O Mundo Capitalista

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O Mundo Capitalista
• A doutrina de Truman – cujo objectivo era impedir que o
comunismo se difundisse mais mundialmente - acabou por
dar o mote para a política externa americana.
• A política externa dos EUA teve a particular característica
de se estender a todo o mundo, em forma de múltiplos
pactos com inúmeros países de todos os cantos do globo.
• O plano Marshall – que pretendia prestar ajuda económica
à Europa – foi a grande primeira etapa desta politica
expansionista, ao aproximar ainda mais a Europa Ocidental
dos EUA, o que permitiu a estes reerguer a Europa sob o
signo do capitalismo.
• Contudo, o grande impulsionador do “desespero”
americano em firmar pactos por todo o mundo foi a
Questão Alemã – que demonstrou o quão frágil era a
relação entre os EUA e URSS.
a. O Expansionismo Americano
• O Pacto do Atlântico (Washington, 1949) deu
origem a uma organização político-militar da
Europa e EUA – OTAN (Organização do Tratado
do Atlântico Norte). Esta foi fundada pelos EUA,
Canadá e 10 países europeus e foi a organização
militar que mais importância teve no pós-guerra.
• O seu objectivo era que cada país membro fosse
capaz de responder a um ataque de um inimigo
que embora nunca fosse intitulado era a URSS.
• Foi ainda criada a OEA (Organização dos Estados
Americanos; 1948) que teve a sua origem no
Pacto do Rio (1947).
• O seu objectivo era a defesa do território
americano caso este fosse atacado pela URSS.
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• Assim, para além da OTAN e da OEA, os
EUA firmam alianças multilaterais por
todo o mundo.
• - Na Oceânia, a ANZUS (Austrália, Nova
Zelândia e Estados Unidos), 1954
• - No Sudeste Asiático, a OTASE
(Organização do Tratado da Ásia e do
Sudeste), 1954
• - No Médio Oriente, a CENTO
(Organização do Tratado Central), 1955
• A impossibilidade de criar um pacto
que abrangesse toda a zona do oceano
Pacifico, fez com que os EUA
assinassem
acordos
e
tratados
bilaterais com mais de 50 países o que
lhes abriu a possibilidade de construir
de bases militares em inúmeros locais e
assim fazer um “cerco” ao redor do
mundo comunista.
• Pág 37 – Analisar doc. 23
• Politicamente falando, após a Segunda Guerra
verificaram-se mudanças no sistema democrático
ocidental.
• Os problemas económicos e a constante tensão entre
as duas super-potências fez com que começassem a
aparecer democracias pluralistas que fundiam os
valores demoliberais (liberdade individual, sufrágio
universal e multipartidarismo) com a ideologia
socialista (bem-estar dos cidadãos e justiça social).
• Estas mudanças surgiram após a Grande Depressão ter
demonstrado a necessidade de existir um Estado
interventivo para controlar a economia directamente.
• Assim, surgem duas novas correntes
políticas: a Social-Democracia* e a
Democracia-Cristã*.
• A Social-Democracia une o pluralismo
democrático e a livre concorrência
com um Estado intervencionista de
modo a ter as rédeas da economia e a
garantir o bem-estar da nação.
• No Reino Unido, o Partido Trabalhista
liderado por Clement Atlee – sociaisdemocratas ingleses – vence a
eleições (1945-51) e afasta assim
Churchill (Partido Conservador)
apesar de tudo o que este fez durante
a guerra.
• Um pouco pela Europa verificaram-se resultados eleitorais
semelhantes (Suécia, Noruega e Dinamarca).
• Originária na doutrina social da Igreja*, a DemocraciaCristã condenava o capitalismo que considerava
responsável por todos os problemas sociais. O seu
objectivo é suprir o laicismo demoliberal, ao incutir no
regime valores tradicionalmente cristãos através de uma
participação mais activa dos fiéis cristãos na vida política.
Pretendia ainda introduzir o humanismo nos regimes
através de justiça e ajuda social para os menos
afortunados.
• Na Itália (Partido Democrata Cristão) e a Alemanha (CDU)
esta corrente política foi a eleita.
• Embora tivessem princípios diferentes,
sociais-democratas e democratascristãos partilharam o mesmo objectivo
de radicalmente mudar o sistema
democrático ocidental.
• No pós-guerra, na Europa aconteceu
uma vaga de nacionalizações que
atingiu inúmeros sectores e tornou
assim o Estado no detentor das rédeas
da economia nacional, o que lhe
permitiu exercer a sua função de
controlar directamente a economia.
• O sistema de impostos não escapou a
alterações e foi reforçada a progressão
das suas taxas, o que – embora tivesse
consequências para o rendimento dos
mais afortunados – garantiu uma maior
justeza na distribuição da riqueza do
país.
Conceitos
• Guerra-Fria*: Expressão que se atribui ao clima de tensão político
(ideológico) e militar (estratégico) que no final da 2ª guerra se instalou
entre as duas super-potências (EUA e URSS), sobretudo de 1947 a 1962,
embora se estenda até finais da década de 80. Caracteriza-se pela corrida
aos armamentos, por haver conflitos localizados e crises militares,
ameaças e movimentos de espionagem, mas nunca um confronto directo.
• *Social-Democracia: Corrente política que reúne a democracia política e a
democracia social. Tem origem no socialismo reformista de Berstein (II
Internacional) que, adoptando o ideário marxista, rejeita a via
revolucionária para o impor politicamente.
• *Democracia-Cristã: Corrente política inspirada na doutrina social da
Igreja que defende a inclusão de princípios da moral cristã e humanitários
na vida política dos cidadãos e regime.
• *Doutrina social da Igreja: Perante a miséria do mundo operário, no final
do século XIX, o papa Leão XIII na Encíclica Rerum Novarum condenou os
problemas sociais provocados pelos excessos do capitalismo. Na mesma
linha o fizeram os papas Pio XII (1931) e João XXIII (1961).
b) As opções económicas
• Conhecendo o estado do mundo no pós-guerra (19391945) (campos devastados, cidades destruídas, fábricas
apenas viradas para a produção de material bélico,
economia desorganizada, etc.), foi necessário tomar
medidas a nível social e a nível da economia.
• Assim, com base nos principio Keynesianos dos anos
30, surge o Estado-Providência* . Segundo John
Keynes, economista do século XX, era importante que
o estado interferisse mais activamente nas actividades
económicas do país em questão. Esta teoria surgiu para
se tentar combater a crise que se havia instalado com o
Crash da bolsa de 1929, tendo sido posta em prática
pelo Presidente Americano Roosevelt.
• Regressando aos anos 40, e olhando para a crise que havia depois
da guerra, vê-se o Reino Unido a abraçar a teoria de Keynes, sendo
este o país pioneiro na Europa a optar pelo intervencionismo* do
estado na economia, chamado em Inglaterra de Welfare Stat, por
outras palavras: Estado-Providência, Estado do bem-estar. Este
estado intervencionista vai suprir as necessidades básicas da
população “do berço ao túmulo”, como disse Lorde Beveridge, uma
das pessoas responsáveis por este sistema ter sido utilizado no
Reino Unido.
• “Assim, o Estado irá intervir pelas formas e para os fins mais
variados, dirigindo, incentivando ou fiscalizando, por meios
autoritários ou não, a actividade dos restantes sujeitos económicos
e sociais, participando ele próprio, como sujeito, nessas tarefas,
produzindo, comercializando e distribuindo inúmeros bens e
serviços úteis à colectividade. Exemplo de um serviço de
solidariedade do Estado é a Segurança Social, que deveria garantir o
mínimo de sobrevivência condigna em todas as situações de
carência. O Estado deveria garantir, igualmente, o acesso de todos
os cidadãos aos cuidados de saúde.”Infopédia
• Deste modo, as actividades do estado são
ampliadas, mantendo-se o sistema capitalista.
Embora com algumas pequenas diferenças de
país para país, as medidas que implementaram
o Estado-Providência foram:
• . Os governos nacionalizaram os principais
sectores produtivos – energia, transportes,
extracção mineira, siderurgia, etc. – mas
também os bancos, as companhias de seguros,
as comunicações. Tinha também, o estado, o
objectivo de garantir empregos e criou uma
política de salários.
• . Cada estado devia assegurar o bem-estar da
população desde o momento que um indivíduo
nasce até ao momento em que morre (segundo
Beverige, 1942) – através de um sistema de
Segurança Social. Este deveria abranger: a
maternidade, doença, carência, acidente,
desemprego, velhice, habitação, assistência
médica, ociosidade e morte.
• É o sistema nacional de saúde Inglês, gratuito e
extensível a todos, que vai servir de modelo para a
maioria dos países europeus.
• O sistema Estado-Providência, que se baseava na
nacionalização dos principais sectores produtivos,
enfrentou resistência pela parte dos capitalismos
liberais, que defendiam a economia de mercado,
que se centrava na sua totalidade na iniciativa
privada. Assim, como não podiam vigorar os dois
sistemas, neste caso a economia liberal fez-se
recuar perante o Estado-Providência.
• Todas estas medidas que foram tomadas
concorreram para o bem-estar da sociedade, sendo
que houve uma melhor distribuição da riqueza o
que proporcionou estabilidade económica.
• Deste modo, o Estado-Providência foi um factor da
grande prosperidade económica que se viveu no
Ocidente após a Segunda Guerra Mundial durante
três décadas.
• Pág. 42 doc.27 ler
• Pág . 43 doc 28 - Analisar
Conceitos
• Estado-Providência*: Estado intervencionista
que proporciona segurança social, bem-estar,
e as melhores condições de vida, tendo em
conta a felicidade dos seus cidadãos.
• Intervencionismo*:
Atitude
governativa,
baseada na tese de Keynes (americano), que
se caracteriza pela interferência mais activa
do estado na regulamentação das actividades
económicas.
A prosperidade económica
• O crescimento económico do pós-guerra
deveu-se à rentabilização do Plano Marshall
(plano que os EUA estruturaram para
ajudarem a Europa financeiramente,
financiando-lhe cerca de 14 bilhões de
dólares para a sua recuperação, assim, a
América do Norte tinha o restante Ocidente
nas suas “mãos”), “O objectivo dos Estados
Unidos da América era criar condições às
nações europeias para o estabelecimento da
democracia (travando assim o avanço para
ocidente da influência soviética) e tornar
dependentes dos EUA as economias da
Europa) ” (Infopédia). Não só com a ajuda do
Plano Marshall, mas também com a criação
da G.A.T.T. (Acordo Geral sobre Pautas
Aduaneiras e Comércio), isto é, com a
liberalização do comércio internacional, e
por fim, através da estabilidade monetária
(acordos de Bretton Woods).
• As economias cresciam a grande vapor, não se registando períodos
de crise, apenas, esporadicamente, alguns abrandamentos de
ritmo. Tanto crescimento a nível mundial impressionou os analistas
que baptizaram estes 30 anos de prosperidade de “milagre
económico”, sendo que este ficou conhecido na História como os
“Trinta Anos Gloriosos”.
• Diversos factores contribuíram para que houvesse este vigoroso
crescimento económico, contrariamente às tradicionais crises
cíclicas do capitalismo, tais como:
• . A inovação técnica que houve na agricultura e na indústria foi
fundamental e indispensável para reestruturar os equipamentos e
processos de produção que haviam sido destruídos pela guerra.
Esta inovação atingiu todos os sectores, - fibras sintéticas, plásticos,
química, electrodomésticos, automóveis, “indústrias de ponta”
(electrónica, aeronáutica, nuclear) –, fazendo com que houvesse
um grande aumento na produtividade, sendo que a melhor
qualificação dos trabalhadores foi fundamental, isto é, tiveram mais
formação e tinham um melhor nível de vida que os motivava a
trabalhar.
A Ciência e a Técnica
• Variadas invenções e descobertas a nível industrial, crescem
rapidamente devido a:
• . Expansão do Taylorismo;
• . Baixos custos de energia (o carvão é substituído pelo petróleo,
mais abundante e mais barato: Ouro Negro);
• . Melhoria nas redes de distribuição (ferroviária e rodoviária).
• Não só a nível industrial, mas também a nível empresarial houve
mudanças, sendo que este segundo, vai modernizar a sua gestão
com novas metodologias de contabilidade e estudos estatísticos de
mercado. E, como os monopólios são proibidos, a concentração
empresarial vai “virar-se” para novas formas - Multinacionais*. (Ver
documento 4). São os grandes económicos, responsáveis pela
actual globalização.
• Nos anos 60, vai-se apostar no
alargamento de espaços económicos
com
a
abolição
das
barreiras
alfandegárias de forma a tornar o
comércio internacional num grande
mercado mundial (CEE).
• A modernização da agricultura, sector
onde a produtividade aumenta de tal
modo que permite aos países
desenvolvidos
passarem
de
importadores a exportadores de
produtos alimentares (mecanização,
pesticidas, adubos químicos, selecção de
sementes) fará aumentar o desemprego
e o êxodo rural, mas permitirá a sua
capitalização (produção para o mercado
e maiores investimentos).
• A expansão demográfica – Baby-boom*
(aumento súbito e elevado da Taxa de
Natalidade, sentido entre os anos 40 e
60) – que acompanhou todos os
factores referidos anteriormente é
responsável pelo aumento do poder de
compra, que fez crescer o número de
consumidores, cada vez mais exigentes,
obrigando à construção de novos
equipamentos
sociais
(hospitais,
creches, habitações e escolas),
vestuário,
alimentos,
etc.
E
consequentemente,
houve
um
aumento nos postos de trabalho nos
países desenvolvidos.
• Para além de todos estes factores, o
crescimento da população activa
deveu-se ainda, ao aumento do
número de mulheres no mercado de
trabalho e de imigrantes dos países
menos desenvolvidos.
• Pág. 46 – doc 31 - tpc
• O sector terciário foi o que mais cresceu, devido à
expansão dos serviços de telecomunicações,
bancos, seguros, publicidades, distribuição de
mercadorias, administração de empresas e todos
os serviços sociais do Estado-Providência
(funcionários públicos). Absorve o excedente de
trabalhadores dos outros sectores (ex: agrícola) e
faz aumentar a classe média.
• No decorrer destes 25 anos, após o segundo
conflito
mundial,
os
países
europeus
recuperaram e viveram uma excepcional
expansão económica que, em 1974, atingia
valores idênticos ao dos EUA.
• Este desenvolvimento foi de tal forma
que, a partir do modelo de vida
americana (American way of life),
divulgado
pelo
Star
System
(cinema/Hollywood), as sociedades
europeias reorganizaram-se seguindo
o modelo:
• . Um lar materialmente, confortável,
bem
equipado,
com
electrodomésticos, rádio, TV, fogão,
frigorífico, telefone, aquecimento, etc;
• . Posse de automóvel, para os passeios
familiares;
• Uso generalizado de certos produtos,
divulgados pela publicidade. Ex: CocaCola.
• As férias pagas (anos 60), week-ends,
vieram acentuar a ideia de que a vida
merece ser desfrutada e o dinheiro
existe para se gastar.
• Tudo isto só era possível devido ao
pleno emprego, salários altos e
promoção social, assentes no direito
ao bem-estar social e felicidade
individual, própria de uma sociedade
desenvolvida, isto é, de uma
Sociedade de Consumo* numa Era de
Abundância, criada pela produção em
massa, que vai aumentar a oferta e
estimular o simples cidadão num
consumidor nato, que compra bens
supérfluos como básicos para a sua
sobrevivência.
• Sociedade
de
Consumo*:
Sociedade
de
abundância
característica da 2ª metade do
século XX. Identifica-se pelo
consumo em massa de bens
supérfluos, que passam a ser
encarados como essenciais à
qualidade de vida. A sociedade
de consumo é também
identificada com a sociedade
do desperdício, já que a vida
útil dos bens é artificialmente
reduzida pela vontade da sua
renovação.
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