Apresentação do PowerPoint

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G. De Chirico,
As Vexações do Pensador (1937)
A física da
consciência:
O que são as
qualidades subjetivas?
(CBPF, 2014)
Osvaldo Pessoa Jr.
Depto. Filosofia – FFLCH
Universidade de São Paulo
[email protected]
Algumas hipóteses de trabalho
PARALELISMO PSICOFISIOLÓGICO: “A consciência
'supervém' ao cérebro [ou corpo]”
lMATERIALISMO: “Na morte, a consciência individual
desaparece”
lFISICISMO: “Tudo é físico, inclusive a consciência”
lDOUTRINA DAS QUALIDADES SECUNDÁRIAS (Locke) ou
INTERNISMO:
“Qualidades subjetivas (qualia), como
cores, estão no cérebro”
lTESE DA IDENTIDADE MENTE-CÉREBRO (Place, 1956):
“'Mente' e 'cérebro' referem-se à mesma coisa,
assim como 'estrela d'alva' e 'estrela Vésper'
referem-se ambas a Vênus”
•1º argumento internista:
•Argumento do arco-íris
•A física descreve a radiação do arco-íris como tendo um comprimento de onda
•que varia continuamente na direção radial do arco. No entanto, observamos
•faixas de colores. Essas faixas não existem no mundo externo, são criações
•de nossa mente.
Fisicismo qualitativo
Os qualia (como a 'vermelhidão') são idênticos a estados
cerebrais.
Sistemas físicos reais têm qualidades!
A vermelhidão é real: não existe no tomate, mas em alguma
região do cérebro do observador do tomate.
Como a física pode lidar com qualidades?
Teoria causal-pluralista da observação
•“Observação” é percepção acompanhada de teorização
(interpretação).
•P. ex.: Fonte emite luz, som, etc., que é modulado por um meio
e por obstruções (por reflexão, transmissão, dispersão…) até a
cadeia
causal chegar ao receptor, nosso aparelho perceptivo.
PLURALISMO:
Foco da atenção
pode ser tanto a
fonte, quanto o
meio, a obstrução
ou até o aparelho
perceptivo.
•Exemplos
•Lua vermelha (durante eclipse):
–Obstrução: Lua
–Fonte: Sol; Meio: Atmosfera terrestre
–Imagem na retina, etc.
•Sol avermelhado:
–Não há obstrução.
–Um vidro interposto: observação•Sol refletido em espelho:
de resultado nulo
–Não discernimos a obstrução.
•Arco-íris
•Fonte: Sol.
•Obstrução:
gotículas de
água (que
difratam a luz).
•Receptor: faixas
coloridas (na
retina).
•Uma fotografia de uma pessoa:
•
- Pode ser considerada uma observação de uma pessoa
mediada por instrumentos que incluem o papel fotográfico.
•
- Pode ser considerada o próprio objeto da observação
(neste caso não estou observando a pessoa, mas um padrão
impresso no papel)
•
- Pode também ser considerada uma imagem em minha
retina.
•Lembrete: cores (qualia) são criações da consciência humana.
•Observação de um neutrino
•Imagem raríssima de um neutrino, obtida em 1970 (figura
fornecida pelo Argonne National Laboratory). O modelo padrão das
partículas elementares só explica a imagem de um próton, múon
negativo e píon positivo a partir do choque de um neutrino invisível
com o próton, gerando as outras duas partículas.
Observações do cérebro
•Fosfeno: Clarão de luz que vemos quando levamos uma pancada na
cabeça.
•Ilusão de óptica:
Observação da retina
•Posso dizer que observo
minha
área visual V1, de
maneira “nula”.
Mapa retinotópico na área visual V1 em
macaco japonês (Tootell et al., 1982)
Definição de consciência
Conceito geral de Consciência:
Intuição, mais ou menos clara, que o sujeito tem dos seus estados e dos
seus atos. Possibilidade que cada um tem de dar atenção aos seus próprios
modos de ser e às suas próprias ações, de estar ciente dos próprios estados,
percepções, ideias, sentimentos, volições etc.
Citação clássica:
“A consciência não pode ser definida: nós mesmos podemos estar
totalmente cientes do que seja a consciência, mas não conseguimos
sem confusão transmitir para os outros uma definição do que nós mesmos
apreendemos com clareza. A razão é simples: a consciência está na
raiz de todo conhecimento”
(William Hamilton, [1837] 1859, Lectures on Metaphysics, I, p. 132).
Definição de consciência
Conceito geral de Consciência:
Intuição, mais ou menos clara, que o sujeito tem dos seus estados e dos
seus atos. Possibilidade que cada um tem de dar atenção aos seus próprios
modos de ser e às suas próprias ações, de estar ciente dos próprios estados,
percepções, ideias, sentimentos, volições etc.
Citação clássica:
“A consciência não pode ser definida: nós mesmos podemos estar
totalmente cientes do que seja a consciência, mas não conseguimos
sem confusão transmitir para os outros uma definição do que nós mesmos
apreendemos com clareza. A razão é simples: a consciência está na
raiz de todo conhecimento”
(William Hamilton, [1837] 1859, Lectures on Metaphysics, I, p. 132).
Alguns tipos de consciência
(1) Consciência fenomênica. A experiência subjetiva, as qualidades
fenomenológicas imediatas (phenomenal consciousness). Como é sermos
o que somos (what it is like to be us), a maneira como as coisas aparecem
para nós. As propriedades experienciais (vivenciais) das sensações,
percepções, sentimentos, pensamentos, emoções e desejos.
(2) Consciência de acesso. O fato de que representações mentais estão
disponíveis para o raciocínio e para guiar racionalmente a fala e as ações.
Temos livre acesso a tais conteúdos mentais, disponíveis para controle global.
Trata-se de um aspecto “funcional” da consciência, ao contrário da
consciência. (Block, 1994) [pensar na seleção natural]
(3) Consciência como pensamento de ordem superior. Um estado de
consciência acompanhado do pensamento de que se está neste estado
[uma espécie de auto-referência]. Conceito explorado por Rosenthal (1986).
Alguns tipos de consciência
(1) Consciência fenomênica. A experiência subjetiva, as qualidades
fenomenológicas imediatas (phenomenal consciousness). Como é sermos
o que somos (what it is like to be us), a maneira como as coisas aparecem
para nós. As propriedades experienciais (vivenciais) das sensações,
percepções, sentimentos, pensamentos, emoções e desejos.
(2) Consciência de acesso. O fato de que representações mentais estão
disponíveis para o raciocínio e para guiar racionalmente a fala e as ações.
Temos livre acesso a tais conteúdos mentais, disponíveis para controle global.
Trata-se de um aspecto “funcional” da consciência, ao contrário da
consciência. (Block, 1994) [pensar na seleção natural]
(3) Consciência como pensamento de ordem superior. Um estado de
consciência acompanhado do pensamento de que se está neste estado
[uma espécie de auto-referência]. Conceito explorado por Rosenthal (1986).
Alguns tipos de consciência
(1) Consciência fenomênica. A experiência subjetiva, as qualidades
fenomenológicas imediatas (phenomenal consciousness). Como é sermos
o que somos (what it is like to be us), a maneira como as coisas aparecem
para nós. As propriedades experienciais (vivenciais) das sensações,
percepções, sentimentos, pensamentos, emoções e desejos.
(2) Consciência de acesso. O fato de que representações mentais estão
disponíveis para o raciocínio e para guiar racionalmente a fala e as ações.
Temos livre acesso a tais conteúdos mentais, disponíveis para controle global.
Trata-se de um aspecto “funcional” da consciência, ao contrário da
consciência. (Block, 1994) [pensar na seleção natural]
(3) Consciência como pensamento de ordem superior. Um estado de
consciência acompanhado do pensamento de que se está neste estado
[uma espécie de auto-referência]. Conceito explorado por Rosenthal (1986).
“Qualia
(p.ex.: a vermelhidão do
vermelho)
vs.
Propriedades reais
das coisas
lCores
Frequência da luz
lSons
Vibração do ar
lCheiros
Agentes químicos
lFome
Açúcar, hipotálamo
lAlegria
Ritmo alfa,
amígdala
Problema “difícil”: Como o materialista
explicaria os qualia?
Conceito de qualia serve para distinguir
entre os aspectos físicos externos e os subjetivos
Se olho para um fundo magenta fixamente, e depois para uma parede branca,
“vejo uma pós-imagem verde”.
A pós-imagem gera o quale da “verdura”, sem que haja um objeto emitindo luz de
510 nm à minha frente.
Espectro subjetivo invertido (Locke): não conseguiríamos identificar uma pessoa
cuja sensação subjetiva fosse a inversa da nossa.
Experimento do Quarto de Mary
Desenho de Jesse Prinz
Experimento do Quarto de Mary (Frank Jackson, 1982)
lTeses: (i) FISICISMO ÔNTICO: Tudo o que existe é material (incluindo
energia, campos, etc.) ou físico (incluindo química, seleção natural, etc.)
Experimento do Quarto de Mary (Frank Jackson, 1982)
lTeses: (i) FISICISMO ÔNTICO: Tudo o que existe é material (incluindo
energia, campos, etc.) ou físico (incluindo química, seleção natural, etc.)
l(ii) FISICISMO EPISTEMOLÓGICO: Todo conhecimento é conhecimento
físico, ou seja, obtido pelo método científico usado nas ciências fisicas.
Experimento do Quarto de Mary (Frank Jackson, 1982)
lTeses: (i) FISICISMO ÔNTICO: Tudo o que existe é material (incluindo
energia, campos, etc.) ou físico (incluindo química, seleção natural, etc.)
l(ii) FISICISMO EPISTEMOLÓGICO: Todo conhecimento é conhecimento
físico, ou seja, obtido pelo método científico usado nas ciências fisicas.
l(iii) Antes de sair do quarto, Mary tinha todo conhecimento físico possível
sobre a neurociência da visão. (Tinha mesmo?)
Experimento do Quarto de Mary (Frank Jackson, 1982)
lTeses: (i) FISICISMO ÔNTICO: Tudo o que existe é material (incluindo
energia, campos, etc.) ou físico (incluindo química, seleção natural, etc.)
l(ii) FISICISMO EPISTEMOLÓGICO: Todo conhecimento é conhecimento
físico, ou seja, obtido pelo método científico usado nas ciências fisicas.
l(iii) Antes de sair do quarto, Mary tinha todo conhecimento físico possível
sobre a neurociência da visão. (Tinha mesmo?)
l(iv) Ao sair do quarto, ela aprendeu algo de novo? Sim. Observou qualia de
cores, ou seja, o estímulo de sua região V4. Assim, os qualia são reais.
Experimento do Quarto de Mary (Frank Jackson, 1982)
lTeses: (i) FISICISMO ÔNTICO: Tudo o que existe é material (incluindo
energia, campos, etc.) ou físico (incluindo química, seleção natural, etc.)
l(ii) FISICISMO EPISTEMOLÓGICO: Todo conhecimento é conhecimento
físico, ou seja, obtido pelo método científico usado nas ciências fisicas.
l(iii) Antes de sair do quarto, Mary tinha todo conhecimento físico possível
sobre a neurociência da visão. (Tinha mesmo?)
l(iv) Ao sair do quarto, ela aprendeu algo de novo? Sim. Observou qualia de
cores, ou seja, o estímulo de sua região V4. Assim, os qualia são reais.
l(v) (Argumento do conhecimento, versão epistemológica): Como antes ela
tinha todo conhecimento físico, mas aprendeu algo de novo, então há
conhecimento não-físico, e o fisicismo epistemológico é falso.
Experimento do Quarto de Mary (Frank Jackson, 1982)
lTeses: (i) FISICISMO ÔNTICO: Tudo o que existe é material (incluindo
energia, campos, etc.) ou físico (incluindo química, seleção natural, etc.)
l(ii) FISICISMO EPISTEMOLÓGICO: Todo conhecimento é conhecimento
físico, ou seja, obtido pelo método científico usado nas ciências fisicas.
l(iii) Antes de sair do quarto, Mary tinha todo conhecimento físico possível
sobre a neurociência da visão. (Tinha mesmo?)
l(iv) Ao sair do quarto, ela aprendeu algo de novo? Sim. Observou qualia de
cores, ou seja, o estímulo de sua região V4. Assim, os qualia são reais.
l(v) (Argumento do conhecimento, versão epistemológica): Como antes ela
tinha todo conhecimento físico, mas aprendeu algo de novo, então há
conhecimento não-físico, e o fisicismo epistemológico é falso.
lSaída: negar (iii): contato com qualia também é conhecimento científico,
conhecimento por “acquaintance” (contato), em oposição a conhecimento
teórico (proposicional), envolvendo linguagem, matemática e representações
espaço-temporais.
lConclui-se então que há uma limitação na física teórica, mas não uma
refutação do fisicismo ôntico.
Experimento do Quarto de Mary (Frank Jackson, 1982)
lTeses: (i) FISICISMO ÔNTICO: Tudo o que existe é material (incluindo
energia, campos, etc.) ou físico (incluindo química, seleção natural, etc.)
l(ii) FISICISMO EPISTEMOLÓGICO: Todo conhecimento é conhecimento
físico, ou seja, obtido pelo método científico usado nas ciências fisicas.
l(iii) Antes de sair do quarto, Mary tinha todo conhecimento físico possível
sobre a neurociência da visão. (Tinha mesmo?)
l(iv) Ao sair do quarto, ela aprendeu algo de novo? Sim. Observou qualia de
cores, ou seja, o estímulo de sua região V4. Assim, os qualia são reais.
l(v) (Argumento do conhecimento, versão epistemológica): Como antes ela
tinha todo conhecimento físico, mas aprendeu algo de novo, então há
conhecimento não-físico, e o fisicismo epistemológico é falso.
l(vi) (Tese da completude do conhecimento físico) Toda coisa física pode ser
conhecida de maneira física.
l(vii) (Argumento do conhecimento, versão ontológica) De (v) e (vi), segue-se
que há coisas não físicas.
Materialismo observacional: processos 
lHá um aspecto organizacional (funcional), expresso pela rede de
conexões neuronais:  (sigma)
lHaveria um princípio físico novo, que chamaremos “processo-”
(ômega).
(a)
O processo- seria uma condição necessária material para o
surgimento de qualia, e estaria envolvido nas leis psicofísicas de Feigl
e Chalmers.
l
Onde estão e o quê são os correlatos neurais da cosnciência?
Onde estão?
•Hipótese do Neocórtex: a consciência surge de processos no
neocórtex, associados ao pensamento, linguagem, sentido, propósito e
imagética. Sugerido por William James (1890).
•Hipótese subcortical: uma tradição que remonta a Hughling Jackson
(1880), Penfield & Jasper (1949), e Bogen (1995), afirma que o cerne
da consciência se localiza no diencéfalo mais primitivo, que inclui o
tálamo (que geralmente é considerado apenas uma estação de
retransmissão de impulsos sensoriais).
•Hipótese holista ou dinâmica: a consciência seria uma propriedade
distribuída de nosso sistema nervoso, e não pode ser localizada em
uma região específica do cérebro. Ela surgiria da dinâmica que inclui
córtex e tálamo.
Onde estão e o quê são os correlatos neurais da consciência?
O que são?
•Oscilações: a consciência deve ser associada a oscilações
eletroquímicas específicas do cérebro, como a hipótese dos 40 Hz de
Crick & Koch (posteriormente abandonada).
•Campos elétricos: O “processo ” relevante surgiria nos campos
elétricos gerados pelas correntes neurais oscilantes (McFadden).
•Processos quânticos: Inclui a bastante criticada hipótese de Penrose
& Hameroff, de que processos quânticos nos microtúbulos celulares
fazem emergir a consciência.
•Células gliais: Essas desprezadas irmãs dos neurônios poderiam ter
um papel essencial na consciência (Alfredo Pereira).
•Química: Alguma substância química específica poderia conter a
chave da consciência, como a acetilcolina (segundo Perry).
•Histologia: Os processos (a) poderiam estar associado a algum
tecido, como a “formação reticular” no tronco cerebral.
Em busca da sede da consciência:
Teorias subcorticais da consciência
ou
A hipótese talâmica
Divisões do
cérebro
Neocórtex
Sistema
límbico
Tronco
encefálico
Cerebelo
Fonte: Carter, R. et al. (2009), O livro do cérebro, vol. 1.
Fonte: Carter, R. et al.
(2009), O livro do cérebro,
vol. 1.
Teorias subcorticais de consciência
lGiuseppe Moruzzi & Horace Magoun
(1949): Descobrem que a estimulação
da formação reticular (no tronco
encefálico) produz “dessincronização”
de EEG no córtex cerebral, e
concomitante produção de sinais de
alerta comportamental (ou seja, estado
de vigília e sonho REM).
EEG no neocórtex de gatos levemente
anestesiados (cérebro isolado)
Moruzzi & Magoun em Varsóvia (1958),
retornando de conferência em Moscou
Estimulação da formação reticular
Wilder Penfield (1891-1976)
McGill Univ. (Canadá)
Anos 70: um novo consenso
lNos anos 1970, as teorias subcorticais da consciência entram em decadência,
e o novo consenso formado era de que “o neocórtex, o tálamo e o tronco
encefálico estão inextricavelmente ligados na modulação da atenção, [...]
sendo que os aspectos mais complexos desta função seriam executados
predominantemente pelo mecanismo neocortical” (Mesulam, 1985, p. 134).
lParalelamente a isso, a nova área interdisciplinar da ciência cognitiva enfatiza
pensamento, linguagem, conhecimento, sgnificado, propósito e imagética, que
são executados predominantemente por mecanismos neocorticais (Newman,
p. 174).
lO neocórtex é mais acessível ao estudo experimental do que o tálamo,
enterrado no centro do cérebro, cercado pelo sistema límbico e gânglios
basais.
Ondas gama (40 Hz)
lNa década de 1990, fica claro que ondas de 40 Hz estão associadas
ao estado de vigília e ao sono REM (com rapid eye movement),
constituindo um estado de “hiperatenção”. A diferença é que no sono
REM os dados sensoriais do mundo externo são bloqueados (Llinás &
Ribary, 1991).
lOs núcleos do tálamo
participariam da
experiência consciente. “É
o diálogo entre tálamo e
córtex que gera a
subjetividade” (p. 532).
Experimento mental da substituição gradual
de neurônios por chips de silício
(John Searle, A Redescoberta da Mente, 1992, cap. 3)
lConsidere a substituição gradual de cada neurônio e célula glial do
sistema nervoso por microchips de silício, que reproduzem todas as
entradas e saídas conhecidas dessas células, em função da presença
de neurotransmissores e outras moléculas.
lPergunta: o androide resultante estará consciente?
Experimento mental da substituição gradual
de neurônios por chips de silício
(John Searle, A Redescoberta da Mente, 1992, cap. 3)
lConsidere a substituição gradual de cada neurônio e célula glial do
sistema nervoso por microchips de silício, que reproduzem todas as
entradas e saídas conhecidas dessas células, em função da presença
de neurotransmissores e outras moléculas.
lPergunta: o andróide resultante estará consciente?
lSIM: Funcionalismo de máquina.
lNÃO: Há algo na biologia celular que é essencial.
lChamemos este algo materialmente essencial de “processo ” (ômega)
1º Experimento
de Libet
(a) O estímulo na pele é sentido 15
ms depois, que é o tempo real de
chegada do estímulo no cérebro. (b)
Estímulo
direto
no
córtex
somatossensorial, de 60 pps (pulsos
por segundo), durando apenas 250
ms, não gera nenhuma sensação. (c)
Já um estímulo mais longo no cérebro
começa a gerar uma sensação
consciente após 500 ms. (d) Quando
o estímulo cerebral se inicia 250 ms
após o estímulo na mão, este é
mascarado,
indicando
que
a
sensação consciente do estímulo na
mão só surge (sem mascaramento)
após um certo tempo, que acaba
sendo 500 ms, e que este é portanto
“pré-datado”. (e) No caso em que o
estímulo no cérebro começa antes,
não
ocorre
mascaramento
do
estímulo da mão. (Adaptado de
LIBET et al., 1979.)
FIM
Experimento mental da duplicação humana
lCriar uma cópia material de Calvin-1 que é perfeitamente semelhante ao
original, no nível molecular.
1ª Pergunta: Calvin-2 teria consciência?
(ou ele seria um “zumbi”?)
Calvin-1
Calvin-2
1ª Pergunta: Calvin-2 teria consciência?
(ou ele seria um “zumbi”?)
lMaterialismo (= fisicismo): Sim, ela será consciente, já que
consciência (ou aquilo que chamamos alma) surge do corpo material.
Calvin-1
Calvin-2
1ª Pergunta: Calvin-2 teria consciência?
(ou ele seria um “zumbi”?)
lMaterialismo (= fisicismo): Sim, ela será consciente, já que
consciência (ou aquilo que chamamos alma) surge do corpo material.
lEspiritualismo (ex.: dualismo de substância ): Não, ela não teria uma
alma, a não ser que um espírito diferente viesse a ocupar o corpo.
Calvin-1
Calvin-2
2ª Pergunta: (supondo o materialismo)
Os dois Calvins teriam estados mentais
perfeitamente semelhantes?
(no instante da criação)
2ª Pergunta: (supondo o materialismo)
Os dois Calvins teriam estados mentais
perfeitamente semelhantes?
(no instante da criação)
lPosições que respondem “sim”:
lSuperveniência do mental a partir do cérebro (ou corpo).
2ª Pergunta: (supondo o materialismo)
Os dois Calvins teriam estados mentais
perfeitamente semelhantes?
(no instante da criação)
lPosições que respondem “sim”:
lSuperveniência do mental a partir do cérebro (ou corpo).
lPosições que respondem “não”:
lMaterialismo anti-supervenientista.
Superveniência
de estados mentais a
partir dos estados
físicos do corpo
Para cada estado físico
pi há um único estado
mental m .
j
Cubo de
Necker
Descrito pelo mineralogista suiço
Louis Albert Necker (1832):
reversão perceptual.
Romboide original de Necker
m1

m2
3ª Pergunta: (supondo a superveniência)
Qual a natureza da relação de superveniência
do mental para o físico?
?
3ª Pergunta: (supondo a superveniência)
Qual a natureza da relação de superveniência
do mental para o físico?
Para responder a esta pergunta filosófica, podemos pensar
novamente em um experimento mental:
Experimento mental do Demônio Psicofisiológico
(demônio de Bergson):
“Uma inteligência sobre-humana, que assistisse ao
movimento dos átomos de que é feito o cérebro humano e
que tivesse a chave da psicofisiologia...
... poderia ele ler tudo o que se passa na consciência
correspondente?”
(Henri Bergson, 1904, “O cérebro e o pensamento: uma ilusão filosófica”,
republicado in Énergie Spirituelle, 1919, p. 104-14).
?
3ª Pergunta: (supondo a superveniência)
O demônio psicofisiológico poderia ler tudo o que se
passa na consciência correspondente?
Sim! Reducionismo ôntico (uma posição realista):
– A relação é bem definida e em princípio podem-se derivar os
estados mentais mi a partir dos estados físicos p .
.
j
?
3ª Pergunta: (supondo a superveniência)
O demônio psicofisiológico poderia ler tudo o que se
passa na consciência correspondente?
Sim! Reducionismo ôntico (uma posição realista):
– A relação é bem definida e em princípio podem-se derivar os
estados mentais mi a partir dos estados físicos p .
j
Não faz sentido postular um demônio psicofisiológico:
Emergentismo médio (versão antirrealista da anterior):
– Na prática não se pode “reconstruir” o nível superior a partir do
inferior, portanto não faz sentido defender o reducionismo.
.
?
3ª Pergunta: (supondo a superveniência)
O demônio psicofisiológico poderia ler tudo o que se
passa na consciência correspondente?
Sim! Reducionismo ôntico (uma posição realista):
– A relação é bem definida e em princípio podem-se derivar os
estados mentais mi a partir dos estados físicos p .
j
Não faz sentido postular um demônio psicofisiológico:
Emergentismo médio (versão antirrealista da anterior):
– Na prática não se pode “reconstruir” o nível superior a partir do
inferior, portanto não faz sentido defender o reducionismo.
Não! Emergentismo forte (uma posição realista):
– Mesmo em princípio o reducionismo é falso, devido ao
“desacoplamento” real entre os níveis de diferentes escalas.
?
3ª Pergunta: (supondo a superveniência)
O demônio psicofisiológico poderia ler tudo o que se
passa na consciência correspondente?
Sim! Reducionismo ôntico (uma posição realista):
– A relação é bem definida e em princípio podem-se derivar os
estados mentais mi a partir dos estados físicos p .
j
Não faz sentido postular um demônio psicofisiológico:
Emergentismo médio (versão antirrealista da anterior):
– Na prática não se pode “reconstruir” o nível superior a partir do
inferior, portanto não faz sentido defender o reducionismo.
Não! Emergentismo forte (uma posição realista):
– Mesmo em princípio o reducionismo é falso, devido ao
“desacoplamento” real entre os níveis de diferentes escalas.
Emergentismo com causação descendente:
– Em certos casos (p.ex.: desejos), seriam os estados mentais que
causam alterações no estado cerebral (e não os estados cerebrais).
?
Leibniz: Monadologie (1714)
l17. Ademais, deve-se confessar que a Percepção e aquilo que dela depende é
inexplicável por razões mecânicas, isto é, por figuras e movimentos.
Imaginando-se que há uma máquina cuja estrutura a faça pensar, sentir e
perceber, poder-se-á, guardadas as mesmas proporções, concebê-la ampliada
de sorte que se possa nela entrar como em um moinho. Admitido isso, lá não
encontraremos, se a visitarmos por dentro, senão peças impulsionando-se
umas às outras, e nada que explique uma percepção. Portanto, essa
explicação deve ser procurada na substância simples e não no composto ou
na máquina. Por isso, na substância simples não se pode encontrar nada além
disso: percepções e suas modificações. Também só nestas podem consistir
todas as Ações internas das substâncias simples.
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