Brasil Características gerais Com um território de 8 514 877 km² e uma população total de 185 milhões de habitantes, o Brasil é o quinto maior país em área territorial, superado apenas por Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. É também a quinta nação mais populosa do globo, depois de China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. Na América Latina, o Brasil é o maior país em área e em população. Ocupa quase metade da América do Sul (47%) e sua população corresponde a aproximadamente 51% da população total do subcontinente sul-americano. É o país mais industrializado da América Latina e o segundo do Sul, perdendo apenas para a China. Todavia, o padrão de vida da maioria da população é baixo, bem menor que o de algumas nações latino-americanas, como Venezuela, Chile, Uruguai, Bahamas, Porto Rico, Trinidad e Tobago, Argentina e outros. A produção econômica brasileira - com um PNB de cerca de 1 trilhão de dólares (2004) - é a segunda da América Latina e a 12" do mundo. Mas quando dividimos esse PNB pelo número de habitantes, calculando a renda per capita (por pessoa), obtemos um valor considerado médio em termos mundiais: aproximadamente 3 mil dólares, um pouco superior ao da Rússia, por exemplo, e inferior ao de vários países latino-americanos. A distribuição dessa renda nacional é extremamente concentrada: os 20% mais ricos da população detêm 63,2% da renda nacional, os 60% intermediários ficam com 34,4%, e aos 20% mais pobres restam apenas 2,4% da renda nacional. É uma das distribuições de renda mais desiguais do mundo, semelhante apenas à de alguns pouquíssimos países africanos extremamente pobres, como Serra Leoa ou Guiné Equatorial. Por esse motivo, a classificação do Brasil em termos de IDH (índice de Desenvolvimento Humano) é deplorável. Ela é inferior à de inúmeros outros Estados latino-americanos, como Chile, Uruguai, Trinidad e Tobago, Barbados, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Bahamas. No tocante à qualidade de vida da população, medida pelo IDH, o Brasil ocupa o 12º lugar na América Latina e o 63° lugar no mundo (foram pesquisados e comparados 177 países num estudo patrocinado pela ONU e divulgado em 2005). A produção econômica brasileira - e mesmo a produção industrial - está entre as maiores do mundo. Ela é superior à de diversos países do Norte, como Suécia, Suíça, Nova Zelândia, Austrália, República Tcheca ou Hungria, tomando cada um deles em separado. Mas a população brasileira é imensa, maior que a de todos esses seis países reunidos, e verificam-se violentas desigualdades sociais. O consumo per capita de bens industrializados e de alimentos e o acesso à educação e ao serviço médico-hospitalar de boa qualidade em geral são muito inferiores aos daquelas nações. A crise do “modelo brasileiro” O modelo brasileiro, aplicado de 1960 ao início dos anos 1990, consistiu em tirar renda da população mais pobre, especialmente dos trabalhadores, e transferi-Ia para os mais ricos, uma minoria que passou a consumir cada vez mais produtos luxuosos. Essa transferência gradativa de renda da maioria da população para uma minoria rica deu-se em especial com as altas taxas de inflação (elevação geral dos preços), sempre superiores aos aumentos salariais. A inflação brasileira já foi a maior do mundo e criava esse mecanismo perverso, favorecendo os mais ricos, que investiam altas somas em aplicações financeiras mais rentáveis que a inflação. Enquanto a maioria da população consumia menos alimentos e dispunha de menos tempo para o lazer e de poucos recursos para os estudos dos filhos, uma elite privilegiada tinha condições de trocar seus automóveis todos os anos, comprar casas ou apartamentos de alto luxo, roupas sofisticadas, etc. Esse modelo brasileiro começou a mudar, timidamente, em 1994. A inflação parece ter sido controlada, aliviando um pouco a situação dos mais pobres. Mas os níveis salariais não subiram muito; permaneceram os mais baixos do mundo. Em 2003 o salário mínimo ainda era inferior a 100 dólares e existia uma quantidade enorme de trabalhadores (cerca de 30% do total) ganhando apenas um salário mínimo. A baixa remuneração da população brasileira reduziu muito o mercado consumidor do país e limitou o crescimento econômico. O Brasil e o Mercosul Apesar das pretensões argentinas, o Brasil é de fato o "gigante" do Mercosul. A economia brasileira representa quase 65% do total do Mercosul. As relações comerciais do Brasil com os demais membros do Mercosul aumentaram bastante nos últimos anos. Em 1991, ano de criação desse mercado, as exportações e importações entre os quatro países fundadores dessa organização (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai) eram da ordem de 3 bilhões de dólares anuais. Oito anos depois, esse total já atingia os 25 bilhões de dólares. Nesse período, o Brasil tornou-se o principal parceiro comercial dos países platinos, superando os Estados Unidos e as nações européias. O principal mercado para as exportações brasileiras é a União Européia (26% do total), vindo a seguir, quase empatados, os Estados Unidos (18%) e o Mercosul (16%). O Brasil vende ou exporta inúmeros produtos para os demais membros do Mercosul, destacando-se cervejas, refrigerantes, cigarros, automóveis, óleos, etc. E importa deles vinhos, sucos, automóveis, artigos de couro, carne, trigo, petróleo, etc. A lista de produtos vem crescendo a cada ano e existe, além do comércio, uma incipiente integração industrial. Há, por exemplo, empresas multinacionais produzindo na Argentina bens de consumo destinados ao mercado brasileiro e vice-versa. Essa integração promete crescer desde que sejam superados conflitos diplomáticos envolvendo interesses de países membros do bloco, plenos ou associados, como o caso da Bolívia. Em 2006, o presidente desse país, Evo Morales, decretou a nacionalização do gás boliviano, explorado pela estatal brasileira Petrobras, provocando uma séria crise política entre os dois países. Outro grande desafio para o futuro do Mercosul é enfrentar a Alca (Associação para o Livre-Comércio das Américas), projeto do governo norte-americano. A Alca – que obviamente será liderada pelos Estados Unidos, maior economia nacional do planeta - poderá esvaziar o Mercosul. O Mercosul, sob a liderança do Brasil, procura estreitar seus laços com a União Européia com o objetivo de não depender futuramente da Alca. ATIVIDADES 1. Com base no que você estudou nos capítulos anteriores, relacione os traços que fazem do Brasil um típico país latino-americano. 2. Por que a classificação do Brasil em termos de IOH é deplorável? 3. Qual é a atual situação econômica do Brasil? 4. Explique o que foi o "modelo brasileiro" de economia desenvolvido entre as décadas de 1960 e 1990. Responda: Por que esse modelo favoreceu uma elite privilegiada? 5. Qual a importância do Mercosul para a economia do Brasil e dos países membros? 6. O que é a Alca? Que riscos ela representa para os países do Mercosul?