEI Escolar Físico-Química 9º Ano Resumo nº 3 Classificação dos materiais (parte 1) Estrutura e constituição dos átomos Conteúdos desta unidade: Estrutura e constituição dos átomos; Tamanho e massa dos átomos; Níveis de energia e distribuição electrónica; Metais e não-metais. Como já aprendeste, todas as substâncias são constituídas por corpúsculos – átomos –, muito pequenos e muito leves, em número muito grande e sempre irrequietos (quanto maior for a temperatura mais irrequietos). Os corpúsculos são, assim, ínfimos, invisíveis, incontáveis e irrequietos. Os corpúsculos não se vêem mas podemos provar a sua existência através dos fenómenos que eles produzem. Por exemplo, quando borrifamos o ar com perfume, os corpúsculos do perfume saem do frasco e misturam-se com os corpúsculos do ar e, apesar de não os conseguirmos ver, conseguimos detectar a sua existência através da sensação olfactiva que produzem. Os átomos são constituídos por: protões – com carga eléctrica positiva; neutrões – sem carga eléctrica; electrões – com carga eléctrica negativa. Os átomos possuem um núcleo, onde se encontram os protões e os neutrões, à volta do qual se movem os electrões. Os átomos são electricamente neutros, contudo estes podem ganhar ou perder electrões, transformando-se em corpúsculos com carga eléctrica (negativa ou positiva) – os iões. Evolução do modelo atómico A descoberta da constituição dos átomos foi um processo lento, que ficou a dever-se a vários cientistas e esteve ligada à noção de carga eléctrica e à descrição da electricidade. A ideia que a matéria é feita de pequeníssimos corpúsculos surgiu na Grécia Antiga no século V a.C. A palavra átomo vem do grego, de a + thomos, que significa “sem devisão”. Só a partir de 1803 é que o químico inglês John Dalton e outros cientistas desenvolveram a teoria atómica que teve origem nos filósofos gregos. Na sequência dos trabalhos de Dalton: aos átomos de elementos diferentes passaram a atribuir-se massas diferentes e propriedades químicas distintas; os compostos passaram a ser considerados associações de átomos de elementos diferentes; as reacções químicas foram Ilustração 1: Modelo atómico de explicadas com base em rearranjos de Dalton átomos, sem criação nem destruição de matéria, de acordo com a Lei de Lavoisier. Dalton criou, também, símbolos para os elementos conhecidos. Para Dalton, cada átomo era uma porção esférica de matéria mal definida. Em 1897, o físico inglês Joseph Thomson descobriu o electrão e, em 1904, propôs um novo modelo atómico que ficou conhecido por modelo do “bolo de passas”. O modelo atómico de Thomson representava o átomo como uma esfera de carga positiva, uniformemente distribuída, onde Ilustração 2: Modelo atómico de Thomson estariam mergulhadas pequenas esferas de carga negativa – os electrões. Em 1911, o físico inglês de origem neozelandesa, Ernest Rutherford e os seus colaboradores concluíram nas suas experiências que a carga positiva não estava distribuída uniformemente mas concentrada no centro do átomo: o núcleo atómico. Concluíram, também, que o núcleo é muito pequeno comparado com o átomo, sendo muito denso e possuindo uma grande massa, e Ilustração 3: Modelo atómico de Rutherford que os electrões movem-se à volta deste. Na sequência dos estudos de Rutherford, o físico dinamarquês Niels Bohr adoptou uma analogia com o sistema solar, com os electrões a descreveram órbitas em torno do núcleo, mas acrescentando que só determinadas órbitas seriam possíveis, correspondendo maior energia aos electrões que descreviam órbitas com maiores raios. Ilustração 4: Modelo atómico de Bohr Mais tarde reconheceu-se que a noção de órbita não é apropriada para descrever os electrões nos átomos. Para qualquer zona em redor do núcleo há uma certa probabilidade de encontrar electrões, sendo maior a probabilidade de os electrões estarem perto do núcleo do que mais longe. Uma maneira de representar graficamente esta probabilidade consiste em utilizar Ilustração 5: Modelo da nuvem atómica uma mancha contínua em volta de cada núcleo, que é mais escura onde é mais provável encontrar os electrões. Obtém-se assim a representação em nuvem atómica. O modelo actualmente aceite é este último, o modelo da nuvem atómica: cada átomo é constituído por uma pequena zona central de dimensões muito reduzidas – o núcleo atómico; o núcleo atómico tem carga eléctrica positiva, é formada por protões e neutrões e nele concentra-se quase toda a massa do átomo; os electrões ocupam o espaço à volta do núcleo, criando uma zona de carga eléctrica negativa – nuvem electrónica; em geral, os electrões de cada átomo não têm todos a mesma energia e só determinados valores de energia são possíveis; não se fala em órbita de um electrão mas em orbital – zona do átomo onde, com maior ou menor probabilidade, se pode encontrar um electrão com certa energia. Assim, o núcleo está relacionado com a massa do átomo enquanto a nuvem electrónica está relacionada com o tamanho do átomo. O núcleo possui carga eléctrica positiva, determinada pelos protões que o constituem, e a nuvem electrónica possui carga eléctrica negativa, determinada pelos electrões que a constituem. Como existe o mesmo número de protões e electrões em cada átomo, estes apresentam-se neutros. Tamanho e massa dos átomos Os átomos não são todos iguais. Os átomos de elementos diferentes têm, em regra, tamanhos diferentes e massa distinta. Por isso se usam esferas de tamanhos diferentes para os representar quer sozinhos quer formando moléculas. O átomo de hidrogénio é o átomo mais leve e a estrutura mais simples, pois possui um só protão e um só electrão. A massa atómica relativa (Ar), ou apenas massa atómica, de um átomo é o número de vezes que esse átomo é mais pesado do que o átomo de hidrogénio. Assim, como o átomo de hélio é 4 vezes mais pesado que o átomo de hidrogénio, a sua massa atómica relativa é 4, como o átomo de oxigénio é 16 vezes mais pesado do que o átomo de hidrogénio, a sua massa atómica relativa é 16 e como o átomo de ferro é 56 vezes mais pesado que o átomo de hidrogénio, a sua massa atómica relativa é 56. O número atómico (Z) de um átomo é o número de protões do seu núcleo atómico. O número de massa (A) de um átomo é o número total de partículas (protões e neutrões) existentes no seu núcleo. O número de massa e o número atómico relacionam-se através da seguinte igualdade: Para indicar o número atómico e o número de massa de um átomo utiliza-se a seguinte representação (X é o símbolo do elemento químico): Os isótopos (do grego “isos”, o mesmo, e “tópos”, lugar) são espécies do mesmo elemento químico que têm o mesmo número atómico (Z), ou seja, igual número de protões, e diferente número de massa (A), ou seja, diferente número de neutrões. Os isótopos de um elemento têm propriedades químicas idênticas e ocupam a mesma posição quando se dispõe segundo o seu comportamento químico, designadamente na Tabela Periódica dos elementos. A maioria dos elementos químicos possui dois ou mais isótopos naturais, mas nem todos são estáveis. A existência de um grande número de neutrões relativamente aos protões torna os núcleos dos isótopos, instáveis, ou radioactivos. Níveis de energia e distribuição electrónica Como já referimos, o tamanho dos átomos depende da maneira como os electrões ocupam o espaço à volta do núcleo, sendo que, os átomos maiores têm nuvens electrónicas maiores. Em muitos casos, átomos com mais electrões são maiores, mas nem sempre é assim. Isto deve-se ao tamanho da carga nuclear, quanto maior esta for, maior será a força de atracção e menor será a nuvem electrónica. O modelo atómico da nuvem atómica tem certos aspectos que temos de ter em atenção: os electrões dos átomos só podem ter determinados valores de energia – níveis de energia –, preferindo os níveis de menor energia; em cada nível de energia só pode haver até certo número de electrões. Este número máximo é dado pela expressão , sendo n o número do nível de energia. 1º nível de energia 2º nível de energia 3º nível de energia 4º nível de energia 5º nível de energia electrões electrões electrões electrões electrões … A distribuição electrónica é então a distribuição dos electrões de um átomo pelos diferentes níveis de energia. Distribuição electrónica: Hidrogénio 1 Hélio 2 Carbono 2,4 Oxigénio 2,6 Flúor 2,7 Sódio 2,8,1 Magnésio 2,8,2 São electrões de valência os electrões do último nível de energia de cada átomo (mais afastados, em média, do núcleo). Deve-se a eles o tamanho do átomo, a interacção do átomo com outros átomos e o comportamento químico dos elementos. Um átomo apenas pode ter entre 1 e 8 electrões de valência. Como estudaste antes, quando um átomo perde ou ganha electrões recebe o nome de ião. Se perder iões torna-se um ião positivo e recebe o nome de catião. Se ganhar iões torna-se um ião negativo e recebe o nome de anião. Num catião a nuvem electrónica é menor do que a nuvem electrónica do átomo que lhe deu origem. Num anião a nuvem electrónica é maior do que a nuvem electrónica do átomo que lhe deu origem. Quando um átomo tem 8 electrões de valência, é estável e por isso não forma iões (isto também se aplica ao átomo de hélio pois tem o primeiro nível de energia completamente preenchido). Quando um átomo tem entre 1 e 7 electrões de valência têm tendência a formar iões, a perder ou ganhar electrões, tornando-se estável. Ou seja, um átomo com 1, 2 ou 3 electrões de valência tem tendência a perde-los para se estabilizar e um átomo com 5, 6 ou 7 electrões de valência tem tendência a ganhar 3, 2 ou 1 electrões respectivamente para se estabilizar. Quando o átomo tem 4 electrões de valência tem tanta tendência a perdê-los como de ganhar 4 electrões de valência. Metais e não-metais Atendendo à enorme diversidade dos materiais e das suas propriedade é necessário estabelecer esquemas de organização e classificação. Existem pouco mais de uma centena de átomos de tipo diferente, isto é, cerca de 100 elementos diferentes, cada um deles caracterizado pelo número atómico. Conforme as suas propriedades, as diferentes substâncias elementares podem organizar-se em duas grandes classes: metais e não-metais. Estes podem ser distinguidos pelas suas propriedades físicas e químicas. São exemplos de propriedades físicas a densidade, o brilho, a condutividade eléctrica e térmica, a ductilidade e a maleabilidade, o ponto de fusão e o ponto de ebulição. PROPRIEDADES FÍSICAS Metais Não-metais - são quase todos sólidos à temperatura - podem ser sólidos (grafite, diamante, enxofre e ambiente e pressão normal. Excepção: mercúrio iodo) ou gasosos (oxigénio, ozono, nitrogénio e (líquido). hélio). Excepção: bromo (líquido). - têm uma estrutura que os torna, no geral, mais - apresentam densidade muito variáveis e, em densos do que os não-metais. geral, menores que os metais. - os metais não oxidados são brilhantes – brilho - em regra, são baços. metálico. - apresentam elevada condutividade eléctrica e - são maus condutores eléctricos e térmicos. térmica. Excepção: grafite. - apresentam ductilidade e maleabilidade – - quando se encontram no estado sólido são dobram sem quebrar. quebradiços. - têm pontos de fusão e de ebulição elevados. - têm pontos de fusão e de ebulição baixos. PROPRIEDADES QUÍMICAS Metais - os óxidos de metais (Na2O, MgO e CaO) têm um comportamento básico na presença de água. - os óxidos de metais são compostos iónicos, sólidos à temperatura ambiente. - os metais são, em geral, muito reactivos. - os átomos de metais originam normalmente iões de carga positiva. Não-metais - os óxidos de não-metais (CO2, SO2 e SO3) têm um comportamento ácido na presença de água. - os óxidos de não-metais não são compostos iónicos e são gases à temperatura ambiente. - podem ou não ser reactivos. - os átomos de metais originam normalmente iões de carga negativa. Há um pequeno conjunto de substâncias elementares que não cabe nem na classe dos metais nem na dos não-metais. Designam-se semimetais ou semicondutores e têm certas propriedades eléctricas que os tornam muito úteis em electrónica. São exemplo o silício (Si) e o germânio (Ge).