UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE Grupo Marketing Associação Minha Rua Minha Casa Relatório Final Alexandre Lotrario Porto Bárbara Francisco Ferrari Carolina Rodrigues Campezato Priscila Mouawad Khouri Raquel C. Casagrande Vivian Borges Scalfi Tutor: Victor de la Paz Richarte Martinez São Paulo 15 de dezembro de 2007 ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 3 1.1 CONTEXTO DO PROJETO ............................................................................................... 3 1.2 MISSÃO .......................................................................................................................... 4 1.3 ESCOPO.......................................................................................................................... 4 1.4 OBJETIVOS .................................................................................................................... 5 2 METODOLOGIA........................................................................................................... 6 3 POPULAÇÃO ENVOLVIDA ....................................................................................... 8 4 REVISÃO TEÓRICA .................................................................................................... 9 4.1 ECONOMIA SOLIDÁRIA ................................................................................................. 9 4.2 REDES DE COMERCIALIZAÇÃO ................................................................................... 12 4.3 MARKETING ................................................................................................................ 13 4.4 MARKETING E COMUNICAÇÃO PARA O TERCEIRO SETOR ......................................... 15 5 HISTÓRICO DO CRONOGRAMA ........................................................................... 19 6 RESULTADOS ............................................................................................................. 21 6.1 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO .............................................................................. 21 6.1.1 PRIMEIRO SEMESTRE ................................................................................................... 21 6.1.2 SEGUNDO SEMESTRE ................................................................................................... 22 6.2 RESULTADOS OBTIDOS ................................................................................................ 25 7 QUESTÕES PESC ....................................................................................................... 26 8 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 31 2 1 INTRODUÇÃO 1.1 Contexto do projeto A concentração de renda e a dificuldade de ingresso no mercado de trabalho, cada vez mais competitivo, não são novidades para ninguém, já que são assuntos muito abordados pela mídia. Tal situação faz com que muitas pessoas acabem em situação de rua, sem perspectivas de reinserção na sociedade, ficando, assim, totalmente à margem dela. Dados divulgados pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), apontam que, de 2000 para 2003, o número de pessoas nessa situação, na cidade de São Paulo, aumentou de 8.088 para 10.399, o que atesta sua gravidade. O presente projeto foi realizado junto à Associação Minha Rua Minha Casa (AMRMC), uma organização que busca desenvolver mecanismos para integrar a população em situação de rua novamente à sociedade. Uma de suas atividades é a promoção da Feira de Trocas Solidárias do Centro de São Paulo, que reúne empreendimentos populares, população em situação de rua e visitantes, para a troca de mercadorias e serviços, buscando promover integração social, afetiva e econômica entre as pessoas que participam, além de estimular o consumo solidário. A Feira é realizada mensalmente e seus participantes são, em sua grande maioria, pessoas que já participaram das edições anteriores e que conhecem o seu funcionamento, ou que foram convidadas por essas pessoas que conhecem a Feira em uma comunicação boca-a-boca, informal. Nesse contexto é que surgiu a necessidade de ampliar a divulgação da Feira de uma maneira mais sólida e formalizada, de modo a garantir que um maior número de pessoas passe a freqüentar a Feira e, dessa forma, aumentar não só a quantidade de pessoas envolvidas com o projeto, mas também a consciência de um consumo solidário e o conhecimento com relação a uma nova forma de economia, que é a economia solidária. 3 1.2 Missão O projeto teve como missão a formalização da divulgação da Feira, que antes era feita predominantemente através do boca-a-boca informal, panfletagem para a população de rua e moradores de albergues, e por email, que era enviado às pessoas que já haviam participado de alguma edição anterior. 1.3 Escopo O projeto buscou atender à demanda do contato inicial, Felipe Bannitz, que nos solicitou um trabalho dentro da área de marketing para a Associação. Porém, logo no início, e posteriormente também, encontrou-se dificuldade em focar objetivos mais específicos para a elaboração do projeto. Com o desenvolvimento do trabalho, frente às dificuldades em obter informações e pressionados pelo tempo, decidiu-se objetivar a melhoria da divulgação da Feira de Trocas Solidárias junto ao público jovem e universitário, formador de opinião e que poderia ter interesse na Feira, impulsionado pela idéia do mercado-escola. Esse projeto não abarcou as atividades que nos foram primeiramente designadas como: mapeamento do público alvo da Feira, formulação de cartões de visita para os empreendimentos e organização de um mostruário com os produtos oferecidos pelos empreendimentos para que este pudesse ser divulgado nas empresas, com o objetivo de obter clientes fixos. Apesar de essas atividades fazerem parte da demanda da organização, por limitações de tempo, recursos financeiros e dificuldades no acesso aos empreendimentos, tiveram sua realização dificultada. Para garantir qualidade e efetividade, decidimos, portanto, focar as atividades de divulgação da seguinte forma: elaboração e distribuição de cartazes divulgando o evento nas faculdades do campus USP-Butantã e nas proximidades do bairro da Liberdade, e, quando possível, a utilização de convites on-line. A utilização de panfletos nas portas das faculdades em horários estratégicos foi cogitada, porém inviabilizada, devido à escassez de recursos financeiros da entidade. Outra atividade desenvolvida, a fim de atingir nossos objetivos, foi o estabelecimento de 4 contato com as faculdades de nosso interesse, para obtermos autorização para a divulgação. 1.4 Objetivos O objetivo do projeto foi desenvolver um estudo de marketing que desse como resultado o aumento do número de visitantes na Feira de Trocas Solidárias do Centro de São Paulo. A busca por um aumento do número de visitantes é justificada pela necessidade de ampliar o mercado solidário e a rede de empreendimentos, que passaria a ter mais clientes, gerando, assim, uma renda maior para a população de rua e uma maior expectativa de reinserção desta na sociedade. 5 2 METODOLOGIA A metodologia inicial foi modificada, devido à mudança no direcionamento do projeto. O macro-objetivo do projeto se tornou atingir um público-alvo que compareça e freqüente a Feira de Trocas Solidárias, e, dessa forma, tornar o conceito de economia solidária mais conhecido entre esse público e possibilitando o crescimento e desenvolvimento da própria feira. O contato com as pessoas responsáveis pela organização da Feira foi feito semanalmente, por telefone. Segundo os interesses do público-alvo definido criamos um projeto de divulgação baseado na disseminação da idéia e conceito de uma economia baseada em trocas solidárias, deixando para segundo plano o apelo ao consumo, pois os produtos não atingem um padrão de qualidade esperado e exigido por esse público, basicamente composto por estudantes universitários da rede pública e particular, conseqüentemente um público de classe média em geral. As atividades do grupo foram desenvolvidas com base nas discussões semanais realizadas às segundas-feiras com o tutor. Nessas reuniões, foi possível organizar a reestruturação do escopo, as tarefas de cada membro do grupo, e as limitações enfrentadas no desenvolvimento do trabalho. Para elaborarmos o meio de divulgação e a linguagem mais apropriada para o público pretendido foi realizada uma pesquisa bibliográfica em torno de conceitos de marketing para organizações do terceiro setor. Além disso, foram realizadas quatro visitas à Feira de Trocas Solidárias com o objetivo de conhecer melhor seu funcionamento, ver os pontos fortes que poderiam ser utilizados para chamar a atenção na divulgação e os pontos fracos para sabermos até que ponto a Feira suportaria novos visitantes. Após esse processo, elaboramos o material de divulgação da Feira de Trocas Solidárias, que foi realizada no dia 20 de outubro de 2007. Entramos em contato com as faculdades na região da Liberdade e do campus Butantã da USP, para termos uma noção das faculdades que permitiriam a divulgação nas suas dependências; por fim, os próprios membros do grupo se encarregaram de fixar os 6 cartazes nessas faculdades. Para melhor avaliação dos resultados da divulgação realizada, elaboramos uma lista de presença a ser assinada na entrada da feira pelos estudantes universitários que comparecessem, mas esta não foi utilizada pela entidade, o que dificultou a efetividade de nossa atuação. Depois dessa primeira divulgação, foram determinados os seguintes objetivos: a melhoria da divulgação com a correção de algumas falhas existentes, expansão da divulgação à classe média, e, possivelmente, a elaboração de uma cartilha com informações e instruções relevantes acerca de conceitos de marketing para entidades do terceiro setor e a busca de parcerias que apoiassem a divulgação da feira, ajudando financeiramente, para possibilitar a expansão para outros tipos de mídia. Todavia, devido à falta de recursos financeiros, parcerias e atenção da própria Associação que estava sendo ajudada, decidimos fazer a divulgação via internet, veículo sem custos e com grande repercussão. Utilizamos, portanto, um sítio de relacionamento virtual, o Orkut, divulgando principalmente em comunidades ligadas a responsabilidade social na região da Liberdade, e ainda mandamos o convite da feira para alguns e-groups de universitários. 7 3 POPULAÇÃO ENVOLVIDA A população envolvida no projeto é a população em situação de rua do centro de São Paulo e os moradores de albergues dessa região. São pessoas em situação de extrema pobreza, que passam diariamente por muitas dificuldades, não somente financeiras, mas também familiares, afetivas e, principalmente, sociais, já que não conseguem se integrar à sociedade. Grande parte dessa população está em idade ativa, tendo, portanto, seu potencial de trabalho e de geração de renda desperdiçado por falta de oportunidades, além de serem marginalizados e esquecidos pela sociedade na qual vivem à margem. “Perambulando sem rumo pelos espaços públicos, sobrevivendo das sobras da sociedade e confundidas, muitas vezes, com assaltantes, estas pessoas, em número cada vez maior, são cidadãos esquecidos por uma cidade que tem dificuldade em enxergá-los” (AMRMC). 8 4 REVISÃO TEÓRICA 4.1 Economia Solidária Primeiramente é importante ressaltar que a economia solidária é uma tendência que se opõe à economia contemporânea já que é oposta aos princípios básicos do capitalismo, o sistema que toma conta da maioria das relações econômicas as quais a sociedade atual está condicionada. É, antes de tudo, uma opção de vida, e não uma solução provisória para um momento de crise do indivíduo, enquanto este não consegue se recolocar no mercado de trabalho. Através da economia solidária o indivíduo opta por um projeto para a sociedade baseado em novos valores, como a solidariedade, a cooperação e o respeito pela natureza e pelo próprio ser humano (BARCELLOS, 2000). Ainda segundo Barcellos, “fundamentar-se na Economia Solidária, significa dizer: fundamentar-se numa economia de produtores-trabalhadores, que atuam entre a lógica do capital e a lógica de suas necessidades, que, enfim, se organizam com o intuito de defenderem-se da competição capitalista, e para isto desenvolvem formas comunitárias, cooperativas, associativas e autogestionárias. É a economia do povo, daqueles que foram excluídos do mercado de trabalho”. Dentro dessa perspectiva, o que está em primeiro plano é a geração de postos de trabalho, para que os indivíduos possam atender às suas necessidades. Gerar excedentes não é prioritário. O conceito de economia solidária é elucidado por muitos autores, sempre girando em torno de características comuns, porém com algumas particularidades que os distinguem, pois a noção desta engloba diversas práticas, o que conseqüentemente leva a não existência de um pensamento único. Para Mance (2002), a economia solidária está ligada a ações de consumo, comercialização, produção e serviços em que se defende, entre outros aspectos, a participação coletiva, autogestão, democracia, igualitarismo, cooperação e intercooperação, auto-sustentação, a promoção do desenvolvimento humano, responsabilidade social e preservação do equilíbrio ecológico. 9 Já segundo Singer, “a economia solidária surge como um modo de produção e distribuição alternativo ao capitalismo, criado e recriado periodicamente pelos que se encontram (ou temem ficar) marginalizados do mercado de trabalho”. A economia solidária é formada por empreendimentos que têm sua origem na democracia e na igualdade, princípios estes observáveis em seu cotidiano. Constitui-se em um modo de produção alternativo que molda sua estrutura legal e institucional em torno de seus valores e interesses, mais a frente melhor explicitados (SINGER, 2001). A Economia Solidária pode ser conceituada como sendo uma formulação teórica de nível científico, elaborada a partir de um conjunto significativo de experiências econômicas - no campo da produção, comércio, financiamento de serviços etc. – que “compartilham alguns traços constitutivos e essenciais de solidariedade, mutualismo, cooperação e autogestão comunitária, que definem uma racionalidade especial, diferente das outras realidades econômicas” (RAZETO, 1993, pg.40 apud Barcellos, 2000). Enquanto a lógica capitalista valoriza o capital e o trabalho, na lógica da economia solidária ganha destaque o fator C, elucidado por Razeto, representando a cooperação, a coletividade, a colaboração e a coordenação. Quanto à distribuição, a lógica solidária também se distingue da lógica capitalista, não apenas valorizando monetariamente as relações de troca, como também estabelecendo relações de doação, reciprocidade, comensalidade e cooperação. No consumo percebem-se concepções diferenciadas entre as duas lógicas, sendo que, ao contrário do capitalismo que se caracteriza pelo consumismo exacerbado, a economia solidária caracteriza-se, sob este aspecto, pela preferência ao consumo comunitário, ou seja, aquele que possibilita que a um maior número de pessoas o suprimento de suas necessidades. Muitas vezes, por falta de um intermediador entre produtor / consumidor, acaba-se percebendo que os próprios produtores são os consumidores de seus produtos ou serviços. Para Ortiz Roca (2001, apud Tauile, 2001), a economia solidária abrange as diversas formas de organização da sociedade, onde cidadãos e cidadãos se 10 incubem de criar sua própria fonte de trabalho, através das quais poderão ter acesso a bens e serviços de qualidade ao menor custo possível, com base em uma dinâmica solidária e de reciprocidade, articulando os interesses individuais aos coletivos. Como ressaltam Asseburg e Gaiger, a “economia solidária tem sido apontada como uma alternativa inovadora e eficaz de criação de postos de trabalho, geração de renda e combate à pobreza” em um país que é notadamente conhecido por suas desigualdades sociais alarmantes, decorrentes da injusta apropriação e distribuição da riqueza em nítido contraste com a capacidade produtiva do Brasil. Sendo, dessa forma, descartado o crescimento econômico como meio de erradicação, ou pelo menos redução, da pobreza, os empreendimentos solidários de geração de renda passam a ganhar destaque. O importante papel dos empreendimentos solidários na redução das desigualdades sociais reside no fato de que estes convertem os trabalhadores em proprietários associados, fazendo com que flua para estes proporções correspondentes ao seu trabalho dos frutos da atividade econômica desenvolvida. Assim, os excedentes produzidos deixam de ser subtraídos pelos detentores exclusivos do capital e se revertem para os trabalhadores, “sob a forma de retribuições diretas ou como capital por eles compartilhado, contribuindo em ambos os casos para o incremento do patrimônio pessoal e coletivo” (ASSEBURG e GAIGER, 2006). Gaiger (2003) mostra que o solidarismo é capaz de converter-se no instrumento básico de uma nova racionalidade econômica, apta a fornecer sustentabilidade aos empreendimentos solidários, resultando em materiais e ganhos extraeconômicos efetivos. Destaca ainda que “pesquisas empíricas vêm apontando que a cooperação na gestão e no trabalho, no lugar de contrapor-se aos imperativos de eficiência, atua como vetor de racionalização do processo produtivo, com efeitos tangíveis e vantagens reais, comparativamente ao trabalho individual e à cooperação, entre os assalariados, induzida pela empresa capitalista”. 11 O modo de produção solidário não é apenas diferente do modo de produção capitalista, mas contrário a ele, sendo que no último o capital emprega o trabalho e no primeiro os trabalhadores empregam o capital. Esse tratamento das relações de produção leva os empreendimentos solidários a serem entendidos como uma “forma social de produção específica”, contrária à forma típica do capitalismo, porém, com ela devendo conviver. 4.2 Redes de comercialização Para a orientação desse trabalho, torna-se essencial entender a definição de redes de comercialização Estas são sistemas interligados de pessoas, instituições ou empreendimentos com a finalidade de fortalecer cada elemento individualmente, por meio da interação entre as partes. O que diferencia as redes de associações é que nesta pressupõe-se “a colaboração solidária entre seus membros, de modo a articular ações, táticas e estratégias que fortaleçam simultaneamente o conjunto e cada uma das unidades da rede” e a articulação em torno de objetivos e metas em comum a todos os envolvidos. As ações das redes partem do princípio da elaboração de produtos e serviços que tenham em si agregados valores “da inclusão social e do respeito à vida” e têm por objetivo geral incentivar práticas de solidariedade, com a criação de uma nova consciência do consumo. Os empreendimentos do campo da Economia Solidária geram renda, porém essa geração nunca é colocada acima da preocupação com condições de saúde, necessidade de preservação do meio ambiente, o respeito ao ser humano e às diferenças, sejam elas sociais, raciais, de gênero ou religiosas. Ao tratarmos com uma população que está em condição de rua, “a formação de redes é uma estratégia que ajudar na inserção tanto econômica quanto política(...)”, e nesse caso até mesmo social,”formando uma malha de sustentação para seus membros”(ANTEAG). 12 Ao terem dificuldades financeiras, em sua maioria, os empreendimentos pautados pelos princípios da Economia Solidária precisam inovar e serem criativos para alcançarem sua sustentabilidade, dessa forma “contam com limitações financeiras que inviabilizam grandes investimentos em propaganda e marketing, que são hoje a forma mais eficiente de inserção no mercado”. Sendo uma das vertentes desse trabalho, auxiliar os empreendimentos na área de marketing, alguns pontos foram explorados de forma a fornecer embasamento teórico suficiente para que o projeto seja realizado. A atual conjuntura social demanda cada vez mais por auxílios e soluções para a parte da sociedade excluída do ciclo econômico. Dessa maneira as ONGs (Organizações Não-Governamentais) necessitam criar planos administrativos de maneira que se maximize o aproveitamento dos recursos escassos, ou seja, tornar tais organismos cada vez mais eficientes. Por meio dessa busca por eficiência ocorre uma transição entre a administração intuitiva e amadora para uma administração profissional que se utiliza de diversas ferramentas, tais como o marketing. 4.3 Marketing Existem diversas definições para marketing devido a sua grande abrangência, havendo uma certa discussão entre os grandes teóricos. A principal e mais aceita definição é dada por Kotler em: “A criação, implementação e controle de programas calculados para influenciar a aceitabilidade das idéias sociais e envolvendo considerações de planejamento de produto, preço, comunicação, distribuição e pesquisas de marketing”.(Kotler, P.; Zaltmen, G. apud Cobra, 1997) Posteriormente Kotler propôs uma definição mais genérica para o marketing, sugerindo que: 13 “Marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtém o que necessitam e desejam através da criação oferta e troca de produtos de valor com outros.”(Kotler, P. apud Cobra, M.) Outra definição é dada por Casas (2005): “Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos e considerando sempre o meio ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade”. Tentando minimizar a abrangência do marketing, Cobra (1997) enumera uma série de escopos: -Comportamento do consumidor -Embalagem - Preço -Vias de distribuição -Compras -Pesquisa mercadológica -Administração de vendas -Varejo -Responsabilidade -Gerência de produtos marketing -Comunicação mercadológica -Distribuição física -Marketing comparative -Marketing Social social do -A eficácia da produtividade do sistema de -Aspectos sociais e ecológicos no marketing marketing -O papel do marketing no desenvolvimento -E outros mais econômico Fonte: COBRA, 1997. 14 Os 4 Ps é um sistema de marketing criado por E. Jerome McCarthy que tem por objetivo subdividir um composto de marketing (marketing-mix) em 4 categorias: - Produto: “Um produto ou serviço é dito certo ao consumo quando atende às necessidades e desejos de seus consumidores-alvos”. Um produto certo deve ter: a) Qualidade e padronização – em termos de características, desempenhos e acabamentos. b) Modelos e tamanhos – que atendam às expectativas e necessidades. c) Configuração – a apresentação do produto em termos de apresentação física, embalagem marca e serviço. - Ponto: “O produto ou serviço só tem utilidade se posicionado junto ao seu mercado consumidor”. a) Atacado varejo ou distribuidor. b) Ao transporte. c) E a armazém. - Preço: “O produto deve ser certo, deve estar no ponto certo e deve transferir a posse no preço certo”. - Promoção: “O composto promocional do produto ou serviço compreende a publicidade, as relações públicas, a promoção de vendas, a venda pessoal e o merchandising”. 4.4 Marketing e comunicação para o terceiro setor O marketing e a comunicação para o terceiro setor hoje se constituem em elementos de fundamental importância para a sobrevivência desse tipo de organização. Utilizando ferramentas do marketing, a organização torna possível a sensibilização de apoiadores para a sua causa, a captação recursos e ganha visibilidade na mídia, o que é uma forma de viabilizar sua sustentabilidade. 15 Antes de se aprofundar neste tema, faz-se essencial uma definição do que é marketing. Segundo a American Marketing Association (AMA), “marketing é o processo de planejamento e execução da criação, estabelecimento de preço, promoção e distribuição de idéias, produtos e/ou serviços, com vistas a criar os intercâmbios que irão satisfazer as necessidades dos indivíduos e das organizações”. A partir desse conceito, será discutida mais a frente a adaptação necessária para a aplicação deste no terceiro setor, já que essas organizações não objetivam a obtenção de lucros. Ao falarmos de comunicação para o terceiro setor é fundamental falar de planejamento estratégico de comunicação, já que sem um planejamento adequado qualquer tentativa de estabelecimento de canais de comunicação com o público pode estar fadada ao fracasso. Um plano é um esboço do que se pretende fazer e um compromisso de ação com aquilo que foi determinado. Têm-se assim alguns passos que são indispensáveis na elaboração de um plano: Identificação da missão, dos valores, dos objetivos e das metas da organização; Identificação dos públicos estratégicos – quem são, onde estão, o que pensam, o que querem, o que sabem sobre a organização, o que deveriam saber sobre ela; Definição da informação a ser compartilhada com os diversos públicos - níveis de linguagem, fontes, dados disponíveis; Criação de ferramentas ou veículos para a circulação das informações; Avaliação e monitoramento do processo de comunicação como um todo – as atividades e mensagens estão alcançando os objetivos, são adequadas, poderiam ser melhoradas? Como? No caso específico deste projeto, foi trabalhada a elaboração de veículos de mídia que pudessem divulgar a Feira de Trocas Solidárias do Centro de São Paulo, promovida pela Associação Minha Rua Minha Casa. Para isso alguns procedimentos obtidos através dessa pesquisa bibliográfica foram seguidos. 16 Os primeiros passos para se estabelecer um relacionamento com o público envolvem, antes de qualquer coisa, analisar o que já foi feito nesse sentido e “aprender a partir do que já foi feito no passado” (Meneghetti, 2001). Depois reunir informações a respeito do público para o qual a comunicação está sendo dirigida, para aí então definir o veículo, o conteúdo e a forma de apresentação da mensagem.As mensagens devem ser claras e bem específicas, divulgando-as para seus diversos públicos com forte apelo às emoções. É necessário definir claramente quais são os objetivos da comunicação para organização. Geralmente, os objetivos giram em torno de: Projetar a imagem institucional; Captar recursos e atrair parceiros; Provocar mudanças culturais; Influenciar políticas públicas; Potencializar impactos Para a elaboração de folders algumas dicas são extremamente importantes: O texto deve ser claro e objetivo. Usar frases curtas. Incluir exemplos de projetos já realizados e divulgar resultados, sempre que possível. Utilizar fotos, mostrar o público beneficiário, valorizar as pessoas. Humanizar a comunicação. É preciso ser direto na proposta de ação, dizendo o que o público pode fazer de concreto. (Meneghetti, 2001) Construir um relacionamento com a mídia também é um aspecto fundamental para o fortalecimento institucional e para a consolidação da imagem da organização. Dessa forma, deve-se dar atenção especial a esse relacionamento, procurando fazê-lo de forma bastante profissional, para que se forme uma base de apoio, conferindo legitimidade á causa social abordada. 17 Ao utilizar-se de veículos de mídia, é essencial analisar que públicos estão sendo atingidos, podendo assim ser a comunicação ONG – público a mais efetiva possível. Dessa forma temos que a mídia impressa atinge segmentos de públicos menores e de mais fácil identificação, já a mídia eletrônica dirige suas informações a um público mais amplo e heterogêneo. Os leitores de revistas e jornais geralmente são pessoas de alto nível de escolarização e razoável poder aquisitivo. Esses veículos possibilitam que as organizações apresentem seu trabalho com uma profundidade um pouco maior. Por isso, quando da procura por utilizar esse veículo, é fundamental ter em mãos todas as informações sistematizadas, o que irá conferir maior credibilidade na busca por espaço para divulgação. Muitas vezes existe certa rejeição por parte das organizações do terceiro setor para com a mídia. Porém uma postura crítica nesse sentido pode ser nada construtiva. É preciso livrar-se de estereótipos e conceitos que nem sempre condizem com a realidade. As ONG’s devem passar a acreditar que investir no relacionamento com a mídia é uma das formas mais efetivas de interferir na agenda social, informando o que se pensa, o que se faz, o que se defende e o que se propõe para a sociedade. Uma ferramenta muito utilizada pelo marketing empresarial é os 4P’s. Para as organizações do terceiro setor também é possível utilizá-las, desde que com as adaptações adequadas. Enquanto para o marketing empresarial temos o 4P’s representando produto, preço, promoção e praça, na sua adaptação perde-se os P’s e estes se transformam em sua grande maioria em C’s. O P de produto passaria para S de serviços, considerando-se que os programas e projetos sociais das ONG’s são prestações de serviços. O segundo P, referente a preço passaria a C de custo/impacto da atividade. Quanto ao P de promoção, este passa a C de comunicação. E o P de praça, por sua vez, passa a corresponder a C de contexto social. Ainda acrescenta-se um P de pessoa. 18 5 HISTÓRICO DO CRONOGRAMA Previsto Agosto Retomada das atividades; Ajuste de um horário para reunião semanal adequado para todos os membros do grupo; Participação do grupo nas feiras de troca solidárias; Definição mais específica do escopo do projeto; Setembro Estabelecer um horário para as reuniões semanais; Participação do grupo na feira de trocas solidárias realizada no mês; Na feira, aplicação de questionários a visitantes que não são moradores de rua, a pessoas que trabalham na coordenação da feira ou na AMRMC e a pessoas que trabalham nos empreendimentos participantes da feira; Levantamento das Universidades, Faculdades e Cursinhos próximos à região da Liberdade, recolhendo seus telefones, e-mails e contato com seus Centros Acadêmicos; Coleta de telefones e e-mails dos Centros Acadêmicos das unidades da USP; Estabelecimento de contato com os Centros Acadêmicos da USP e com as Faculdades e Universidades próximas à Liberdade, a fim de verificar a viabilização da divulgação da feira em suas dependências; Definição dos instrumentos para divulgação e sua elaboração com o auxílio de um designer; Busca de apoios e parcerias para arcar com os custos da divulgação; Obtenção das datas das próximas feiras. Outubro Entrega do cartaz; Fixação dos cartazes nas faculdades da USP e faculdades externas; Avaliação dos resultados da campanha de divulgação feita através dos cartazes; Novembro Definir continuidade do projeto de divulgação e eventuais modificações; Avaliar andamento do Relatório Final e fazer um planejamento para sua elaboração; Concluir o trabalho; Realizado Agosto O grupo retomou as atividades no início do mês; Houve a entrada de um tutor no grupo; O grupo preencheu uma planilha para encontrar um horário em que todos os membros pudessem estar presentes; Parte do grupo participou da feira de trocas solidária, ocorrida no dia 11 de agosto; 19 Falou-se com o contato do grupo na AMRMC, e ele apresentou ao grupo quatro propostas de atuação. Foi escolhida a opção de trabalhar com o marketing das feiras de trocas solidárias; Setembro Estabeleceu-se que as reuniões semanais ocorrerão sempre às segundas-feiras, às 11h15, com a presença do tutor. Quando necessário, eventuais reuniões serão marcadas pelo grupo; Parte do grupo compareceu à feira de trocas solidárias, ocorrida no dia 15 de setembro; Decidiu-se que a divulgação será feita por meio de folhetos, cartazes e documentos HTML; Elaborou-se uma idéia de cartaz, que foi enviada para um designer. Este, entretanto, ainda não deu uma resposta ao grupo. Os dados para contato com as Faculdades e Universidades localizadas próximas à feira e com os Centros Acadêmicos da USP foram coletados; Estabeleceu-se contato por telefone com as Faculdades e Universidades próximas à feira; Outubro O cartaz foi entregue pelo designer, no entanto, não houve verba para impressão em cores do cartaz; Os cartazes foram fixados em todos os pontos previstos; A avaliação não foi feita de forma objetiva, pois a ONG não coletou os dados de quem visitou a Feira de Trocas Solidárias; Definição de plano alternativo para divulgação; Novembro Decidiu-se descontinuar o projeto de divulgação; O Relatório Final foi finalizado; 20 6 RESULTADOS 6.1 Desenvolvimento do projeto 6.1.1 Primeiro semestre No primeiro semestre, desde a apresentação do projeto, até o momento da entrega do relatório parcial no meio do ano, o grupo encontrou-se com problemas de horários e falta de liderança. Tal situação ocorreu devido à falta de tutor e aos desencontros de horários em comum entre os membros, já que metade do grupo estudava no período diurno e a outra metade, no noturno. O primeiro contato com a ONG foi feito através da Rosana, que demonstrou não saber muito sobre o projeto que envolvia a relação da ONG com o PESC. Sendo assim, nosso contato passou a ser o Felipe Bannitz, que foi o responsável por enviar o projeto ao PESC. Em busca de informações para elaborar o diagnóstico, este sendo necessário para a definição do escopo do projeto, foram feitas algumas reuniões com o Felipe Bannitz e os outros grupos que estavam envolvidos com a mesma organização. Desde o início, constatamos a falta de foco e objetivos da ONG com relação ao projeto que seria desenvolvido pelo nosso grupo, além da falta de informações. O nosso contato, apesar de demonstrar interesse pelas atividades que seriam desenvolvidas, não era muito solícito na hora de responder e-mails e de dar as informações requisitadas. As reuniões iniciais que foram feitas em conjunto com os outros dois grupos, não eram muito esclarecedoras, visto que o Felipe, além de ser o nosso contato, era também o tutor do grupo de finanças e, como tal, dava ênfase ao projeto por ele tutorado. A primeira necessidade que nos foi apresentada foi a divulgação dos empreendimentos participantes da Feira para que eles pudessem ampliar os seus trabalhos e assim, ganhar maior estabilidade econômica. Essa necessidade, apesar de demonstrar uma demanda que era essencial para o desenvolvimento 21 desses empreendimentos, se baseava em um trabalho puramente operacional, o que não era a finalidade proposta pelo PESC. A partir desse momento, nosso contato assumiu uma postura não produtiva de deixar a critério do grupo a escolha de qual seria a atividade a ser desenvolvida. Essa posição, juntamente com o desconhecimento das reais necessidades da ONG, levaram o grupo a permanecer desorientado e, conseqüentemente inativo, durante o primeiro semestre. 6.1.2 Segundo semestre No segundo semestre o projeto pôde se desenvolver com maior rapidez e objetividade. A entrada do tutor Victor foi de fundamental importância para a união do grupo e para a reestruturação do projeto. A falta de liderança outrora mencionada, foi resolvida e o grupo passou a ter mais união. Foram definidas reuniões semanais com o tutor, nas quais seriam discutidas as estratégias de encaminhamento do projeto e as tarefas a serem realizadas por cada integrante do grupo. A visita à Feira de Trocas Solidárias permitiu que o grupo obtivesse a primeira impressão com relação a essa atividade, o que foi objeto de discussões na reunião seguinte. Com isso, foi questionado o foco que vínhamos dando, já que a primeira impressão obtida foi de falta de organização e estruturação da Feira e se não seria o caso de focar na estrutura administrativa da ONG e da Feira por ela desenvolvida. Novamente a falta de informação foi um fator limitante. Elaboramos e enviamos um questionário para o nosso contato com o intuito de obter dados que pudessem confirmar ou refutar a nossa primeira impressão. No entanto, as respostas demoraram a serem retornadas e, quando o foram, não possuíam um conteúdo esclarecedor e objetivo, o que nos fez avaliar que não poderíamos depender de contatos dentro da organização para o encaminhamento do projeto. 22 Fizemos, por meio de uma reunião com o Felipe, uma nova tentativa de esclarecimento de alguns pontos. Novamente foi deixado a nosso critério a escolha de um foco de atuação. Dessa forma, optamos por escolher a divulgação da Feira de Trocas Solidárias como escopo para o nosso projeto, visto que a atração de novos participantes era interessante para o fortalecimento da Feira e também para os empreendimentos, além de ampliar o conhecimento acerca da economia solidária. Tal escolha, apesar de significar um retorno às idéias iniciais que estavam baseadas em práticas operacionais, foi a única possível dentro do espaço de tempo que teríamos para a conclusão do projeto. A partir desse momento, após estabelecido o escopo do projeto, pudemos desenvolver as idéias e as atividades pertinentes a esse objetivo. Definimos o público-alvo, que seria o público Universitário. Tal definição partiu de uma sugestão dada pelo Felipe e pela pressuposição de que este seria um público propenso a se interessar por novos conceitos e por novas idéias, já que está em constante contato com novos conhecimentos e é estimulado a buscá-los. Após discussões com o tutor, optou-se por ter como veiculo de divulgação cartazes, panfletos e convites on-line. Em seguida, elaboramos as frases que seriam colocadas nos cartazes e nos panfletos, de modo a atingir o público-alvo escolhido, com base nos conceitos pesquisados na revisão teórica sobre comunicação e marketing para o terceiro setor.Entramos em contato com o Felipe para verificar a possibilidade de viabilização de nossa iniciativa, já que o PESC não disponibiliza recursos para esses fins. Nos foi informado que o único recurso que estaria disponível era uma cota de xerox, em preto e branco, proveniente da parceria entre a Associação Minha Rua Minha Casa e a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Fundação Getulio Vargas e o serviço de um designer, que teria a capacidade técnica para a elaboração da arte final dos cartazes. Mesmo insistindo em obter um valor aproximado do limite que teríamos para essas cópias, nosso contato deixou em aberto a quantidade à nossa necessidade. 23 Mandamos o projeto do cartaz ao designer designado, no entanto não recebemos nenhuma resposta, tendo que partir, novamente, para a busca de outra alternativa que não dependesse da organização. Dentre o círculo de contato dos integrantes do grupo, encontramos um profissional que estava disposto a realizar a tarefa voluntariamente. O cartaz, já com a arte final, foi aprovado pela organização, sendo este utilizado na divulgação proposta. Para atingir o público-alvo definido, realizou-se, via internet, uma pesquisa de possíveis contatos dentro de universidades do entorno da região onde ocorre a Feira e também no próprio campus da USP, localizado no Butantã. O primeiro foi escolhido com base na proximidade, o que consideramos ser um fator de influencia na ida das pessoas ao local; o segundo, por acreditarmos haver uma sensibilidade maior à causa e à idéia, já que pressupõe-se que os estudantes da USP tem uma vivência acadêmica mais concreta. Recebemos autorização de aproximadamente 14 faculdades, o que levaria a necessidade da impressão de 140 cartazes, uma vez que definimos com a ajuda do tutor a quantidade de 10 cartazes como sendo um bom número. Os panfletos foram suspensos em função da falta de recursos e de quem os distribuíssem. Com a autorização de algumas das universidades selecionadas, partimos para a concretização da divulgação. Entremos em contato com o Felipe para aprontar as cópias e nos foi informado, a menos de uma semana do evento que a quantidade de copias pretendidas não estava disponível, sendo possível a impressão de apenas 50 cópias. Com estas em mãos, saímos pelo campus da USP e por algumas das faculdades da região da Liberdade fixando a quantidade que tínhamos disponível. Elaboramos, também, uma lista de presença especifica para o publico universitário que seria assinada na entrada da Feira, de forma a obter um indicador da eficiência da divulgação. Tal lista foi enviada ao nosso contato para que esta fosse utilizada. No entanto, passada a Feira, fomos informados de que ela nem sequer foi impressa. Dessa maneira, o controle do impacto da divulgação não foi possível, 24 o que dificultou a análise dos resultados, pois tivemos que nos basear em impressões de quem esteve presente na Feira. Nosso contato acredita que a divulgação não teve grandes impactos, já que não notou o aumento da quantidade de universitários presentes na Feira. Tal situação nos levou a questionar a efetividade de nossas ações, e a repensar o direcionamento das mesmas. Uma vez que os recursos eram escassos e que reincidir em uma ação que não trouxe resultados era perda de tempo, decidimos direcionar a divulgação exclusivamente pela internet por meio de sites de relacionamento, em comunidades que tivessem sensibilidade a eventos como o promovido pelo grupo. Por falta de indicadores de impacto, novamente não tivemos uma medida exata dos resultados. Porém, com novas visitas à Feira, tivemos a impressão de que realmente nada havia mudado quanto ao número de freqüentadores. 6.2 Resultados obtidos O projeto, desde seu início, foi interferido por grandes dificuldades, principalmente no que tange a organização. A falta de foco, objetivo, recurso e comprometimento foram determinantes para que os resultados não fossem concretos, permanentes e possíveis de medir, já que o interesse é de ambas as partes. A impressão que o grupo teve foi que os maiores resultados não foram acadêmicos, mas sim pessoais. É consenso dentro do grupo que os resultados pessoais são os que permaneceram do projeto para os participantes, mesmo que os resultados para a organização não tenham sido permanentes. O modelo do cartaz foi adotado pela organização como o modelo a ser utilizado nas próximas divulgações, sendo as frases e as datas alteradas conforme as necessidades e estratégias futuramente adotadas pela ONG. Fica também um diagnóstico, baseado nas dificuldades encontradas pelo grupo, acerca dos pontos fracos da Feira, possíveis de serem melhorados em posteriores edições caso haja interesse da organização e do PESC. 25 7 QUESTÕES PESC 1) Reflexão do que significou participar desse projeto. Alexandre L. Porto Participar desse projeto foi muito importante para o meu desenvolvimento acadêmico, profissional e pessoal. Tive contato com diversos conceitos e temas, tais como responsabilidade social e economia solidária. O relacionamento com a ONG, apesar de complicado e problemático, acredito, que tenha nos mostrado como é difícil entender e desenvolver trabalhos em conjunto (cliente e o prestador do serviço). No lado pessoal acredito que, além da vivência com diversos tipos de pessoas e realidades diferentes, aprendi muito com o trabalho em grupo, que apesar de no começo ter sido complicado, se desenvolveu bem depois de dialogarmos. Bárbara F. Ferrari Participar deste projeto significou aprender muito, seja no sentido acadêmico, seja no sentido pessoal. Foi uma ótima oportunidade de aprender com uma realidade diferente, de aprender a trabalhar melhor em equipe e de desmistificar o terceiro setor, vendo de perto como o seu trabalho é realizado, quais as dificuldades encontradas e como lidar com elas no dia-a-dia. Com certeza, essa experiência me agregou muito. Carolina R. Campezato Participar do PESC significou muito mais do que colocar na prática alguns dos conceitos aprendidos na Faculdade. Significou aprender a lidar com as dificuldades, com situações inesperadas, com pessoas que pensam e agem de maneiras diferentes e também adotar uma postura mais pró-ativa. 26 Priscila M. Khouri Participar desse projeto foi uma experiência muito enriquecedora para mim, não só como aluna de um curso de administração. Nesse sentido, são claros os benefícios que esse projeto me trouxe: com ele estou tive a oportunidade de, logo no primeiro ano de faculdade, colocar em prática minhas idéias e conceitos estudados em aula, entender melhor o funcionamento de um serviço de consultoria e aprender a trabalhar em equipe. Além disso, ao atuar diretamente em uma associação de moradores de rua, obtive muito conhecimento sobre o terceiro setor, aprendi sobre as dificuldades de se trabalhar com poucos recursos e sobre a necessidade de se definir um foco, um objetivo a ser atingido, dada a impossibilidade de atender a todas as necessidades de uma entidade carente. O outro sentido no qual a participação nesse projeto teve grande relevância para mim é o aspecto pessoal, já que ele permitiu que eu tivesse contato com uma outra realidade e possibilitou empregar meus conhecimentos a fim de ajudar outras pessoas, fazendo com que eu me sentisse participante ativa da sociedade e me proporcionando grande realização e desenvolvimento como indivíduo. Raquel C. Casagrande O grupo conseguiu levar o trabalho até o fim (ninguém saiu do grupo), mesmo com as dificuldades. E eu consegui aprender bastante coisa trabalhando em grupo e com a organização. A ressalva é que agente não conseguiu executar um trabalho concreto, a ser usado pela organização quando não pudermos mais ajudar. Além disso, agente executou muito mais a parte operacional (fazer divulgação) do que um plano de marketing estratégico. Vivian B. Scalfi Participar desse projeto é muito importante para qualquer pessoa, pois dá a oportunidade de ajudar os outros com a utilização da nossa inteligência e dos nossos conhecimentos. Esse projeto é especialmente importante para os alunos da FEA, pois nos faz enxergar uma alternativa para a aplicação do nosso curso. 27 O projeto nos ajuda a conhecer melhor um ramo do nosso mercado de trabalho e nos dá maior alternativa de escolha, assim, achei muito importante a participação nesse projeto, pois pude conhecer melhor uma área de aplicação da administração que eu não conhecia e ter uma melhor noção de como as coisas funcionam na prática, noção que é muito importante principalmente para nós, alunos do 1º ano. 2) A expectativa dos resultados pessoais foi alcançada? Alexandre L. Porto No começo acreditava que seria possível realizar um projeto que ajudasse a organização por um período de tempo maior. No entanto, por uma série de limitações fizemos um trabalho pontual que auxiliou a organização apenas em alguns momentos devido à nossa participação. Esse trabalho não se estenderá após o término do projeto. Por outro lado adquiri conhecimentos sobre o terceiro setor que, provavelmente, não teria acesso através dos livros e experiência no relacionamento humano. Enfim, apesar de não termos alcançado os objetivos iniciais, o trabalho agregou muito valor. Bárbara F. Ferrari Infelizmente, os resultados não alcançaram minhas expectativas pessoais. Eu esperava poder aplicar o que aprendi na teoria na prática, o que acabou na sendo possível devido ao cunho operacional que o nosso projeto assumiu. O que aplicamos foi em parte buscado nos livros, mas em parte também vindo do senso comum. Outra coisa que ansiava muito era poder deixar um resultado concreto para a entidade, que a ajudasse a desenvolver sua atividade futuramente, já independente de nossa atuação. Acredito que o máximo que deixamos foi o modelo de cartaz, que eles vem utilizando, mas que na minha opinião não tem grande impacto em suas atividades. A postura das pessoas da organização com 28 quem tivemos contato também não atenderam às minhas expectativas quanto a fornecimento de feedback, para maior efetividade do nosso trabalho. Vale ressaltar que, mesmo não tendo alcançado minhas expectativas, participar do PESC foi uma experiência enriquecedora. Carolina R. Campezato Minhas expectativas com relação a participação no PESC não foi completamente alcançada. Grande parte do que eu esperava era relacionada com aprendizados acadêmicos, o que, na realidade, não ocorreu. Infelizmente o nosso projeto tomou o rumo de um trabalho operacional que abriu pouco espaço para esse tipo de aprendizado. Priscila M. Khouri A maior parte das minhas expectativas foi alcançada. No início do projeto, eu esperava, principalmente, converter meu trabalho, conhecimento e esforço em uma ajuda realmente válida para a organização. Acredito que esse objetivo foi atingido, embora não da forma como imaginei a princípio, já que, num primeiro momento, não tendo nenhuma experiência prática em administração e consultoria para o 3º setor, eu não possuía uma noção clara da quantidade e do tamanho das dificuldades encontradas ao se trabalhar nessa área e esperava obter resultados mais concretos. No que se refere a amadurecimento profissional e obtenção de conhecimento, minhas expectativas foram plenamente atingidas. A atuação no PESC, como minha primeira experiência na área de administração, possibilitou o desenvolvimento de muitas competências que me serão necessárias no futuro, me permitiu adquirir desenvoltura, conhecer mais sobre consultoria, 3º setor e marketing e aprender a lidar melhor com pessoas e situações do ambiente de trabalho. 29 Raquel C. Casagrande Em parte sim. Participar desse projeto foi uma grande experiência , a qual possibilitou aprendizado principalmente nos momentos de dificuldade, em que faltavam informações, organização e quando os recursos eram escassos. Foi interessante conhecer uma outra realidade, trabalhar com uma entidade que visa o trabalho social. Além disso é preciso citar a experiência de trabalhar em equipe, que também é um aprendizado a sempre ser aperfeiçoado. Acho que faltou melhor organização minha e do grupo para que o trabalho tivesse saído melhor. Vivian B. Scalfi A expectativa dos resultados do projeto não foi alcançada, já que não implantamos nenhuma modificação concreta na Associação e não alcançamos os objetivos primeiramente traçados. Apesar disso, a participação no PESC alcançou a expectativa de adquirir novos conhecimentos. Pude conhecer uma nova área de aplicação dos conhecimentos de Administração, além de ter mais contato com a prática. Além disso, pude ter conhecimento da grande dificuldade que é desenvolver um projeto e principalmente das complicações que um trabalho em grupo pode ter. 3)Escrever um parágrafo sobre o que foi o trabalho do grupo. O trabalho do grupo objetivou ampliar e formalizar a divulgação das Feiras de Trocas Solidárias, promovidas pela Associação Minha Rua Minha Casa. Visando atrair principalmente o público universitário, através da idéia de mercado-escola e de uma nova forma de economia, a economia solidária, foram elaborados convites on-line e cartazes divulgando o evento, distribuídos entre as unidades do campus USP-Butantã e algumas faculdades próximas ao local de realização das feiras. 30 8 BIBLIOGRAFIA ANTEAG. Autogestão e economia solidária - uma nova metodologia. 2ºvol. São Paulo. ASSEBURG, Hans Benno, GAIGER, Luiz Inácio. A economia solidária e a redução de desigualdades. Porto Alegre, 2006. Disponível em: http://www.ecosol.org.br/txt/desigualdades.pdf . Acesso em: 25 set. 2007. BARCELLOS, Ana Paula. Economia popular e solidária: uma alternativa à crise do mercado de trabalho brasileiro dos anos 90. Dez/2000. Monografia (Bacharelado em Economia) – Curso de Graduação em Ciências Econômicas, UFSC, Florianópolis. Disponível em: http://www.ecosol.org.br/txt/trab90.pdf. Acesso em: 25 set. 2007. CASAS, A.L.L. Marketing: Conceitos, Exercícios e Casos. 7ª Ed., São Paulo: Atlas. COBRA, M. Marketing Básico. 4ª Ed., São Paulo: Atlas, 1997. FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS. Pesquisas identificam perfil dos moradores de rua de SP 15 maio 2007. Disponível em: < http://www.fipe.org.br/web/home/noticia.aspx?c=37> Acesso em: 28 jun 2007 MANCE, Euclides André. Redes de economia solidária e sustentabilidade. Porto Alegre, 2002. Disponível em: http://www.milenio.com.br/mance/fsm3.htm. Acesso em: 25 set. 2007. MENEGHETTI, Sylvia Bojunga. Comunicação e marketing: fazendo a diferença no dia-a-dia de organizações da sociedade civil. 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