Devemos celebrar o Ano Novo

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Devemos celebrar o Ano Novo ‘Secular’?
I - Introdução
Desde os primórdios, as Escrituras nos advertem a não adotarmos os
costumes de povos pagãos, e nos diz que devemos nos abster de
práticas cuja origem esteja na idolatria:
“Quando entrares na terra que YHWH teu Elohim te der, não
aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações.”
(Devarim/Deuteronômio 18:9)
“Assim diz YHWH: Não aprendais o caminho dos gentios, nem vos
espanteis dos sinais dos céus; porque com eles se atemorizam as nações.
Porque os costumes dos povos são vaidade” (Yirmiyahu/Jeremias 10:23)
Aos israelitas que servem ao Mashiach Yeshua, Sha’ul (Paulo) devem
se manter distantes das práticas pagãs:
“Que harmonia há entre o Mashiach e Beliya’al? Ou que parte tem o
que crê com o que não crê? E que consenso tem o Beit HaMikdash de
Elohim com demônios? Pois nós somos Beit HaMikdash do Elohim
vivo, como Elohim disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu
serei o seu Elohim e eles serão o meu povo. Pelo que, saí vós do meio
deles e separai-vos, diz YHWH; e não toqueis coisa imunda, e eu vos
receberei.”
(Curintayah Beit/2 Coríntios 6:14)
Tendo isso em mente, qual deve ser a posição de um seguidor de
Yeshua quanto à celebração do Ano Novo? Quando o assunto é a
celebração de uma festa de cunho claramente religioso, tal como Natal e
a Páscoa Romana, tem-se relativa clareza. Porém, o que dizer dessa
festividade aparentemente secular? É lícito um seguidor de Yeshua
participar dela?
Este artigo tem por objetivo investigar as origens e a evolução das
práticas dessa festa, a fim de responder a esse questionamento.
II - A Festividade nos Tempos Antigos
A origem das celebrações do Ano Novo têm origem muito anterior ao
Ano Novo propriamente dito, e começaram com as festividades de
inverno do império romano do solstício de inverno: Nos tempos mais
antigos a Brumália e, posteriormente, a Saturnália.
Essas celebrações revolviam em torno do dia 25 de dezembro, date
teórica do solstício de inverno, e tinham seu fim justamente com a
Calendae no dia primeiro de janeiro, mês romano que celebrava o deus
Janus. O primeiro dia do reinado do deus Janus indicava justamente o
final das festividades de inverno.
A conexão profunda entre Janus e as festividades de inverno é descrita
por Macrobius, filósofo e escritor romano que viveu entre os séculos 4 e
5 DC, escreve sobre a mitologia em torno da celebração da Saturnália:
“Foi durante o seu reinado que Saturno subitamente desapareceu, e
Janus então estabeleceu uma forma de acrescentar às suas honras.
Primeiro ele deu o nome Saturnia a toda a terra que reconhecia o seu
governo; e então ele edificou um altar, instituindo ritos como os para
um deus e chamou esses ritos de Saturnália - o que demonstra que esse
festival é muito mais antigo do que a cidade de Roma. E foi porque
Saturno melhorou as condições de vida que, por ordem de Janus,
honras religiosas foram dadas a ele.” (Saturnália 1:7:24)
Portanto, o dia primeiro de janeiro, muito antes de seu estabelecimento
como Ano Novo, já era um dia de grande festividade para os pagãos.
III - O Imperador Muda o Calendário
No século 1 AC, Julio César mudou o calendário romano, fazendo com
que o fim dessas festividades - que eram as mais importantes do
império - coincidisse exatamente com o princípio do ano.
Chris Armstrong, professor de História Eclesiástica, narra o episódio da
seguinte forma, em um artigo para a revista Christian History:
“Como outros festivais cristãos, a celebração do Dia de Ano Novo no
oeste começou antes da igreja vir a existir.
Inicialmente, os romanos celebravam o ano novo no dia primeiro de
março, e não no dia primeiro de janeiro. Julio César instituiu o Dia de
Ano Novo em primeiro de janeiro para honrar Janus, o deus de duasfaces que olhava para trás, para o ano antigo, e para frente, para o
novo. O costume das ‘resoluções de ano novo’ começou no período
mais antigo, com os romanos fazendo resoluções de cunho moral:
basicamente, de serem bondosos uns para com os outros.”
(Chris Armstrong, “Resolutions Worth Keeping”)
Acima, pode-se ver uma imagem de Janus, com suas características
duas faces, que é parte de uma coleção do museu do Vaticano.
IV - Em Substituição à Torá
Mesmo nos primórdios do Cristianismo, no final do século 2 e início do
século 3, a prática já era amplamente realizada, ao ponto de ser
condenada por alguns dos chamados “pais da igreja”, como Tertuliano,
que afirmava:
"Mas para nós, a quem os Shabatot são estranhos, assim como o rosh
chodesh e as festas amadas por Elohim, a Saturnália, os festivais de
Ano Novo e meio do inverno e a Matronália são frequentados…”
(Tertuliano, “Sobre a Idolatria”, cap. 14)
Como podemos ver, os primeiros cristãos abandonaram a prática bíblica
das festas de Elohim, e em seu lugar adotaram festas pagãs, como a
celebração do Ano Novo de Janus.
V - Da Calendae à Festa da Circuncisão
Como se sabe, a Igreja Romana se apropriou da data do solstício de
inverno, data que celebrava o Natalis Solis Invicti (Natal/Nascimento
do [deus] Sol Invicto), para proclamar o nascimento de seu ídolo
sincrético, um substituto distorcido e adulterado do Mashiach (Messias)
das Escriturs.
Todavia, ao fazer uso de tal data, um dado curioso aconteceu. Como
todo judeu, Yeshua foi circuncidado ao oitavo dia, conforme determina
a Torá:
“O que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas
vossas gerações, tanto o escravo nascido em casa como o comprado a
qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito, será
circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu dinheiro; a
minha aliança estará na vossa carne e será aliança perpétua.”
(Bereshit/Gênesis 17:12-13)
Porém, sabe-se pelo relato das Escrituras, que Yeshua nasceu por volta
da ocasião da festa de Sukot (Tabernáculo), isto é, por volta do mês de
setembro no calendário civil da atualidade. A escolha da data de 25 de
dezembro tem sua razão unicamente no sincretismo religioso com o
paganismo do culto ao deus-sol, altamente popular em Roma desde o
início do século 2. Os pagãos, conforme atestam alguns autores como
Arnóbio de Sica (século 4), tinham por hábito celebrarem o aniversário
de seus deuses, algo totalmente estranho à prática das Escrituras - o que
está na origem da escolha de tal data, que celebrava o nascimento do
deus-sol invicto.
Coincidentemente, a Calendae, rebatizada por Julio César de “Ano
Novo”, ocorria oito dias depois do solstício de inverno. Sendo assim,
muitos séculos depois, a Igreja Romana passou a alegar que a Calendae
seria na realidade a “Festa da Circuncisão”, uma festa que marcaria a
data da circuncisão do ídolo substituto do Mashiach (Messias) bíblico, e
que, como tal, determinaria a “morte do Judaísmo” e o “nascimento de
uma nova religião, o Cristianismo.”
Sobre a prática da Festa da Circuncisão, Chris Armstrong relata ainda:
“Quando Roma tomou o Cristianismo como sua fé oficial, os cristãos
passaram a guardar o Dia de Ano Novo... No início do século sexto,
partes da igreja começaram a guardar o dia primeiro. de janeiro como
a Festa da Circuncisão, comemorando a circuncisão de Jesus... Mas
os pagãos aparentemente arruinaram o primeiro de janeiro para
muitos cristãos: a igreja romana não aceitou esse dia de festa até o
século 11.” (ibid)
Seria irônico, se não fosse trágico, que a circuncisão, momento que
indica a primeira mitsvá (mandamento) à qual se submete um menino
israelita recém-nascido, fosse tomada como sincretismo para uma festa
de absoluta iniquidade. Sobre ela, a Enciclopédia Católica afirma:
“Na época do paganismo, contudo, a solenização da festa [da
circuncisão de Jesus] foi praticamente impossível, em razão das orgias
associadas às festividades da Saturnália, que eram celebradas no
mesmo período. Até hoje, as características seculares da abertura do
Ano Novo interferem com a observância religiosa da [festa da]
circuncisão, e tendem a tornar um mero feriado aquilo que deveria ter
sido a natureza sagrada do Dia Santo.” (Catholic Encyclopedia,
“Feast of Circumcision”)
VI - O Dia da Brutalidade contra os Judeus
A origem e práticas pagãs em torno dessa celebração já seriam, por si
só, suficientes para a rejeitarmos sumariamente. Todavia, a iniquidade
não para por aí.
A data de primeiro de janeiro também era celebrada entre os católicos
como uma data de atos de barbárie contra os judeus. A barbárie teria
início ainda antes mesmo do nascimento de Yeshua. Sobre isso, o artigo
“The History/Origin of New Years Day”, da publicação “US News &
World Report” afirma:
“Em 46 AC, o imperador romano Julio César foi o primeiro a
estabelecer a data de primeiro de janeiro como dia de Ano Novo. Janus
era o deus romano das portas e portões, e tinha duas faces, uma que
olhava para dentro, e outra que olhava para fora. César achava que o
mês, nomeado segundo esse deus (“Janeiro”), seria a “porta”
apropriada para o ano. César celebrou o primeiro Ano Novo de
primeiro de janeiro ordenando o destroçar das forças revolucionárias
judaicas na Galiléia. Testemunhas oculares dizem que o sangue jorrou
nas ruas. Nos anos seguintes, os pagãos romanos observavam o Ano
Novo praticando orgias e bebedeira - um ritual que eles criam
constituir uma representação do mundo caótico que existia antes do
cosmos ter sido ordenado pelos deuses.”
A brutalidade continuou também na idade média, durante o reinado da
Igreja Romana, e seu característico antissemitismo. A data do Ano
Novo ficou marcada por ser uma data especialmente anti-judaica:
“No dia de Ano Novo de 1557, o papa Gregorio XIII decretou que
todos os judeus romanos, sob pena de morte, deveriam ouvir
atentamente ao sermão de conversão católica dado nas sinagogas
romanas depois dos serviços de sexta à noite. No dia de Ano Novo de
1578, Gregorio assinou uma lei estabelecendo uma taxa para os judeus
de forma a sustentar uma ‘Casa de Conversão’ para converter judeus
ao Cristianismo. No Ano Novo de 1581, Gregorio ordenou que suas
tropas confiscassem toda a literatura sagrada da comunidade judaica
romana. Milhares de judeus foram mortos na incursão.
Ao longo dos períodos medieval e pós-medieval, primeiro de janeiro supostamente o dia em que Jesus teria sido circuncidado, iniciou o
reino do Cristianismo e a morte do Judaísmo, e era reservado para
atividades anti-judaicas: a queima de sinagogas e livros, torturas
públicas, além simplesmente de assassinatos.” (ibid)
A data anterior ao Ano Novo também marca o dia de um santo católico,
responsável por mais brutalidade, e até hoje é conhecido como “Dia de
São Silvestre” - que, no Brasil, também dá nome à famosa maratona.
Sobre isso, o artigo continua e afirma:
“O termo israelita para as celebrações da noite de Ano Novo,
“Silvestre”, era o nome do “santo” e papa romano que reinou durante
o Concílio de Nicéia (325 DC.) No ano antes do Concílio de Nicéia ser
convocado, Silvestre convenceu Constantino a proibir os judeus de
morarem em Jerusalém. No Concílio de Nicéia, Silvestre assegurou a
passagem de uma miríade de leis viciosamente antissemitas. A todos os
‘santos’ católicos é assegurado um dia no qual os cristãos celebram e
pagam tributo à memória do santo. O dia 31 de dezembro é o Dia de
São Silvestre - e assim as celebrações na noite de 31 de dezembro são
dedicadas à memória de Silvestre.” (ibid)
VII - Conclusão
Abaixo um resumo do que se viu acerca desta festa:

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Sua origem encontra-se nas festividades pagãs de inverno do império
romano.
No século 1 AC, Julio César adotou o Ano Novo como forma de
honrar ao deus Janus.
A Igreja Romana posteriormente transformou uma festa de orgia
pagã numa celebração do Jesus romano.
Essa celebração da Igreja Romana tinha como característica principal
marcar a morte do Judaísmo e o início da religião cristã.
Desde o seu primórdio, e ao longo dos séculos, a data foi utilizada
para cometer verdadeiras atrocidades contra a Casa de Yehudá
(Judá.)
Em suma, trata-se de uma festa cuja origem está no sincretismo com o
paganismo religioso, e que historicamente era utilizada para
comemorar, regada a muito sangue judeu, a hegemonia de uma falsa
religião e de seu ídolo substituto de Yeshua, o verdadeiro Mashiach
(Messias) das Escrituras.
Por todas esas razões, nós israelitas do caminho devemos nos abster de
tais práticas. O participar de tais celebrações seria um ato de traição não
apenas para com a Torá de Elohim, como também para com o próprio
povo de Israel.
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