Dupla Revolução (1)

Propaganda
A ERA DAS
REVOLUÇÕES
Avançada 07
A Dupla Revolução
“ Se a economia do mundo do século XIX foi formada principalmente sob a influência da
revolução industrial britânica, sua política e ideologia foram formadas fundamentalmente
pela Revolução Francesa. A Grã-Bretanha forneceu o modelo para as ferroviais e fábricas,
o explosivo econômico que rompeu com as estruturas socioeconômicas tradicionais do
mundo não-europeu; mas foi a França que fez suas revoluções e a elas deu suas ideias, a
ponto de bandeiras tricolores de um tipo ou de outro terem se tornado o emblema de
praticamente todas as nações emergentes (...).”
(HOBSBAWM, 2010, p. 98)
Revolução Industrial
a)
O conceito de revolução aplica-se para as transformações na produção do século XVIII e
XIX?
b)
Divisão:
•
Primeira Revolução Industrial: renovação do sistema fabril pela energia a vapor
•
Segunda Revolução Industrial: difusão da industrialização, eletricidade, química
•
Terceira Revolução Industrial: tecno-científica
As máquinas: A introdução das máquinas nas fábricas permitiu a contratação de mão-de-obra cada
c)
vez menos especializadas
•
•
•
1767 – Spinning jenny
1769 – Water Frame
1785 – Máquina a vapor de James Watt
d) A formação do movimento operário:
•
Ludismo (quebradores de máquina) e Cartismo (petição ao Parlemento)
•
Sindicatos
•
Greve
O Pioneirismo Inglês
“Qualquer que tenha sido a razão do avanço britânico, ele não se deveu à superioridade
tecnológica e científica (...). Felizmente poucos refinamentos intelectuais foram
necessários para se fazer a revolução industrial. Suas invenções técnicas foram bastante
modestas, e sob hipótese alguma estavam além dos limites de artesãos que trabalhavam
em suas oficinas ou das capacidades construtivas de carpinteiros, moleiros e serralheiros:
a lançadeira, o tear, a fiadeira automática (...). “
“Contudo, as condições adequadas estavam visivelmente presentes na Grã-Bretanha,
onde mais de um século se passara desde que o primeiro rei havia sido formalmente
julgado e executado pelo povo e desde que o lucro privado e o desenvolvimento
econômico tinham sido aceitos como supremos objetivos da política governamental (...) “
“O comércio colonial tinha criado a indústria algodoeira, e continuava a alimentá-la. No
século XVIII ela se desenvolvera perto dos maiores portos coloniais: Bristol, Glasgow e,
especialmente Liverpool, o grande centro do comércio de escravos (...)
E dentro deste mercado exportador em expansão, por sua vez, os mercados colonial e
semicolonial, por muito tempo os maiores pontos de vazão para os produtos britânicos,
triunfaram. (...) Duas regiões merecem particular atenção. A América Latina veio
realmente depender de importações britânicas durante as guerras napoleônicas, e, depois
que se separou de Portugal e Espanha (...). A Índia foi sistematicamente
desindustrializada e passou de exportador a mercado (...). ”
“Felizmente estas desvantagens afetavam menos a mineração, que era principalmente a do
carvão, pois o carvão tinha a vantagem de ser não somente a principal fonte de energia
industrial do século XIX, como também um importante combustível doméstico, graças
em grande parte à relativa escassez de florestas na Grã-Bretanha (...) Portanto, a
mineração do carvão quase não exigiu nem sofreu uma importante revolução tecnológica
no período que focalizamos. Suas inovações foram antes melhorias do que
transformações da produção, mas sua capacidade já era imensa e, pelos padrões mundiais,
astronômica. Em 1800, a Grã-Bretanha deve ter produzido cerca de 10 milhões de
toneladas de carvão, ou aproximadamente 90% da produção mundial. Seu competidos
mais próximo, a França, produziu menos de 1 milhão.”
(Ibdem, p. 82)
Movimento Movimento operário e socialismo: A Greve, de Robert Kochler, 1886
operário e socialismo: A Greve, de Robert Kochler, 1886
Multidão e “classes perigosas”
Transformação do Espaço
Berlim, 1850: 378 mil hab.
Transformações do Tempo
•
Alienação do trabalho
•
Disciplinarização do corpo: sobreposição
do tempo mecânico ao tempo biológico.
•
Criação de espaços e instrumentos de
disciplinarização: escola, fábrica.
A reação Romântica
Maldito, maldito criador! Por que eu vivo? Por que não extingui, naquele instante, a
centelha de vida que você tão desumanamente me concedeu? Não sei! O desespero
ainda não se apoderara de mim. Meus sentimentos eram de raiva e vingança. Quando a
noite caiu, deixei meu abrigo e vagueei pelos bosques. (...) Oh! Que noite miserável
passei eu! Sentia um inferno devorar-me, e desejava despedaçar as árvores, devastar e
assolar tudo o que me cercava, para depois sentar-me e contemplar satisfeito a
destruição. Declarei uma guerra sem quartel à espécie humana e, acima de tudo, contra
aquele que me havia criado e me lançara a esta insuportável desgraça!
(Mary Shelley. Frankenstein. 2a ed. Porto Alegre: LPM, 1985.)
Friederick, Gaspar. Viajante junto ao mar de névoa, 1815.
Revolução Francesa
a)
A França no século XVIII
•
Sociedade juridicamente e politicamente dividida em três Estados -1º Estado (o Clero); 2º Estado
(Nobreza); 3º Estado (A plebe, ou o povo Frances)
•
Economia: controlada pelo Estado, majoritariamente rural, pequena industria manufatureira de
artigos de luxo, disputa com a Inglaterra pelo controle comercial.
•
Política: endividamento do Estado, envolvimento na Guerra dos Sete Anos e Independência dos
EUA, aumento dos impostos e declínio agrícola (fatores climáticos).
b) Convocação dos Estados Gerais (1788-1789) :
•
tentativa de conter a crise, demissão dos ministros Turgot e Necker que propuseram reformas –
Ciranda dos Ministros (1781-1788).
•
Pressão para o aumento do número de representantes do 3° Estado e posteriormente por votação
por cabeça – Juramento da Sala do jogo de Pela (1789)
•
Reação popular – Tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789 - Grande Medo – levantes no
campo.
Revolução Francesa
c) Assembleia Nacional (1789 – 1792)
•
Abolição dos direitos feudais
•
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
•
Constituição Civil do Clero – laicização do Estado e subordinação da Igreja
•
Grupos Políticos: Jacobinos (pequena burguesia – radicais e republicanos- esquerda)
Planicíe (centro – moderados)
Girondinos ( grande burguesia – conservadores e Monarquia
Constitucional – direita)
•
Influência dos Girondinos
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
(26 de agosto de 1789)
Artigo 1. Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As distinções sociais não podem ser
fundamentadas senão sobre a utilidade comum.
Artigo 2. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do
homem. Esses direitos são: a liberdade, a prosperidade, a segurança e a resistência à opressão.
Artigo 3. O princípio de toda soberania reside essencialmente na nação; nenhum corpo, nenhum indivíduo
pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
Artigo 17. Sendo a propriedade um direito inviolável e sagrado, dela ninguém pode ser privado, salvo quando
a necessidade pública, legalmente verificada, o exigir evidentemente e com a condição de uma justa e prévia
indenização.
Revolução Francesa
a)
A Convenção Nacional (1792-1795):
•
A contrarrevolução (interna – Revolta da Vendéia e externa – Organização das Monarquias)
•
Tentativa de fuga de Luis XVI e a perda de prestígio dos girondinos.
•
Declaração da Pátria em Perigo – mobilização total para conter a contrarrevolução, formação de
um Exército Revolucionário.
•
Política do Terror (perseguição da oposião)
•
Organização de comitês, Nova Constituição, Sufrágio Masculino, Julgamento e execução de
Luis XVI e da família real, Guarda Nacional, Confisco das terras da Igreja e da Nobreza.
•
Lei do Maximus (congelamento dos preços e salários)
•
1794 – Queda de Robespierre
b) O Diretório (1795 – 1799):
•
3ª Constituição, voto censitário, Governo de orientação Liberal, sem apoio definido, crise
econômica, constantes insurreições contra este governo (Conjura dos Iguais – Graco Babeuf,
Insurreições Monarquistas)
•
18 de Brumário e a tomada de poder por Napoleão Bonaparte.
Transformação de ideias
A França forneceu vocabulário e os temas da política liberal e radical
democrática para a maior parte do mundo. A França deu o primeiro grande
exemplo, o conceito e o vocabulário nacionalismo
(Eric Hobsbawm, A era das Revoluções.)
Nação e Nacionalismo
Monet, Claude.
Rue Montargueil with Flags, 1878.
1. (Unesp 2012)
Noite após noite, quando tudo está tranquilo
E a lua se esconde por trás da colina,
Marchamos, marchamos para realizar nosso desejo.
Com machado, lança e fuzil!
Oh! meus valentes cortadores!
Os que com golpes fortes
As máquinas de cortar destroem.
Oh! meus valentes cortadores! (...).
(Canção popular inglesa do início do século XIX. Citada por: Luzia Margareth Rago e Eduardo F. P. Moreira. O que é Taylorismo, 1986.)
A canção menciona os “quebradores de máquinas”, que agiram em muitas cidades inglesas nas
primeiras décadas da industrialização. Alguns historiadores os consideram “rebeldes ingênuos”,
enquanto outros os veem como “revolucionários conscientes”. Justifique as duas interpretações
acerca do movimento.
2. (UFRJ 2009) Entre os séculos XVII e XIX, a Europa foi sacudida por uma série de
revoluções sociais que resultaram na constituição do sistema político liberal e democrático. Entre
elas destacaram-se as revoluções inglesa de 1688 e francesa de 1789.
Indique um princípio de natureza econômica e outro de natureza política presentes nessas duas
revoluções.
Download