doze marcas de uma igreja bem sucedida

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DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA
Intérprete: Pr. Ary Velloso – SEPAL do Brasil
Gravação, transcrição, digitalização e correção
do texto: Paulo Ubyrajara Trench Martins (Bira) – Atletas em Ação - Brasil
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 1
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA
Pr. Dr. JOHN MACARTHUR
Palestra proferida no Encontro SEPAL, em 1978, em Sumaré – SP, sobre “O Discipulado e a Igreja”. O
Dr. Macarthur é pastor da “Grace Community Church”, uma igreja da Califórnia, com 5.000 membros.
Quero expressar minha gratidão pela oportunidade de estar aqui. Já aprendi a gostar
deste país tão lindo.
Mony, que me acompanha, tinha o desejo de vir ao Brasil já por 9 anos, desde que o
Senhor colocou este país em seu coração. E eu tenho desejado vir aqui, desde que ouvi falar
da garota de Ipanema...
Agora, sentindo o amor que nos une em Cristo, eu amaldiçôo a Torre de Babel. Sinto
que tenhamos esta barreira da língua; mas estou contente porque temos um só Senhor, uma
só fé e um só batismo, e porque somos um em Cristo. Devemos manter esta união em Cristo
e sentir aquilo que não podemos expressar.
É um grande privilégio para mim, falar aos irmãos daquilo que está em meu coração
e da Palavra de Deus. Sou pastor e, por isso, entendo os problemas dos irmãos.
Creio que Deus nos deu a sua Palavra para ajudar-nos a resolver os problemas. Creio
também que quando essa semana terminar nós seremos todos diferentes.
Quando eu conversei com o Bill Keyes, e ele me convidou a vir ao Brasil, eu disse a
ele que só viria se fosse muito necessário, porque é muito longe e tenho muitas
responsabilidades em minha igreja. Ele disse-me que era necessário e que cria que Deus nos
queria juntos. E eu creio que ele está perto de Deus, então ele sabe. Portanto, sinto que estou
aqui em uma missão divina, e eu sei que Deus vai lidar conosco durante essa semana.
Gostaria que vocês abrissem suas Bíblias no livro de Atos 1:1. Eu não quero dizer
aqui o que penso, mas o que o Senhor diz.
Aqui nós temos os escritos de Lucas. Talvez tenhamos ignorado o primeiro versículo,
com uma pressa muito grande de chegar aos versículos 8 e seguintes. No entanto, devemos
olhar o versículo primeiro, porque tem uma grande mensagem ali. Diz Lucas: “Escrevi o
primeiro livro, ó Teófilo”, e ele está se referindo ao evangelho de Lucas; e, comentando,
então, ele diz que escreveu sobre tudo aquilo que Jesus começou...
Nós, que somos crentes evangélicos, falamos muito sobre o trabalho que Jesus
completou. Cremos que Ele chegou à cruz e disse: “Está consumado”, e assim proclamamos
o trabalho terminado de Cristo; mas Lucas escreve sobre o trabalho não terminado de Cristo,
o trabalho que Jesus nunca terminou.
Não devemos ficar surpresos com isso. O trabalho da Salvação está terminado, mas o
trabalho de fazer e ensinar, Ele apenas começou. Então Lucas mostra que aquele trabalho
que Jesus começou a fazer e ensinar, o trabalho de fazer e dar exemplo, foi apenas iniciado
por Jesus.
Algum ano atrás eu tive a oportunidade de visitar a Itália, e tornei-me um grande
amante das artes. Vi as pinturas dos grandes mestres e aquelas esculturas de Rafael e
Bernini... e garanto para vocês: eu não posso fazer nada daquilo; não posso desenhar nem
pintar... Simplesmente não tenho habilidades com as mãos; só posso trabalhar com a minha
boca.
Mas estes grandes mestres me deixaram fascinado. Vi os trabalhos de Michelangelo e
de Leonardo da Vinci e fiquei, então, pensando se Michelangelo estivesse fazendo um anjo e
ele terminasse tudo, menos o rosto; e, depois desse as ferramentas para mim, e dissesse:
Aqui está, Mac Arthur, agora você termina o anjo. Eu não seria capaz de fazer aquilo, e me
sentiria mal em atrapalhar aquela obra prima.
Ou se Rembrandt, pintando um quadro, me chamasse para pintar os olhos,... Eu sei
que não poderia fazer muito mais do que dois borrões pretos no lugar indicado. Eu nunca
quereria atrapalhar um grande quadro como aquele.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 2
Mas, se aquilo parecia uma tarefa tão séria, imagine agora o que é terminar um
trabalho que Jesus começou. E é exatamente isso que Jesus nos chamou para fazer: ele nos
chamou para terminar o trabalho que ele mesmo começou: Edificar a Igreja que ele comprou
com seu próprio sangue, continuando o trabalho de onde ele havia parado. Ele disse que nós
iríamos fazer coisas maiores do que ele fizera. O fato é que ele tem nos capacitado para fazer
isso.
Se Michelangelo tivesse segurado minhas mãos, talvez ele tivesse conseguido
trabalhar através de mim. Ou se Rembrandt tivesse dirigido minha mão com o pincel, eu
talvez pudesse terminar a obra.
Uma das coisas maravilhosas na obra de Cristo é que ele faz o trabalho através de
nós, e é por isso que ele diz em atos 1:8: “Mas recebereis poder ao descer sobre vós o
Espírito Santo...” Então, Ele nos dá o Espírito Santo para que possamos terminar o trabalho.
Creio que é assim que temos que ver o nosso ministério. Você não é apenas um
indivíduo isolado, tentando fazer um trabalho isoladamente. Você não está apenas fazendo
uma tarefa que você escolheu. Você não está começando alguma coisa... Você está
terminando o trabalho de Jesus Cristo, e esta é uma chamada muito elevada; não há outra
chamada tão elevada e tão séria.
A pergunta que temos, é: Mas será que é possível terminar o trabalho que Cristo
começou?! Meu avô morreu de câncer. Ele era um pregador, um professor da Bíblia. Na
verdade, eu sou a quinta geração de pastores em minha família. E, então, quando meu avô
estava para morrer, ele disse ao meu pai: Eu não terminei... Preciso pregar pelo menos mais
um sermão.
Ele não possuía aquele sentimento de que tinha terminado o trabalho que o Senhor
lhe dera para fazer. Eu era um garoto, quando o ouvi falar isso; e, no meu coração, eu fiz um
voto ao Senhor: Que se Deus me capacitasse, eu faria o meu melhor para terminar o trabalho
que Ele me desse. Eu pelo menos queria fazer a minha parte.
O Apóstolo Paulo tinha o mesmo desejo... Abramos a Bíblia em Atos 20:22. Paulo
está aqui, falando para os anciãos de Éfeso, e ele está agora abrindo o seu coração. Ele está
indo à Jerusalém, e sabia que no caminho iria ser perseguido e amarrado, quando chegasse
lá; de fato, o profeta Ágabo demonstrara isso para ele. Percebemos isso no versículo 23: “O
Espírito Santo me assegura que de cidade em cidade me esperam cadeias e tribulações.
Mas, no versículo 24, ele diz: “Mas nada destas coisas me move, e nem eu conto a
minha vida como preciosa para mim mesmo.” E aqui está a chave: “Para que eu possa
terminar a minha carreira.”
O apóstolo Paulo tinha o mesmo desejo de terminar o trabalho que Jesus havia
começado. Pelo menos a parte que Jesus havia dado a Paulo para que ele terminasse. Ele
terminou? A resposta vem quando ele escreve para Timóteo. No final de sua vida, Paulo
escreve para Timóteo: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.” 2
Timóteo 4:7 você nota que ele diz que acabou. Como meu avô, ele tinha aquele sentimento
de que havia completado.
Com efeito, sabemos que no fim da vida de Paulo, ele foi prisioneiro em Cesaréia.
Mas, mesmo como prisioneiro, ele foi capaz de terminar aquilo para o que Deus o chamara.
Mais tarde, ele se tornou um prisioneiro em Roma, e ali ele também foi capaz de terminar
aquilo que Deus havia dado a ele para fazer. E quando ele termina a segunda carta a
Timóteo, ele diz que está pronto agora para morrer, ele está pronto para chegar ao céu,
porque ele já completara o seu trabalho.
Quando ouvi meu avô falar aquelas palavras, e comparando com o que Paulo disse,
eu pensei que aquilo era uma das coisas que eu gostaria de dizer no fim da minha vida: “Eu
terminei o trabalho que Jesus me deu para fazer.”
Em Colossenses 3:17, lemos: “E tudo o que fizerdes, seja em Palavra, seja em ação,
fazei tudo em nome do Senhor Jesus.” Aqui está a atitude com que devemos servir.
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Depois, no capítulo 4:17, o apóstolo Paulo diz para Arquipo: “Atenta para o
ministério que recebestes do Senhor, para o cumprires.”
Temos que trabalhar com a atitude correta para cumprir aquilo que Jesus nos deu.
Mas você pode perguntar: Será que realmente podemos cumprir o trabalho de Cristo? Será
que realmente podemos terminar a parte que Ele nos tem dado para fazer?
Temos que entender que esta é uma responsabilidade muito séria. Se você pensa
assim, você está certo! É uma responsabilidade extremamente séria. Em Tiago 3:1, ele diz
que não devemos nos apressar para sermos professores ou mestres, porque ali há uma grande
condenação. É uma grande responsabilidade se nós falharmos... “Porque a quem muito foi
dado, muito mais lhe será exigido.”
Mas eu creio que Deus nos tem capacitado a terminar o seu trabalho. Creio que cada
um de nós podemos chegar ao final de nossa vida, e dizer: “Completei a carreira!”, se nós
seguirmos determinados princípios...
Deixe-me dizer a esta altura, que estes princípios são bíblicos. Não creio que haja
diferenças culturais na aplicação destes princípios. Então, vamos lidar com estes princípios
bíblicos que nos capacitam a terminar a tarefa que Deus nos tem dado.
Em primeiro lugar, precisamos entender que há alguns limites, dos quais quero
ressaltar três:
1.- Precisamos entender que temos um tempo limitado para a tarefa.
Em Jó 14:14, lemos: “Todos os dias do meu combate eu esperaria até que eu fosse
substituído.” O que nós vemos ali é que Jó entendia que os dias dele estavam contados. Pela
soberania de Deus, tinha um princípio e tinha um fim. Ele tinha apenas um determinado
tempo para completar a tarefa recebida.
O apóstolo Paulo em Efésios 5, diz que devemos remir o tempo. Ele usa no grego o
artigo definido: o tempo. A ênfase é que há um tempo determinado e nós devemos remir este
tempo.
Em 1 Pedro 1:17, a Bíblia diz: “Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção
de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da
vossa peregrinação.” Pedro aqui está nos dizendo que nós temos um tempo determinado e
esse é o tempo que temos que utilizar até o máximo.
Então, se queremos terminar o trabalho que Jesus nos tem dado, temos que entender
que o nosso tempo é limitado e temos que encher aquele tempo com o nosso ministério.
O apóstolo Paulo falou de seu trabalho duro e difícil. Uma pessoa que é preguiçosa
nunca vai realmente usar bem o seu tempo e nunca vai completar o trabalho recebido. Em
Colossenses 1:29, Paulo diz: “... para isso é que eu também me afadigo”; e a palavra grega
aqui significa “trabalhar arduamente”, trabalhar até aquele ponto de exaustão, e isso é
necessário se queremos remir o tempo e completar a tarefa recebida.
Examinemos 2 Timóteo 2:2. Paulo está descrevendo algumas figuras do ministério, e
usa três muito interessantes. No versículo 3, ele diz que o ministro é como um soldado, e no
versículo 4, ele diz que um soldado dedicado não se envolve com os negócios desta vida.
Quando o indivíduo entra para o exército, ele diz “adeus” à sua família, ao seu lar, ao seu
carro, e para toda a sua vida particular, e dedica-se inteiramente ao exército. Em essência,
isto é o que Paulo está dizendo: Aquele que é um ministro de Jesus deve cortar todas as
conexões com as coisas deste mundo, e dar-se inteiramente Àquele que é o seu Mestre. A
idéia de soldado implica naquela diligência, naquela disciplina e esforço.
Quando estava no colégio, eu jogava futebol americano, que é um esporte que exige
muito esforço; tínhamos que praticar e treinar duramente, tendo em vista um desempenho
eficiente na partida. Esta era uma parte que tínhamos que cumprir para sermos bons atletas, e
é exatamente a segunda figura que Paulo usa aqui no versículo 5, onde ele se refere ao atleta.
Ele diz que se o atleta quer realmente ser coroado, ele tem que fazer duas coisas: ele
tem que lutar (e no grego a idéia é agonizar), e, em segundo lugar, ele tem que lutar e
agonizar segundo as normas do jogo. Então ele será um atleta bem sucedido.
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Paulo vê, então, todos os que estão envolvidos no ministério, como atletas, que
devem se disciplinar e trabalhar duramente, ficando dentro dos padrões divinos. O apóstolo
Paulo diz em 1 Coríntios 9:26, 27 que se violamos os padrões divinos, podemos nos
considerar como desqualificados.
A terceira figura que ele usa, é a do lavrador. Ele diz: “O lavrador que trabalha.”
Paulo está comparando aqui o trabalho ministerial com o trabalho de um lavrador no campo.
Estou dizendo tudo isso para enfatizar a importância de usar bem o tempo.
Temos que ser como soldados, como atletas bem treinados e como um lavrador que
trabalha arduamente plantando e esperando pela colheita. Às vezes, como lavrador, temos
que esperar um longo tempo antes de colher os frutos. Mas Paulo diz que quando os frutos
vêm, nós somos os primeiros a participar daquela alegria de vê-los.
Então, para terminar aquele trabalho que Jesus começou, precisamos entender que
temos um tempo limitado.
2.- Temos um objetivo limitado.
Recentemente ouvi um pastor dizer que gostaria de ser pastor do mundo inteiro. Mas
esta nunca foi a intenção do Espírito de Deus. Deixe-me ilustrar: Jesus Cristo limitou seu
ministério. Ele tinha a noção da limitação a que deveria se impor. Mesmo o Deus encarnado
sabia que não podia fazer todas as coisas. Ele tinha objetivos claros e limitados.
Em João 5:30, vemos uma das suas primeiras limitações; ele diz: “Eu vim para fazer
apenas a vontade de meu Pai.” Então, a primeira limitação que nós temos é a vontade de
Deus. Antes de fazer qualquer coisa, temos que estar certos de que estaremos fazendo a
vontade de Deus.
Jesus limitou-se a Si mesmo em relação a certas pessoas. Vejamos Mateus 10:5, 6:
“A estes doze ensinou Jesus, dando-lhes as seguintes instruções: Não tomeis rumo aos
gentios, nem entreis em cidades de samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas
perdidas da casa de Israel.” Jesus Cristo está, aqui, limitando seu ministério a certa nação,
com a intenção, então, de que eles se tornassem aqueles que iriam ministrar às outras nações.
É exatamente isso o que acontece no livro de Atos.
Em Mateus 9:13, encontramos outro limite. Jesus disse: “Ide, porém, e aprendei o
que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, pois não vim chamar justos e, sim,
pecadores ao arrependimento.” Então, ele limitou-se a si mesmo àqueles de Israel, e limitouse a si mesmo, dentro de Israel, àqueles que entendiam que eram pecadores. Ele foi
exatamente àquelas pessoas que estavam preparadas, àquelas pessoas que estavam abertas;
embora ele carregasse a multidão toda em seu coração, embora ele chorasse pela multidão,
ele foi exatamente para aqueles que estavam abertos para o seu ministério.
Mas a Bíblia diz que ele tinha também um assunto específico e limitado. Em vários
lugares, ele fala sobre o Reino de Deus. Sabemos que ele não se envolveu com política,
embora houvesse muitos assuntos interessantes. Ele não se envolveu com trabalhos sociais,
embora as pessoas quisessem que ele se envolvesse nisso. Mas em Mateus 22, ele mostra
que Deus era a sua mensagem específica.
As pessoas mostraram-lhe uma moeda com a face de César e perguntaram se deviam
pagar impostos a César. Então, se ele respondesse “sim”, estaria contra os judeus. Se ele
falasse “não”, ele estaria contra os romanos. Eles estavam querendo forçar Jesus a se definir
politicamente. Mas ele não permitiu que isso acontecesse, e respondeu: “Daí a César o que é
de César, e a Deus o que é de Deus.” Ele sabia o foco, o objetivo, o objetivo de seu
ministério. É difícil realizarmos e completarmos aquilo que está na Palavra de Deus, se nos
envolvermos em todas estas outras coisas, embora sejam coisas louváveis.
Então, Jesus Cristo limitou-se a Si mesmo em fazer a vontade do Pai, e limitou-se a si
mesmo em relação à certas pessoas e, mesmo dentro daquele grupo de pessoas, procurou
aquelas que se sentiam pecadoras. E ele limitou também a sua mensagem, e pregou somente
as coisas de Deus.
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Mais um limite: Embora ele falasse ocasionalmente para as multidões, ele
principalmente fez seus milagres e ensinou os doze discípulos. Os milagres que ele realizou
foram sempre em benefício dos apóstolos, para que sua fé fosse aprofundada. Ele gastou a
maioria do seu tempo com aquela minoria de pessoas.. e nós temos que fazer o mesmo. Se
nós não limitamos os objetivos de nosso ministério, nós nos tornamos superficiais. Quero
adicionar mais um ponto: Se você se preocupar com a profundidade de seu ministério, Deus,
então, vai cuidar do resto, da expansão de seu ministério; este é o trabalho dele.
Jesus Cristo não viajou mais do que 160 quilômetros de sua casa; no entanto, o
mundo todo o conhece. E, quando ele morreu, havia apenas onze pessoas fiéis que poderiam
falar por ele; no entanto, essas pessoas mudaram o mundo.
Então, temos um tempo limitado, um objetivo limitado e,...
3.- Temos prioridades limitadas.
Nós não podemos fazer todas as coisas. Uma das dificuldades de ser pastor ou
missionário é que todo mundo quer que você faça todas as coisas. Esperam que nós sejamos
os melhores em tudo; sejamos autoridades na Bíblia, grande oradores e grandes conselheiros,
grandes administradores, e grandes visitadores. Mas, é impossível fazer todas estas coisas.
Temos que ter prioridades limitadas. Jesus disse: “Tenho que cuidar das coisas de meu Pai.”
Precisamos saber qual é o trabalho, a obra de Deus para nós.
Temos dons especiais que nos foram dados pelo Espírito de Deus. Fomos chamados
para fazer certas coisas. Há certas dimensões do trabalho de Cristo que nós temos que
terminar. E temos que nos concentrar em fazer exatamente aquilo.
Deixe-me falar daquela prioridade geral que temos que ter. está em Mateus 28:19,20:
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho
e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.” Vamos
parar aqui por um momento. Há apenas um verbo nesta sentença. Na medida em que você
olha, você pensa que “ir”, “batizar” e “ensinar” são verbos; mas não, são particípios. Há
somente um verbo principal, que é: “Fazei discípulos”. Na verdade, no original grego,
significa apenas isso: Fazei Discípulos. A palavra grega para “discípulo” é “Mateteis” e o
verbo é “Matetuete”. Então, isso significa a mesma coisa que discípulo. E a palavra, então aí,
é: “ide”, é “indo”; “batizai”, é “batizando”, e “ensinai”, é “ensinando”. São todos os
particípios que modificam o verbo principal, que é aquele mandamento do Senhor Jesus.
Há três coisas envolvidas em fazer discípulos:
1.- INDO – Indo onde as pessoas estão.
2.- BATIZANDO – e esta é uma referência a levá-los à salvação e, Cristo. Na igreja
primitiva, batismo e salvação eram usados como sinônimos. Não é que o batismo salva
alguém; é que aqueles que eram salvos, eram batizados. Então, a salvação era conhecida
através do batismo. Por isso a expressão “indo e batizando”; e depois, ensinando a guardar
todas as coisas. Esta é a nossa prioridade: Ir para aquelas pessoas que necessitam de Cristo,
ganhá-las para Cristo e, então, ensiná-las em tudo o que Cristo ordenou.
A palavra para “fazer discípulos” é usada apenas 4 vezes no Novo Testamento, e isto
é muito importante. A primeira vez que ela é usada é aqui em Mateus 28. As outras duas, em
Mateus 13:52; aqui encontramos Jesus falando sobre o padrão judaico. “Então lhes disse: Por
isso todo escriba versado (discipulado) no reino dos céus”. Vamos parar um pouco aqui; a
palavra grega para “versado” é a mesma palavra “fazei discípulos”. Então, esta é uma idéia
judaica.
Escribas eram os indivíduos discipulados para serem escribas. Eles eram
cuidadosamente treinados dentro daquela função. Mais tarde, no judaísmo, eles se tornavam
rabis. Portanto, o conceito de “fazer discípulos” é um conceito antigo, judaico. Um conceito
de treinar indivíduos para o ministério, trazer aquelas pessoas à maturidade.
Vejamos Mateus 27:57; encontramos aqui mais um uso para a mesma palavra, que é
muito interessante. Vemos aqui José de Arimatéia, que a Bíblia diz ser discípulo de Jesus.
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A palavra “discípulo” aqui não é um substantivo, mas, no grego, é aquele mesmo
verbo de Mateus 28. Portanto, uma tradução acurada seria assim: “José de Arimatéia, que foi
discipulado por Jesus.” Você vê, então, que fazer discípulos não era um conceito apenas
judaico, mas era um modelo que Jesus também seguiu.
Há apenas mais um uso para este verbo, e isto em Atos 14:21; fala-se aqui da igreja
primitiva e do trabalho do apóstolo Paulo: “E tendo anunciado e Evangelho naquela cidade,
e feito muitos discípulos...” e aqui aparece novamente aquela mesma palavra. Então, o
mandamento de Jesus para que façamos discípulos, era bem conhecido daquele povo. Era
um conceito que fazia parte da tradição judaica, mas era um padrão que Jesus também
seguia. Eira uma característica da igreja primitiva e, como vimos em Mateus 28, é aquela
mesma tarefa para a qual somos chamados. Portanto, quero sugerir aos irmãos, que temos
uma prioridade: FAZEI DISCÍPULOS.
Temos um tempo limitado, um objetivo limitado e também uma prioridade limitada.
E quando nos concentramos dentro destes limites, e temos nossa vida organizada de acordo
com eles, eu creio, então, que termos a alegria de completar o trabalho que Jesus nos deu.
Quero, agora, dar um passo adiante. essa é a prioridade número 1; vamos chamá-la de
prioridade de nível 1. agora eu quero me dirigir à prioridade de nível 2. é como uma
banqueta de quatro pernas, onde você senta, é a prioridade de nível 1 – Fazei discípulos. Mas
há 4 pernas que sustentam a banqueta, cada uma significando uma prioridade de nível 2.
Vejamos em Atos 20 – Este é um grande texto para os missionários e evangelistas
conhecerem bem; é um exemplo da pregação de Paulo. Aqui há muitos princípios de suas
epístolas colocados juntos. Comecemos com o versículo 17. Vemos o cenário para esta
mensagem. Paulo, em sua viagem para Jerusalém, parou em Mileto. Mileto ficava a cerca de
60 km de Éfeso. Paulo queria falar aos presbíteros de Éfeso, aqueles que ele, durante 3 anos
havia discipulado. Ele tinha colocado sua vida na vida deles, e agora ele tinha entregado a
igreja para aqueles presbíteros. Por isso, ele quer dar a eles as últimas recomendações.
Dá, então, para os presbíteros uma mensagem clara das prioridades do ministério. Eu
as chamo de as 4 prioridades pessoais de um homem de Deus. Isso não tem nada a ver com
as funções da igreja; isso tem que ser aquele compromisso do nosso coração para com Deus.
Então, vamos ver estas 4 etapas prioritárias do nosso ministério. No versículo 18, ele diz: “E
quando se encontraram com ele, disse-lhes: “Vós bem sabeis como foi que me conduzi entre
vós em todo o tempo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia.”; a maneira que me
comportei para com vocês durante todo o tempo.
O que ele está dizendo é isso: “Vocês viram como eu fiz enquanto estava com vocês.
Paulo sempre se colocou como um exemplo diante do rebanho. Muitas vezes ele disse:
“Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo.” Esta não é uma declaração orgulhosa; ele
não está se jactando, se orgulhando. De fato, um pastor que não pode dizer isso, não deve
estar em um lugar de liderança, porque o exemplo é uma ferramenta muito importante no
ensino. Paulo disse para Timóteo: Sede um exemplo.” Pedro disse aos presbíteros: “Não
fiquem tosquiando as ovelhas, como dominadores, mas sejam um exemplo.” Isto é básico na
liderança.
Agora, Paulo continua falando das quatro prioridades:
1.- Aquela prioridade para com Deus. Qual é o meu relacionamento para com
Deus? Em termos de cumprir a primeira prioridade, a de fazer discípulos, qual é o meu
relacionamento para com Deus? Como eu preciso ver a mim mesmo diante de Deus? A
resposta está no versículo 19: “... servindo ao Senhor com toda a humildade...” Vamos parar
aqui...
Paulo via-se a si mesmo como um servo. Para com Deus, ele se enxerga como aquele
que serve. Creio que todos entendemos a idéia de servir aos outros. Falamos muito em servir
aos outros; mas esta não é a coisa principal. Não somos aqueles que devemos agradar a
homens. A nossa primeira prioridade não é servir ao povo. Nossa primeira prioridade é servir
ao Senhor. Posso dizer a você o que acontece quando você mistura estas prioridades.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 7
Quando você se coloca na posição de servir ao povo, você às vezes transige com as
coisas de Deus, para servir ao povo.
Mas, como você se vê? Sempre servindo ao Senhor em primeiro lugar? Se for assim,
então não há nenhuma maneira de se comprometer com os outros. Então, como servos do
Senhor devemos ter integridade. Deixe-me ilustrar: Quando preparo minhas mensagens,
semana após semana, eu não preparo minhas mensagens para o povo. O auditório com o qual
estou preocupado é aquele auditório divino; é aquele com qual devo estar vivendo no
coração.
Paulo disse a Timóteo: “Procura apresentar-te a Deus aprovado...” É Deus quem é o
seu crítico; é Deus quem vai fazer uma avaliação do seu ministério; é Deus quem vai dar
uma nota para o seu sermão. Esta é uma perspectiva que nós nunca podemos perder. Todas
as outras que os homens nos dão são passageiras.
Jesus Cristo disse que se nós procuramos a glória dos homens, nós já temos o nosso
galardão, e ele será, então, apenas a glória dos homens, e nada mais. E assim, perdemos a
oportunidade de ver aquela honra que vem de Deus. A luta no meu coração, quando estou
preparando um sermão, quando estou ministrando, é justamente em fazer este trabalho para o
Senhor. Esta é a questão.
Aí, você pergunta: Mas, e as pessoas da igreja? E eu lhes digo: Quando você serve ao
Senhor, você serve as pessoas melhor ainda, porque quando Deus está contente com um
ministério, ele abençoa aquele ministério.
Portanto, nós somos primeiramente servos de Cristo. O apóstolo Paulo afirma isso
muitas vezes, porque freqüentemente ele se apresentava como um escravo de Jesus Cristo.
Via-se a si mesmo como um servo de Cristo.
Deixe-me ilustrar: O trabalho com os gálatas foi um trabalho excelente. Muitos foram
salvos; mas, quando Paulo saiu da Galácia, os judeus vieram e falaram para os cristãos que
eles não podiam ser crentes a não ser que guardassem a lei de Moisés e fossem
circuncidados. Eram os chamados “judaizantes”, e é bem possível que muitos até começaram
a duvidar da mensagem de Paulo. Aí, eles diziam para estes judaizantes: mas escutem, se é
assim, como é que Paulo não falou sobre isso? Por que Paulo nos falou, então, que podemos
ser cristãos apenas por crer em Cristo?
Deduzo, então, que os judaizantes devem ter dito: Sabe, Paulo queria agradar a vocês.
Ele queria facilitar as coisas para vocês. Paulo, então, eliminou aquelas duas coisas:
circuncisão e rituais. Mas quando Paulo escreve para os gálatas, ele trata, então, deste
assunto. E no primeiro capítulo, ele amaldiçoa aqueles judaizantes, dizendo no versículo 10:
“Estão vendo? Estes homens aí querem agradar homens.” Ele queria sempre fazer aquilo que
agradasse ao Senhor. Este é o mesmo espírito que nós, pastores, temos que ter.
Gostaria que vocês olhassem outra vez para Atos 20:19. Aqui o apóstolo Paulo diz
que servia ao Senhor com toda a humildade. Não podemos servir se não somos humildes. A
não ser que sejamos humildes, não estamos servindo a Cristo. Nós estaremos competindo
com ele...
Tive uma ocasião, uma entrevista com um repórter. Ele estava fazendo um estudo
sobre a nossa igreja, porque ela é bem grande. E ele disse: Você deseja construir uma grande
igreja? Você tem o grande desejo de edificar uma grande igreja? Não, respondi; eu não tenho
esse desejo.
Ele ficou muito surpreso, e disse: Mas por que é que você não tem o desejo de ter
uma grande igreja? Porque Cristo disse que vai edificar a sua igreja, e eu não quero competir
com ele.
Nós somos servos, e devemos servir com humildade. Deixe-me mostrar em 2
Coríntios 12, uma grande ilustração sobre isso: Paulo teve um ministério muito importante
com os coríntios. Depois que ele saiu d Corinto, então vários professores judaizantes
chegaram; e eles eram extremamente sagazes e sutis e talvez muito atraentes e cativantes; e
aquelas pessoas de Corinto ficaram muito impressionadas.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 8
Paulo, então, escrevendo para este grupo, nos capítulos 10, 11 e 12, compara a si
mesmo com estes grandes falsos mestres que apareceram. Ele até os chama de “superapóstolos”. E ele diz: “É claro que eu não sou como aqueles “super-apóstolos””. As cartas
que ele escrevia eram, na verdade, violentas e fortes, mas quando ele chegava, notava-se que
ele mesmo era fraco e débil; ele não tinha muita presença, e sua maneira de falar era
horrível.
Mas Paulo trata com grande ironia aqueles falsos mestres, pois enxerga que as
qualificações deles para o ministério não são verdadeiras. Eles chegavam mostrando seus
títulos, posições e condecorações. E Paulo, então, mostra que nada destas coisas significa
credencial para o apostolado, e, com a sua vida e mostra o que é realmente uma credencial.
Ele diz: “Vocês me mostram o treinamento universitário que receberam, mostram-me todos
os galardões e medalhas que receberam, e eu vou lhes mostrar as minhas costas; eu vou
mostrar as pisaduras que recebi por causa de Cristo.” estas são as credenciais reais que Paulo
possuía. Ele era realmente um servo de Jesus Cristo. Quando ele dá uma lista do que ele fez
por Jesus Cristo, ele não vai receber um doutorado por causa daquilo. Em 2 Coríntios 11:2328, ele diz: “... estive na cadeia, fui açoitado, cinco vezes recebi dos judeus 40 açoites menos
um, fui 3 vezes fustigado com varas, apedrejado, em naufrágios 3 vezes...”, e ele continua
descrevendo todos os perigos pelos quais passou. Então, no versículo 30, ele diz: “Se eu
tenho que me gloriar, gloriar-me-ei em minhas fraquezas.” Aí está, então, o coração de um
verdadeiro servo.
Deixe-me mostrar outro texto em 1 Coríntios 4:1,2. Novamente aqui o coração de
Paulo como servo: “Assim, pois, importa que os homens nos considerem...”. Essa frase
significa que quando a conta final chega, quando a história é contada à nosso respeito, é isso
o que eu quero dizer que somos os ministros de Cristo, que os homens nos considerem como
ministros de Cristo. a palavra grega aqui significa: aqueles que servem as mesas. O trabalho
do Senhor é um trabalho humilde. Fala realmente de um coração de servo. Então, aí nós
somos ministros.
Gostaria de falar um pouco mais sobre esta palavra. A palavra grega é
“HUPERETES”. “HUPER” significa “debaixo”; e a segunda metade significa “remar”.
Naqueles dias havia grandes navios com três porões com buracos para os remadores; os que
estavam bem embaixo eram chamados de HUPERETES: os mais humildes dos remadores.
Paulo então diz: “Quando a história for contada à nosso respeito, que eles possam
dizer que nós fomos aqueles remadores lá de baixo.” Que humildade, hem?! Tudo o que ele
queria era servir da maneira que Cristo o chamou para servir... o que remava lá embaixo, no
porão.
Receio que aqui vemos uma posição bem distante daquela em que gostaríamos de nos
encontrar. E muitas vezes aí está a razão porque perdemos a benção de Deus. Então, Paulo
era um servo de Deus.
Gostaria de compartilhar mais dois texto das Escrituras e encerrar. 1 Coríntios 9:16 –
As pessoas sempre queriam exaltar a Paulo; queriam colocá-lo no pedestal. Ele tinha, então,
que corrigi-las. E é isso o que ele fala no versículo 16: “Se anuncio o Evangelho, não tenho
de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o
Evangelho.” É exatamente isso que ele quis dizer; ele diz: “Não dê honra a mim por pregar o
Evangelho; eu não escolhi isso; eu fui forçado a fazer isso e estarei em dificuldades se não o
fizer e fizer bem. Estou fazendo uma coisa que não pedi para fazer, e sou muito responsável
pela tarefa que tenho.” A idéia é: “Não me exalte... ore por mim.”
Paulo está dizendo: “ai de mim se não pregar o Evangelho.” No versículo 7, ele diz:
“Se o faço de livre vontade, tenho galardão; mas, se constrangido, é, então, a
responsabilidade de despenseiro que me está confiada.” E, no versículo 18, ele diz: “Então, o
galardão que eu tenho é o privilégio de pregar o Evangelho.” Novamente é o coração do
servo de Deus, o trabalho tão humilde do servo. Agora, para terminar, voltemos a Atos
20:19: “Servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações...”.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 9
E eu creio que quando nós realmente servimos ao Senhor, isto aqui acontece. Creio
que não podemos servir ao Senhor, sem estas duas coisas: lágrimas – tem relação com
aquelas dores internas que o pastor sofre; e as provações - tem relação com as dificuldades
externas que sofremos. E Paulo fala então aqui das ciladas dos judeus que queriam tirar a sua
vida. Creio que quando servimos ao Senhor e estamos totalmente dedicados a esta tarefa,
vamos sofrer dores internas, lágrimas e, ao mesmo tempo, vamos ter o mundo zangado
contra nós.
Deixe-me ilustrar o que quero dizer: O Novo Testamento fala de três coisas que
fizeram Paulo chorar. Em primeiro lugar, ele chorava pelos perdidos – Romanos 9:2,3 –
Aquele que realmente serve ao Senhor, vai ter o coração quebrado pela mesma coisa que
quebrou o coração de Deus. Se Jesus chorou por causa dos perdidos, então o servo de Jesus
tem de fazê-lo também. A segunda coisa que fez Paulo chorar foram os crentes carnais. – 2
Coríntios 2:4 – Ele fala ali das suas lágrimas por causa do pecado dos coríntios. Se amarmos
a Cristo, então vamos chorar sobre aqueles que violam os princípios do Senhor. Mas há uma
terceira coisa que fez Paulo chorar: Falsos mestres e falsos profetas – Atos 20:31 – Paulo
diz aqui que ele chorou na medida em que admoestava contra os falsos profetas.
Agora, se nós realmente servimos ao Senhor, vamos entender o significado do Salmo
69:9. Davi falou ali, tendo a figura do Messias em mente, porque isto foi cumprido na vida
de Cristo. A Bíblia diz: “Pois o zelo da tua casa me consumiu, e as injúrias dos que te
ultrajam caem sobre mim.” Em outras palavras, “aquilo que te tem ferido, tem ferido a
mim.” É isto que Paulo está dizendo, que “se o coração do Senhor está chorando sobre os
perdidos e sobre os cristãos carnais e sobre o efeito dos ensinos dos falsos mestres, então,
isto também deve trazer lágrimas aos nossos olhos. Vamos orar. (27/04/1978)
Estamos discutindo as prioridades pessoais do ministério. Vou tomar só um
momento para fazer uma revisão do que vimos anteriormente.
Em Atos 1:1, o grego está dizendo que Jesus começou a ensinar e a fazer. Sei que em
algumas traduções em português, a palavra “começou” não aparece, mas no grego, a palavra
está lá. Verificamos que havia um trabalho que Jesus apenas começara, e que foi exatamente
a tarefa de construir e edificar a sua igreja. Somos, então, chamados para terminar esta
tarefa.
Discutimos o fato de que, se devemos terminar a tarefa que Jesus começou, temos
que entender que há três limitações: Limite de tempo – o que significa que temos que
trabalhar muito; precisamos tirar o máximo proveito de nosso tempo. Limite de objetivos –
percebemos que até mesmo Jesus Cristo limitou o objetivo do seu ministério (limitou-se à
vontade do Pai, a um certo povo, o povo de Israel, e depois, dentre eles, àqueles que se viam
como pecadores). Ele também se limitou em seu assunto: Falou somente sobre o Reino de
Deus e não se permitiu desviar para outros assuntos.
Também verificamos que ele se concentrou particularmente em 12 pessoas. Se
quisermos completar a tarefa que Jesus nos deu, devemos limitar nosso objetivo, escopo.
Não podemos fazer tudo; devemos nos concentrar naquela tarefa que Deus nos deu, e fazê-la
bem.
Em terceiro lugar, discutimos as prioridades limitadas. Para que terminemos a tarefa
que Jesus nos deu, precisamos limitar nossas prioridades àquelas que Jesus nos dá. Em 1
Timóteo3, o apóstolo Paulo disse a Timóteo, que ele deveria ser sóbrio; e a palavra “sóbrio”
no grego, significa saber suas prioridades. Dissemos que havia uma prioridade principal, que
se encontra em Mateus 28:19, 20. E é a prioridade de fazer discípulos. Verificamos também
que havia 4 prioridades de nível 2 e usamos a ilustração da banqueta.
Então, há a prioridade principal e 4 prioridades secundárias que sustentam a
principal. Estamos agora observando Atos 20, porque este capítulo está nos mostrando quais
são estas 4 prioridades de nível 2. Devemos lembrar aqui que Paulo está falando aos
presbíteros de Éfeso as prioridades que eles devem ter em seu ministério. De fato, ele está
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 10
dizendo que estas são as suas próprias prioridades, as quais ele, Paulo, está transmitindo para
eles.
A primeira prioridade é a que ele tem em relação a Deus. E se fôssemos usar uma
palavra, essa palavra seria serviço. Paulo via-se como um servo do Senhor. Quando
consideramos a pessoa de Deus, esta deve ser também a nossa prioridade. Em relação a
Deus, somos servos e temos que ocupar uma posição de humildade. Gostaria de ler mais
uma vez o versículo 19: “Servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações
que, pelas ciladas dos judeus me sobrevieram.
Vimos também que o apóstolo Paulo sabia que servir ao Senhor significava que ele
teria alguma tristeza. Eu creio que isto é parte deste serviço. Para aquele que se mantém fiel
haverá provação e perseguição. Paulo experimentou isto através das ciladas daqueles que
queriam tirar a sua vida. Isto parece um pouco estranho no tempo em que vivemos, mas não
é tanto. Mesmo na América, onde moro, tive já a ocasião de enfrentar este tipo de
perseguição.
Alguns anos atrás fui preso por estar pregando; talvez você fique surpreso com isso!
Eu também fiquei, mas, no entanto, aconteceu. Tive, em outra ocasião, ameaças de pessoas
que queriam lançar bombas na igreja. No ano passado houve uma ameaça contra a vida de
um de meus filhos, porque alguém ficou ofendido pelo Evangelho. Nós não estamos
buscando estas coisas. Não há virtude alguma em se tornar uma pessoa desprezível, mas
quando confrontamos as trevas com a luz, haverá uma reação.
Também falamos daquela tristeza interior. Paulo fala sobre muitas lágrimas. Muitos
jovens me perguntam freqüentemente qual é a maior tristeza do ministério; o quem mais
quebranta o meu coração, e a minha resposta é: são aquelas pessoas que sabem como devem
agir, mas não o fazem; aqueles que se dizem cristãos, mas não obedecem à Palavra de Deus.
Então, Paulo sabia estas coisas, e isto fazia parte do ser um servo. E se nós queremos
terminar a tarefa que Deus nos dá diante dele, temos que ser servos.
Vamos, agora, ver o segundo ponto: Temos que ter a prioridade correta em relação
à igreja. Em relação a Deus, é serviço. Agora, vamos ver qual é esta prioridade em relação à
igreja. No versículo 20, lemos: “jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa, e
de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa.” Vocês reconhecem neste
versículo qual é a prioridade em relação à igreja? Está bem claro: é ensinar. O apóstolo
Paulo disse que não deixou de ensinar nada que não fosse proveitoso. “Mas eu demonstrei a
vocês.” E aí está a idéia de dar exemplo. “E eu também ensinei publicamente e de casa em
casa.”
Verificamos que Paulo vê a prioridade em relação à igreja como o ensino. Podemos
ver isto no versículo 27; ali o apóstolo diz: “porque jamais deixei de vos ensinar todo o
desígnio de Deus.” O apóstolo Paulo gastou três anos fazendo isso em Éfeso, ensinando no
sábado e, depois, diariamente.
O livro de Atos declara que ele usava a Escola de Tirano. Éfeso era uma cidade muito
quente, o que levava seus moradores a trabalhar de manhã e à noite, tirando período da tarde,
da 1 às 5, para descansar. E este era o tempo que Paulo usava para ensinar a Palavra de Deus.
E, então, diariamente, durante mais de 2 anos, ele ensinou, de 1 às 5 horas, a Palavra de Deus
ao povo. Isso significava 24 horas de ensino por semana; e mais o ensino no sábado. Mesmo
naquela época, podemos estar certos de que ele falou bastante. Ele já tinha esse costume, e
sabemos que mais tarde em sua vida, ele chegou a falar tanto, que houve o caso daquele
rapaz que morreu, ao cair dormindo da janela; e correram para ressuscitá-lo dos mortos,
levaram-no de volta, para que Paulo pudesse continuar e terminar seu sermão.
Isso é muito ensino, mas é isso que Paulo vê como sua prioridade. Percebemos que
ele ensinava publicamente e também de casa em casa. Não era só aquele anúncio público,
mas sim com aplicação pessoal. Ele ia de casa em casa, avaliando aquilo que ele via e, então,
aplicando a verdade da Palavra de Deus àquela situação.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 11
Não era o bastante nas horas de folga simplesmente declarar a verdade; ele queria ir
lá, onde as pessoas moravam. Era esse o seu compromisso pessoal.
Vamos observar, agora, as coisas particulares do versículo 20. Ele disse aqui: “jamais
deixei de vos anunciar coisa alguma proveitosa.” Precisamos decidir o que é proveitoso.
Falei com um pastor há algum tempo, e lhe perguntei: “Como vai seu ministério?” Ele
respondeu: “Não vai muito bem; não tenho nada a dizer, estou vazio”. Perguntei-lhe: “Por
que você não prega sobre a segunda vinda de Jesus Cristo?” Ele respondeu que não tinha
convicção sobre o assunto.
Então, lhe perguntei: “Por que você não prega sobre a posição do crente?” Ele disse:
“Não tenho certeza de qual é a minha posição neste assunto também; somente falo sobre
assuntos que se podem aplicar diretamente à vida agora. Disse-lhe: “Você concorda que você
deve estar pregando aquilo que é proveitoso?” Ele disse sim. Você acha que essas coisas são
proveitosas? Ele respondeu: “Não, não são coisas muito proveitosas, porque sobre esses
assuntos sempre há discussão, então eu prefiro evitar isso.
Depois, eu o levei até 2 Timóteo 3:16 e aí, eu sabia que o havia encurralado: “Toda
escritura é inspirada por Deus e útil ,proveitosa.” Deus não desperdiçou nenhuma palavra;
toda escritura é proveitosa! E por três anos Paulo ensinou tudo o que era proveitoso, porque
era necessário. Cada coisa que está na Palavra de Deus é para o povo de Deus e precisa ser
ensinado porque revela o próprio Deus ao povo. Então, o ministério do ensino é
compreensivo... Precisamos dar ao povo a Palavra de Deus.
Deixe-me dar outra ilustração: Em Efésios 6, lemos a respeito da armadura do
cristão; e, no versículo 17, vemos a figura da espada do Espírito. Todo soldado romano
levava a sua espada. Paulo aqui visualiza o cristão como um soldado e sua espada. Há duas
palavras gregas para “espada”. Uma delas se refere a uma espada comprida e bem larga. Para
usá-la, são necessárias as duas mãos em movimentos circulares. Com esse tipo de espada,
pode-se causar um bocado de destruição.
O outro tipo de espada, é uma bem pequena, chamada adaga, ou punhal. Esta é a
palavra que Paulo está usando aqui. A Espada do Espírito não é aquele tipo de espada com
que você vai golpeando o ar; não é aquela espada enorme que você maneja com as duas
mãos. É uma arma muito precisa que é usada para golpear aquela área vital. Isto está de
acordo com o que Paulo vai dizer, quando continua: “A Espada do Espírito, que é a Palavra
de Deus”. Há um vocábulo no grego que é traduzido por “Palavra”, com o qual temos
familiaridade. É a palavra “Logos”, que significa “palavra”, em geral, que corresponderia à
espada grande. Mas há outra palavra grega, que é a palavra “RHEMA”, que é a usada no
texto. Esta não é uma palavra geral; é muito específica, e está de acordo com aquela arma
precisa, específica.
E o que Paulo está dizendo é que não é suficiente estar golpeando por aí com a
Bíblia. Temos que conhecer aquela declaração específica da Escritura, que vai fazer
oposição àquele ataque específico de Satanás. Você pode possuir uma Bíblia e não ter a
Espada do Espírito. Você pode até ter uma publicadora de Bíblias, e ainda assim não ter a
Espada do Espírito.
Ter a Espada do Espírito é conhecer aquela declaração ou conceito específico da
Palavra de Deus, que se aplica àquele ponto exato de tentação. Sabemos que Satanás acaba
descobrindo aquilo que nós não conhecemos, e é justamente naquele ponto que ele vai nos
atacar. O profeta Oséias fala sobre isso, da seguinte forma: “O meu povo está sendo
destruído porque lhe falta o conhecimento”. Eram vulneráveis no ponto da sua ignorância.
Vemos isso de várias maneiras: Quando as pessoas ignoram o que Deus fala sobre o
dinheiro, elas entram em problemas financeiros; quando as pessoas ignoram o que a Bíblia
ensina sobre a família, acontecem problemas conjugais; quando ignoram o ensino bíblico
sobre a oração, há problemas espirituais. Precisamos ensinar ao povo o desígnio de Deus, até
que todo o desígnio de Deus seja conhecido. Esta é uma tremenda tarefa.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 12
Quando eu estava no seminário, comecei a pensar sobre isso, e a me preocupar muito
em dar ao povo a Espada do Espírito. Eu queria que as pessoas fossem capazes de se
defender a si mesmas; não queria ser o líder de um exército fraco e sem armas; gostaria de
ter um exército bem armado para lutar contra o inimigo. Por isso, eu determinei comigo
mesmo que iria ensinar todo o desígnio de Deus.
Imaginei que não seria capaz de fazer isso em 3 anos, porque teria eu estudar, e Paulo
havia recebido aquela revelação direta. Eu falei: “Senhor, seria muito fácil se eu ficasse de
pé, e o Senhor falasse através de mim; mas Deus não respondeu esta oração. Então, eu tive
que estudar a Bíblia de uma a cinco horas para que eu pudesse pregar no dia do Senhor, e
ensinar em todas as oportunidades. Mas isso é o que importa para a igreja: que ensinemos
todo o desígnio de Deus.
Agora, quando cheguei à minha igreja, ficava um pouco frustrado quando
contemplava esse alvo. Lembro-me que o primeiro sermão que preguei, levou uma hora e
meia, e eu queria terminá-lo de qualquer jeito. Aí eu comecei a descobrir que se eu
continuasse daquela maneira, ninguém ficaria para me ouvir. Resolvi, então, perguntar a
Deus: “Senhor, como posso fazer isso?” E ele me disse: “Paciente e vagarosamente.” Então
eu comecei a pegar um livro de cada vez; por seis meses eu ensinei o livro de Romanos, e
durante seis meses, Efésios; por 4 meses, 1 e 2 Pedro. Depois, por 2 anos, ensinei o
Evangelho de João; e, durante 3 anos, o livro de Atos. Quase 3 anos eu levei para ensinar o
livro de 1 Coríntios; durante 6 meses, ensinei Gálatas; e mais uns 4 ou 5 meses para ensinar
Colossenses. E eu continuei a fazer isso, domingo de manhã e à noite, dando ao povo a
Espada, versículo por versículo, palavra por palavra.
Então, ao fazer isso, você estará dando a Espada ao povo, para que eles possam
conhecer os princípios e encarar a vida cristã com aquela atitude de vitória.
Deixe-me abordar este assunto de outro ângulo. O NT diz que nós devemos alcançar
a mente; por exemplo, em Efésios 4:23, lemos: “que vos renoveis no espírito do vosso
entendimento”. Agora, eu creio nas emoções; mas eu creio que as emoções são uma
decorrência da nossa compreensão. Não é bom alimentar as emoções, se a mente não tiver
captado a verdade.
Se eu consigo que meu povo fique emocionalmente elevado, então, o que eu estou
fazendo é simplesmente transmitindo a minha emoção para eles, e isso dura muito pouco;
aquela emoção acaba, e eles têm de voltar e receber uma nova injeção de emoção. Agora, se
eu coloco a verdade de Deus em sua mente, então aquela verdade vai gerar a sua própria
emoção e eles não vão necessitar da minha emoção.
Se eu ensino ao povo o significado daquela passagem da Escritura, uma vez que eles
entendam aquilo que ela significa, cada vez que a lerem, isso vai gerar nova vida. Portanto, o
que você está fazendo é levar o povo à Palavra de Deus, para que eles não estejam vindo
para ouvi-lo e ficarem entusiasmados porque eu lhes estou dizendo alguma coisa. Um
homem, certa vez, procurou-me e disse que ele não concordava com o que eu dizia, mas ele
vinha toda a semana porque ele gostava da maneira como eu me entusiasmava ao dizer todas
aquelas coisas.
Então, de início o povo reage às minhas emoções, mas gradualmente eu quero leválos à Palavra, para que a Palavra gere em suas vidas o mesmo entusiasmo. Este é o processo
de renovar o entendimento.
Nos Estados Unidos, às vezes damos testes ao povo para avaliar o que eles conhecem
da Bíblia. Um teste foi dado a pessoas que já estavam há anos na igreja, para ver o que eles
já haviam aprendido; estas são as respostas que eles deram: Alguns disseram que Sodoma e
Gomorra eram amantes; outros, que os evangelhos haviam sido escritos por Mateus, Marcos,
Lutero e João; alguns disseram que Acabe era o jumento de Balaão; outros disseram que Eva
havia sido criada de uma maçã.
O que estamos vendo era que eles não conheciam a Bíblia; e você não pode viver
aquilo que você não conhece e não pode praticar aquilo que não entende.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 13
Por isso, precisamos ensinar e ensinar constantemente para renovar a mente, porque
você sabe que o comportamento é controlado pelo pensamento. A Bíblia diz que conforme
um homem pensa no coração, assim ele é.
Por falar nisso, para o judeu, o coração é a mente. Eles se referem ao coração como
se fosse a própria mente. Quando o judeu falava das emoções, ele falava das entranhas;
assim, a mente é aquilo que devemos ter como objetivo quando ensinamos.
Romanos 12:2, é outro versículo que fala sobre esse assunto: “Transformai-vos pela
renovação do vosso entendimento”. E aqui a idéia aparece novamente; temos que ensinar a
mente, o intelecto. Em Colossenses 1:28, vemos o que Paulo fez: “Falando de Cristo, o qual
nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria”.
Esta é uma declaração fantástica! Paulo tinha como seu propósito ensinar a todo mundo,
tudo!
Você pergunta: mas como que ele pode fazer isso? Agora ouça isso: Você vai
descobrir que especialmente o NT, constantemente repete os mesmos princípios. Foi isso o
que descobri lá pelo terceiro ano de meu ministério. Eu estava correndo o máximo que podia
para ensinar todos os princípios, e costumava pensar que ninguém jamais poderá conhecer
toda a verdade da Bíblia, então eu percebi que Deus não nos daria alguma coisa que nós não
seríamos capazes de fazer.
Decidi que eu ia continuar e, um dia, eu descobri que estava cobrindo os mesmos
assuntos que eu já havia coberto quando estava ensinando outro livro. Naquela época eu
estava ensinando o livro de Atos e descobri uma passagem que fala sobre o enchimento de
Espírito Santo. Então, o Espírito Santo veio, milagres aconteceram, o evangelho foi pregado
e pessoas se salvaram. Em outros lugares, eu já havia pregado muitas vezes sobre esse
mesmo assunto. Então, eu me perguntei: “Mas quantas vezes eu posso pregar o mesmo
sermão?”
E, de repente, acendeu aquela luz em minha mente e percebi que eu preciso estar me
expandindo até o limite daqueles princípios. Então, fui correndo ao escritório de um dos
meus co-pastores, e disse: “Mas eu não tenho falado nada de novo já por 6 semanas, e isto
deve significar que devo estar desenvolvendo aqueles princípios até ao máximo.” E agora,
depois de 10 anos, eu quase nunca falo nada de novo. No entanto, é algo diferente.
Duas coisas que um bom professor sempre lembra: Primeira – Esquecimento  Não
importa o que você ensina, eles sempre já esqueceram. Por isso é necessário repetir. Segunda
– Familiaridade  Você não pode repetir com as mesmas palavras ou eles pensarão que já
conhecem. Assim, você deve estar sempre repetindo as mesmas coisas com palavras
diferentes e é exatamente isso que a Bíblia faz. Por exemplo, Romanos e Gálatas, falam
quase a mesma coisa; Efésios e Colossenses, idem; em outras palavras, Deus simplesmente
fala os mesmos princípios, vez após outra, mas em termos diferentes.
Podemos falar sobre dedicar a vida a Jesus Cristo, ou falar em deixar que a Palavra
habite ricamente em nós, ou à respeito de andar no Espírito, ou falar sobre ser cheio do
Espírito, ou sobre andar em obediência, ou sobre estar na vontade de Deus e, basicamente,
tudo isso faz parte do mesmo assunto.
Mas, essa que é a beleza da Bíblia! Assim, temos que continuar a colocar essa
verdade na mente do povo.
Temos um ditado nos Estados Unidos em relação a computadores: “Lixo entra, lixo
sai”. Aquilo que você coloca, é aquilo que sai. E a sua mente é um computador; quando você
a alimenta com a verdade de Deus, a verdade de Deus vai sair. E esse é o nosso objetivo
quando ensinamos a Palavra de deus.
Em Colossenses 3:10 encontramos a mesma verdade outra vez, só que em outras
palavras: “Revestindo-nos do novo homem que se renova para o pleno conhecimento.” Aqui
está enfatizando a mesma verdade. Temos que comunicar conhecimento.
Vamos abrir em Efésios 4:11. Creio que alguns aqui já leram aquela monografia que
fala sobre esse assunto, mas quero voltar apenas a um dos pontos principais.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 14
O versículo 11 está dizendo que Deus deu homens dotados à Igreja: apóstolos,
profetas, evangelistas, pastores e mestres. E eu creio que pastor-mestre é uma palavra ligada
por hífen e que se refere à mesma pessoa; e isto está implícito na construção do original
grego. Então, estes homens receberam a tarefa que está no versículo 12: “com vistas ao
aperfeiçoamento dos santos.”
Agora, como eles devem aperfeiçoar os santos? Novamente a resposta se encontra em
2 Timóteo 3:16: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e é útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção e para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja
perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” Então, o que é que faz o homem de
Deus perfeito?! É toda a Escritura!
Assim, se nós temos que aperfeiçoar os santos, temos que dar a eles toda a Escritura.
Não é suficiente apenas pregar sermões evangelísticos. De fato, se você continuamente prega
sermões evangelísticos, você vai petrificar os santos. Você vai endurecê-los, e vai dar a eles
uma definição incorreta do cristianismo, como se eles estivessem parados em seu
crescimento. Eles precisam ser alimentados com toda a Palavra de Deus para crescerem à
maturidade.
Observem comigo João 21. Esta é uma de minhas passagens favoritas de toda a
Bíblia. É tudo sobre Pedro, o apóstolo que falava demais; em outras palavras, Pedro sempre
falava coisas erradas. Aqui descobrimos que Jesus disse a Pedro que fosse para a Galiléia e
esperasse por Jesus. Agora Jesus já havia ressuscitado dentre os mortos, e já havia chamado
a Pedro pessoalmente para o ministério. Mas ele queria dar um teste de fidelidade a Pedro.
Então, ele o envia à Galiléia com a instrução de esperá-lo lá. Quando chegamos ao capítulo
21, Pedro está esperando com os outros discípulos. Mas ele já estava ficando um pouco
inquieto; ele não tinha confiança em si mesmo; cada vez que tinha um teste pela frente, ele
era reprovado. Ele tentou andar sobre as águas, e quase morreu afogado; ele teve a
possibilidade de falar de Cristo, e o negou 3 vezes; ele estava muito desconsolado, porque
sempre falhava. E, não havia dúvida nenhuma, ele já estava pensando que ia ser um fracasso
no ministério.
Assim, ele resolveu voltar à velha profissão de pescador. O versículo 3, diz: “Disselhes Simão Pedro: Vou pescar.” E, no grego, isso indica uma decisão final. Em outras
palavras, Pedro estava voltando àquilo que ele estava acostumado a fazer; e, uma vez que
Pedro era o líder, todos disseram: “Nós também vamos.” E, no grego está escrito, então, que
eles saíram e entraram NO barco; naquele barco específico; e talvez tivessem entrado
naquele mesmo velho barco de Pedro para exercerem aquela velha profissão. Naturalmente,
nestas alturas dos acontecimentos, eles criam que essa era pelo menos, uma coisa que eles
eram capazes de fazer. E Pedro pensava: “Eu não posso ter um ministério, mas, pelo menos
pescar eu sou capaz de fazer.” Menos naquela noite, porque o Senhor mandou que todos os
peixes se afastassem daquele barco, e eles não pescaram nada.
O Senhor, então, apareceu na praia pela manhã. E ele fez aquela pergunta que você
nunca deve fazer àquele pescador que não pegou nada: “Você pegou alguma coisa?” Eles
disseram que não. Então o Senhor ordenou a eles que lançassem a rede do lado direito do
barco. E o Senhor deu um assobio, e todos os peixes vieram e caíram na rede e encheram
aquele barco. Quando chegaram à praia, o Senhor preparou ali o café da manhã.
Jesus havia dito que eles deviam esperar na montanha, e então, Jesus pergunta a
Pedro: “Pedro, você realmente me ama?” E Pedro, disse: “Eu gosto um bocado do Senhor.”
Mas, Jesus não usa a palavra “amor” no sentido inferior; então, Jesus pergunta pela segunda
vez: “Você me ama?”. Então, Pedro responde usando a palavra que significa menos do que
amor: “Eu gosto muito do Senhor.” Ele não estava usando a palavra mais elevada, porque ele
sabia que estava em desobediência e, então, não evidenciava esse tipo de amor.
E, na terceira vez, então, a pergunta vem com a palavra que Pedro havia utilizado:
“Você, então, gosta muito de mim?” Pedro se sentiu seguro com aquela palavra inferior, no
nível em que ele havia falado. Mas, o Senhor mesmo questionou aquele tipo de amor que
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 15
Pedro professara. Então, Pedro apelou para toda a onisciência de Jesus: “O Senhor conhece
todas as coisas, o Senhor sabe que eu gosto muito do Senhor.”
Durante essa conversa, então, Jesus deu a Pedro algumas instruções simples: três
vezes disse a Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas; apascenta; apascenta...” E aqui temos,
basicamente, a definição do ministério. Temos que alimentar as ovelhas. E há duas palavras
diferentes no grego, que são usadas aqui: a segunda envolve tudo o que está dentro do
trabalho de pastoreio: envolve alimentação, fazer curativos nas feridas, envolve cuidados,
proteção e aviso também; mas, a primeira palavra e a terceira são uma palavra diferente que
significa simplesmente alimentar.
Isso, então, quer dizer que quando somos pastores com aquela responsabilidade larga
e ampla, a prioridade principal é alimentação, e é exatamente o que Pedro diz em 1 Pedro
5:1. É uma boa indicação de que Pedro aprendera aquela lição que Jesus lhe ensinara naquele
dia. Isso porque Pedro transmite a mesma coisa aos outros pastores. No versículo 2, ele diz o
seguinte: “Pastoreai o rebanho de Deus, (é quase exatamente aquilo que Jesus tinha dito) que
há entre vós, não por constrangidos, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por
sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados,
antes vos tornando modelos do rebanho.” Então, Pedro está enfatizando a área do ensino; e
esta é a perspectiva correta e a prioridade certa em relação à Igreja.
Deixe-me acrescentar mais um pensamento. Para que façamos isso, precisamos
estudar a Palavra de Deus. Em 2 Timóteo 2:15, está escrito que precisamos estudar para
sermos aprovados por Deus: dividindo corretamente a Palavra da Verdade. O grego diz
“cortando reto” e esta é uma ilustração interessante. Sabemos que Paulo era um construtor de
tendas. E um construtor de tendas pegava aqueles pedaços de couro e cortava-os de tal
maneira que se encaixassem; e, dependendo do tipo de tendas que fazia, havia uma maneira
certa e disposição correta dos pedaços, se ele não cortasse um daqueles pedaços da maneira
correta, a tenda inteira não iria se encaixar bem. Vamos supor que sua esposa estivesse
costurando uma camisa; se ela não cortar o pano da maneira certa, nunca vai sair uma
camisa. E a mesma coisa acontece com Paulo e deve acontecer com você no lidar com a
Palavra de Deus. Precisamos cortar com exatidão cada passagem da Escritura ou o quadro
todo nunca vai se encaixar. E é exatamente por isso que devemos ser expositores da Palavra
de Deus; porque se não estivermos interpretando corretamente cada porção da Escritura,
então no todo a coisa não encaixa; uma passagem não pode contradizer outra. Portanto, se
não cortarmos da maneira correta, é exatamente isso que vai acontecer.
Precisamos estudar diligentemente para cortar reto, compreender exatamente cada
passagem da Escritura, então, quando juntarmos todas as partes, elas vão se encaixar.
Vou lhes dar uma ilustração. Se eu começo a ensinar, por exemplo, o livro de Efésios
e não faço aquela interpretação correta de algo no capítulo 1; e eu prego aquele pensamento
que de fato não estava naquele versículo, estarei interpretando erradamente. Talvez quando
eu chegue ao capítulo 4, vai ficar evidente que eu perdi o significado daquilo que interpretei
do capítulo 1, porque de repente a coisa não encaixa mais. Assim, temos que ter cuidado
para dividir corretamente cada parte.
E este é o desafio do estudo; e é por isso que em minha vida particular tenho gasto 5
a 6 horas diárias no estudo da Palavra. Vocês que têm uma profissão paralela ao pastorado,
têm uma tarefa mais difícil que a minha. Talvez devessem pregar sermões mais curtos, mas
devem ter a mesma diligência no estudo.
Para alcançarmos a prioridade máxima, precisamos ter 4 prioridades que sustentam
àquela:
1.- Prioridade em relação à Deus  é SERVIÇO.
2.- Prioridade em relação à Igreja  é ENSINO.
3.- Prioridade em relação aos Incrédulos  TESTEMUNHO. Em Atos 20:21, vemos
Paulo falando à respeito do testemunho. E a palavra no grego é MARTUROMAI, que
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 16
significa realmente “falando de Cristo”. Mas eles estão adicionando ao início da palavra, o
prefixo DIA, que significa que esta é uma palavra intensificada; não é simplesmente
testificar, significa um testemunho completo e profundo. Em outras palavras, quando Paulo
apresentava Cristo aos perdidos, verificamos que ele estava fazendo uma apresentação
completa e profunda. Eu não sei como é aqui no Brasil, mas na América, freqüentemente nós
não fazemos assim. Há diversas maneiras inadequadas de apresentar o Evangelho. Muitas
vezes nós nos aproximamos dos perdidos, falando mais baseados em nossa experiência,
dizendo: “Jesus fez isso por mim; Jesus mudou minha vida; Jesus me faz feliz; Jesus me
curou; agora, você não gostaria de ter tudo isso?!” Então, as pessoas reagem, dizendo: “Eu
quero tudo isso.” Então, dizemos, é só aceitar a Jesus! E eles oram ali e aceitam a Jesus. E
nós nem falamos quem é Jesus àquelas pessoas... Não é essa a maneira correta...
Paulo diz: “Nós testificamos de uma maneira completa. Precisamos apresentar o
Evangelho, e isso significa que precisamos apresentar quem é Jesus Cristo, e então falar no
arrependimento e fé para com Deus. Agora, devemos ver que isso são dois lados da mesma
coisa. Arrependimento é voltar as costas para o pecado, e fé significa voltar o rosto para o
Senhor Jesus Cristo.
Isto implica que durante a exposição do Evangelho, precisamos falar do pecado. E é
por isso que Jesus disse que não veio chamar justos, mas pecadores ao arrependimento. João
Batista pregou arrependimento e as pessoas vinham, confessavam seus pecados e eram
batizadas. Então, em um testemunho completo precisamos incluir pecado, arrependimento e
fé. E essa fé deve ser dirigida ao Senhor Jesus, e isso significa o seu nome completo, isto é,
devemos falar à respeito de sua Pessoa completa. Temos que dar um testemunho completo,
ou então vamos ter pessoas fazendo decisões para um Cristo que nunca pregamos. E às
vezes, nós temos bons motivos: queremos ganhar pessoas para Cristo, mas não estamos
fazendo nenhum favor a essas pessoas quando deixamos de lhes apresentar a verdade
completa. Porque não há salvação em nenhum outro além de Cristo. Não podemos fazer um
atalho a essa verdade.
Deixem-me mostrar-lhes 1 João 1, onde vemos um exemplo deste testemunho
completo, profundo. O apóstolo João está falando, referindo-se a Cristo: “O que Ra desde o
princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que
contemplamos e as nossas mãos apalparam com respeito ao verbo da vida,...” João está aqui
dizendo: “Nós falamos a vocês à respeito do verbo da vida, que é Cristo; e nós estamos
falando em primeira mão; nós o ouvimos; nós o vimos, nós o tocamos... e, no versículo 3,
está escrito: “é o que nós declaramos a vocês.” E a coisa que quero enfatizar, é que a
apresentação do Evangelho é a apresentação de Cristo, o Verbo da Vida. Isto é o testemunho
completo e precisa ser em primeira mão.
Somos chamados para testemunhar, e uma testemunha é a pessoa que fala daquilo
que ela viu em primeira mão. Lembro-me de que uma vez eu fui testemunha de uma
tentativa de assassinato. Eu estava no escritório com meu pai na igreja, e a secretária chegou
correndo na sala, dizendo que havia uma briga na rua.
Então, eu corri para ver. Havia um rapaz caído no chão, e duas pessoas chutando-o no
rosto, costas e sua cabeça já estava toda ensangüentada. Havia algumas pessoas lá paradas,
observando a cena, mas com medo de se envolver. Agora, quando saí pela porta da igreja,
eles sabiam que eu era o pastor e, então, eu precisava me envolver, pelo menos por causa de
minha reputação.
Então, gritei: “Parem!” E eles não pararam... Aí, achei que era melhor me envolver e,
correndo, me aproximei e os ouvi dizendo: “Mata, mata; verifiquei, então, que não era uma
briga... era um assassinato; percebi que estava envolvido em um problema sério. Os dois
eram bem grandes, eram jogadores de futebol americano, e trabalhavam nas docas como
estivadores. Cada um pesava bem mais de 100 quilos. Eram muito fortes e com pouco
entendimento. Percebi que eu estava em perigo, mas continuei gritando: parem com isso!
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 17
O mais forte deles virou-se para mim, agitando seus punhos bem perto de meu rosto;
então, eu me virei e gritei: Chamem a polícia! E a secretária foi chamar a polícia, e esse
homem veio em minha direção; eu comecei a recuar, e ele foi me seguindo até chegarmos à
porta da igreja.
Aí, eu pensei: Se eu entrar na igreja, ele não vai ter coragem de me seguir; vou estar
seguro na igreja... Mas ele entrou; só que meu pai já tinha saído, e disse: “O que está
acontecendo aqui?” E ele era um pastor muito digno e sereno, e este homem o acertou bem
no meio do rosto, e ele foi cair do outro lado da sala; ele, então, pegou seus óculos e voltou
ao escritório. Aí, então, ele me acertou; ao receber aquele soco, fiquei bravo... Pensei: “Ele
acertou meu pai, e a mim; agora estou bravo”.
Disse a ele: “Agora você está enrolado... a polícia está vindo...
Para encurtar a história, a polícia chegou meia hora mais tarde... Eles já haviam
parado de bater naquele homem, mas haviam quebrado todas as suas costelas e cortado seu
rosto; e ele estava tão inchado, que era impossível reconhecê-lo. A polícia foi capaz de
prender os dois agressores, por causa de minha descrição de ambos. E aí fomos ao tribunal
como testemunhas. O advogado, então, me disse: “Conte-nos o que você viu o que você
ouviu e o que você sentiu”, Sabe o que pensei? Exatamente 1 João 1:1  Aquilo que nós
vimos, ouvimos e sentimos... Uma testemunha verdadeira, fala da experiência que ela teve.
Portanto, há duas coisas a considerar em nosso relacionamento com os perdidos:
1.- Precisamos apresentar o Evangelho de uma forma completa;
2.- Temos que apresentá-lo como nossa experiência pessoal.
Se Deus não está vivo e ativo em minha vida, então eu não posso apresentá-lo a mais
ninguém...
Portanto, a prioridade número 1 é fazer discípulos, e isto envolve serviço a Deus,
ensino na Igreja e pregar o Evangelho aos perdidos. Por falar nisso, quero acrescentar: Não
pregue o Evangelho para a Igreja. Ensine a Igreja, e pregue o Evangelho aos perdidos. Essa é
a prioridade.
Quando a Igreja se reúne, ela se reúne para ser alimentada; quando ela se espalha, ela
se espalha para evangelizar. E, se você estiver alimentando a Igreja, ela evangelizará. Em
nosso último culto de batismo, duas semanas atrás, batizamos 75 novos crentes, todos
levados a Cristo por cristãos bem alimentados. Temos gente em nossa igreja semanalmente
alcançando pessoas perdidas da comunidade. E eles são capazes de fazer isso, porque estão
alimentados com a Palavra de Deus. Agora, uma prioridade final:
Temos que ter uma prioridade em relação ao serviço a Deus, em relação ao ensino na
igreja e em relação à evangelização dos perdidos; e a última prioridade é em relação a nós
mesmos. Como é que eu me vejo?!
Em Atos 20, novamente, vemos no versículo 22: “E agora, constrangido em meu
espírito vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá.”
Ele havia decidido ir para Jerusalém, mas sabia que chegando ali, a coisa não seria
fácil, os judeus estavam muito ressentidos porque o estavam vendo como um traidor.
E mesmo os cristãos judaicos estavam ressentidos contra Paulo, porque eles
pensavam que Paulo estava ensinando aos gentios contra a lei e contra o Templo. Assim, ele
sabia que haveria dificuldades, e mesmo o Espírito Santo confirmara isso no versículo 23:
“senão que o Espírito Santo de cidade em cidade me assegura que me esperam cadeias e
tribulações.” Então, vemos aí aquela atitude correta que ele tinha em relação a si mesmo. O
versículo 24, diz: “Mas em nada considero a minha vida preciosa para mim mesmo.”
Agora, qual é a sua prioridade em relação a si mesmo?! SACRIFÍCIO. Ele
sacrificava sua vida pessoal, e esta era a sua prioridade pessoal. Ele não estava no ministério
para ver o que ele conseguiria tirar do ministério, mas, sim, por aquilo que ele podia dar. E,
para ele, viver era Cristo, e morrer era lucro. Notamos que ele ainda diz: “Contanto que eu
complete a carreira que recebi do Senhor.”
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 18
Agora, estamos exatamente no lugar em que começamos. Começamos com a tarefa
não completada de Cristo, e agora terminamos vendo a alegria que Paulo sentia ao terminar e
completar sua carreira. E ele era capaz de fazer isso, porque tinha as prioridades corretas!
Sua prioridade era fazer discípulos, e isto envolve serviço a Deus; ensinar a Igreja,
evangelizar os perdidos e sacrificar-se a si mesmo.
Gostaria de ilustrar este último ponto com outro indivíduo em Filipenses 2:27. Aqui
Paulo está de alguém chamado Epafrodito. Está escrito aqui que ele adoecera mortalmente,
mas que Deus se compadecera dele. Como que ele ficou tão doente? No versículo 30, vemos
que foi por causa da obra de Cristo que ele chegara às portas da morte. E no grego está
escrito que ele arriscara sua própria vida. É a mesma palavra para “lançar os dados”. Ele
“lançou os dados” arriscando a própria vida pelo trabalho de Cristo. E nós temos que nos ver
como pessoas que tem que ser gastas. Precisamos nos gastar para ganhar outros e ensinar
outros.
Paulo mostra isso em Atos 20:33: “De ninguém cobicei prata, nem ouro nem
vestes...”. Ele não queria nada para si mesmo. De fato, no versículo está escrito: “E ele
trabalhou com as suas próprias mãos para suprir as suas necessidades pessoais.” No
versículo 35 ele diz que isso deveria Sr um exemplo e o resumo de tudo: “mas bem
aventurado é dar do que receber.”.
Então, amados, quero dizer-lhes o seguinte: Temos que seguir este padrão. Se nos
entregarmos a essas prioridades, vamos abrir as portas e deixar que Deus abençoe as nossas
vidas. Gostaria de convidar a cada um aqui e todos nós juntos para fazermos esse
compromisso diante de Deus, e sermos aquele tipo de homens que Deus quer que sejamos!
(Fita # 2 – Original, lado 02 - 18/04 1978 – noite – 12 Marcas de uma Igreja bem sucedida – John Macarthur – Encontro SEPAL –
Sumaré – SP)
Espero que todos tenham tido um bom dia, e que estejam se sentindo bem e prontos
para continuarmos, porque tenho algumas coisas em meu coração e estou entusiasmado para
compartilhar com os irmãos.
Deixe-me dizer que eu realmente tenho gostado da comunhão e estou até aprendendo
um pouquinho de português e sinto que estou conseguindo passar sobre a língua para atingir
o seu coração, e isso é muito bom!
Nas últimas vezes que falamos, falamos sobre as prioridades pessoais do pastor, e
compartilhamos que a nossa tarefa é completar aquilo que Jesus começou. E, então, para
fazer isso, temos que ter um conhecimento da nossa prioridade. Jesus deu essa prioridade
quando ele disse: “Ide e fazei discípulos”.
Depois falamos daquela segunda etapa, daquelas 4 prioridades secundárias. Você se
lembra que a nossa prioridade para com Deus é ser servo, é servir; e a nossa prioridade para
com a Igreja, é ensinar; e a nossa prioridade para com o perdido, é evangelizar, e a nossa
prioridade em relação a nós mesmos é o sacrifício.
Mas, a coisa mais importante: Em qualquer ministério frutífero, a questão principal
somos nós. Certa vez, um seminarista me perguntou o que eu diria para um jovem que está
entrando no ministério para que ele seja bem sucedido. Eu disse: “estar bem seguro de que
você é um homem de Deus, e então, todas as outras coisas específicas vão acontecer por si
só”.
Em Atos 20:28, Paulo dá ênfase a isso; ele diz: “Tome cuidado de ti mesmo e depois,
então, cuide de alimentar o rebanho”. O rebanho deve ser alimentado daquilo que está
transbordando na nossa vida. E se não há aquela vitalidade em nós, isso nunca vai acontecer
na igreja. E assim, espero que você esteja tomando decisões em seu coração para ser aquele
homem de Deus que Deus quer que você seja... Um homem santo e justo diante do Senhor.
Agora eu gostaria de continuar falando do ministério da Igreja em particular.
Visitando vários lugares, tenho observado várias igrejas. Ando sempre em alerta para
saber por que aquela igreja é bem sucedida. Tenho, então, selecionado algumas coisas que
sempre marcam uma igreja que é bem sucedida. Nem todas as igrejas que são bem sucedidas
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 19
possuem todas essas marcas. Todas as igrejas bem sucedidas têm algumas dessas marcas, e
quanto mais destas características elas possuem, mais bem sucedidas elas são.
Todas essas marcas têm uma base bíblica. Se nos concentrarmos nisso como alvos
bíblicos, não teremos que nos preocupar tanto com a metodologia. Nunca precisamos ficar
preocupados com o tamanho de nossa igreja: isto é o trabalho do Senhor.
Certa vez, um moço do instituto bíblico chegou para o grande pregador Spurgeon na
Inglaterra, e disse: “Quero fazer uma reclamação; a minha congregação é muito pequena”. E
Spurgeon disse a ele: “Talvez sua congregação seja tão grande quanto é necessário para você
prestar contas dela no dia do julgamento”. Eu nunca peço a Deus mais uma pessoa, porque
tenho medo de ainda não ter feito com aquelas pessoas que já tenho aquilo que eu deveria ter
feito. E nós devemos, então, deixar que Deus se preocupe com os números, enquanto nós nos
concentramos em fazer da igreja aquilo que ela deve ser biblicamente. Gostaria de
apresentar, então, em nossas próximas reuniões...
Doze Marcas De Uma Igreja Bem Sucedida.
Devo dizer que isso não tem nenhuma cor denominacional. E eu tenho visto essas
qualidades em muitas igrejas de denominações e também em igrejas sem denominação.
Quero acrescentar uma coisa mais: nada disso que eu vou falar acontece facilmente; na
verdade, é muito difícil. As pessoas, às vezes dizem: “Aqui no Brasil é muito difícil fazer
isso”. E eu digo que nos Estados Unidos também é muito difícil fazer isso porque, se este é o
plano de Deus para a igreja, Satanás vai tentar bloquear isso em qualquer cultura. Por isso
sempre é uma batalha, sempre é uma luta. E nós sempre termos que vencer a tradição e
aqueles pensamentos errôneos e aquela ignorância bíblica; e isso, às vezes, leva anos...
Quanto mais crescemos, mais entendemos que ainda não chegamos àquele ponto
ideal. De fato, quanto mais pessoas temos, mais dificuldades temos; porque precisamos
ensinar às pessoas novas as mesmas coisas para que elas não atrapalhem o crescimento e a
comunhão da igreja. Assim, a batalha nunca finda. Logo que começamos e temos a igreja
naquele ponto que desejamos, aí vem um grupo de batistas; e, depois, um grupo de
presbiterianos... E temos que começar tudo de novo, educando-os de novo, porque muitas
dessas pessoas vêm de denominações muito tradicionais. Muitos estão acostumados que
domingo à noite é só evangelismo; então temos que mudar sua maneira de pensar. Muitos
deles estão com medo de ficar em um grupo pequeno em suas casas para ler e estudar a
Bíblia e orar juntos; assim, temos que lutar para que essas pessoas entendam isso.
Não estou aqui para dizer a vocês que estas coisas são fáceis; estou aqui para dizerlhes que elas são bíblicas. Por isso, se escolhermos aquilo que é fácil, vamos prostituir o
ministério. Paulo, quando chegou ao final de seu ministério, pode dizer: “Combati o bom
combate”. Quando eu cheguei, logo no início, para o pastorado, pensei que estava na lua de
mel. Todo mundo vinha, e me amava e achava que o que eu dizia era maravilhoso... Eles
haviam perdido dois pastores em seguida que sofreram ataques cardíacos e estavam
contentes porque eu era novo e eles não teriam, assim, que sustentar mais uma viúva; por
isso eles me aceitaram.
E era muito bom chegar ali e levantar no púlpito e dizer a cada semana o que eu
pensava. Todos vinham e me ouviam. Mas, um pouco depois, a lua de mel terminou, e aí eu
entendi que não era nada de lua de mel... Era trabalho duro! E, alguns anos depois eu entendi
que não era trabalho... Era guerra, e eu estava lutando contra o inimigo. Então, não quero
dizer que é fácil... Mas é o certo! E, diante de Deus, temos que nos comprometer a isso.
Bom, deixe-me agora dizer essas características, e amanhã terminaremos...
A primeira coisa que quero dizer é que isso não obedece a uma ordem cega. Da
maneira que elas estão aqui relacionadas, não quer dizer que uma é mais importante do que a
outra. Vou tentar dar ênfase na ordem apropriada à medida que continuamos. Mas essas são
as verdadeiras marcas de igrejas que têm sido bem sucedidas e abençoadas por Deus.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 20
1.- UMA PLURALIDADE DE LIDERANÇA DE HOMENS DE DEUS.
Quero dizer com isso, que a igreja deve ser liderada não por um homem, mas por
vários homens, santos de Deus.
Os primeiros líderes da Igreja Primitiva eram os apóstolos; e nós encontramos
aqueles homens juntos liderando a igreja. Quando eles tiraram a oferta em Atos 4, eles a
levaram e colocaram aos pés dos apóstolos. E eles estudavam as doutrinas dos apóstolos, e a
palavra sempre aparece no plural. Até mesmo no VT, quando Deus tinha os seus profetas,
talvez eles tivessem o seu ministério individual, mas eles eram chamados de sacerdotes, de
anciãos e presbíteros, designados para um trabalho de obediência.
Deus, então, liderou Israel através de uma pluralidade de sacerdotes. O livro de
Provérbios diz que há sabedoria quando há muitos conselheiros. Quando Israel decidiu que
queria ser dirigido por um homem, e Deus permitiu que eles tivessem o rei que eles pediram,
então, toda a dificuldade começou. É desejo de Deus liderar o seu povo através de uma
pluralidade de santos homens de Deus.
Quando Paulo começa a definir s organização da Igreja, ele diz que aqueles que
dirigem a Igreja são os presbíteros, e aquela palavra sempre aparece no plural, com 2
exceções: 2 João e 3 João. Lá, aparece João chamando-se a si mesmo de ancião, de
presbítero; ele está se referindo a si mesmo como um dos presbíteros. Mas são sempre “os
presbíteros”, no plural, os que governam. Por isso, são os presbíteros que devem alimentar o
rebanho.
Tito foi o encarregado de apontar os presbíteros em cada cidade. Sempre, então,
havia uma pluralidade. E há várias razões para isso. Por exemplo, porque um home não pode
carregar o fardo sozinho; um homem sozinho não pode ministrar para todos; um homem
sozinho não pode carregar a tremenda responsabilidade de tomar decisões para uma grande
multidão; e um home só não pode providenciar tudo para uma grande multidão, por isso, o
desejo de Deus é que exista a pluralidade.
Através da história, os batistas e outros têm tido um homem como líder, mas é
interessante que na teologia batista, eles não ensinavam isso antes de 1890. Através da
história eles criam na pluralidade de santos homens de Deus. Mas, na medida em que foram
crescendo em número de igrejas, foram colocando um homem como o cabeça em cada
igreja, e assim era mais fácil; mas esta não era a sua posição histórica.
Voltando ao NT, vemos que devemos ter aquela pluralidade de santos homens de
Deus. E estes homens têm responsabilidades específicas. Vamos abrir a Bíblia em Hebreus
13:7 por um momento: “Lembrai-vos dos vossos guias que estão superintendendo vocês”. O
grego aqui diz que eles têm autoridade, que têm pregado a Palavra de Deus. Então, foi dada
autoridade àqueles que ensinam.
Portanto, a igreja é governada e dirigida por aqueles que ensinam. Muitas igrejas na
América, igrejas nas quais eu cresci, têm aqueles que ensinam nesta área aqui, e aqueles que
superintendem nesta outra área. Mas a Bíblia diz que aqueles que são homens de Deus são os
que devem dirigir a igreja. O versículo 7 ainda diz: “Cuja fé vocês devem imitar”.
Aqui está a idéia de dar exemplo. Então você tem uma pluralidade de homens santos
que têm autoridade sobre a igreja, que ensinam a igreja e que também são exemplos para a
igreja. São estes os pastores do rebanho.
Como é que a congregação deve, então, reagir para com eles?! A resposta está no
versículo 17: “Obedeçam aos vossos guias”. Isto é uma coisa muito forte. Não há nada na
Bíblia que dá o direito de autoridade para o povo. O povo deve estar submisso à direção
destes homens de Deus. E diz mais ainda: “Porque eles vigiam pelas vossas almas”. Deixeme resumir... Aqueles santos presbíteros têm autoridade, têm a responsabilidade de ensinar,
têm a responsabilidade de serem exemplos, e devem vigiar e cuidar das almas de seu
rebanho.
Só uma coisa é pedida aqui ao povo: É que eles se submetam... que obedeçam. Que
se submetam à autoridade, ao ensino e que se submetam ao exemplo e ao cuidado dos
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 21
líderes. Você dirá, então: “Mas isso dá muito poder a um grupo pequeno...” Mas eles não
devem estar naquela posição de autoridade a não ser que sejam santos homens de Deus.
Como em Atos 6, quando o povo reconhece de fato que eles são santos homens de
Deus. Vocês se lembram que os apóstolos mesmos disseram: “nós precisamos nos dedicar à
oração e à pregação da Palavra”. E eles disseram: “Vocês escolhem, então, aqueles que são
cheios do Espírito Santo, e os coloquem na direção deste trabalho”.
Então, aqueles homens santos de Deus devem ser escolhidos pelo povo, porque o
povo reconhece aquela santidade de vida nestes líderes. Agora, isso não dá àqueles líderes
aquela liberdade para serem ditadores. Porque em Hebreus 13:17, lemos: “Porque eles
também vão dar contas àquele a quem são responsáveis”; não à congregação... mas a quem?
A Deus. É a ele, então, que temos que dar contas. Quando o povo se submete, então, diz o
texto, devemos faze isso com alegria, e não gemendo. Aquilo que dói mais no coração do
pastor é quando o povo não se submete ao ministério de Cristo através deste líder.
Agora, sabemos que muitas vezes isso pode ser pervertido, e nós podemos, então, ser
aqueles “mandões” sobre o povo. E é isto que Pedro diz: “que não devemos ser os mandões
sobre o povo, mas o exemplo para o rebanho”.
Veja, então, que Deus deseja esses santos homens como líderes, e eles têm a
superintendência do rebanho. E é necessário haver um grupo deles. Se a igreja é pequena,
quem sabe uns dois ou três. Em minha igreja, temos muitos: 38 presbíteros. Eles governam,
ensinam, são exemplo e cuidam das almas do povo e são responsáveis diante de Deus. E são
presbíteros porque desejam isso; e porque o povo realmente os considera como santos
homens de Deus. E são, também, reconhecidos por outros presbíteros.
Quando eu fui para a Grace Church, não havia muitos presbíteros. Havia várias
diretorias, cujos diretores é que tomavam as decisões. Mas que não eram realmente homens
de Deus. Eram homens inteligentes, tinham dinheiro, influência, muitos anos de igreja, mas
não eram necessariamente aqueles santos homens de Deus. Então, eu comecei a procurar
aqueles que realmente queriam ser santos homens de Deus. E eu anunciei que teríamos um
estudo bíblico todos os sábados, às sete horas da manhã. E fizemos isso durante cinco anos.
E aqueles homens que tinham fome de serem santos homens de Deus, vieram para o estudo
bíblico. E durante todos aqueles anos eu realmente derramei a minha vida na vida deles, até
que, um por um, foram crescendo para a maturidade. Então, o que era apenas uma diretoria
aqui, tornou-se um grupo de santos homens de Deus.
E, desde a primeira reunião que tivemos, eu disse que nunca tomaria uma decisão
sozinho. Eu não queria o crédito, se houvesse sucesso, e eu também não queria ser culpado
se a coisa fracassasse. Por isso, iríamos fazer o trabalho juntos.
Deixe-me dar uma ilustração: No primeiro mês que eu estava ali, o homem que
tocava o piano e ensinava na maior classe da escola dominical e que estava na diretoria da
igreja, tinha uma filha muito bonita e que queria casar-se com um camarada que não era
cristão; ele não queria saber de Cristo, não queria conversar comigo e não queria vir à igreja.
Bem, a mãe dessa moça telefonou para a igreja, e disse: “Eu quero que você faça o
casamento da minha filha com aquele camarada.” Eu estava naquela igreja há apenas um
mês, e essa família era muito importante naquela igreja. Eu respondi: “Bem, tenho que
perguntar aos meus presbíteros”. Então, reuni-me com aqueles santos homens de Deus, e
contei a situação para esse grupo de homens (naquela noite, o pai da moça não estava lá) e
perguntei-lhes: “O que nós devemos fazer?” Um dos homens disse: “Nós devemos fazer o
casamento deles; eles dão muito dinheiro para a igreja; já estão há muito tempo na igreja;
nós ficaremos sem música, temos que fazer o casamento; se fizermos o casamento, quem
sabe a gente ganha aquele camarada para Cristo”. Então, eu disse para eles: “Olha, quero
mostrar alguma coisa aqui na Bíblia para vocês”. Aí eu mostrei na Bíblia que crente e não
crente não devem estar debaixo do mesmo jugo. Perguntei-lhes: “Esta igreja aqui vai ser
uma igreja de Cristo, ou vai ser a sua igreja?” E eles responderam: “Queremos que seja uma
igreja de Cristo”. Aí, eu falei: “Então, a Palavra de Deus está dizendo que nós não podemos
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 22
fazer aquele casamento”. Então, voltei-me para eles, e perguntei: “O que devemos fazer?” E
o mesmo homem, disse: “É... não podemos fazer o casamento!”.
Bem, eu telefonei para a mãe da moça e falei-lhe da decisão; ela ficou muito zangada,
e disse: “Então eu vou pegar outro pastor para casar a minha filha em nossa igreja e vamos
ter o casamento lá sem você”. Eu falei: “Tenho que perguntar àquele grupo de homens se
vocês podem fazer o casamento aqui na igreja”. Voltei para aquele grupo, e falei-lhes o que
havia acontecido. E aquele mesmo homem, disse: “Deixe que eles casem aqui”. Então, eu
disse: “Mas será que isso é alguma coisa que Cristo vai abençoar?” Eles disseram: “Não!”
Então, eu disse: “Vocês querem usar esta igreja para alguma coisa que Jesus não vai
abençoar?” E o mesmo homem, disse: “Não; não podemos casar ninguém”. Este foi o
começo; foi a maneira de ensinar aqueles homens que eles estariam comigo tomando
decisões, mas numa base bíblica.
Embora eles não fossem, àquela altura, ainda realmente homens de Deus, cada
sábado eu estava ensinando a eles e orando com eles, até que eles crescessem, então, à
maturidade. E hoje nos temos ali aquele grupo de homens que são verdadeiros homens de
Deus. E tenho que dizer que gastei dez anos para fazer isso. Cristo levou três anos para
conseguir alguns homens com maturidade. Gasta tempo para conseguir isso... Tempo e
trabalho!
Quais são as qualidades destes santos homens de Deus?
Em 1 Timóteo 3 e também Tito 1, temos as qualidades para aquele homem que quer
ser um presbítero. Devo dizer que na minha igreja eu sou um destes presbíteros. Não sou
diferente daqueles outros 37 que nos temos lá. Muitos daqueles têm o dom de ensino, mas o
dom é manifestado de uma maneira toda peculiar.
Em 1 Coríntios 12 vemos que há diferentes dons e diferentes manifestações destes
dons; e o meu dom se manifesta na pregação pública. E os outros homens têm seus dons
manifestados em diferentes situações na igreja;; mas todos temos autoridade no mesmo
nível, e nenhum está em posição mais elevada do que o outro; e nenhum dá ordens para o
outro. Trabalhamos em um nível horizontal de relacionamento. Você que está no pastorado
deve ver essas qualidades como características que devem existir em sua vida.
No NT, a palavra pastor, a palavra bispo, e a palavra presbítero sempre se referem ao
mesmo indivíduo, e isto é entendido em Atos 20:18-21, onde aparecem as palavras:
anunciar, ensinar e testificar, como atividades que deveriam acontecer na vida dos líderes da
igreja de Éfeso, assim como acontecia na vida de Paulo.
Então, quando olhamos para 1 Timóteo, olhamos para as características do bispo, do
pastor, do presbítero. Vamos olhar para elas agora, por um instante. Vamos ler Timóteo 3:16: “1 Fiel é a palavra: Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja. 2 É
necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante,
sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; 3 não dado ao vinho, não violento, porém
cordato, inimigo de contendas, não avarento; 4 e que governe bem a sua própria casa,
criando os filhos sob disciplina, com todo respeito 5 (pois se alguém não sabe governar a
própria casa, como cuidará da igreja de Deus?); 6 não seja neófito, para não suceder que se
ensoberbeça, e incorra na condenação do diabo.” Vamos ler, também, Tito 1:5-9, onde
temos uma lista que é bem semelhante à de 1 Timóteo: “5 Por esta causa te deixei em Creta
para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses
presbíteros, conforme te prescrevi; 6 alguém que seja irrepreensível, marido de uma só
mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são
insubordinados. 7 Porque é indispensável que o bispo seja irrepreensível como despenseiro
de Deus, não arrogante, não irascível, não dado ao vinho, nem violento, nem cobiçoso de
torpe ganância, 8 antes hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, que tenha
domínio de si, 9 apegado à palavra fiel que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder,
assim para exortar pelo reto ensino como para convencer os que contradizem.”
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 23
Aqui estão padrões muito elevados, e são exatamente as qualificações para o pastor.
E este é o tipo de homem que você realmente deseja edificar em sua igreja. Vou passar
rapidamente sobre essas qualidades:
1.- ELE DEVE SER IRREPREENSÍVEL – Isso significa que ele não deve ter nada
na vida dele pela qual ele possa ser acusado. Nada de um pecado flagrante que nunca foi
confessado e acertado; nenhuma marca na vida dele diante do seu povo. No pensamento do
povo, ele tem que ser um homem santo. Isto não significa que ele seja perfeito, mas significa
que ele acerta as contas em tudo aquilo que ele erra ou peca. Todos nós lutamos para ser
aquilo que Deus deseja...
2.- ELE DEVE SER ESPOSO DE UMA SÓ MULHER – O grego aqui diz que ele
tem que ser homem de uma só mulher. Não está se referindo aqui à poligamia; não está
dizendo que você não pode ser pastor se você tem duas esposas; isto é o óbvio; mas isto aqui
quer dizer que você deve ser aquele homem realmente devotado àquela mulher que é a sua
esposa. Não está nem falando aqui sobre divórcio; o divórcio pode ser tratado aqui talvez na
primeira palavra: irrepreensível. Então, se o homem teve razões para se divorciar ou não,
então, ele está enquadrado nesta primeira qualificação: irrepreensível. O ponto número dois
tem a ver com o relacionamento que ele tem com a esposa. O pastor tem que ser aquele que
realmente está enamorado de sua esposa.
3.- ELE DEVE SER TEMPERANTE – Isso significa que ele tem uma visão clara da
vida. Que ele é realmente uma pessoa estável, sólida; que é espiritualmente forte.
4.- ELE DEVE SER SÓBRIO – Esta palavra no grego significa aquele que conhece
as suas prioridades. a vida dele está delineada conforme aquelas coisas que são realmente
importantes. Por isso, ele não é nem um preguiçoso nem um indivíduo tolo.
5.- ELE DEVE SER MODESTO – Significa que a vida dele é organizada de uma
maneira sábia; ele é uma pessoa disciplinada.
6.- ELE DEVE SER HOSPITALEIRO – E a palavra grega aqui diz que é aquele que
ama os estranhos. Presbítero, então, é aquele que abre a sua casa para todos. A vida dele é
uma vida transparente. Seu cristianismo está na vitrine para que todos possam ver.
7.- ELE DEVE SER APTO PARA ENSINAR – O presbítero é aquele que é capaz de
ensinar as verdades de Deus. Há vários níveis para se fazer isso. Alguns presbíteros podem
trabalhar bem no púlpito; alguns na Escola Dominical; alguns nos estudos bíblicos nos lares;
alguns, ensinando crianças; mas, em resumo, são aqueles que estão aptos para ensinar a
Palavra de Deus.
8.- ELE NÃO DEVE SER DADO AO VINHO – Isto é, aquele que não fica muito
perto do vinho, diz o grego. Assim, o presbítero é aquele que não se embriaga, mas está
sempre no controle dos seus sentidos e sob o controle do Espírito Santo.
9.- ELE NÃO DEVE SER VIOLENTO – Não centralizado em si mesmo, não
egoísta, não pode ser um indivíduo brusco, briguento... Recentemente soube de um pastor
que ficou zangado e deu um soco em seu diácono; este camarada, então, não está qualificado
para ser um pastor ou presbítero. Ele tem que ser gentil e cortês. Ele deve estar livre do amor
ao dinheiro. Ele tem que tomar conta de sua casa, e há duas coisas sobre isso: 1. Tem que ter
seus filhos sob disciplina; isto significa que quando são pequenos, eles tem que estar sob
controle; então, Tito ainda acrescenta que eles têm que ser crentes; portanto, quando são
crianças pequenas, são submissas aos pais; e quando, então, crescem, devem ser crentes em
Cristo. Isto porque a maneira como ele controla a sua casa vai ser a maneira como controla a
sua igreja.
Mas se o povo na sua igreja vê que seus filhos não têm nenhum interesse por coisas
espirituais, eles têm o direito de questionar a sua posição na igreja. Daí a importância de eu,
como líder, gastar tempo com a minha família. Se eu tenho a escolha de ir para uma
conferência e falar para um grupo ou de ficar em casa com a minha família, eu ficarei com a
minha família. Eu somente vou a uma reunião à noite fora de casa, exceto os trabalhos
regulares da igreja. Eu não vou a todas as reuniões de comissões.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 24
E domingo, quando eu me assento na igreja, eu me assento com toda a minha família.
Eu procuro demonstrar todo o meu amor à minha família, porque se eu perco a minha
família, eu perco o meu ministério. Eu brinco freqüentemente com meus filhos. Eles jogam
beisebol; eu vou a todos os seus jogos. Eu tenho falado aos seminaristas que, se eu vou ver
aos jogos de meus filhos, então eles vão ouvir os meus sermões. Se eu estou interessado na
vida deles, então eles estarão interessados na minha vida. Eles são as pessoas mais
importantes no meu mundo.
Outra característica é uma BOA REPUTAÇÃO PARA COM OS QUE ESTÃO DE
FORA.
Outra é AMAR AQUILO QUE É BOM... Tem que ser justo; deve ser devotado, não
pode ser um crente novo, neófito, tem que ser uma pessoa com maturidade. Como você vê, é
uma responsabilidade muito séria.
Mas, você diz: mas eu não tenho ninguém assim... Mas este é o alvo; aqui temos o
padrão. E Deus, então, nunca abaixa o seu padrão para acomodá-lo às nossas fraquezas.
Como o apóstolo Paulo diz: “Eu ainda não alcancei, mas uma coisa faço: prossigo para o
alvo”. Precisamos procurar e encontrar aqueles que desejam ser este tipo de homem e
colocar a nossa vida na vida deles e juntos crescermos para sermos homens de Deus. Essa
posição é tão séria, que quando um dos presbíteros peca, ele tem que fazer a confissão
perante a igreja toda.
Em 1 Timóteo 5:20, lemos: “Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na
presença de todos para que também os demais temam”. Você vê, então, que a tarefa é muito
séria. Quando um presbítero peca, é uma coisa pública. Gastei muitos minutos falando sobre
isso, porque eu queria que você visse quão importante é esse assunto para se ter uma
pluralidade de homens santos trabalhando com você. E eu acrescentaria mais isso: Aqueles
presbíteros com os quais trabalho diariamente são um verdadeiro time de santos homens de
Deus. Eles não são apenas co-pastores, eles são os meus melhores amigos. Eu os amo
profundamente e nós carregamos os fardos uns dos outros e cuidamos uns dos outros e nos
edificamos mutuamente. Quando tomamos uma decisão, nos o fazemos unanimemente.
Temos 38 presbíteros e nunca fazemos coisa alguma antes que os 38 concordem; e a
razão é que o Espírito Santo só tem uma vontade. Então, cabe a nós descobrirmos qual é
aquela vontade de Deus. Se alguns homens não entendem a coisa, nós vamos orar ali até que
eles entendam a questão. Às vezes, 37 concordam e 1, discorda; e depois de orarmos,
descobrimos que os 37 estavam errados e aquele um estava certo. Por isso, sempre agimos
em conjunto e unanimemente. E olhe, quando você tem 38 santos homens de Deus
concordando sobre um assunto, temos que crer que o Senhor está ali, e o povo vai se
submeter, porque esses são os homens que o povo vê como santos homens de Deus.
Outra característica é a descrita em Tito 1:9: “Apegado à palavra fiel que é segundo a
doutrina, de modo que tenha poder, assim para exortar pelo ensino como para convencer os
que contradizem”. Em outras palavras, VIVER AQUILO QUE VOCÊ PREGA. Porque, se
você não tratar com o pecado em sua vida, e não viver aquilo que você prega, o povo vai
pensar que pregar e viver são coisas diferentes. Aquilo que você prega você realmente tem
que sustentar. Se você prega contra o pecado, então você tem que cuidar e lidar com aqueles
pecados. E isto faz parte da disciplina da igreja. Nossos presbíteros estão muito envolvidos
neste problema de disciplina na igreja; mas, o propósito da disciplina não é jogar o indivíduo
para fora, mas realmente atraí-lo para que ele tenha uma vida santa.
Deixem-me dar-lhes uma ilustração: Uma esposa me telefonou, e disse: “Oh, John,
meu marido saiu com outra moça e vai dormir com ela em um apartamento”. Este homem
tinha 50 anos de idade, e a moça, 21. Perguntei-lhe se ela conhecia a moça, e ela disse que
sim, e deu-me o nome da moça. Peguei, então, a lista telefônica e encontrei o número.
Disquei o número, e ele foi quem atendeu (se você pretende fazer uma coisa destas, não
atenda ao telefone...). Falei: “Aqui é o John, da igreja; o que você está fazendo?” E ele não
podia falar e ficou gaguejando, petrificado.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 25
Então, eu disse: “Você é meu irmão em Cristo e está pecando contra o Senhor Jesus
Cristo e contra a comunidade dos santos. Arrume a sua mala e vá para casa”. E ele continuou
gaguejando, e depois, disse: “Eu irei”, e desligou o telefone. Trinta minutos depois, a esposa
me ligou, e disse: “Ele voltou”. E domingo eu o vi na igreja. Ele correu para mim, e me
abraçou, dizendo: “Eu pensava que ninguém me amasse o bastante para se preocupar
comigo. Eu caí em tentação, mas não queria pecar; muito obrigado por se preocupar
comigo”. Este é o tipo de disciplina que a igreja precisa fazer; e esse é o tipo de disciplina
que nossos presbíteros têm exercido. Essa, então, é aquela parte de se preocupar, de cuidar
das almas das ovelhas. Vamos orar.
Na noite passada, começamos nosso estudo sobre as marcas de uma igreja bem
sucedida; e eu disse, então, que estas são características de igrejas bem sucedidas. Não que
todas elas estejam presentes em uma igreja, mas que quanto mais características destas
estiverem presentes em uma igreja, mais bem sucedida ela será. Todas as marcas são
princípios bíblicos.
A primeira coisa que observamos ontem é que precisa haver uma pluralidade de
líderes que sejam homens de Deus. De fato, nunca vi uma igreja que, possuindo uma
pluralidade de homens de Deus não fosse de certa forma eficiente; e, eu tenho certeza de que
vocês têm em mente aquilo que falamos ontem sobre esse primeiro tópico. Indo para outros
pontos é possível que toquemos em algumas destas características que vimos ontem.
Lembrem-se de que estas marcas não obedecem a uma ordem em particular. Vamos, então,
para a segunda marca:
2.- TER ALVOS FUNCIONAIS.
Quero dizer com isso que igrejas eficientes sabem o que fazer e como fazer. Nos
Estados Unidos, temos um ditado que fala de um homem que montou em seu cavalo e
disparou em todas as direções furiosamente; e dizemos que essa não é a maneira de se fazer
as coisas. É preciso que tenhamos uma direção clara e um plano preciso. É isso que temos
em mente quando falamos de alvos funcionais.
Há dois alvos bíblicos para a igreja: Evangelização e Edificação. São dois princípios
bíblicos. Mas, como esses princípios podem ser realidade, na prática, do ponto de vista dos
alvos funcionais? Precisamos de alvos que podemos entender. Você pode imaginar alguém
poder jogar futebol sem as traves? Não é possível fazer gols; é uma questão de ficar só
chutando a bola naquele retângulo e depois ir embora para casa; ou, vamos supor, é a
mesma coisa que jogar basquete sem as cestas. Então, seria uma questão de ficar driblando
na quadra acabar o tempo, e todo mundo ir embora; não faz sentido; ou participar de uma
corrida que não tem chegada. Talvez correr até ficar cansado; acabou a corrida e todo mundo
vai embora.
Muitas dessas coisas acontecem na igreja. Há muito drible e não há cestas... e isto
não está certo. Precisamos conhecer quais são os nossos objetivos. Um amigo meu disse que
a razão pela qual sentimos que não estamos fazendo as coisas bem feitas, é que não sabemos
o que estamos fazendo. Precisamos descobrir o que fazer; precisamos ter objetivos. O
apóstolo Paulo dá uma ilustração disto. Vamos abrir em Atos 9; ele está no caminho de
Damasco; ele ia levar perseguição e ameaças a todos os crentes; e, do versículo 2 em diante,
vemos o que aconteceu. Ele tinha planejado pegar os crentes e levá-los à Jerusalém; mas o
versículo 3 diz que uma luz brilhou do céu e parou Paulo lá na estrada; e o versículo 4 diz
que ele caiu por terra, e ouviu uma voz que dizia: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”
Então, ele perguntou: “Quem és tu, Senhor?” E o Senhor, respondeu: “Eu sou Jesus, a quem
tu persegues; dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões”. E o versículo 6, é a chave do
nosso pensamento: “E ele, então, disse: Senhor, que queres que eu faça?”. Dê-me um alvo...
Vemos nos versículos seguintes que Deus deu a ele toda a orientação que ele
precisava sobre o que fazer; e, no versículo 20 vemos que ele logo pregava a Jesus nas
sinagogas.
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Depois disso, vemos que em quase todas as cidades ele tinha a mesma estratégia. Em
primeiro lugar, ele entrava na sinagoga judaica... E ele tinha razões para fazer isso: ele era
bem conhecido entre os judeus como professor, e sempre tinha a porta aberta por causa
disso. Então, ele teria a possibilidade de, à partir daquela abertura, pregar o Evangelho. E,
apesar de seu objetivo ser o de ganhar os gentios, ele ainda tinha em mente que se alguns
judeus se convertessem em primeiro lugar, ele não teria que ganhar os gentios sozinho.
Então, ele entrava primeiro na sinagoga e tentava ganhar os judeus para Cristo e
depois pedia a ajuda deles para ganhar os gentios. Assim, se ele primeiro ganhasse os
gentios, ele jamais poderia voltar para ganhar os judeus, porque o judeu o veria, então, como
gentio e ele seria considerado um traidor para a causa deles e nunca o teriam aceitado.
Assim, ele ia primeiro à sinagoga e conseguia ajuntar ali algumas pessoas ao redor do
nome de Cristo; e, depois, quando os judeus os expulsassem da sinagoga, aí, então, eles iam
pregar aos gentios. E essa era a sua estratégia constante e isso é uma boa ilustração para o
fato de que nós também temos que ter uma estratégia em nossas vidas.
Em Romanos 15:23, vemos que às vezes os nossos planos vão ser modificados pelo
Senhor. Provérbios 16:9, diz: “O coração do homem pode fazer planos, mas o Senhor é
quem dirige os seus passos”. Então, os nossos melhores planos são modificados pelo Senhor.
Mas ainda temos que fazer planos. Aqui em Romanos 15:23, lemos: “Mas agora, não tendo
mais campo de atividade nestas regiões, e desejando há muito visitar-vos, penso em fazê-lo
quando em viagem para a Espanha...”. Ele tinha uma visão especial em relação à Espanha, a
qual, naquela ocasião, fazia parte do Império Romano. E o maiores intelectos do Império
Romano estavam morando na Espanha, que era a fronteira ocidental.
E Paulo tinha um desejo muito forte de alcançar a Espanha; e, de fato, uma das razões
dele ter escrito o livro de Romanos foi a de se tornar bem conhecido dos crentes de Roma,
para que ele pudesse parar ali, à caminho da Espanha; e eles dariam, então, a Paulo os
suprimentos que poderiam permitir que ele continuasse a viagem, porque a Espanha estava
em seu coração. No entanto, ele nunca chegou até lá; até onde podemos ver, não há
indicação alguma na Escritura de que ele tenha chegado até lá.
Agora, não há nada de errado em planejar alguma coisa que Deus vá mudar; é melhor
que não ter plano algum... Vejamos Atos 16:6. Aqui ele está seguindo um curso em direção
ao oeste, juntamente com Barnabé e Timóteo. E como vemos no versículo 6, Paulo tinha um
plano muito simples: “E percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo
Espírito Santo de pregar a Palavra na Ásia”. Agora ele tinha esse alvo de ir até a Ásia Menor.
Havia grandes cidades ali: Éfeso, Filadélfia, Laodicéia, etc. E ele queria ir para lá para
ministrar, e o Espírito Santo mudou os seus planos; o versículo 7, diz: “defrontando Mísia,
tentava ira para Bitínia, mas o Espírito Santo não o permitiu”. Bem, não sabemos como o
Espírito Santo os impediu de chegar lá, mas de alguma forma o Espírito Santo indicou isso.
E, então, Paulo está indo para o oeste; tenta ir em direção ao sul, e pára; tenta, então,
ir para o norte, e é impedido. Bem, só sobrou uma direção, e ele continua para o oeste, e o
versículo 8, diz: “E tendo contornado Mísia, desceram a Trôade”. E no versículo 9, então, ele
tem uma visão: “À noite, sobreveio a Paulo uma visão na qual um varão macedônio estava
em pé, e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia, e ajuda-nos”.
Deus tinha um plano perfeito e foi necessário que Deus alterasse o plano de Paulo
para que ele pudesse realizar o plano perfeito de Deus. E talvez seja esta a maneira que o
Senhor vai trabalhar em sua vida. Você vai fazer os seus planos, mas o Senhor vai ajustá-los,
modificá-los... Mas é importante que estejamos planejando. Tenho verificado que quanto
mais planejarmos em oração, mais seremos capazes de ter certeza de que o nosso plano se
encaixa com o plano do Senhor. Agora, deixem-me ilustrar esse princípio com a nossa
própria experiência na igreja.
Sabemos que precisamos edificar os santos. Precisamos fazer os santos crescerem e o
que os faz crescer é a Palavra de Deus. Porém, temos que ir um passo à frente desse alvo
geral. Temos desenvolvido várias maneiras para alcançar esse objetivo.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 27
Domingo de manhã e à noite, eu ensino ao povo a Palavra de Deus; e no domingo de
manhã temos muitas classes de estudo bíblico. Estamos sempre treinando professores para
ensinar crianças, para ensinar jovens, universitários, treinamos professores para ensinar
adultos; e todas essas pessoas devidamente treinadas serão capazes de ensinar às classes a
Palavra de Deus. E essa é outra maneira de alcançar esse objetivo da edificação. Então,
quando alguém chega à nossa igreja no domingo, eles vão me ouvir lá no culto público, e
também vão depois para uma classe bem pequena; existem classes para todas as idades e
para todos os assuntos, para que sejamos capazes de ensinar às pessoas aquilo que elas
necessitam aprender.
Temos classes especiais para novos convertidos; temos classes mais avançadas para
pessoas que querem estudar certos assuntos específicos da teologia. Esta é simplesmente
mais uma maneira de alcançar o objetivo. E também sabemos que as pessoas podem
aprender através da leitura de bons livros; então, montamos uma biblioteca na igreja; e
também temos um ministério de fitas cassete para que as pessoas possam ouvir a Palavra de
Deus. Temos também classes que se reúnem nas casas; talvez haja uns 200 desses grupos se
reunindo semanalmente. Temos também um instituto bíblico que se reúne durante o dia e
durante a noite. Durante a noite, o curso dura 3 anos, e durante o dia, um ano. E temos
também um seminário avançado, onde ensinamos Hebraico, Grego e todas as matérias de
seminário.
Nós também desenvolvemos um curso especial para a família. Os pais, os homens da
igreja, recebem um manual de treinamento, porque cremos que o homem deve ser o
sacerdote de sua família. Então, eles se reúnem em grupos de 10, e um professor ministra
aqueles princípios a eles. Aí aquele pai pode ir para casa e ensinar aqueles mesmos
princípios à sua família.
Esse curso inclui jogos recreativos com aplicação espiritual para as crianças, para a
família brincar em casa. Inclui também debates entre os membros da família.
Confeccionamos também aqueles descansos para pratos que ficam sobre a mesa; eles
são de plástico e contém todo tipo de princípios e idéias que podem servir à família na área
espiritual, para que em cada refeição, ao olhar para aqueles descansos, possam ter ali idéias e
sugestões sobre uma conversa espiritual. Estamos desenvolvendo outro material que o pai
poderá usar e que está ligado aos princípios contidos nos descansos.
A razão porque estou falando tudo isso não é porque vocês devem fazer todas essas
coisas, porque talvez a sua situação seja completamente diferente. O ponto que quero
enfatizar aqui é que temos que desenvolver estratégias. De alguma forma temos que ser
capazes de treinar os pais. De alguma forma temos que providenciar treinamento para as
mães.
Precisamos ser capazes de ensinar as crianças, e os jovens, e os adultos. Devemos ter
todo tipo de métodos para conseguirmos alcançar o nosso alvo. E todas as igrejas eficientes
que conheço são capazes de fazer isso.
Agora, quando eu digo “igreja eficiente” não estou dizendo uma igreja enorme; quero
dizer igrejas que cumprem a tarefa com eficiência. Algumas das igrejas que têm mais
eficiência são pequenas. Há outras igrejas enormes que não estão causando nenhuma
mudança espiritual na vida de seu povo.
Em nossa igreja, sempre sabemos que o nosso alvo geral é evangelismo. Temos que
descobrir meios de alcançar este objetivo. Uma das maneiras que utilizamos, então, são
estudos bíblicos evangelísticos nos lares, e convidar os vizinhos que não conhecem a Cristo.
Outra maneira é ir de casa em casa e simplesmente comunicar a verdade à respeito de
Jesus Cristo. Temos uma quantidade enorme de pessoas que semanalmente visitam de casa
em casa. Às vezes eu mesmo prego uma mensagem evangelística do púlpito.
Temos acampamentos e, às vezes, fazemos de tal maneira que o jovem só pode ir se
ele tiver convidado e levado um colega não crente. E o nosso desejo, então, é que aquele seu
amigo venha a conhecer a Cristo.
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Temos um programa de esportes onde reunimos todas as crianças do bairro que
querem praticar esportes e aproveitamos também para ensinar-lhes sobre Jesus Cristo. Você
tem que fazer do SEU jeito, mas precisa ter um alvo definido e funcional.
Vamos agora para a terceira característica. Igrejas eficientes se destacam por ter:
3.- UMA ÊNFASE FORTE NO DISCIPULADO.
Igrejas eficientes são igrejas que estão se reproduzindo. Em 2 Timóteo 2:2 temos um
princípio básico: “E o que de minha parte ouviste, através de muitas testemunhas, isso
mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros”. Aqui nós temos 4
gerações: Ele começa: “o que de minha parte ouviste”. Começa com Paulo e vai, então,
àquelas pessoas com quem ele falou. Ele diz: “Você, então, tem que levar estas coisas que
você ouviu e entregar a homens fiéis”. Esta é a terceira geração. E, então, que aqueles
homens sejam, também, idôneos para instruir a outros. Esta é a quarta geração.
Portanto, temos que estar constantemente nos reproduzindo. Lá em Tito, está escrito
que os homens mais velhos devem ensinar os mais jovens; e que as senhoras mais idosas
devem ensinar as mais jovens. Em Deuteronômio, Deus diz a Israel que eles deviam ensinar
a seus filhos aquelas verdades. Falar daquelas verdades, andando pelo caminho, ou deitados,
ou seja, durante todas as atividades da vida deveria haver essa reprodução. Então, o
discipulado é simplesmente: reprodução. Igrejas eficientes são capazes de fazer isso.
Em Efésios 4:11 vemos algumas coisas que vão nos ajudar: “E ele mesmo concedeu
uns para apóstolos, outros para profetas, e outros para pastores e mestres, com vistas ao
aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo
de Cristo”.
E o alvo de tudo isso está no versículo 13: “até que todos cheguemos à unidade da fé
e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da
plenitude de Cristo”. Agora, o alvo aqui é que precisamos edificar as pessoas até ao ponto de
serem semelhantes a Jesus Cristo. o crente e o corpo de Cristo devem ser vistos pelo mundo.
E esse é o nosso objetivo; assim, nós precisamos reproduzir Cristo.
Acho que todos nós estamos conscientes de que fazer discípulos é importante;
edificar as pessoas até a estatura de Cristo. Mas, como se faz isso?! Qual é a maneira prática
de se fazer isso?!
Creio que vamos gastar o resto de nosso tempo falando de 1 Coríntios 4, porque aqui
está um bom quadro de como fazer um discípulo. Vou dar-lhes, então, uma exposição de 1
Coríntios 4:14-21. Quero dizer que este será um daqueles sermões típicos que costumo
pregar; alguns já me perguntaram como que eu organizo um sermão; como eu preparo o
esboço. Então, 1 Coríntios 4:14-21 foi um sermão que eu preguei, e aí você vai ter uma idéia
da estrutura de um sermão meu, e você poderá saber se é uma boa ou má maneira de fazê-lo.
O apóstolo Paulo está escrevendo aos Coríntios, que eram pessoas muito
pecaminosas. De fato, eles tinham feito de uma forma errada tudo que era possível. Quase
todos os 16 capítulos tratam de correção. Eles estavam divididos, lutando entre si, eram
orgulhosos... Paulo diz várias vezes que eles eram jactanciosos, que não tinham humildade e
que amavam a filosofia humana. Eles gostavam de se identificar com alguns filósofos
humanistas. Lá em sua cidade isso era muito popular e sempre havia aquelas preferências,
aqueles partidos por causa dos filósofos. Quando, então, eles se converteram, levaram esta
mesma maneira de agir para a igreja. Por isso, discussão e diálogo era a sua maneira de
viver. Eles faziam isso continuamente na igreja; e estavam sempre se ligando mais a certos
mestres na igreja. Alguns preferiam Paulo; outros, Apolo, alguns Cefas, e alguns, Cristo.
Eles também estavam sempre se envolvendo em imoralidade e estavam carregados de
pecados terríveis, mesmo incesto. E no capítulo 6, descobrimos que eles estavam com um
caso na justiça; e isso também era parte de sua cultura; gostavam de ir ao tribunal; gostavam
de ter esses debates, diálogos; gostavam de ter esse desafio mental, duas pessoas debatendo,
argumentando.
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E a cidade de Corinto estava também cheia de imoralidade. Vemos novamente aquele
povo trazendo a sua vida velha e introduzindo na igreja. Eles também tinham a culpa de
estarem destruindo a vida familiar, e no capítulo 7 eles recebem a instrução acerca do
casamento. Nos capítulos de 8-10 eles tinham a culpa de ser uma igreja muito orgulhosa; e
eles ofendiam os crentes mais fracos. E no capítulo 11, vemos que eles tinham uma
compreensão errada à respeito do homem e da mulher.
Nos capítulos 12-14 vemos que estavam usando de uma maneira errada os dons
espirituais. No capítulo 15, estavam confusos acerca da ressurreição; e, no capítulo 16,
precisavam de instruções sobre como recolher as ofertas. Em resumo, eles eram uma
bagunça.
Então, durante todo o livro, Paulo está falando muito duro com eles. Talvez, nesta
altura, eles estão perguntando: “Mas porque Paulo está tão duro assim?”.
Bem, a forma mais dura de reprovar alguém é o sarcasmo, a ironia; e, no capítulo 4
Paulo se torna muito sarcástico em sua reprovação. No versículo 8, ele diz: “Já estais fartos,
já estais ricos; chegastes a reinar sem nós”. Vejam: isso é sarcasmo! Eles não são realmente
assim; eles estão pensando que são. Paulo aqui está escarnecendo, e é por isso que no final
do versículo, ele diz: “Sim, oxalá reinasses”. Ele diz: “Você realmente pensa que é alguma
coisa?”. E no versículo 10, continua: “Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios
em Cristo; nós fracos, e vós, fortes; vós, nobres; e nós, desprezíveis”.
Paulo sabia que falando desta forma eles iriam reagir. A reação deles vai ser: “Mas,
quem é que Paulo pensa que é? Por que ele está falando neste tom?” No versículo 14 ele
para, e diz porque. E aqui está a passagem na qual temos o padrão de como fazer um
discípulo.
Primeiro, vamos estudar o versículo 15: “Porque ainda que tivésseis milhares de
preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo Evangelho, vos gerei
em Cristo Jesus”. O que ele está dizendo neste versículo é muito importante. E ele diz: “A
razão porque estou falando neste tom é porque sou seu pai; eu sou seu pai espiritual”. E o
grego aqui emprega o pronome enfático; apenas eu gerei vocês; ninguém tem com vocês o
relacionamento que eu tenho; vocês são frutos do meu ministério, são meus discípulos, meus
filhos, e é por isso que falo desta maneira.
E com isso ele nos apresenta ao conceito de ser pai espiritual. Notem que ele está
dizendo: “ainda que tivésseis milhares de preceptores...”. A palavra no grego é “pedagogo”,
e esta palavra não significa professor; significa um tipo de guarda, de pajem. Uma família
rica daquela época tinha alguns escravos que eram pessoas sábias e de uma moral elevada. E
a tarefa delas era acompanhar as crianças da casa à escola, e vice versa. Agora, o mestre na
escola ensinava aquelas crianças; mas esses escravos mostravam às crianças como aplicar
aquele ensinamento recebido na vida prática. Eles, então, ensinavam as crianças à respeito da
sabedoria do mundo, e observavam como essas crianças se comportavam.
Então, Paulo está dizendo: “Talvez vocês tenham milhares de pessoas dando
conselhos a vocês, mas vocês têm apenas um pai espiritual. Paulo era pai espiritual porque
os havia levado ao Evangelho. No capítulo 18 de Atos, há o relato de como ele ganhou os
coríntios para Cristo.
Quero lhes dar agora cinco características de um pai espiritual; ele vai fazer cinco
coisas para criar aquele filho espiritual, para fazer aquele discípulo:
1º. ELE GERA  É aí que tudo começa; e você vai perceber no versículo 15: “Eu,
pelo Evangelho, vos gerei”. Paulo foi aquele que os levou a Cristo. É aí que o nosso
discipulado começa: Ganhando alguém para Jesus Cristo. Ninguém se torna um pai, amenos
que gere um filho. E você não pode criar um filho que você não gerou. Por isso o nosso
ministério de discipulado se inicia com GERAÇÃO. Agora, haverá ocasiões em que
adotaremos um órfão; tenho alguns filhos espirituais que foram gerados por outras pessoas,
bebezinhos que foram deixados ao Léo, de qualquer maneira, chorando, e que não foram
alimentados; então, eu adotei esses filhos.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 30
Às vezes vamos adotar o filho de outra pessoa e que não está sendo cuidado por seu
pai; mas isso não elimina o fato de que precisamos gerar.
Quando Paulo veio a Corinto, em Atos 18, ele começou a pregar o evangelho e,
pouco a pouco, foi gerando os santos. e eles se tornaram seus filhos, com os quais tinha um
relacionamento muito forte. Tenho certeza que alguns de vocês que já tenham levado
pessoas a Cristo conhecem como esse relacionamento é especial. Paulo chamou os gálatas de
filhinhos e disse até que Onésimo foi gerado em cadeias. Fala que Tito e Timóteo são seus
filhos. Ele sempre se vê como alguém que está gerando filhos, e é aí que tudo começa.
Agora, verifiquem aqui que ele gerou os coríntios em Cristo Jesus pelo Evangelho e
nós temos que nos lembrar que esse é um milagre divino. Não podemos jamais aumentar
demais a nossa importância. Tenho 4 filhos físicos os quais eu gerei; no entanto, cada um
deles é um milagre de Deus. Minha participação de maneira alguma descarta o milagre do
nascimento. E a mesma coisa acontece na nossa via espiritual. Deus nos usa também, mas o
milagre é ele que realiza. Então, para criarmos filhos espirituais, primeiro precisamos gerar.
Em 2º. Lugar, um pai espiritual é alguém que:
2º. ELE AMA  Veja o versículo 14. Por que Paulo estava escrevendo naquele tom
tão sarcástico? Por que ele estava sendo tão duro e exigindo tanto deles? O versículo 14 tem
a resposta: “Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar”. Paulo não queria
envergonhá-los, não estava tentando simplesmente fazê-los sentirem-se mal. Não estava
tentando diminuí-los, não estava tentando provar a eles que eles eram inferiores a si mesmo.
Mas ele diz: “pelo contrário, eu vos admoesto como a filhos amados”. Foi o amor que Paulo
possuía por eles que o levou a escrever daquela forma.
Sabemos que isso acontece com nossos filhos naturais. Quando eles são pequenos,
não queremos que eles corram pela rua; e, às vezes eles precisam apanhar; fazemos isso não
para feri-los, mas porque os amamos. Então, quando criamos os filhos espirituais,
precisamos amar estes filhos.
Paulo está usando aqui a palavra mais forte do grego para amor, que é “ÁGAPE”.
Paulo realmente amava aquele povo e eu creio que não é possível criar um filho espiritual se
ele não perceber que você o ama. Quando eles percebem que você os ama, eles vão querer
ser como você, e terão vontade de ouvir o que você tem a dizer... E vão recebê-lo com toda a
abertura. Então é importante que estejamos compartilhando esse amor muito especial e
íntimo com aqueles que nós discipulamos.
Agora, o que quer dizer amar? Quando dizemos vamos amar uns aos outros, o que
isso significa? É mais do que abraçar, apertar as mãos... é mais do que um sentimento.
Talvez você fique surpreso, mais isso é verdade. Deixe-me mostrar esse ponto em João 13;
esta é uma das passagens mais lindas de toda a Bíblia. Estamos na noite em que Jesus foi
traído e preso; ele está lá no cenáculo, reunido com seus discípulos, e vemos uma
demonstração do seu amor. O versículo 1, diz: “... tendo amado os seus que estavam no
mundo, amou-os até o fim”. Isso nos mostra o quanto Jesus amou os seus discípulos. Ele
continua a ilustrar o seu amor. No versículo 4 eles já começaram a comer, alguma coisa
deveria ter acontecido, mas não aconteceu: alguém deveria ter lavados os pés daquele grupo.
Naqueles dias, quando você chegava para tomar uma refeição, sempre havia escravos que
lavavam os pés, e era parte da educação da época ter os pés limpos para comer,
especialmente se você estivesse reclinado, o que faria com que seus pés estivessem perto de
outra pessoa; pelo fato de naquela época ou os pés estavam empoeirados ou enlameados,
havia sempre um escravo para proceder a essa lavagem; mas, nesta noite não havia escravo.
Um dos discípulos poderia ter feito isso, mas não o fizeram porque eles estavam discutindo a
respeito de quem seria o maior do reino, e ninguém queria fazer o papel de escravo, servo.
Eles discutiam sobre quem seria o maior e quão grandes eles seriam; por isso, começaram a
comer sem a lavagem dos pés.
Vemos então o que Jesus faz, no versículo 4: “... levantou-se da ceia, tirou a
vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela”.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 31
O próprio Deus do Universo, ele mesmo se humilhando; ele tira a sua vestimenta de
cima para não molhá-la ou sujá-la, coloca a toalha ao redor da cintura, deita água na bacia e
começa a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha que o cingia. Aqui está
Jesus fazendo aquilo que eles deveriam ter feito. E o resto da história fala sobre Pedro. E
Pedro disse: “Não lave os meus pés”. E o Senhor responde: “Se eu não o lavar, você não tem
parte comigo”. Pedro diz: “Então, eu quero tomar um banho”.
E no final da lavagem dos pés, no versículo 14 Jesus diz: “Se eu sendo seu Senhor e
mestre vos lavei os pés, também vós devíeis lavar os pés uns dos outros; porque eu vos dei o
exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também”.
Imediatamente após isso ter acontecido há um intervalo e Judas aparece; aí chegamos
ao versículo 34 e Jesus, então, ensina o princípio baseado na lavagem dos pés, e é este:
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que
também vos ameis uns aos outros”. Agora Jesus lhes pede que devem se amar mutuamente, e
ele, então, demonstra como eles devem se amar: “Amem-se uns aos outros como eu vos
amei”. E como é que Jesus tinha acabado de amá-los? Fazendo o que? Servindo-os... lavando
os seus pés.
Agora, guarde bem isso: Amor é um ato de serviço auto-sacrificial; não é uma
emoção; Jesus não estava sendo emotivo... emocional. Se ele tivesse sido emotivo, ele
provavelmente teria ficado zangado com os discípulos, quanto à indiferença que estavam
demonstrando a ele que iria para a cruz. Então, amar mutuamente, significa servir
mutuamente.
Por isso, quando dizemos que temos que amar aquele que estamos discipulando,
significa que temos que nos abaixar e lavar seus pés empoeirados; significa que temos que
nos sacrificar; significa que temos que dar o nosso tempo a ele, desistir do descanso, quem
sabe até gastar dinheiro para ter certeza de que suas necessidades estão sendo supridas e para
ter certeza de que eles estão percebendo que nós realmente os amamos.
Quando comecei a pastorear, u não entendia esse princípio. Eu sabia que devia amar
as pessoas, mas achava que amor era um sentimento; e eu fazia uma força tremenda, mas
havia certas pessoas que eu simplesmente não conseguia sentir atração por elas. E cinco
minutos com elas já eram quatro minutos a mais do que eu podia agüentar. Não eram aquele
tipo de pessoas de que eu gostava, e eu comecei a sentir culpa; eu não podia sentir nada em
relação a elas.
Havia um homem em particular. No primeiro domingo que fui à igreja, eu era bem
jovem ainda. E ele, então, devia me apresentar para uma classe bem grande e eu era o novo
pastor e ele achava que eu era muito jovem. Então, ele disse algumas coisas que ele pensava
serem engraçadas, mas que para mim não tinham graça nenhuma, e isso me levou a começar
a não gostar dele. Ele era um homem bem grande; quando a esposa tenta abraçá-lo, ela tem
que marcar até onde foi, para ver se está progredindo. Bem, eu fiquei ressentido com aquele
homem, e isso causou muita perturbação em meu coração. Depois eu comecei a entender o
que significava amar aquele homem; não significava sentir uma emoção por ele; significava
que eu devia servi-lo na hora da necessidade. Bem, um dia eu cheguei e coloquei meu braço
em suas costas. Eu ficara sabendo que alguém de sua família tivera um ataque do coração, e
me prontifiquei a ajudar no que precisasse. Perguntei: “Posso ajudar?” E ele na mesma hora
começou a derramar lágrimas. Então ele me pediu que fosse ao seu escritório e orasse com
ele; e assim, eu pude ajudá-lo. Embora eu nunca tivesse sentido uma grande emoção por ele,
eu o amei, ao servi-lo.
E essa é a chave, porque Jesus disse: “Amai-vos como eu vos amei”. Jesus não estava
dizendo: “Esses discípulos são irresistíveis”. Não, Deus não está olhando do céu, e dizendo:
“Macarthur, eu tenho que amá-lo; ele é irresistível”. Deus me ama porque eu preciso daquilo
que ele tem para as minhas necessidades. Por isso, o amor é um ato de serviço.
Veja esse princípio em 1 João 3:16: Nisto conhecemos o amor, porque ele tem um
monte de emoções por nós? Não!
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 32
Nisto conhecemos o amor; em que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos sentir
muitas emoções pelos irmãos... Não! “e devemos dar a nossa vida pelos irmãos”. E aí a
definição no versículo 17: “Ora, aquele que possui recursos deste mundo e vir o seu irmão
padecer necessidade e fechar-lhe o coração, como pode permanecer nele o amor de Deus?”
O ponto em questão é que amar significa suprir a necessidade desse alguém. Quando
você gera um filho espiritual, o primeiro passo em criar esse filho é mostrar o seu amor por
esse filho, sacrificando seu tempo, seu dinheiro, sua energia, o que quer que seja para suprir
a sua necessidade.. e nada menos do que isso é amor de fato. Vamos ao terceiro princípio na
geração de filhos:
3º. ELE ADMOESTA  Ao criar um filho espiritual, não devemos apenas amá-lo,
mas devemos ADMOESTAR.
Em 1 Coríntios 4:14, lemos: “pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus
amados”. E aí está o que está por trás do ensino: Isto é, avisar, admoestar o povo, os seus
filhos. Você ama o filho, então você o avisa das coisas que podem feri-lo.
Muitas vezes as pessoas dizem: “Precisamos de mais amor em nossa igreja.” E, se
você levanta-se no púlpito e fala contra algum pecado, essas pessoas dizem: “O pastor não
nos ama...” Se você fala contra algum ensino falso que existe, então eles pensam: “Ah! O
pastor não está amando...” Mas o verdadeiro amor, sempre admoesta; e essa palavra aí,
traduzida por admoestar, é uma palavra que significa avisar alguém por causa do juízo que
está chegando. A idéia é que se eles continuarem a fazer o que estão fazendo, haverá
conseqüências; e isso é algo importante.
No VT, em 1 Samuel 2, lemos à respeito de Eli, que era o sumo sacerdote. Mas a
Bíblia diz que ele não admoestou a seus dois filhos, Ofni e Finéias, que eram maus filhos. De
fato, eles estavam tendo relações sexuais na parte exterior do templo, e alguém o disse a Eli.
É algo bem desagradável alguém chegar para um pai, e dizer: Olha, seus filhos estão
fazendo isso ali na escadaria do templo. Temos que saber o que nossos filhos fazem. A
Bíblia diz que eles agiram desta forma porque Eli falhou em adverti-los. E vocês conhecem
bem a história; eles perderam a vida, e Eli também. Eli foi realmente condenado por falhar
em admoestar seus filhos.
Eu sei que nos discípulos que eu tenho criado, é a coisa mais difícil de fazer; mas é a
mais necessária. Há horas em que tenho que dizer a eles: “Isto está errado; você está vivendo
de uma maneira errada; quero que você pare com isso!”
Trabalhei vários anos com diversos atletas. Nos Estados Unidos, os atletas podem
ganhar muito dinheiro e se tornar muito ricos, e isso é uma tentação muito grande. Eles
podem desperdiçar estas riquezas em vez de investir esse dinheiro com Deus.
Freqüentemente eu tenho que ir até eles e adverti-los. Não estou dizendo para que eles façam
isso e dêem o dinheiro para o pregador, mas eu desejo que eles invistam aquele dinheiro no
trabalho do Senhor. Mas é bem difícil as pessoas ricas terem aquela mão aberta em relação
ao dinheiro. Por isso, esta é uma área muito delicada para advertências.
Às vezes há pessoas que não têm tanto dinheiro e que se tornam ressentidos e
amargurados porque não têm aquele dinheiro e eu, então, tenho que admoestá-los para que
estejam satisfeitos com aquilo que têm, porque o Pai celestial que os ama sabe do que eles
têm necessidade.
Se a pessoa que eu estou discipulando está em uma situação imoral, então eu preciso
adverti-la. Suponha que ela pare de orar e de estudar a Palavra, eu preciso confrontá-la face a
face. Mas veja bem o contexto de amor sacrificial... Você pode fazer isso, porque eles vão
aceitar.
Sei que algumas vezes eu admoestei a congregação de maneira bem dura, mas eles
não ficaram ressentidos porque sabem do meu amor por eles. Como eles sabem que eu os
amo? Porque eu faço sacrifício por eles. Não é fácil para mim, ter que estudar cinco ou seis
horas por dia; é muito duro; prefiro mil vezes jogar basquete, ou viajar com minha esposa ou
dormir... mas tenho que estudar.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 33
Talvez eu preferisse desenvolver certas estratégias para me tornar uma pessoa
conhecida, e começar a viajar para lá e para cá, e ficar famoso, mas tenho que me trancar
durante 6 horas para estudar.. quando faço isso, eles sabem que estou me dando a eles, e essa
é a maneira como eles vêem o meu amor. Não é porque eu estou correndo de um lado para o
outro, falando para cada um: “Eu o amo, eu o amo”. Isso não funciona; porque eu até mesmo
não conheço muitos deles...
Mas, se você ama, então você também tem o direito de admoestar. Notei isso com
meus filhos. Às vezes, eles fazem uma malcriação; eles fazem isso freqüentemente...
Herdaram essa natureza de minha esposa. Então quando eles erram, sou obrigado a corrigilos. A Bíblia diz que devemos usar a vara, então, eu uso a vara; mas sempre a reação é a
mesma: eles vêm para me abraçar e dizer que me amam.
Eles estão reagindo em amor, porque eles sabem que eu estou disciplinando em amor.
E a mesma coisa é verdade quando criamos um filho espiritual. Devemos ter a disposição de
amar e confrontar; não devemos ter medo deles. Em Gálatas, Paulo admoesta a Pedro, não é
verdade? E ele encarou face a face, porque Pedro estava se tornando culpado e Paulo disse a
Pedro que ele deveria mudar seu comportamento, e nós também precisamos fazer assim.
Em Gálatas 6 há uma instrução de como podemos restaurar alguém após a
advertência. Paulo diz que se nós encontramos alguém em certa falta, nós devemos encorajálo e com espírito de brandura, sustentá-lo e edificá-lo. Tudo isso faz parte da admoestação.
Em Atos 20 há um versículo que diz que com lágrimas Paulo os advertiu, dia e noite,
porque Satanás estava andando ao redor como leão, procurando alguém para devorar, e nós
precisamos adverti-los.
Quero terminar agora, resumindo o que vimos: Temos que ser bem sucedidos em
nossas igrejas, tendo uma pluralidade de homens de Deus na liderança, tendo alvos
funcionais, e nos concentrando no discipulado.
E, para fazer um discípulo, temos que 1º., GERAR; 2º. AMAR e, 3º ADMOESTAR.
E, na próxima reunião, continuaremos. Vamos orar:
“Pai nosso, agradecemos a ti pelo grande privilégio da comunhão; e a nossa
comunhão é contigo e com teu Filho Jesus Cristo; e que comunhão rica ela é! Ela está alem
do nosso entendimento... o fato de que nós somos um em Cristo. E, no entanto, Paulo diz que
aquele que está unido ao Senhor é um espírito com ele. Nós te agradecemos por isso e pelo
mesmo Espírito que nos torna um aqui, hoje. Pela vida eterna comum que pulsa em nosso
coração. Obrigado pelo ministério comum que recebemos de ti porque nos achastes dignos
de nos chamar teus servos. E nós oramos para que sejamos fiéis e obedientes aos preceitos
da Escritura para que o Pai seja glorificado e pelo muito fruto que vamos dar e para que o
nosso fruto permaneça. Então, Senhor, oramos para que hoje o Senhor nos encha com o teu
Espírito, para que sejamos usados por ti da maneira que te agrada. Oramos em nome de
Jesus.”
(Fim da mensagem dada na manhã de 19/04/1978, contida na fita original # 3, lados 1 e 2 e # 4, lados 1 e 2)
(Fita 5 original, lados 1 e 2 – 19/04/1978 – Noite, e fita 6 original, lado 1)
Nós só teremos mais duas reuniões juntos. Parece que o tempo está correndo
rapidamente. Estou até aprendendo um pouco dos cânticos. Alguns corinhos que vocês
cantaram, nós também cantamos; mas parece que vocês têm um toque todo especial...
Principalmente aquele que diz que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos, e que é o Senhor, e
que todo o joelho se dobrará, eu apreciei muito. Lá em minha igreja não me permitem cantar,
a não ser que haja muita gente cantando junto.
Vamos continuar a estudar as marcas de uma igreja bem sucedida. Sei que alguns
estão ansiosos porque eu dei apenas duas daquelas doze marcas. Mas eu prometo que
amanhã vamos terminar todas as doze marcas. Dizemos que uma igreja bem sucedida tem
uma pluralidade de líderes e a segunda marca são os alvos funcionais. E que a terceira marca
de uma igreja eficiente é uma ênfase forte no discipulado.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 34
Gostaria que você abrisse sua Bíblia em 1 Coríntios 4; aqui estamos olhando para o
texto que nos ensina como fazer discípulos; como ser um pai espiritual. E, a propósito, devo
dizer que isso tanto funciona para homens como para mulheres. O livro de Tito nos ensina
que os homens mais idosos devem discipular os jovens. Também diz que as senhoras idosas
devem discipular as mais jovens. Então, os princípios bíblicos funcionam para os dois: tanto
para o homem, como para a mulher.
Bem, em 1 Coríntios 4:15, Paulo está falando que ele é pai espiritual. Vemos que há
6 coisas que ele indica que são características de um pai espiritual:
A primeira delas, é que ELE GERA. No versículo 15, ele diz: “Eu vos gerei”. Em
segundo lugar, o pai espiritual AMA. No versículo 14, ele os chama de filhos meus amados;
e nós falamos que o amor não é um sentimento, uma emoção, mas um espírito de sacrifício.
Em terceiro lugar, ele ADMOESTA; e, no versículo 14, ele diz: “Eu admoesto”. Agora
chegamos à quarta característica de um pai espiritual:
4ª. ELE TORNA-SE UM EXEMPLO  As pessoas aprendem mais quando têm
um exemplo a seguir. No versículo 16 Paulo usa este princípio: “Admoesto-vos, portanto, a
eu sejais meus imitadores”. Precisamos ser exemplos. Bom ensinamento não é só chegar e
dar lições, mas é realmente tornar-se um modelo vivo diante do povo. E Paulo está indicando
isso aqui. Temos uma palavra em inglês que significa imitar, ou fazer mímica, ou seja, fazer
exatamente o que a outra pessoa faz. Muitas vezes as crianças entram em uma fila e têm que
fazer exatamente o que o líder está fazendo. Vocês viram no futebol os craques do Brasil, e
há muitos jovens que tentam imitar aqueles jogadores. A palavra usada aqui é a palavra
mímica; Paulo está dizendo: “imitai-me; fala como eu falo; pense como eu penso; estude
como eu estudo; ore como eu oro e seja homem como eu sou.” E isto é o que nós precisamos
ser capazes de dizer para aqueles que estamos discipulando.
Paulo dá ênfase, repetidas vezes a isso. Mais tarde, em 1 Coríntios 10, ele fala a
mesma coisa. Você lembra, estudados Hebreus 13, quando o escritor diz que devemos imitar
a fé daqueles que nos estão liderando.
Quando os crentes chegaram a Antioquia, o povo começou a chamá-los de cristãos; e
a palavra significa “pequenos cristos”; e eles os chamavam assim, porque isso era
exatamente o que eles eram.
No VT, em Oséias, lemos: “Assim como é o povo, assim é o sacerdote”. E a idéia é a
mesma aqui o seu povo nunca vai poder subir mais do que você. Você é aquele que se coloca
como um exemplo para o povo. O seu estilo de vida, a sua profundidade, o seu padrão de
justiça diante de Deus, vais ser, então, o padrão, o modelo pelo qual eles vão caminhar. E
você não pode ensiná-los a fazer uma coisa que você mesmo não faz. Vemos isso com os
nossos próprios filhos: não importa o que falamos para eles, eles têm uma maneira toda
especial de ficarem parecidos com o que somos, e não com o que falamos.
Em 1 Pedro 5, Pedro está dizendo aos presbíteros: “Sede um exemplo”. Paulo diz
para Timóteo, para ser um exemplo; Paulo disse para os Filipenses que o imitassem. Paulo
disse aos tessalonicenses: “Vocês são sóbrios, porque vocês fizeram exatamente como eu
fiz”. Este é um princípio muito importante. Vejo estas coisas acontecendo em minha vida de
discipulador. Vejo nas pessoas que estou discipulando, toda a parte positiva e também toda a
parte negativa da minha vida. Então, constantemente eu preciso cuidar do meu próprio
coração, e eu preciso ter uma vida que é limpa, bonita, diante deles.
Creio que a palavra chave aqui é integridade. Se você vive alguma coisa diferente do
que prega, eles vão crer naquilo que você vive, e não no que você prega. É isto que eles vão
se tornar; e por isso é que precisamos viver uma vida sem nos comprometermos com coisas
negativas.
Então, um pai espiritual faz essas quatro coisas iniciais: ele gera, ama, admoesta e se
torna um exemplo. Agora,
5ª. ELE ENSINA  No final do versículo 17, ele diz: “... como por toda parte
ensino a cada igreja”. Ele comunica para eles: “Eu não estou pedindo para vocês coisas
diferentes das que eu faço e ensino a todo mundo”. O ponto que quero enfatizar é que Paulo
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 35
estava envolvido no ensino, em ensinar. Assim, fazer discípulos significa ensinar a verdade
de Deus, e isto é um elemento essencial no discipulado.
Há alguns anos, eu estava em um retiro de pastores em Los Angeles, e havia três
pastores ali de grandes igrejas que tinham de 5.000 a 10.000 membros. Eles estavam
respondendo perguntas e pediram-me para também participar. Havia cerca de 1.000 pastores
presentes.
Alguém perguntou: “Quanto tempo você gasta estudando para ensinar?” E um dos
pastores, disse: “Eu leio a Bíblia 30 minutos todo dia”. E eu pensei comigo que minha
esposa fazia isso. O segundo homem, disse: “Cada semana eu leio um bom sermão”. E o
terceiro homem, disse: “Não tenho tempo para estudar; eu só levanto no púlpito, Deus me dá
o sermão, e eu prego”. Aí, chegou a minha vez de responder, e eu disse que tinha que estudar
todos os dias. E eu mostrei a eles que eu não tenho a obrigação apenas de passar
pensamentos bonitos para frente, mas ensinar a Palavra de Deus. Essa era a maneira que
Paulo fazia.
Quando eu discípulo alguém, estou ensinando pessoalmente aquela pessoa. Aí eu
mando aquela pessoa para retiros, dou livros para que ela leia e depois ela tem que me dar
um relatório; e também dou sermões para que ela possa ouvir; eu as encorajo a memorizar
textos da Bíblia, de tal maneira que há, então, por todos os ângulos, ensino, ensino da
Palavra de Deus. Você quer que a mente de seu discípulo fique tão cheia de Bíblia, que
quando você dá um corte naquela cabeça, saia Bíblia por todos os lados.
E essas são as coisas que o Espírito Santo usa como alça para dirigi-los. Por isso,
precisamos ensinar, precisamos ser exemplos, precisamos amar, admoestar e gerar. Agora, o
pai espiritual faz mais uma coisa:
6ª. ELE DISCIPLINA  No versículo 18 Paulo está dizendo que alguns estavam se
ensoberbecendo e pensando que Paulo não ousaria vir repreendê-los. Eles achavam que
Paulo teria medo de chegar e fazer isso. No versículo 19, Paulo diz: “Olhe eu vou chegar
para ver quem é esse que fala mais alto aí; aquele que está falando muito, mas não está
vivendo; porque o reino de Deus não consiste em palavras ,mas em poder”. Ele diz: “Vou
chegar aí, e vou separar aqueles que são genuínos daqueles que são hipócritas”. Então, no
versículo 21, ele pergunta: “Qual que vocês desejam ser? Vocês querem que eu chegue aí
com uma vara, ou com amor? Se vocês quiserem, eu vou com um porrete; se você não muda
sua maneira de viver, eu vou descer o porrete”, Ah! Você não sabia que o pastor deveria
andar com um porrete?! Mas é isso o que Paulo está dizendo aqui! E muitas vezes nós temos
que disciplinar...
Os nossos presbíteros estão muito envolvidos nesta área, quando há membros da
igreja que estão pecando e que não se arrependem de seus pecados.
Então, qual é o resultado de tudo isso? Veja no versículo 17, onde Paulo diz: “Eu
estou tão preocupado com vocês, porque vocês são meus filhos espirituais, que eu vou ate
mandar a Timóteo”. Sabem, quando eu vi isto pela primeira vez, fiquei muito surpreso.
Pensei: “Se você está tão preocupado, Paulo, por que você não vai você mesmo?! Se você
está tão preocupado, por que manda a Timóteo?!” Mas a resposta está muito clara no
versículo 17: “Por esta causa vos mandei Timóteo, que é meu filho amado e fiel no Senhor, o
qual vos lembrará os meus caminhos”.
Você entendeu aquilo que ele quis dizer? Então, Timóteo era filho espiritual de Paulo
e, sabe quando você realmente vê que gerou um filho espiritual? Quando você é capaz de
mandá-lo em seu lugar; quando você está enfrentando algo muito importante e você pode
mandar aquele filho espiritual no seu lugar, e sabe, então, que ele vai lembrá-los da sua
maneira, de seus caminhos,; aí você realmente fez um discípulo.
Esta é exatamente a maneira pela qual você está multiplicando-se a si mesmo. E eu
espero que você de fato entenda, irmão, a importância desta verdade.
Vamos continuar agora com a quarta característica de uma igreja bem sucedida.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 36
Espero que você tenha visto neste trecho que acabamos de estudar, a maneira como
eu prego; tomando aquele texto e mostrando como o texto está ensinando uma grande
verdade e vendo como o Espírito Santo harmoniza tudo, ate a maneira como ele leva e
conduz a verdade para um clímax. Igrejas bem sucedidas são marcadas por:
4.- UMA PENETRAÇÃO NA SUA COMUNIDADE.
Onde há uma igreja bem sucedida, esta igreja está causando um impacto em sua
comunidade, em sua cidade. Se você estudar cuidadosamente o livro de Atos você verá esta
verdade. A igreja primitiva nasce no capítulo 2, e começa, então, a ter uma influência
naquela cidade e, de repente, o povo está dizendo: “Vocês encheram Jerusalém com a sua
doutrina”. Mas que cumprimento, não é verdade?! Eles estavam penetrando, como se
penetrassem nas trevas.
Uma igreja bem sucedida não é um segredo na sua comunidade, mas é o tópico de
conversação daquela cidade; é realmente o sal que ajuda no curativo daquela ferida; é uma
voz de admoestação contra o pecado daquela cidade; é também uma voz de amor para
aqueles que estão em necessidade na comunidade; é uma mensagem de esperança para
aquela sociedade vazia. E a sua igreja tem que ser o alvo das atenções em sua comunidade.
Assim era a igreja primitiva...
Aonde eles iam, causavam certa onda... As pessoas ficavam impressionadas com a
ousadia deles; com a maneira com que eles se sacrificavam, e esta deve ser exatamente a
maneira como a igreja deve viver; mas eu temo que, às vezes, as pessoas vivendo ao lado da
igreja, não sabem o que está acontecendo... Somos apenas nós, quatro paredes, ninguém
mais, feche a porta... Mas, não era assim a igreja primitiva...
Igrejas bem sucedidas estão realmente causando um impacto em sua comunidade.
Como é que se faz isso?
Primeiramente é pela vida de cada membro daquela igreja. Deixe-me ilustrar: Temos
um homem em nossa igreja que é advogado, e que estava, certa vez, no tribunal e disse para
outro advogado: “Gostaria de convidá-lo para ir à minha igreja no domingo”. E o outro
respondeu: “Escute, mas de que igreja você é?” “Sou da Grace Community Church”,
respondeu o primeiro. Aí o segundo disse: “Ah! Eu nunca irei àquela igreja, porque eu
conheço um camarada que é advogado e é também o sujeito mais embrulhão do mundo, e ele
freqüenta essa igreja...” Você vê o que o testemunho daquele homem faz para o testemunho
daquela igreja?
A não ser que o povo tenha uma vida tal que ganhe a confiança da comunidade, o
povo não pode nem testemunhar, porque o mundo lá fora não vai crer. Mas quando os
crentes vivem uma vida cristã real e bonita diante da comunidade, eles estão colocando
aquela fundação sólida e segura; aí, quando alguém dá o testemunho, o povo pára para ouvir;
e, desta maneira, toda a congregação participa da evangelização daquele irmão; não apenas
uma pessoa ganha outra para Cristo.
Então, para penetrarmos na comunidade, isso significa que precisamos viver uma
vida santa e bonita diante da comunidade; e, além disso, há outros muitos métodos de
evangelismo. Um deles seria o evangelismo nos lares; outro seria ir de porta em porta
falando aos incrédulos de Jesus Cristo; outro, ter batismos públicos, em vez de batizar a
pessoa lá no canto, onde ninguém pode ver, só os santos; então faça o batismo onde todo
mundo pode ver, como foi em Jerusalém, e toda a cidade ficou sabendo. Talvez isso seria
uma coisa bem difícil, mas seria interessante de ver. Mas nós devemos e precisamos penetrar
em nossa comunidade.
Deixem-me dizer algo interessante sobre a América. Os batistas do Sul fizeram uma
pesquisa. Eles estavam tentando descobrir por que certas pessoas freqüentavam certas
igrejas. Em primeiro lugar, por causa da aparência do templo; em segundo, era o
estacionamento que a igreja possuía; em terceiro, o berçário para as crianças; em quarto,
ficou o ambiente social da igreja; e em quinto lugar, era por causa do pastor.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 37
Talvez no Brasil não seja exatamente assim, mas o que percebemos é que há muitas
outras coisas que alcançam as pessoas na comunidade alem do sermão. Quando nós
descobrimos que uma das coisas que atrai é a maneira como o templo se apresenta,
começamos a plantar flores em todos os lugares para que o templo ficasse o mais bonito
possível. Eu me lembro de um casal que chegou para mim e disse: “Acabamos de aceitar a
Cristo!”. E eu perguntei havia atraído a eles para a igreja; sua resposta: “As flores!”.
Há muitas maneiras de penetrar na comunidade. Você precisa ser sensível às
necessidades de sua comunidade; e precisa ser criativo também. E Deus pode fazer coisas
que vão surpreender você!
Agora a característica número cinco: Igrejas bem sucedidas são também marcadas
por...
5.- PESSOAS ATIVAS QUE MINISTRAM.
Em outras palavras, a igreja não deve estar cheia de espectadores, que ficam batendo
palmas e aplaudindo quando o sermão é bom e vaiando quando o sermão é ruim. Elas não
ficam lá olhando o que está acontecendo; elas têm que estar lá fazendo a coisa acontecer. Lá
na América, dizemos que há três tipos de pessoas nas igrejas: aquelas que fazem as coisas
acontecerem; aquelas que olham as coisas acontecerem; e aquelas pessoas que não sabem o
que está acontecendo.
Mas, de fato, as igrejas devem estar cheias de pessoas que realmente fazem as coisas
funcionarem. Precisamos ensinar o povo sobre seus dons espirituais; precisamos ensinar 1
Coríntios 12 para eles; precisamos ensinar que eles têm que se preocupar um pelo outro; que
o corpo de Cristo precisa desesperadamente do auxílio de cada um. Que mutuamente
precisamos ministrar uns aos outros. O desejo do Espírito Santo é que edifiquemos uns aos
outros. Por isso precisamos desenvolver as pessoas de acordo com seus dons espirituais.
Precisamos deixar que eles saibam que nós estamos esperando que eles realmente se
manifestem e usem os seus dons. Temos muitas pessoas freqüentando nossa igreja. Talvez
umas 8.000 a 9.000 a cada domingo; mas apenas 3.000 são membros da igreja. Os outros
estão apenas chegando para descobrir como as coisas são. Estamos crescendo rapidamente e
muitos deles vão se tornar membros, mas nós não temos uma pressa muito grande de colocar
seus nomes no rol de membros, porque acreditamos que ser membro de uma igreja, significa
duas coisas: 1.- É uma declaração dizendo: Eu vou me submeter à autoridade destes
presbíteros; e, 2.- Eu quero um ministério. Estas são as duas coisas que nós enfatizamos; e
ensinamos o povo a desenvolver seus dons espirituais.
Posso mencionar que a SEPAL tem um curso especializado nesta área e que poderá
ajudar os irmãos. Não creio que a vontade do Senhor é aquela igreja onde o pastor faz todo o
trabalho; temos que aperfeiçoar os santos para o trabalho do ministério.
Os seminaristas hoje me perguntaram se eu faço o trabalho de visitação, e eu disse:
Não vejo a mim mesmo na qualidade de visitador em minha igreja; nada no VT ou no NT
diz que o pastor é aquele que tem que visitar... Nada no NT diz que o pastor é aquele que
tem que ir ao hospital; mas o NT diz que uma religião pura e sem mácula é visitar; é isso que
Tiago diz. Então todos os que estão envolvidos em uma religião pura, tem que visitar; por
isso a congregação toda tem que estar envolvida em visitar uns aos outros.
Por isso, quando uma pessoa está no hospital, muitos devem visitar aquele irmão
doente; e se um está na cadeia, todos devemos nos preocupar com ele. É o que o NT diz...
por isso, esse não é o trabalho pelo qual o indivíduo tem que ser assalariado; você não paga
uma pessoa por praticar o exibir uma religião pura; isso vem do coração. Então, algumas
vezes eu vou ao hospital, porque um amigo meu está lá.
Há vezes em que alguém sugere que eu deva visitar fulano ou sicrano; e eu, tendo um
pouco de tempo livre, vou fazer essas visitas. Quando eu chego ao hospital, a enfermeira me
informa que eu não poderei visitar a pessoa, porque ela já recebera 10 visitas naquele dia; aí
eu digo: “Mas, eu sou o pastor!”. E a enfermeira me informa que há dois outros pastores
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 38
fazendo a visita. Veja, esta é a maneira que a igreja deve se conduzir: com todo o corpo de
Cristo ali se manifestando e trabalhando.
Aqueles que têm o dom de misericórdia deverão demonstrar misericórdia, quando
existir uma situação assim, como de doenças e de necessidades.
Algumas vezes uma pessoa vem à igreja e está com dificuldades financeiras. Quando
eu era pastor principiante, uma pessoa chegava e dizia: “Olhe, esta família está com
necessidades; o que o senhor vai fazer sobre isso?” Eu respondia: “Bem, a pessoa falou
primeiro com você; quem sabe Deus tem você em mente, e não eu para suprir essas
necessidades”. Por isso, nós desafiamos a igreja neste sentido: Não venha à igreja pedir
dinheiro para o pobre; use o seu dinheiro para ajudar os pobres.
Aconteceu o seguinte em nossa igreja sobre isso: Várias pessoas que tinham o dom
de dar começaram a se conhecer e a se reunir para orar sobre as várias necessidades; e elas
não falaram a ninguém sobre quem eles eram; mas quando alguém na igreja tinha alguma
necessidade, eles ficavam sabendo disso muito rapidamente e aquela pessoa necessitada
recebia uma oferta com uma nota de amor, e nenhum nome atrás. Este é o ministério dos
santos, os crentes.
Recentemente uma senhora de nossa igreja com 90 anos morreu; poucas pessoas a
conheciam; somente os que já estavam na igreja há muitos anos. Mas ela, todo dia,
levantava-se e orava pela igreja durante horas, porque ela possuía o dom da fé, e este era o
seu ministério. Esta é uma das coisas que faz com que a igreja seja eficiente, bem sucedida.
Por isso, quando você tem todo o povo da igreja envolvido, trabalhando, há um
entusiasmo tão grande e envolvente, que quando os nossos cultos terminam ninguém sai;
eles ficam ali e começam a compartilhar o que está acontecendo em seus ministérios
individuais.
Talvez isso aconteça mais freqüentemente aqui no Brasil; mas na América, quando o
culto termina, todo mundo some. E agora eles estão começando mais e mais a compartilhar
em nossa igreja.
Todo domingo de manhã eu falo na igreja sobre o ministério de outra pessoa. Temos
na igreja um homem que tem um caminhão muito grande. Certo dia ele disse: “Quero
oferecer meu caminhão para fazer mudanças, se alguém precisar, nos sábados à tarde”. É o
dom de ajudar que aquele homem tem; e ele consegue que alguns irmãos venham para ajudálo; ele tem somente uma regra: Se ele o ajuda a mudar-se uma vez, você tem que ajudá-lo a
fazer duas outras mudanças. E assim, nós temos um ministério de mudanças na igreja.
Recentemente ele teve problemas na coluna e teve que ser operado; bem, as pessoas que
tinham sido beneficiadas pelo seu ministério deram a ele um presente de amor para ajudá-lo
em sua operação... e também o visitaram no hospital. Há outro irmão na igreja que é
fisioterapeuta e que o atende para ajudá-lo em seu problema na coluna; creio que aquele
irmão fisioterapeuta deve estar pensando em se mudar...
Vou contar mais uma história para ilustrar a questão de ministérios: Há uma jovem
em nossa igreja que é muito viva, ativa e engraçada; quando ela estava no ginásio era uma
das piores alunas e estava envolvida com drogas e imoralidade. Ela era modelo e casou-se
com um homem muito rico, que tinha um cadilac conversível enorme. Eles passeavam
bastante e iam a todos os lugares bonitos existentes. Tiveram juntos dois filhos, mas
realmente nunca se casaram. E eles se envolveram mais e mais com drogas.
Finalmente ele a deixou, e ela não queria mais viver, e estava com aqueles dois filhos
pequenos; ela tinha muito dinheiro... Resolveu, então, ir para uma boate em Nova York,
porque lá estava um grande orquestra de Las Vegas e ela se apaixonara pelo baterista e
queria tornar-se conhecida dele e dormir com ele. Eles, então, viveram juntos e viajaram por
todos os Estados Unidos: Las Vegas, Chicago, São Francisco, Los Angeles, naquela vida
agitada e excitante. Resolveram mudar-se para Los Angeles; ele tocava bateria nas boates
quando alguém o levou a Jesus Cristo. antes disso, eles haviam se casado, e quando ele se
converteu, alguém o trouxe para a nossa igreja.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 39
Ele pediu para que alguém da igreja falasse de Jesus para a esposa, mas ela, ao
receber essa visita, trancou-se no quarto, e disse: “Não vou sair daqui enquanto esse povo
não for embora”. Ela pensou que o marido estava ficando louco... E ela disse para o marido:
“Não deixe que esse povo volte aqui”. Mas esqueceram de dar esse aviso na igreja, e na
noite seguinte outro grupo da igreja apareceu em sua casa, e como ela não sabia que eles
estavam chegando, não se trancou no quarto. E eles compartilharam Cristo com ela e ela
converteu-se. Ele, então, começou a levar pessoas daquele cabaré para Cristo, começaram
um estudo bíblico e aquele cabaré faliu.
Ela então, falou: “Agora que sou crente, quero um ministério”; e foi para a cadeia
para onde as jovens viciadas são levadas e uma noite ela deu seu testemunho e seis jovens
aceitaram a Cristo. ela voltou na semana seguinte, e catorze jovens aceitaram a Cristo. bem,
o povo da cidade começou a telefonar para a igreja, e diziam: “Por favor, mandem essa
mulher toda hora para cá, por favor!” E ela é crente há apenas sete meses, e vai toda semana
à cadeia compartilhar Cristo com aquelas moças.
Sabem, mesmo os crentes novos precisam ser envolvidos no ministério da igreja. E
nós temos um ambiente de ministério naquela igreja que se você não entra naquele ambiente
gostoso, você fica sobrando... E é assim que devemos fazer a coisa funcionar.
Vou mencionar mais um ponto, e termos um período de perguntas e respostas. Agora
a característica número seis: Igrejas bem sucedidas são também marcadas por...
6.- UM ESPÍRITO DE PREOCUPAÇÃO DE UM COM O OUTRO.
À medida em que eu viajo pelos Estados Unidos e vejo aquelas igrejas que realmente
fazem uma diferença, observo as pessoas preocupando-se umas pelas outras. Você já estudou
na Bíblia aquela frase: “Um ao outro”?! Há muitas dessas frases no NT, e estão sempre
relacionadas com a nossa preocupação com a outra pessoa.
Deixem-me ilustrar. Em Tiago 5:16, lemos: “Confessando vossos pecados uns aos
outros”; vemos em Colossenses 3:13: “Perdoando uns aos outros”; em Gálatas 6:2,
“carregando as cargas uns dos outros”; em Tito 1:14, “Admoestando uns aos outros”; em 1
Tessalonicenses 4:18, “Consolai-vos uns aos outros”; em Hebreus 10:25, “Admoestando-nos
uns aos outros”; em Romanos 14:19, “Edificando-nos uns aos outros”; em Romanos 15:14,
“Admoestando-nos uns aos outros”; e em Tiago 5:16, “orando uns pelos outros”.
Assim, podemos ver todos esses versículos “uns aos outros”, demonstrando a
preocupação com os que estão ao seu lado. Devemos estar envolvidos nas vidas dos outros.
Não temos que apenas vir à igreja, sentar, levantar e ir embora; temos que ter comunhão uns
com os outros. Creio que a palavra “comunhão” é mais bem definida por esta frase: “Uns aos
outros”.
Comunhão não é só cafezinho e biscoitos; não é apenas bate papo; comunhão é uma
preocupação de uns com os outros, o que é muito importante.
Bem, hoje à noite estudamos três características de uma igreja bem sucedida. Um
povo que está ativo em seu ministério, que está mutuamente preocupado uns com os outros,
e que têm grande penetração na comunidade. Amanhã vamos continuar e terminar; mas,
hoje, quero dar a oportunidade aos irmãos de fazerem algumas perguntas...
1ª. Pergunta:  Como você agiria com membros de sua igreja que estão participando
de grupos alheios à igreja, mesmo que sejam evangélicos? Podem, no seu conceito, receber
instrução bíblica errada?
Resposta:  Creio que é nossa responsabilidade edificar os nossos crentes, de
maneira que eles não caiam presas de doutrinas falsas. Por isso, se nós sabemos de uma
pessoa que está indo a certo grupo, nós vamos e exortamos esta pessoa a sair daquele grupo
falso; isto é parte de admoestar o rebanho.
2ª. Pergunta:  O que você pensa sobre um jovem discipular alguém mais velho?
Resposta:  Esta é uma pergunta para mim, que sou um pastor relativamente jovem.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 40
Quando cheguei à igreja que pastoreio eu tinha 29 anos de idade; e tenho descoberto
que a idade não faz diferença. Paulo disse a Timóteo: “Não deixe que ninguém despreze a
tua mocidade”. Não é problema de idade mas, sim, de maturidade.
(Fim da mensagem dada na noite de 19/04/1978, contida nas fitas # 5, lados 1 e2, e fita # 6, lado 1)
(Fita # 6 original, lados 1 e 2 e fita # 7 original, lado 1 – manhã de 20/04/1978)
Tenho muitos motivos de estar triste, pelo fato de estarmos quase no fim; mas, talvez
compartilhando o que está em nosso coração, nós não nos esqueçamos; e se não nos virmos
mais uns aos outros aqui na terra, estaremos um dia todos juntos lá no céu; lá, falaremos
todos a mesma língua!
Estamos falando sobre as marcas de uma igreja bem sucedida. Quero fazer
rapidamente uma revisão daquelas que já vimos até aqui:
Em 1º. lugar, deve haver uma pluralidade de líderes que sejam homens de Deus. Em
2º. lugar, deve haver alvos e objetivos funcionais. Em 3º. lugar, uma ênfase forte no
discipulado. Em 4º. lugar, uma penetração e impacto na comunidade. Em 5º. lugar, gente que
esteja ativa no ministério. Em 6º. lugar, um espírito de cuidado e zelo mútuo.
Agora, nesta manhã, quero lhes dar o que falta. Nós não vamos ficar tanto tempo em
cada característica; mas eu vou, ao menos, deixá-las todas com os irmãos para que posam
desenvolvê-las particularmente em seu estudo. Agora a característica número sete: Igrejas
bem sucedidas são também marcadas por...
7.- UMA DEVOÇÃO À FAMÍLIA.
Através de toda a Bíblia existe uma alta prioridade dada à família, tanto no VT, como
no NT. A revelação toda do VT dependia de que os pais estivessem transmitindo aos filhos
aquilo que recebiam.
Temos na história da igreja inglesa o que nós chamamos de CATECISMO, que é um
método de ensino onde o professor faz a pergunta, e o aluno responde. E você, então, faz as
mesmas perguntas, e obtém as mesmas respostas, todos os dias, e é esta a maneira pela qual
você aprende.
A palavra no grego é KATEQUEL, e que significa repetir várias vezes. Esse é o
método de ensino judaico, e era o método usado pelos pais com seus filhos, no VT. Os
princípios de Deus eram ensinados e, em Deuteronômio 6, há um mandamento de Deus para
que os pais ensinem seus filhos desta maneira, todo o tempo. Creio que é importante que nós
façamos isso hoje, não apenas tendo aquele tempo já marcado. Separado, para a leitura da
Bíblia, mas ter, então, este intercâmbio de teologia e princípios cristãos o tempo todo.
Jesus ensinava os discípulos à partir das situações normais que apareciam na vida...
Temos que fazer o mesmo com os nossos filhos. E a nossa igreja tem que tomar a iniciativa
de ensinar as famílias da igreja a fazerem isso. Precisamos ter diligência em ensinar Efésios
5. Onde há uma igreja que dá ênfase na família, lá haverá um futuro assegurado para aquela
igreja porque, então, está havendo uma transmissão das coisas nas quais cremos.
Nos Estados Unidos isto se tem tornado um assunto muito especial, porque a família
está sendo destruída. Dois em cada três casamentos terminam em divórcio. A delinqüência
juvenil está aumentando terrivelmente; a idade média de um criminoso nos EUA é de catorze
anos; o homossexualismo está grassando e está atingindo, mais ou menos, 10% da
população, e está entrando até mesmo dentro da igreja. Algumas denominações estão
ordenando homossexuais ao ministério.
Temos muitos problemas relacionados ao lar; há um movimento entre as mulheres
para usurpar a autoridade; está sendo mais popular viver juntos, do que casados. Talvez você
não tenha problemas no mesmo grau; mas Satanás vai sempre tentar destruir a família em
qualquer sociedade; talvez de maneiras diferentes, porque a família é o maior instrumento de
Deus para a preservação da sociedade, e para a transmissão à nova geração daquelas
verdades corretas.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 41
Lá em nossa igreja, por exemplo, tomamos muito em fazer o casamento das pessoas.
Antes de se casar, qualquer pessoa precisa passar por cinco semanas de treinamento, onde
todos os princípios bíblicos são ensinados; eles devem ler certos livros; têm que ouvir certos
sermões; têm que receber alguns conselhos especiais do pastor; eles têm tarefas para fazer
em casa; e então, são colocados em contato com um casal forte, sólido, já casados e
experientes, que vai discipulá-los à respeito da vida de casados e vão, juntos prever alguns
dos problemas. Eles devem, também, fazer o pedido para se casar com seis meses de
antecedência. E depois de vários meses vamos fazer uma avaliação daquele casal, e vamos
finalmente dizer a eles se sentimos ou não de Deus a orientação para fazer aquele casamento.
Se temos, então, a convicção de que o Senhor está naquela união, aí nós casamos aqueles
jovens. Esse é um tipo de ministério muito ativo que temos, e que já fazemos há bastante
tempo, porque esse tipo de preparação pode resolver vários problemas, antes que eles
apareçam; e essa é uma das maneiras pelas quais a igreja pode ministrar à família.
Temos pessoas em nossa igreja que são especializadas em ensinar os pais a lidar com
seus filhos. Temos professores especializados em ensinar como os filhos devem tratar a seus
pais. Temos muitos acampamentos de famílias, recreações, enfatizando a unidade da família,
porque isso é muito importante. Não creio que uma igreja possa ser eficiente a não ser que
haja nelas famílias fortes, bem constituídas. Efésios 5 e 6 devem ser textos muito familiares
para nós; e todos aqueles relacionamentos que devem existir na família deveriam ser
cuidadosamente ensinados. A oitava característica de uma igreja bem sucedida é:
8.- PREGAÇÃO E ENSINO MUITO FORTE DA BÍBLIA.
Eu pessoalmente sinto que é o púlpito que marca o compasso do crescimento da
igreja. O púlpito é a parte mais visível da igreja, e aquilo que está sendo pregado é o que vai
determinar o ritmo de tudo o que está acontecendo na igreja.
Devemos fazer daquele tempo de ensino e pregação para a igreja a nossa alta
prioridade.
Já falei no fato de que devemos pregar ensinando conceitos. A palavra para pregação
é “KARIGMA”; mas não existe KARIGMA sem DIDAQUÊ; e DIDAQUÊ é justamente a
palavra para doutrina ou ensino. Por isso toda a pregação deveria incluir ensino. Creio que
deveríamos usar o púlpito para proclamar ensino sólido e bom; não apenas aquelas opiniões
e idéias humanas.
Agora, deixem-me dizer duas coisas: Eu já tomei a decisão de enfatizar no púlpito o
que eu chamo de “a posição do crente”. Sinto que é muito importante mostrar aos crentes
quem eles são em Cristo. Freqüentemente do púlpito a gente acaba espinafrando a
congregação; usa o púlpito para jogar aquela culpa e fazer com que os crentes se sintam mal.
Provocamos neles aquele sentimento de inferioridade... eles não estão vivendo como
deveriam. Bem, talvez isso aconteça porque eles não sabem como deveriam estar vivendo.
Por isso em meu ministério estou sempre me concentrando em dizer aos crentes quem eles
são; que eles são um em Jesus Cristo, que eles são um no Espírito Santo, e que são a coisa
mais importante do Universo, depois da Trindade. Digo também que eles têm toda sorte de
bênçãos espirituais e que já receberam tudo aquilo que Deus tem para dar; que eles são
perfeitos e completos em Cristo, e que não tem falta absolutamente de nada.
E como Pedro disse, deles são todas as coisas que pertencem à vida e à piedade; que
não há nada faltando; que eles têm todo o poder; todo o recurso.
De fato, freqüentemente eu costumo ilustrar assim: Alguém, então, ora: “Senhor, dáme mais graça”. E a Bíblia diz que a Sua graça já é suficiente; que você já recebeu toda a
graça quando você creu. Alguém pode orar: “Senhor, dá-me poder”. E eu, então, lembro a
ele que quando receberam o Espírito Santo já receberam o poder. Alguém pode dizer:
“Senhor, dá-me força”. E, então eu lembro a essas pessoas que tudo elas podem em Cristo
que as fortalece.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 42
Vejam, precisamos ensinar ao nosso povo que eles precisam parar de pedir aquilo que
eles já têm, e simplesmente aplicar em sua vida. Bem, Tiago nos diz que nós precisamos
pedir sabedoria e eu acho que pedir sabedoria não é pedir algo que já temos.
Temos que ensinar ao povo quem eles são em Cristo. e se eles entendem aquela
posição elevada, se eles entendem que são amados de Deus, se entendem que Deus os ama
eternamente, se entendem que Deus já derramou toda a sua riqueza sobre eles, que eles têm
riquezas indizíveis, que eles não têm necessidade de mais nada, que eles são os próprios
filhos de Deus,que a própria vida de Deus pulsa em suas veias, se eles tiverem uma idéia
dessa chamada tão grande, elevada, talvez eles terão a motivação de viverem de acordo com
essa vocação.
Deixem-me ilustrar: Quando eu era um garotinho, roubei algumas coisas de uma loja
e fui pego pela polícia. Eles me levaram para a cadeia. Meu pai era o pastor na cidade. Então
o meu pai foi me buscar, juntamente com dois diáconos. Ele levou os diáconos consigo
porque ele não estava achando que era eu; ele pensava que havia algum engano. E quando
ele me viu lá, ficou muito embaraçado... Bem, eu fui solto, entrei no carro, e íamos para
casa. Um dos diáconos se virou, e disse para mim: “Você não sabe quem é o seu pai? Você
não deveria envergonhar o seu pai desta maneira”. Este é um bom princípio... Mas, será que
esta é a melhor motivação? Se meu pai não fosse o pastor eu seria menos culpado? Menos
digno de repreensão?
Temos a tendência de exortar o povo tendo em vista a posição exterior de cada um
perante a sociedade, em vez de confrontá-lo com Seu Deus. O mais importante é sempre
estar lembrando ao povo quem eles são em Cristo. Um bom livro para ensinar e enfatizar
este ponto, é o livro de Efésios. Há mais ou menos oito anos, eu o ensinei na igreja, e foi
exatamente isso que mudou a nossa igreja. Há 3 ou 4 meses, os presbíteros me pediram para
ensiná-lo de novo. E então, estou ensinando Efésios outra vez, e simplesmente repetindo ao
povo qual é a sua posição em Cristo; tudo o que Cristo fez por eles.
Deixem-me mostrar outra maneira de encarar este mesmo princípio: Esta é a maneira
em que Paulo escreveu todas as suas epístolas. Primeiramente havia capítulos que tratavam
da posição do crente e depois havia capítulos que faziam exigências quanto à maneira que
eles deviam viver ou andar. Era sempre a posição que vinha em primeiro lugar, e depois o
procedimento. Por exemplo, em Efésios, os três primeiros capítulos tratam da posição, da
identidade do cristão; depois, os capítulos 4, 5 e 6 tratam de como o crente deve proceder ou
agir; é a mesma coisa em Filipenses, Colossenses, Gálatas e em Romanos, por exemplo, dos
capítulos 1 ao 11, a identidade dos crentes; não há mandamentos, nenhuma exortação ou
ordem, até chegar ao capítulo 12. aí diz: “Portanto, apresentai os vossos corpos”. Em outras
palavras, baseado naquilo que Deus fez por você, assim você deve agir; e esse é o padrão das
epístolas de Paulo. Então, o que quero enfatizar é a importância de ensinar às pessoas aquilo
que elas são.
Eles vão ficar tão entusiasmados sabendo quem são que vão começar a agir de acordo
com o que são. Deixem-me acrescentar mais um comentário sobre essa ênfase no ensino e
pregação da Bíblia. Certifique-se de que você está trabalhando diligentemente para
interpretar corretamente a Escritura. É muito fácil bolar um sermão e fazer a Bíblia se
encaixar naquele sermão bonito; é muito fácil ser alegórico. Eu me lembro do primeiro
sermão que eu preguei; preguei naquele texto: “o anjo rolou a pedra” e minha pregação foi
“Como rolara a pedra da vida”. Aquele texto definitivamente não trata de pedras em nossa
vida; ele fala da ressurreição de Jesus Cristo. Outro sermão, baseado no texto do naufrágio
de Atos 27, “e lançaram a âncora”, tinha como título: “As âncoras da vida”, e falava sobre a
âncora da esperança; a âncora da fé; a âncora da coragem... A única âncora que aparece no
texto é uma âncora bem velha e enferrujada. Não faça isso com a Escritura. Tenha cuidado
em não fazer isso também no VT; é muito fácil, então, interpretar alegoricamente. Tenha
certeza de que no estudo da Palavra de Deus, você deixa a Bíblia dizer o que ela diz, porque
a mensagem que Deus quer dar é muito melhor do que aquela que você tem em sua mente.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 43
Deixem-me dizer que é muito importante entender bem o texto e ler comentários e
dicionários que falam à respeito do texto que você está estudando. E quando você, subindo
no púlpito, prega a Palavra, a mensagem de Deus, aquilo vai transformar a sua igreja, porque
é aí que vem à tona toda aquela paixão do seu coração. Não dê também aquele show, quando
você estiver pregando; deixe que seja uma coisa genuína.
Costumo freqüentemente dizer que uma pregação tem dois aspectos: em primeiro
lugar é uma ciência – a ciência da interpretação bíblica; em segundo lugar, é uma arte – a
arte da comunicação. E nós temos que trabalhar nestas duas áreas. Às vezes você vai estar
cansado e, então, não vai ser natural você aparentar aquele dinamismo; aí você tem que orar
e realmente recebe aquela força do Senhor, para que você possa ter uma grande intensidade
na comunicação. Vamos partir agora para o princípio # 9. Uma igreja bem sucedida é
caracterizada por uma:
9.- DISPOSIÇÃO PARA MUDANÇAS.
Igrejas eficientes sempre inovam. Em nossa igreja, por exemplo, não fazemos as
coisas sempre do mesmo jeito. Estamos sempre mudando a maneira de fazer as coisas,
porque não queremos que as pessoas se acostumem com uma determinada rotina; por
exemplo, não publicamos a liturgia do culto, para que eles não possam decidir o que seja ou
não interessante para eles; períodos, então, em que eles vão ficar dormindo ou conversando.
Então isso deixa muito espaço para mudanças. Agora, se você muda e eles foram
acostumados de uma determinada maneira, aí eles começam a ficar nervosos, porque eles
podem pensar que se orar antes de cantar, a oração não passa; não chega ao céu. Então, na
realidade, você tem que sempre mudar o tempo todo; mas não ao ponto de causar confusão,
claro!
Cada nova geração exige uma nova maneira de pensar, de encarar e de trabalhar;
talvez chegue o dia em que nós não sejamos mais capazes de nos reunir no domingo.
Quem sabe o que Satanás vai fazer com a sociedade? Será que os crentes ficariam
tão chocados que seriam incapazes de conservar a fé se fossem impedidos de ir à igreja no
domingo? Precisamos ensinar ao povo que cristianismo é uma vida constante, e não apenas
um ritual.
Gostaria que vocês olhassem para Mateus 15, pois essa é uma boa ilustração. Jesus
está conversando com os escribas e fariseus que queriam saber por que os discípulos de
Jesus não lavavam as mãos. Agora, aqui, eles não estão falando sobre limpeza. Eles estão se
referindo à lavagem cerimonial; em outras palavras, referiam-se à lavagem que fazia parte do
ritual religioso. E o que eles estavam realmente perguntando, era: “Por que vocês não
seguem o mesmo ritual que nós seguimos?” era evidente que eles possuíam aquela atitude de
pensar que o ritual era a coisa importante. Na verdade, eles haviam substituído a realidade
pelo ritual.
Então, Jesus responde desta maneira no versículo 13: “Por que transgredis vós
também o mandamento de Deus, por causa da vossa tradição?” Em outras palavras, eles
tinham ficado tão presos à sua tradição que haviam transgredido a Lei de Deus; o ritual tinha
ficado acima da verdade; e nos próximos versículos Jesus dá uma ilustração. Vejamos o
versículo 9: “Em vão me adora, ensinando doutrinas que são preceitos de homens”. Aqui
está o coração do problema: eles não sabiam distinguir o que era mandamento de Deus e o
que era tradição humana; temos que fazer distinção entre as verdades imutáveis de Deus e as
tradições dos homens que precisam mudar, ou estas tradições acabarão sendo consideradas
como verdades divinas...
Dizemos freqüentemente: vamos mudar, só por mudar; para que povo não faça
confusão sobre aquilo que pode e aquilo que não pode ser mudado; para que eles não se
sintam confortáveis e seguros em uma rotina, e cheguem a pensar que a própria rotina é a
adoração. Por isso é importante que tenhamos sempre essa disposição para mudar; bem, eu
não quero dizer com isso que tenhamos que ser revolucionários.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 44
Não há virtude alguma em jogar fora o passado, mas precisamos ser sensíveis à
ocasião em que vivemos. E se as velhas maneiras de fazer as coisas não funcionam, nós
deixamos de lado, a fim de que possamos aplicar aquelas maneiras de fazer que se adéquam
às nossas necessidades de agora.
Alguém disse que as últimas palavras da igreja são: “Nós nunca fizemos desse jeito
antes...” Precisamos ter a disposição de mudar. Próxima característica. Uma igreja bem
sucedida é marcada por:
10.- UM ESFORÇO CONSTANTE EM EXERCITAR A FÉ DOS CRENTES.
Em outras palavras, os crentes têm que ter aquele sentimento de que a sua fé em Deus
está sempre sendo exercitada. Deixem-me colocar de outra forma: Por que é que você crê
que é Deus quem pode fazer? Uma coisa que só Deus pode fazer, de tal maneira que quando
a coisa acontecer, a honra vai ser só dele. Isso é o que eu chamo de viver pela fé. Precisamos
ser capazes de crer que Deus vai fazer, e temos que liderar nosso povo a dar aquele passo de
fé. Talvez seja um novo ministério, talvez um novo prédio; talvez uma nova ênfase
missionária. Talvez nós não tenhamos os fundos para todas estas atividades, mas vamos crer
que Deus irá suprir. Então a fé dos crentes é forçada a crer em uma coisa que ainda não é
realidade; que só Deus poderá fazer.
E deixem-me dizer que isso é uma coisa muito importante. Você talvez fique
surpreso em saber por que é que nós oramos. De acordo com João 14:13, nós não oramos
para obter coisas de Deus; nós oramos para permitir que Deus se demonstre. Está escrito que
nós devemos orar em nome de Jesus, para que o Pai seja glorificado. Porque quando nós
oramos, estamos dando a Deus a oportunidade de mostrar quem ele é. E em muitas de nossas
igrejas, nós não fazemos isso; nós nunca dizemos: “Senhor, aqui está uma coisa que nós não
podemos fazer; e nós vamos crer agora que o Senhor vai fazer de tal maneira que quando
isso acontecer, a glória vai ser toda tua”.
Esta é a maneira como nós devemos ser; como nós devemos orar: Deixar que Deus se
demonstre! Se nós estamos sempre segurando as coisas de tal maneira que, primeiro, temos
que ter o dinheiro; primeiro, temos que ter as pessoas certas; primeiro temos que ter todas as
soluções já boladas para os problemas que poderão surgir; e, então, poderemos fazer. Se é
assim que nós agimos, então, nós estamos operando com a nossa força, e não crendo no
impossível que Deus pode fazer.
Quando os presbíteros de nossa igreja sentem fortemente que Deus está liderando de
certa maneira, então nós decidimos o que é que Deus quer que façamos; aí comunicamos à
igreja que cremos que Deus está indicando isso ou aquilo, mas que nós não temos os
recursos para aquela obra; e aí, dizemos: “Vamos crer em Deus para que isso seja verdade”,
Então, quando Deus realiza aquela coisa, há um momento de grande vitória para a igreja,
pois as pessoas estão vendo Deus operando.
Mas, tenho receio que em muitas igrejas ninguém tenha a oportunidade de ver Deus
fazendo as coisas, porque não há aquele desafio, aquela oportunidade de exercitar a fé dos
crentes, de crer no impossível. Isso fica evidente mesmo em algumas perguntas que foram
feitas aqui; porque vocês perguntaram: “Como isso pode acontecer em uma igreja
presbiteriana?” “Como eu posso mudar meu ministério em uma igreja batista?” ou “Como eu
posso vencer esse problema em uma organização metodista?”
Bem, nenhuma destas coisas é difícil demais para Deus realizar. Ele pode fazer isso
e, se cremos em Deus, quando acontecer a coisa, daremos a Ele toda a glória. Se sabemos
que é correto fazer daquela maneira, vamos levar a Ele e deixar que ele realize a obra.
Temos que ser líderes como Moisés; é muito difícil imaginar que o povo todo seguiu a
Moisés através do Mar Vermelho; eu acho que eu teria ficado em pé Alina margem e diria:
“Moisés, você tem certeza que essa água toda vai ficar empilhada aí? Como podemos ter
certeza de que quando estivermos lá no meio, essa água toda não vai desabar?” E Moisés
teria respondido: “O Senhor disse que ia ser assim; temos que crer nele.” Se você pensar, foi
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 45
difícil aquela situação... Mas nós precisamos ser líderes como Moisés, que conduz o povo
em atos de fé, dando passos de fé.
Então, toda a vida de uma comunidade evangélica é uma aventura em si, e Deus está
tendo aquela oportunidade de constante de se revelar lá na igreja, fazendo coisas que nós não
somos capazes de fazer por nós mesmos.
Lembro-me de um home m de nossa igreja que tinha sempre um livro de anotações
em suas mãos. Um dia ele me disse: “João, quero orar por você; você poderia me dar vários
pedidos de oração?”; e ele estava com a caneta na mão. Achei um pouco estranho, mas deilhe duas ou três coisas para que ele orasse. Ele anotou os pedidos, agradeceu muito e foi
embora. Duas semanas mais tarde ele veio me procurar, abriu o caderno naquelas páginas, e
disse: “Escute, João, e aqueles pedidos que você me deu? O que aconteceu?” Então, eu disse:
“Olhe, realmente eles foram respondidos.” E ele escreveu alguma coisa do lado de cada
pedido e pôs a data. Aí, ele virou para a página do dia, e disse: “Agora me dê mais alguns
pedidos”. Ele estava enchendo aquele caderno de anotações. Mais tarde, eu fui à sua casa, e
ele tinha 13 cadernos cheios, e estava enchendo o 14º; e todos aqueles cadernos estavam
cheios de atos de fé em Deus!
Se eu perguntasse a ele: “Você crê no poder de Deus?”, ele diria: “Sim! O que é que
você quer que Ele faça agora?! Pode dizer qualquer coisa aí que eu encontro aqui no meu
fichário!” Portanto aí está um homem que se colocava na posição de ver Deus operando. Se
vamos ser bem sucedidos, temos que ser líderes que levamos o povo a crer em Deus ou,
então, faremos de Deus um mentiroso. Vamos agora para a 11ª. Característica. Igrejas bem
sucedidas são caracterizadas por:
11.- UM ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO.
Elas não estão sempre recebendo, tomando; estão sempre dando. Creio que esta é
uma coisa muito importante.
Uma das coisas que temos tentado ensinar ao nosso povo é como dar. Trabalhamos
muito duro para chegar à compreensão do ensino bíblico sobre o dar. Eu não tenho tempo
agora de dar um estudo bíblico sobre o assunto, mas deixem-me dizer como é que nós
costumamos ensinar ao povo sobre esse dar sacrificial. Quero acrescentar que uma igreja
nunca será bem sucedida até que o povo possua um conceito de sacrifício em dar. E isso
precisa ser ensinado a eles da Palavra de Deus.
Deixem-me dar uma visão geral disso através da Bíblia. Vou dividir a história da
Bíblia em três seções: Antes de Moisés; de Moisés até Cristo, e de Cristo até hoje. Em cada
um destes períodos aparecem alguns padrões de como se deve dar. Talvez você esteja
ensinando sobre o dízimo, talvez, não.
Deixe-me tentar ajudá-lo a ver o padrão bíblico. Em cada um destes três períodos o
sistema de dar era o mesmo. Vamos primeiramente considerar o período antes de Moisés.
Havia ali dois tipos de ofertas: as ofertas exigidas e as ofertas voluntárias. A oferta requerida
aparece no livro de Gênesis; e, em todo o tempo antes de Moisés aparece uma vez apenas em
que Deus requereu uma certa quantidade, e não há nenhum outro mandamento de Deus sobre
o mesmo assunto. E essa única vez em todo o período pré-mosaico em que Deus requereu
uma quantidade específica foi no Egito, quando eles iam ter sete anos de fome, e Deus exigiu
que houvesse uma taxação de 1/5; todo mundo tinha que pagar 20% de imposto. E esse foi o
único registro de uma quantidade específica que foi requerida por Deus no período prémosaico. Todos os outros tipos de contribuição que aparecem naquele período foram ofertas
voluntárias.
A primeira oferta voluntária foi a de Abel, e Deus se agradou dela. Não sabemos
quanto que Abel deu, quantos por cento; não sabemos quantas vezes ele dava; era
simplesmente um ato voluntário de um coração agradecido.
DOZE MARCAS DE UMA IGREJA BEM SUCEDIDA - JOHN MACARTHUR – Pág. - 46
Depois, vemos a oferta de Noé, quando ele constrói aquele altar e oferece o
sacrifício; mas não sabemos qual a quantidade que ele deu; não sabemos qual é a freqüência
daquela oferta; mas, novamente era uma oferta voluntária, um sacrifício de amor.
Vemos, novamente, uma oferta de Abraão a Melquisedeque; mas, não havia uma
ordem para que ele desse 10%. Abraão viveu até 160 anos e a Bíblia não cita se ele deu 10%
em alguma outra ocasião de sua vida. E os 10% que ele deu a Melquisedeque não foram 10%
do seu salário, de sua renda; foi um décimo dos melhores despojos da guerra contra aqueles
reis; e foi uma coisa que Abraão, em seu coração, decidiu fazer. Não foi uma taxa específica
requerida por Deus. Por isso, creio que essa oferta deve ser incluída na área de ofertas
voluntárias. Agora, mais tarde, Jacó ofereceu a Deus o dízimo, mas não recebeu nenhuma
ordem para fazê-lo; aliás, ele o fez de uma maneira má, tentando subornar a Deus.
Então, no período pré-mosaico, houve muitas ofertas e somente duas delas foram
ofertas de 10% e foram voluntárias, isto é, não ligadas a qualquer ordem recebida de Deus.
De fato, muitos dos povos pagãos da época costumavam dar o dízimo para os seus deuses.
Esta era uma maneira costumeira de fazer as ofertas e, a razão para esse tipo de oferta é
porque temos 10 dedos e esta é a maneira básica de se contar. Assim, cada pessoa tira 1/10,
como representação do todo.
Verificamos, então, no período pré-mosaico que as ofertas requeridas foram aqueles
impostos no período de sete anos de fome, e as ofertas voluntárias, eram: quanto você quiser
dar. Podia ser 1/10, ou qualquer outra coisa.
Agora, nós chegamos ao período de Moisés a Cristo. Observamos os mesmos dois
tipos de ofertas. O primeiro tipo é a oferta requerida. Havia vários tipos de taxas ou impostos
requeridos. Em primeiro lugar, vinham os dízimos dos levitas. Os judeus tinham que dar
1/10 de tudo o que eles conseguissem arrecadar durante o ano. E isto ia para os levitas. Eles
eram os sacerdotes e, uma vez que Israel era uma nação teocrática, eles eram os agentes do
governo; de tal maneira isso funcionava, que estes impostos deveriam ser dados aos levitas
para que eles cuidassem dos pagamentos das pessoas que governavam.
Havia um 2º dízimo anualmente; e estes segundos 10% eram designados para a vida
social da nação. E com o dinheiro recolhido do segundo dízimo eram comprados os
alimentos para aquele grande banquete que eles tinham em Jerusalém, ou para as festas
judaicas. Era o dinheiro que estimulava as atividades sociais do povo. Mas havia também um
3º dízimo, só que esse era pago de três em três anos, e era dedicado aos pobres, viúvas e
órfãos; ou seja, era uma taxa de bem estar social.
Portanto, a cada ano o judeu pagava: 10% + 10% + 1/3 de 10%, ou seja, 23,33%.
Além de não poderem colher as espigas que cresciam nos campos, de tal maneira que os
pobres podiam se alimentar daquelas colheitas; eles também tinham que pagar uma pequena
taxa para o templo. Se eles deixassem para trás alguma coisa sem ser recolhida, eles não
podiam voltar para pegar; deveria ser deixado para os pobres e necessitados.
Assim, podemos dizer que, somando tudo, cada judeu dava mais ou menos 25% por
ano como oferta requerida. E esses 25% que vemos como ofertas requeridas neste período de
Moisés a Cristo correspondem àqueles 25% que o povo tinha que pagar no Egito; a
proporção é mais ou menos a mesma.
Agora, alem destas taxas todas havia também as ofertas espontâneas. E estas eram
quando eles queriam dar, e o que eles queriam dar. Provérbios fala sobre isso quando diz que
eles deviam dar a Deus o melhor do que eles possuíam; e se eles fossem generosos, eles
receberiam um grande retorno em bênçãos.
Quando eles construíram o tabernáculo, receberam a instrução de que cada um
deveria dar com alegria, segundo o seu coração. Podiam dar o que quisessem, e quanto
quisessem; e a reação do povo foi tão positiva, eles deram tanto, que tiveram que espalhar a
notícia de que não precisavam trazer mais, pois já havia mais do que o suficiente para a obra.
Seria uma coisa muito interessante para fazer no domingo: chegar ao ponto de dizer ao povo:
“Vocês já deram o suficiente; não precisam dar mais...”.
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Vemos, então, que no 1º período, o pré-mosaico, Deus está falando duas coisas:
pague seus impostos e dê a Deus aquilo que você desejar em seu coração. No 2º período, de
Moisés até Cristo, é a mesma coisa: pague seus impostos e, além disso, dê a Deus aquilo que
você quiser em seu coração. E a mesma coisa acontece de Cristo até hoje! Jesus colocou
desta forma: “Daí a césar o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Pague seus impostos,
e dê a Deus o que você quiser!
Romanos 13 diz: “A quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto”. E quanto às
ofertas voluntárias?! Paulo, o apóstolo diz que não temos que dar por necessidade, mas com
um coração espontâneo, alegre. E quanto nós devemos dar?! 2 Coríntios 8 nos diz que temos
que dar como os macedônios – sacrificialmente. E há um grande versículo no capítulo 9: está
escrito que se nós semearmos pouco, pouco colheremos; mas se nós semearmos em
abundância, em abundância colheremos.
Então, quando o povo pergunta: “Pastor, quanto eu devo dar?”. Eu respondo com
outra pergunta: “Quanto você quer receber?” porque aquilo que você dá, você está
investindo com Deus, e você vai receber o retorno! O nosso povo precisa aprender isso: você
paga os impostos e dá a Deus o que o seu coração disser para dar. Mas o seu dar deve ser
sacrificial. Quando você investe com Deus, Deus dará a você o retorno. Em Lucas 6:38,
lemos: “daí, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente
vos darão”.
É necessário que entendamos que devemos ensinar o povo a dar sacrificialmente,
com aquele conceito de que eles nunca vão conseguir dar mais do que Deus pode nos dar. E
lembrem-se que aqueles 10% do dízimo nunca teve alguma coisa a ver com as ofertas
voluntárias; sempre está relacionado àquelas ofertas requeridas. O paralelo de hoje é: “Pague
seus impostos. É um ato de adoração; e aí, então, dê a Deus aquilo que está em seu coração.
Quando ensinei estes princípios ao povo da nossa igreja, e ensinei que tudo aquilo
que eles dessem era um investimento, e que Deus haveria de dar o retorno, as ofertas
aumentaram assustadoramente, e nós fomos capazes de realizar todas aquelas idéias e
projetos que Deus havia colocado em nossos corações.
E, finalmente, a 12ª característica! Uma igreja bem sucedida é caracterizada por:
12.- UMA ATITUDE DE LOUVOR E ADORAÇÃO.
Nós podemos dizer muito sobre esse assunto, mas, infelizmente, não temos muito
tempo... Mas precisamos fazer o povo entender que eles precisam adorar a Deus. Precisamos
liderá-los à confissão de pecados; precisamos ensiná-los a orar inteligentemente; temos que
ensiná-los a meditar sobre a natureza de Deus; a meditar sobre os Seus atributos.
É muito bom fazer com que o nosso povo leia o livro dos Salmos. É tão fácil a gente
ficar concentrado apenas na pessoa de Cristo, que é tão maravilhoso. Mas, se nós falamos só
de Cristo, ficamos impedidos de ver o quadro todo. Outras vezes, ficamos preocupados e
concentrados no Espírito Santo; e este, novamente, não é o quadro todo. Veja que o
ministério do Espírito Santo é glorificar a Cristo, e o ministério de Cristo é nos revelar o Pai.
Assim, até chegarmos ao ponto de realmente conhecermos a Deus, nós ainda não
atingimos a maturidade. E você pode ver isso em 1 João 2:12,13. Lá aparecem três níveis de
maturidade espiritual. No versículo 13 aparecem pais, jovens e filhinhos; e estes são os três
níveis de crescimento espiritual.
Em primeiro lugar, observem a palavra “filhinhos” no início do vers14; esses
filhinhos mencionados aqui significam “nenezinhos”. Esse é o nível mais básico do
crescimento espiritual, e eles têm alguns problemas. De acordo com Efésios 4:14, são
aqueles que são levados ao redor por todo o vento de doutrina. Eles não têm muito
discernimento, mas são caracterizados através de uma declaração: “Filhinhos, eu vos escrevi
porque conheceis o Pai”; e isso é verdade em uma criança; ela reconhece os seus pais, mas
não muito mais do que isso.
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Mas o 2º nível, então, de crescimento espiritual é: “Jovens”; e a declaração aqui é:
“porque tendes vencido o maligno”. E, no versículo 14 há uma complementação: “eles
venciam o maligno porque eram fortes”. E a Palavra de Deus permanece neles; e é por isso
que eles venceram o maligno. Vemos que os nenês não venceram o maligno; o maligno
opera através da religião falsa; Satanás trabalha através das mentiras, e as crianças, muitas
vezes, são vítimas desta tática. Mas jovens espiritualmente falando, são fortes na Palavra;
então, aquelas doutrinas falsas de Satanás não atraem os jovens. Vemos que o jovem é
aquele que conhece as verdades da Palavra de Deus; ele conhece a teologia, conhece as
doutrinas. Mas não termina aí, porque o nível espiritual mais alto é o pai espiritual. E em
dois lugares ele diz: “Pais, eu vos escrevo porque conheceis Aquele que existe desde o
princípio”. E isto é além da doutrina; é conhecer o Deus que está atrás deste livro, a Bíblia.
Este deve ser o alvo constante de cada crente: atravessar a página para encontrar
Aquele com quem ele tem aquele relacionamento pessoal. Nós não queremos apenas crentes
que conheçam a teologia; queremos crentes que andam com Deus. Por isso devemos ter
igrejas onde Deus é exaltado, onde Deus é glorificado. Você já percebeu que nos Salmos há
muito mais louvor e adoração do que petição? E quanto mais nós elevamos, exaltamos e
adoramos a Deus, mais confiança temos em nosso viver diário.
Deixem-me ilustrar com minha própria vida: Freqüentemente eu cultuo a Deus. Eu
adoro a Deus através de duas coisas: recitando os seus atributos e falando dos seus feitos. Se
eu tenho um problema ou uma dificuldade, então, eu vou falar mais ou menos assim: “Deus,
tu és onisciente, tu és eterno, tu és imutável, tu és todo-poderoso, tu és justo e gracioso e
amoroso e disponível. Tu és o Deus que fizeste o Universo. Tu és aquele Deus que espalhou
as estrelas no espaço; tu és aquele Deus que formaste a Terra, e que fizeste o homem do pó
da terra; o Deus que abriu o Mar Vermelho; o Deus que trouxe o Messias para o mundo; o
Deus que o ressuscitou dos mortos. Agora, ó Deus, tem esse diácono aqui que está me dando
problemas... Será que o Senhor pode dar um jeito nele?!”
Algumas vezes nós nem mesmo precisamos pedir... Nós apenas precisamos louvar e
adorar a Deus, e lembrarmo-nos quem ele é, e lembrar que Ele está do nosso lado. Por isso é
importante que ensinemos o povo a adorar a Deus.
Creio que talvez sejam estas aquelas doze características importantes que nós
devemos lembrar e aplicar em nossas igrejas. Eu oro e peço a Deus que estas coisas sejam
eficazes e aconteçam em sua igreja.
Quero acrescentar que essa oportunidade de compartilhar com vocês tem sido para
mim um privilégio muito grande. Estarei orando por vocês, para que Deus os abençoe de
uma maneira nova. Gostaria de pedir que vocês também orassem por nós, para que a nossa
igreja também incorpore essas características. Que o Senhor nos abençoe! Amém!
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