Simpósio A interpretação da Análise do Comportamento para

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Simpósio
A interpretação da
Análise do Comportamento
para alguns eventos
privados, mas observados
nas relações amorosas
Coordenador da mesa:
Prof. Mestre Thiago de Almeida
“o começo é cheio de
possibilidades, uma vez que
contêm
a
promessa
da
completude. Através do amor,
imaginamos uma nova forma de
ser. Você me vê como eu nunca
me vi. Você esconde minhas
imperfeições, e gosto do que
você vê. Com você, e por seu
intermédio, hei de me tornar o
que desejo ser. Hei de me
tornar inteiro. Ser escolhido
por quem você escolheu é uma
das glórias do apaixonamento.
Faz a gente se sentir
extremamente valorizado. Eu
sou importante. Você confirma
o que significo” (Perel, 2007,
p. 38).
Introdução
Foi Skinner quem introduziu o
conceito de evento privado
como sendo aquele evento
inacessível
à
observação
pública direta. Desde então o
termo tem sido usado por
analistas do comportamento
para
referirem-se
a
sentimentos,
pensamentos,
emoções, cognições e outros
tantos processos psicológicos
básicos
tradicionalmente
abordados pela Psicologia a
partir
de
referenciais
mentalistas ou cognitivos.
O que são sentimentos para a Análise Comportamental?
• são comportamentos aprendidos;
• produtos da comunidade verbal em que
interagimos;
• nos ensinam a descrever o que fazemos,
o que pensamos e o que sentimos;
• confere sentido a muitas de nossas
práticas.
A influência da comunidade
verbal para o ciúme romântico
Prof. Thiago de Almeida
(Pesquisador associado ao Laboratório de Avaliação Psicológica do Amor LAPA da Universidade Federal da Grande Dourados, UFGD, Brasil. e
Pesquisador associado ao Grupo de pesquisa e extensão sobre sexualidades GSEXs- UNESP, Brasil)
Home page: www.thiagodealmeida.com.br
Por que falarmos sobre o ciúme é importante?
•
•
•
•
•
o ciúme é uma emoção extremamente
comum a tal ponto de ser considerado um
fenômeno universal (Buss, 2000; Leite,
2000; Pines & Aronson, 1983), ;
Todos nós cultivamos certo grau de ciúme
(Almeida, 2008);
não raramente, sentimos alguma forma de
ciúme por algo ou alguém nas diversas
fases do relacionamento que vivencia
(Ramos, 2000).
Há que se ressaltar também a
existência de uma pluralidade de
entendimentos,
pelas
diferentes
culturas, no que se refere ao ciúme
(Almeida, 2007).
O ciúme romântico não somente é um dos
mais importantes temas que envolvem os
relacionamentos humanos, bem como um
desafio para muitos destes.
Skinner argumenta que
os
sentimentos
só
passam a existir como
tais quando um indivíduo
interage
com
uma
comunidade
verbal;
assim,
os
eventos
subjetivos ou privados
emergem do terceiro
nível de determinação a cultura.
Muitas
pessoas
não
imaginam o amor sem o
ciúme. Mas, será mesmo que
existe esta obrigatória
relação de dependência? Em
nossa sociedade ocidental,
parece que sentir ciúme é
uma contingência de caráter
quase que obrigatória para
se sentir amor e ter um
relacionamento satisfatório.
Assim, muitas pessoas não
conseguem imaginar o ciúme
não dissociado do amor.
Ao afirmar que fenômenos
emocionais, como o ciúme
romântico, são respostas
verbais destaca-se o papel
da comunidade verbal no
estabelecimento
de
discriminações e nomeação
de determinados aspectos
do
ambiente.
É
a
comunidade verbal que
ensina
o
indivíduo
a
discriminar, e em algumas
situações, a descrever
eventos emocionais, assim
como faz com eventos
públicos.
Para Menezes e Castro
(2001), o ciúme seria um
sentimento que ocorre em
uma situação que sinaliza
possibilidade de perda de
reforço
“para
outro
indivíduo, podendo envolver
a emissão de respostas
coercitivas que visam evitar
esta perda e a produção de
consequências reforçadoras
e/ou punitivas
para
o
comportamento
dos
indivíduos envolvidos” (p.
20).
No que se refere à instalação
do sentimento de ciúme, as
autoras Menezes & Castro
(2001)
apontam
além
de
reforçamento
positivo
e
negativo,
generalização
e
imitação. Acrescenta-se a tais
contingências o controle do
comportamento por regras, uma
vez que a cultura prega que “o
ciúme é o tempero do amor”,
logo, “tenho que demonstrar
ciúme, senão ele(a) vai pensar
que não a(o) amo(a)”.
Conclusão
Logicamente, devemos considerar os
extremos: para diferentes pessoas, a
ausência de ciúme pode ser tão
perniciosa quanto seus excessos. Isso
quer dizer que algumas pessoas se
sentirão
lisonjeadas
com
as
manifestações mais efusivas de ciúme
por parte do outro, enquanto que,
para outras, até mesmo as mais
modestas expressões ciumentas não
são toleradas quando lhes são
dirigidas. Portanto, o ciúme eclode
das relações amorosas devido a
fatores tais como comparação,
competição e medo da substituição
pelos rivais.
A arte da paquera sob o enfoque behaviorista
Vitor Vitorino do Nascimento (UFGD)
e Prof. Mestre Thiago de Almeida
(Pesquisadores associados do LAPA –
Laboratório de Avaliação Psicológica do Amor)
O que é Sedução?
Etimologicamente, seduzir vem do latim seducere
e significa enganar, desviar. A pessoa apaixonada
é emotiva, dócil e pode ser facilmente enganada,
trapaceada, explorada.
A sedução também corresponde a um processo de
seleção sexual, sendo esta a segunda teoria
evolucionista de Darwin que “pressupõe a evolução
de características não por causa das garantias de
sobrevivência que oferece aos organismos, mas da
vantagem nas conquistas dos parceiros” (Buss,
2011; pág. 14).
• O comportamento sedutor pode ser
entendido como um conjunto de estratégias
que tem por objetivo a promoção de
comportamentos adequados para receber e
demonstrar seu interesse por outra pessoa
e como um comportamento operante, já que
as respostas apresentadas pelos indivíduos
vão
depender
das
contingências
apresentadas, como um sorriso que reforça
o comportamento de olhar à pessoa de
interesse.
Breve História dos Pick Up
Artists
A partir dos anos 1970, com início nos
EUA, um conjunto de pessoas intituladas
Pick Up Artists (PUA), estudam e se
dedicam a arte da sedução, com diversos
métodos, embora não saibam explicar,
produzem
resultados
práticos.
Por
tentativa e erro, apresentam eficácia
embora
não
sejam
cientificamente
reconhecidos.
• Escalada física;
• Isolamento social;
• “Push and pull”
Escalada física
Pode
ser
entendida
como
a
progressiva passagem dos toques de
uma zona neutra para uma zona mais
íntima.
Princípios behavioristas relacionados
→Dessensibilização (técnica) expondo
gradativamente
a
estimulação
relacionada ao seu toque.
• Diminui o papel aversivo de
estímulos
eliciadores
condicionados.
Habituação (processo) quando o
estímulo se torna inefetivo para
eliciar os respondentes.
“Push and pull”
• Consiste
em
alternar
períodos de reforço variável
com extinção, de modo que a
outra pessoa tenda a emitir
comportamentos desejados
• Princípio
behaviorista
relacionado: Reforçamento
intermitente
Isolamento social
• Elimina
as
contingências
sociais
reforçadoras
concorrentes em detrimento
das contingências manipuladas
por você.
• Principio
behaviorista
relacionado: Privação
• Deixar a pessoa avo privada de
outros reforçadores sociais,
por consequência, aumenta o
valor
reforçador
dos
reforçadores oferecidos por
você.
Conclusão
O Behaviorismo tem muito a
contribuir com os estudos
sobre
o
comportamento
sedutor por permitir, através
da análise do comportamento,
identificar
que
comportamentos tendem a ser
extintos e quais tendem a ser
reforçados, observar limiares
de resposta, e contribuir para
um maior índice de sucesso nas
interações afetivas.
Discutindo o relacionamento
entre a Psicologia do Amor e
a Análise do Comportamento
Prof. Dr. Paulo Roberto dos Santos Ferreira (UFGD)
e Prof. MestreThiago de Almeida
De acordo com Snyder & Lopez
(2009):
“o amor,
em todas as
suas
manifestações, seja por crianças, por
pais, por amigos, seja por parceiros
românticos, dá profundidade aos
relacionamentos
humanos.
Especificamente, o amor aproxima as
pessoas física e emocionalmente.
Quando vivenciado com intensidade,
faz com que as pessoas pensem de
forma mais ampla sobre si mesmas e
sobre o mundo” (p. 275).
Amor e Análise do Comportamento
• O amor é uma expressão bastante cotidiana, presente nos
livros, filmes, poemas, músicas e tem dimensões diferentes
para cada pessoa. O comportamento amoroso que identificamos
em alguns relacionamentos afetivossexuais é uma mistura de
sentimentos diversos. Podemos compreender o amor
comportamentalmente enquanto um conjunto diversificado de
sentimentos, distintas instâncias comportamentais e múltiplas
classes de respostas encobertas que, embora ocorrendo com
uma grande variabilidade topográfica, estão funcionalmente
relacionadas entre si, por meio do compartilhamento de
estimulações que acabam contribuindo para caracterizá-lo. São
inerentes ao ser humano, levando-se em consideração que
aprender a amar torna o amor essencialmente humano, tendem
a se perdurar e possuem inúmeras formas reconhecidas de
manifestação.
• Amar alguém, em primeira análise significa,
então, reconhecer uma pessoa como fonte real
ou potencial para a própria felicidade e
satisfação pessoal. E, não há como negar que
existem propriedades reforçadoras no amor e
também há algumas necessidades implicadas na
relação amorosa, dentre elas a de companhia
humana, alguém para compartilhar valores,
sentimentos, interesses e objetivos, bem como
de suporte emocional, tendo alguém devotado a
nosso bem-estar, um aliado face aos desafios da
vida, e a de autoconsciência e autodescoberta,
que se obtém mediante o processo de
intimidade e confrontação com outro ser
humano.
Introdução
• A Psicologia do Amor trata de um conjunto
complexo
de
fenômenos
de
importância
inquestionável na vida da maioria das pessoas.
Envolve uma grande diversidade de explicações e
teorias de natureza literária, filosófica e
psicológica que datam da origem das respectivas
disciplinas. Há poucas áreas psicológicas que
recebem o mesmo grau de atenção do grande
público. Por outro lado, esse importante campo de
estudo do comportamento humano é pouco estudado
pelos Analistas do Comportamento, sendo em
grande parte dominado por perspectivas teóricas
advindas da Psicologia Social e Psicologia Cognitiva.
• A interpretação do comportamento tem sido
desde há muito tempo ocupada por
explicações que não se fundamentam em
critérios objetivos na identificação de variáveis
e das relações funcionais entre os eventos.
• Curioso é que o amor não seja um tema
recente na produção cultural ocidental. Para
exemplificar, em O Banquete Platão trata do
tema. Não se trata, portanto, de um tema
supérfluo, a se considerar a atenção a ele
dada por importantes produtores de cultura.
• De fato, Skinner, em Questões recentes da
Análise do comportamento, ao discutir sobre o
tratamento científico comportamental dos
afetos, discorre sobre o amor. Mas, a sua
interpretação é bastante sucinta e não inspira a
produção de pesquisa em torno do tema.
• Em suma, fica em questão se o objeto de estudo
da psicologia do amor, ou seja, as relações
amorosas, é de fato reconhecido pelos analistas
do comportamento como um objeto de estudo
cientifico, ou é apenas concepção cognitivista ou
vulgar que deve ser traduzida pelos analistas do
comportamento, quando for o caso.
Uma interpretação comportamentalista radical de
qualquer fenômeno psicológico estará pautada em:
• A - descrição objetiva de eventos observáveis;
• B - controle experimental na identificação de
relações funcionais;
• C - interpretação fundamentada de forma
consistente em resultados experimentais;
• D - evita uso de conceitos ou termos que se
refiram a níveis de observação não objetivos
(Skinner, 1950)
Proposta de estudo analista comportamental do
comportamento amoroso
• De um modo geral, o comportamento
amoroso envolve o intercambio de
variáveis independentes entre duas
pessoas, e é no estudo dos efeitos das
variáveis geradas pro um indivíduo sobre
o comportamento do outro que o analista
do comportamento deve se pautar ao
tratar do comportamento amoroso.
Conclusão
• Nesse sentido, as produções cientificas
próprias da Psicologia do amor permitem a
produtividade cientifica almejada pela AEC
na medida que permitem a identificação de
relações
funcionais
entre
variáveis
inerentes ao comportamento amoroso. Cabe
dizer que estão excluídas, com esse
critério, concepções que não se baseiam em
descrições objetivas e demonstrações de
correlações estatísticas que não levam a
identificação consistente de relações
funcionais.
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