A estrela de Laura “Quem me dera ter uma amiga,” suspirou Laura, enquanto olhava pela janela do seu quarto. “Alguém especial com quem partilhar os meus segredos.” Mas não havia ninguém a ouvir – apenas as estrelas distantes que piscavam e brilhavam como pequenas pérolas no céu da noite. De repente, algo captou a atenção de Laura. Laura mal podia acreditar: um rasto de prata, rodopiando no céu, vinha em sua direcção. Passou tão perto da janela, que Laura quase conseguia tocar-lhe. Algo de mágico e maravilhoso estava a acontecer! Laura vestiu apressadamente o roupão, calçou os chinelos e desceu até à rua. Lá fora, caída no passeio, encontrava-se uma pequena estrela que lançava faíscas coloridas. — És linda — sussurrou Laura ao aproximar-se da estrela. Uma das pontas da estrela tinha-se partido quando esta caiu no chão. — Não te preocupes — disse Laura, enquanto a levava carinhosamente para casa. — Vou tratar de ti e ficarás boa depressa. Já no seu quarto, Laura conseguiu consertar a estrela. Mais tarde, Laura contou à sua amiga todos os seus segredos e esta parecia brilhar cada vez mais. Era como se conseguisse ouvi-la e a compreendesse. Laura adormeceu muito feliz, porque sabia que tinha finalmente encontrado uma amiga especial. Mas, quando Laura acordou no dia seguinte, reparou que a sua almofada estava vazia. A estrela tinha desaparecido! Laura ficou assustada. Procurou debaixo do cobertor e revirou todas as gavetas e armários. Subiu até ao topo do guarda-vestidos e até espreitou por debaixo da cama. Mas não encontrou nada. Não conseguia encontrar a pequena estrela em lado algum. Laura sentiu-se muito só e, de repente, já nada tinha importância. Será que a pequena estrela tinha sido apenas um sonho? Quando Laura voltou da escola, os seus pais tentaram fazer o possível para a alegrar. — Queres um pouco da tua gelatina preferida? — perguntou o pai. — Não gostas do meu chapéu maluco? O que tens? — perguntou a mãe. Laura não podia responder. Não podia explicar-lhes porque estava tão triste. A sua estrela tinha desaparecido para sempre, e nem sequer lhe tinha dito adeus. À noite, Laura foi deitar-se muito desconsolada. Mas, ao aproximar-se do quarto, reparou numa luz que aparecia por baixo da porta. Ao abri-la, ficou espantada com o grande clarão de luz que viu. Era ela! A sua estrela estava exactamente onde a tinha colocado na noite anterior e brilhava como mil diamantes. De início Laura mal podia acreditar, mas depois, muito contente, correu para junto da sua querida amiga estrela. — Já sei o que aconteceu — disse Laura. — As estrelas só aparecem de noite. Estiveste sempre aí, só que eu não conseguia ver-te. Eu sabia que não irias deixar-me sem me dizeres adeus. Laura e a pequena estrela divertiram-se muito. Brincaram, pregaram partidas, e Laura leu à estrela o seu livro favorito. Mas Laura, aos poucos, apercebeu-se de que a estrela estava a ficar fria e menos brilhante, como se estivesse a desaparecer. Laura tentou aquecê-la com as suas pequenas mãos quentes, mas a estrela continuava cada vez mais fria. Depressa Laura percebeu porque é que a sua amiga estrela estava a apagar-se. Laura escolheu os seus quatro melhores balões e atou-os cuidadosamente à pequena estrela. — Fica bem — disse Laura, enquanto abria a janela e largava os fios. — E sê muito feliz. Lentamente, os balões subiram no céu escuro e a pequena estrela piscou carinhosamente para Laura enquanto se afastava cada vez mais, até alcançar as outras estrelas, que estavam lá em cima no céu estrelado. Laura já não estava triste, porque sabia que a sua pequena estrela tinha voltado para a sua verdadeira casa, onde realmente pertencia. Todas as noites, antes de se deitar, Laura ia até à janela e contava os seus segredos ao céu, pois sabia que, onde quer que a pequena estrela estivesse, ela estaria sempre a ouvi-la. Klaus Baumgart A estrela de Laura Lisboa, Minutos de Leitura, 2003