Coração de Mentira

Propaganda
CORAÇÃO DE MENTIRA
Apparício Silva Rillo
Na invernada do meu peito
tem mágoas de todo o pêlo,
sendo a saudade o sinuelo
dessas mágoas que falei;
dizem que um homem não chora,
mas o pranto não tem hora
e o coração não tem lei.
Tudo por causa da china
que se chamava Ninita,
um pecado de bonita,
dava gosto de faceira;
sobrinha do velho Chicho,
dono daquele bolicho
no Passo da Carreteira.
Fomos felizes demais!
Mas o destino - carancho!
pousou na porta do rancho
golpeando traiçoeiro.
Não há junco que não quebre,
Ninita morreu de febre
num dia seis de janeiro.
No tronco da guajuvira
que dá sombra na cancela,
eu gravei o nome dela
e ao redor um coração.
O tempo, que nos consome,
não apagou este nome
nem descorou a inscrição.
Quando a mágoa me esporeia
quando pialo a verdade!
- Que além de minha saudade
daquele amor só ficou
no tronco da guajuvira
um coração de mentira
que a minha faca gravou!
Download