MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, DESENVOLVIMENTO E GESTÃO Agenda Fiscal e o Cenário Macro no Brasil Dyogo Henrique de Oliveira Ministro Interino do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão Brasília, 29 de Junho de 2016 Consolidação Fiscal e Retomada do Crescimento A economia brasileira encontra-se numa fase de crescimento negativo, advindo de uma combinação de: desalinhamento dos preços relativos; elevado grau de rigidez orçamentária; e desequilíbrio das contas públicas. Agenda fiscal é o principal pilar da política econômica, mas não é condição suficiente para a retomada do crescimento. A economia também depende de um conjunto de medidas microeconômicas que enfrentem importantes obstáculos ao pleno desenvolvimento da atividade econômica. 2 Realinhamento dos preços relativos Além da sustentabilidade fiscal, o reequilíbrio macroeconômico requer a estabilidade de preços. O necessário realinhamento dos preços administrados iniciado em 2014 está em consonância com a convergência gradual da inflação para o centro da meta. Assim como os demais preços da economia, o câmbio vem passando por um importante processo de realinhamento. A taxa de câmbio já provocou seus efeitos negativos de curto prazo, de forma que é esperado a prevalência dos efeitos positivos de médio e longo prazo. Esse realinhamento tem sido importante para trazer o equilíbrio nas contas externas, favorecendo a balança comercial e diminuindo o déficit em transações correntes. 3 A contenção nos repasses de alta de importantes componentes de custos das empresas, relevante ação contra-cíclica, interferiu na evolução dos preços administrados que levou ao desalinhamento da estrututura de preços da economia. IPCA, IPCA-LIVRES e IPCA-MONITORADOS (Var. %) 18.1 IPCA Monitorados Livres 10.7 5.0 4.2 2.3 2007 5.9 7.1 3.3 4.3 4.74.2 5.9 7.1 3.1 6.5 6.2 6.6 5.8 6.6 3.7 5.9 7.3 8.5 10.9 9.3 8.8 6.4 6.7 5.3 1.5 2008 2009 Fonte: IBGE e BCB. Elaboração ASSEC-MP. * Acumulado em 12 meses até maio. 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016* 4 Melhorou a percepção do mercado quanto a um processo mais célere de realinhamento de preços, com convergência para o centro a meta a partir de 2018. Mediana das Expectativas de Inflação TOP-5 (%) 8.0 09/05/2016 10/06/2016 24/06/2016 7.0 6.0 5.1 5.0 4.5 4.5 4.0 2016 Fonte: IBGE e BCB. 4.9 Elaboração ASSEC-MP. 2017 2018 2019 2020 5 O processo de ajuste das contas externas também está em curso com reversão do déficit em transações correntes e de recuperação do câmbio que, durante muito tempo, mostrou-se sobrevalorizado, afetando a competitividade das exportações brasileiras. CÂMBIO REAL EFETIVO E SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES (Câmbio: 1994:100; TC em US$ bilhões)) 40.0 20.0 0.0 -20.0 -40.0 -60.0 -80.0 -100.0 -120.0 -140.0 13.1 TC (esc. à esquerda) Câmbio Efetivo Real (esc. à direita) 0.4 120.0 110.0 -30.6 100.0 -26.3 -58.9 -75.8 -77.0 -74.2 90.0 -74.8 80.0 -104.2 70.0 2006 Fonte: BCB. 2007 2008 Elaboração ASSEC-MP. 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 6 Agenda Fiscal Contenção da expansão das despesas discricionárias; Redução de Subsídios; Desvinculação das Receitas da União (DRU); Aperfeiçoamento da legislação previdenciária; Controle do gasto público com pessoal; Novo Regime Fiscal; e Revisão e avaliação contínua dos gastos públicos CMAP. 7 Redução das Despesas Discricionárias Despesa Discricionária do Poder Executivo Federal (valores pagos em R$ bilhões a preços de maio/2016) 304.9 290.9 300.0 262.7 275.6 262.0 256.5 241.9 250.0 201.7 200.0 174.0 180.4 151.3 144.8 150.0 155.7 130.6 111.7 100.0 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016* * Acumulado 12 meses até maio/216. Fonte: Resultado do Tesouro Nacional. 8 Rigidez Orçamentária 89% das despesas são obrigatórias subsidios 5% FAT 5% Discricionárias contingenciáveis Outras Obrigatórias 11% 5% Discricionárias não contingenciáveis 10% Previdência e LOAS 43% */ Acumulado em 12 meses findo em maio de 2016. Fonte: Tesouro Gerencial Pessoal 21% Elevação da Rigidez Orçamentária Evolução dos Gastos Obrigatórios e Discricionários* - Em % do PIB 18,0% 15,6% 16,0% 14,0% 12,9% 12,3% 12,6% 13,4% 13,4% 12,9% 16,2% 13,8% 13,7% 13,3% 13,1% 12,9% 12,9% 12,0% 10,0% 8,0% 6,0% 4,0% 3,3% 3,3% 3,2% 3,3% 2,8% 3,2% 4,4% 4,0% 4,0% 3,8% 3,9% 3,9% 4,1% 4,1% 2,0% 0,0% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Obrigatória */ Acumulado em 12 meses findo em maio de 2016. Fonte: Tesouro Gerencial Discricionária Desequilíbrio das Contas Públicas A nova diretriz para as contas públicas, que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior (Novo Regime Fiscal), é um importante passo para a sustentabilidade da política fiscal. Outra medida indispensável para recuperar a estabilidade fiscal de modo duradouro é o aperfeiçoamento do regime previdenciário à luz dos desafios impostos pelo envelhecimento populacional que ocorrerá nas próximas décadas. Essas medidas darão o espaço necessário para administrar a política fiscal de modo a angariar a retomada da confiança dos agentes econômicos e permitir que outras reformas estruturantes comecem a produzir seus efeitos. 11 As despesas com transferências de renda, maior componente da despesa primária, foi a que mais cresceu no período como um todo. Por sua vez, o gasto com pessoal foi reduzido gradativamente, de 4,4% em 2006 até atingir o piso de 4,1% do PIB em 2016. Evolução dos Grandes Grupos de Despesa (%PIB) 16,7 0,7 16,6 0,8 16,2 0,9 3,2 3,2 3,1 4,4 4,3 4,3 8,3 8,2 8,0 2006 2007 17,5 17,2 1,1 3,3 20,2 0,9 5,3 5,3 16,8 17,0 17,3 1,2 1,2 1,2 1,3 3,3 3,2 3,3 3,5 3,9 3,9 4,0 4,1 9,0 9,4 9,8 2015 2016* 4,6 4,4 4,2 4,0 3,9 8,5 8,3 8,2 8,5 8,7 2008 2009 2010 Transferência de Renda às Famílias Outras Despesas Correntes */ Acumulado em 12 meses findo em maio de 2016. Fonte: Tesouro Gerencial. Elaboração ASSEC-MP. 18,2 19,6 1,0 2011 1,4 2012 2013 2014 Pessoal e Encargos Despesas de Capital 12 O desequilíbrio nas contas públicas levou à elevação da dívida bruta pública e afetou negativamente as expectativas dos agentes públicos quanto à sustentabilidade fiscal e a estabilidade econômica. DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL (% do PIB) 55.5 2006 56.7 2007 56.0 2008 Fonte: BCB. Elaboração ASSEC-MP. * Abril/2016 59.2 2009 51.8 51.3 2010 2011 53.8 2012 66.5 67.5 2015 2016* 57.2 51.7 2013 2014 13 Novo Regime Fiscal Prazo de 20 anos, a partir de 2017; Aplicada a todos os Poderes; Limitação pelo valor do limite do ano anterior corrigido pelo IPCA do ano anterior; A partir do décimo ano, poderá ser revista; Saúde e Educação passarão a ser corrigidas pela inflação; O descumprimento da regra levará a uma série de vedações para aumento de despesas. 14 Previdência: aperfeiçoar para fortalecer Desafios da demografia: O processo de envelhecimento populacional exige um aperfeiçoamento das regras previdenciárias para fortalecer a sustentabilidade do sistema de seguridade social. É importante realizar esses aperfeiçoamentos agora de forma gradual, evitando que no futuro as mudanças tenham que ser abruptas. Qualquer mudança deve respeitar os direitos adquiridos e ter impactos graduais e crescentes sobre o resultado da previdência e da economia. 15 A expectativa de sobrevida cresce em todos os segmentos etários, inclusive entre os mais idosos, o que implica maior duração no pagamento de benefícios. Expectativa de sobrevida por faixa de idade (em anos)* 28 26 25.2 24 22.1 22 21.2 20 18.4 18 17.5 16 15.2 14 12 10 15.0 12.0 9.2 8 60 anos 65 anos 70 anos Fonte: IBGE/ Projeção da População de 2013. (*) Entre 1981(1992) e 1990(1997), as esperanças de vida ao nascer foram extraídas das tábuas de mortalidade interpoladas a partir das tábuas construídas para os anos de 1980(1991) e 1991(1998). 16 A comparação internacional demonstra que a idade média de aposentadoria no Brasil é baixa, apesar de sermos um país relativamente jovem. Idade média de aposentadoria dos homens nos países da OCDE e no Brasil 75.0 72.3 71.1 70.0 69.4 69.1 68.4 68.2 66.9 66.7 65.0 66.1 66.1 65.0 64.9 64.8 64.6 64.20 63.8 63.7 63.6 63.6 63.4 63.1 62.9 62.8 62.3 62.3 62.1 61.9 61.9 61.8 61.1 60.9 60.9 59.7 59.6 59,4 60.0 57.6 55.0 Eslovênia Turquia Espanha Polônia Alemanha Grécia Austria Finlândia Itália República Eslovaquia Hungria França Bélgica Brasil Luxemburgo Estônia Holanda Dinamarca República Tcheca Canada Reino Unido Australia Noruega Irlanda OECD-34 média México Coréia Chile Japão Portugal Islândia Israel Nova Zelândia Suíça Suécia Estados Unidos 50.0 Fonte: OECD (dados 2012, média referente aos últimos cinco anos) e MTPS (dados 2015 dos concedidos) Obs.: Em 2012 a idade média de aposentadoria dos homens no Brasil era de 59,2 anos. 17 Previdência: aperfeiçoar para fortalecer Uma Agenda Pró-Crescimento: Para estabilizar a economia no curto prazo é indispensável adotar reformas de longo prazo. A garantia da sustentabilidade da previdência melhora as contas públicas no futuro, o que tem impacto imediato na economia. A melhora das expectativas fiscais reduz a volatilidade cambial, possibilita a queda das taxas de juros de longo prazo e incentiva o investimento e a geração de emprego. 18 A nova postura do Governo Federal já afeta positivamente a perspectiva pelos investidores estrangeiros, já registrando melhora na percepção de risco do país. CDS 10 anos (p.b.) 600 544.5 500 416.5 400 300 200 Fonte: Bloomberg. May-16 Mar-16 Jan-16 Nov-15 Sep-15 Jul-15 May-15 Mar-15 Jan-15 Nov-14 Sep-14 Jul-14 May-14 Mar-14 Jan-14 Nov-13 Sep-13 Jul-13 May-13 Mar-13 Jan-13 100 Elaboração ASSEC-MP. 19