UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS CURSO SUPERIOR EM TECNOLOGIA EM ALIMENTOS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS SANDRA KUNDE SCHLESNER 03 abril 2016 ALIMENTOS DA PRÉ-HISTÓRIA À CONTEMPORANEIDADE Produção e conservação. No período Paleolítico, o homem caçava e coletava alimentos para satisfazer sua fome imediata. A disponibilidade de alimentos estava intimamente relacionada com a maneira na qual ele vivia. Era nômade, buscava regiões onde a caça e a coleta eram mais abundantes. Outro recurso utilizado pelo homem primitivo era secar os alimentos, expondo-os ao secagem, o sol. Na homem percebeu que alguns frutos, mesmo depois de secos, ainda eram comestíveis e a carne durava mais tempo sem estragar. A descoberta do fogo foi o primeiro passo para uma conservação mais eficiente. O homem pendurava sua caça próximo ao fogo, talvez para protegê-la de outros animais. O provável objetivo dos assados era facilitar a mastigação, mas foi observado que após esse tratamento, a caça demorava mais a se deteriorar Ao observar a natureza, o homem percebeu que de alguns frutos caídos na terra nasciam árvores após algum tempo. Então, no período conhecido como Neolítico, o homem fixou-se em uma região onde plantava, criava animais e passou a se relacionar com indivíduos da mesma espécie. A partir daí, foi chamado de produtor. Com o aumento da produção, surgiu a necessidade de conservar o excedente de alimentos. Os alimentos, para serem trocados, precisavam estar com uma boa aparência e condições de consumo. Novos tipos de conservação foram surgindo. Além da desidratação e da defumação, cozinhavam suas caças e as deixavam imersas em gordura. A imersão na gordura é uma técnica muito utilizada em fazendas ou em locais onde há carência de refrigeração e do congelamento até hoje. Uma espécie de cerveja já era produzida pelos egípcios há cerca de 5000 anos atrás; este mesmo povo também já dominava a técnica de armazenagem de grãos. Já os panificadores, romanos onde a eram exímios panificação era considerado uma forma de arte, que liberava seus "artistas" até do pagamento de impostos. Na civilização oriental, 2000 anos antes de Cristo os chineses já haviam desenvolvido tecnologia para a conservação de peixes utilizando gelo A princípio os processos existentes de conservação eram o sol, o calor, o frio. Somente em 1792 que um confeiteiro francês, Niccolas Appert, desenvolveu um processo que não era baseado em nenhum fenômeno natural já conhecido. Descobriu que ao colocar os alimentos em vidros com algum líquido, lacrando-os com rolha e cera e fervendo-os em banho-maria por um determinado período conseguia uma prolongação da vida de prateleira destes alimentos. Pasteur, na segunda metade do século XIX, provou que os pequenos seres vivos que já haviam sido identificados por Leeuwenhoek em 1675 eram responsáveis por deteriorações nos alimentos e doenças no homem. As pesquisas demonstraram que o efeito da temperatura na preservação dos alimentos era na realidade sobre os microrganismos, observando que uma temperatura de 62-63ºC por um período de uma hora e meia era suficiente para eliminar os microrganismos presentes nos sucos de frutas. Este processo, que recebeu o nome de PASTEURIZAÇÃO. Pasteur não somente resolveu o problema dos produtores de vinho e cerveja de seu país, mas criou a fundamentação teórica da quase totalidade da pesquisa em alimentos, Durante a Primeira Guerra Mundial ocorreu o primeiro grande surto de industrialização e os pesquisadores do setor alimentício foram instados a desenvolver processos para a produção de alimentos industrializados em grande escala, com o que potencializaram-se as probabilidades de ocorrências de danos à saúde pública ocasionados por alimentos. A Segunda Grande Guerra foi a que provocou grandes mudanças na sociedade. Entre elas, destaca-se a inserção da mulher no mercado produtivo, retirando-a do lar, onde era a responsável pela produção dos alimentos. Com isto, tiveram que ser pesquisados novos métodos de processamento de alimentos, pois agora, além de não serem deterioráveis, de serem capazes de ser transportados, eles deveriam também ser facilmente preparados, libertando as mulheres da longa jornada junto ao fogão no preparo das refeições familiares. Com isto teve um grande advento nos países do hemisfério Norte o processo de preservação dos alimentos por congelamento, que havia sido desenvolvido industrialmente desde o início do século, mas que somente agora teve seu apogeu, principalmente com o segmento de alimentos prontos. Na Guerra do Vietnã tivemos a introdução dos "pouches autoclaváveis", um embalagem multilaminada similar a das sopas desidratadas, que no entanto pode suportar temperaturas e pressões muito elevadas, sendo uma evolução dos apertizados ou conservas, com um aprimoramento muito grande na qualidade destes produtos. A Guerra do Golfo trouxe os alimentos prontos para comer, que nos EUA recebem a sigla de RTE ready to eat, que formam uma das mais promissoras fontes de negócio atualmente. A NASA tem tomado a liderança na pesquisa de novos alimentos. Para suas viagens à lua os astronautas receberam alimentos liofilizados, um dos mais seguros em termos microbiológicos, sensoriais e nutricionais e adequados a armazenagem sem condições especiais e em porções reduzidas. CONSIDERAÇÃO FINAL: Com a alta produtividade de alimentos e o grande poder de industrialização e conservação destes alimentos, o grande fantasma da carência mundial de alimentos foi afastado, nunca se produziu tanto alimento e por diversas razões, a população mundial vem crescendo a níveis bastante menores. O problema da fome está praticamente superado, no entanto, podemos ainda distinguir claramente dois pólos principais de consumo de alimentos. De um lado temos uma grande legião de "sobreviventes", que se não estão mais fadados a morrer de fome, mas encontram-se no limiar da desnutrição, sofrendo de doenças não ligadas a carências energéticas ou protéicas, mas de vitaminas e sais minerais. Do outro lado existe uma população com um alto nível de educação e poder econômico, que tem acesso ao que acontece nos países mais desenvolvidos, e cultiva, os mesmos hábitos de consumo inclusive em relação a sua alimentação, sendo quase tão seletiva quanto eles em relação à qualidade esperada dos produtos a serem consumidos. Os alimentos atualmente possuem um grande grau de confiabilidade em relação a sabor, paladar, textura e contaminações microbiológicas graças aos processos tecnológicos de conservação.