Regionalização do espaço brasileiro: leituras contemporâneas II Profa. Dra. Rita de Cássia Ariza da Cruz FLG – 0386 – Regionalização do Espaço Brasileiro Esquema da Aula A proposta de Divisão Regional do Brasil de Milton Santos (1999) A Regionalização do Espaço Brasileiro segundo Ruy Moreira (2004) A proposta de Divisão Regional do Brasil de Milton Santos (1999) O autor Milton Santos Formou-se em Direito no ano de 1948, pela UFBA (Universidade Federal da Bahia), foi professor em Ilhéus e Salvador, autor de cerca de 40 livros, entre os primeiros: - "O Povoamento da Bahia" (48); "O Futuro da Geografia" (53); "Zona do Cacau" (55). Em 1958 retornou da Universidade de Estrasburgo, da França, com o doutorado em Geografia, trabalhou no jornal "A Tarde" e na CPE (Comissão de Planejamento Econômico-BA). Foi preso em 1964 e exilado. Passou o período entre 1964 a 1977 ensinando na França, Estados Unidos, Canadá, Peru, Venezuela e Tânzania. Foi o único brasileiro que recebeu o Vautrin Lud, uma espécie de Nobel de Geografia. Milton Santos morreu em São Paulo-SP, no dia 24 de Junho de 2001, aos 75 anos, vítima de câncer Pressupostos da proposta do prof. Milton Santos As diferenciações no território: “ A noção de desigualdade territorial persiste nas condições atuais. Todavia, produzir uma tipologia de tais diferenciações é, hoje, muito mais difícil do que nos períodos históricos precedentes. As desigualdades territoriais do presente têm como fundamento um número de variáveis bem mais vasto, cuja combinação produz uma enorme gama de situações de difícil classificação (Santos, 2001) Esboço da proposta Regionalização do Brasil segundo Milton Santos (1999) Fonte: SILVA, Simone Affonso, 2010. Região Concentrada O meio técnico-científico-informacional se implantou sobre um meio mecanizado, portador de um denso sistema de relações, decorrente, em parte de uma urbanização importante, ao padrão de consumo das empresas e das famílias e a uma vida comercial mais intensa; Atividades ligadas à globalização, belts modernos, aumento da importância dos capitais fixos, dos capitais constantes e da circulação. Região Centro-Oeste Área de “ocupação periférica” recente; O meio técnico-científico-informacional se estabelece sobre um território praticamente “natural” ou “prétécnico”, onde a vida de relações era rala e precária; Região produtora de uma agricultura globalizada, com alto consumo de fertilizantes e defensivos agrícolas e utilização de tecnologia de ponta. Nordeste Área de povoamento antigo, onde a constituição de um meio mecanizado se deu de forma pontual e pouco densa; Agricultura alicerçada sobretudo no trabalho, com baixos níveis de mecanização; Numerosos núcleos urbanos, mas com uma urbanização “raquítica” Amazônia Última a ampliar sua mecanização; Forte participação do transporte aéreo de cargas em função de sua geografia; Sua ocupação decorre de um conhecimento fundado em modernos satélites e radares; Existências de áreas de agricultura moderna e “cidadescogumelo”; Convivência entre sistemas de movimento modernos e rápidos e sistemas de movimento lentos (estes a serviço de atividades tradicionais). A Regionalização do Espaço Brasileiro segundo Ruy Moreira (2004) O autor Ruy Moreira Graduou-se (licenciado e bacharel) em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ em 1970 e tornou-se, mestre em Geografia por esta mesma Universidade em 1984) e em Geografia (Geografia Humana) pela USP em 1994. É professor permanente do curso de pósgraduação (mestrado e doutorado) da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde é aposentado pelo Departamento de Geografia, e professor permanente do curso de pós-graduação (mestrado) em Geografia da FFP-UERJ. É autor de 18 livros, diversos deles versando sobre o pensamento geográfico brasileiro. Seu primeiro livro foi publicado em 1984: MOREIRA, R.. O Movimento Operário e a Questão Cidade-Campo no Brasil. 1a.. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1984. Pressupostos da proposta do prof. Ruy Moreira “No Brasil, as sucessivas formas de divisão territorial do trabalho costuraram uma relação sociedade-espaço cujos efeitos sociais (distribuição das oportunidades de emprego e renda), econômicas (custos de produção e escoamento) e socioambientais (desarrumação dos arranjos do espaço) são evidentes, ensejando hoje pressões generalizadas por reconfigurações e mudanças. A evolucão seguiu no sentido de uma diferenciação e integração crescente do espaço brasileiro, até que as reformas que privatizam as empresas estatais fraturam e articulam a unidade nacional num modo de gestão do espaço ainda em andamento.” (Moreira, Ruy, 2014: 249) Esboço da proposta – a divisão regional do Brasil fundada na nova divisão territorial do trabalho Regionalização do Brasil segundo Ruy Moreira, 2004 Região do Polígono Industrial Áreas de industriais novas (indústrias intensivas em tecnologia, principalmente de bens de capital e bens duráveis); Processos de despolarização metropolitana e industrialização do interior; Destaque para as regiões de Campinas, São Carlos, São José dos Campos; Santa Rita do Sapucaí/Pouso Alegre e Belo Horizonte; Curitiba; Florianópolis; Porto Alegre e Caxias do Sul. Forte relação com os países do Mercosul. Região do Complexo Agroindustrial Região típica da modernização dos PNDs, que resulta em uma “sinonimização de planalto central e sojicultura”; Fruto de uma nova divisão do trabalho que dissolve o binômio latifúndio-minifúndio e separa agricultura e indústria, por um lado e, por outro, dissolve a indústria de beneficiamento, fazendo surgir o “complexo agroindustrial”; O que está por trás é um processo de re-regionalização tanto da indústria como da agricultura “em ramos especializados”, culminando na abertura da cidade e do campo “para uma ampla divisão técnica de trabalho”(269). Região dos Pólos Mineroindustriais, da Agroindústria Irrigada e da Indústria de Não Duráveis “Região nova no velho espaço nordestino “(271); “Indústria de bens de consumo de não duráveis migrada do Centro-Sul; pólos minero-industriais trazidos pelo PND II, agroindústria de fruticultura irrigada e velha agroindústria do açucar; Presença de setores da indústria de bens intermediários: polo mínero-alumínico do MA; químico de fertilizantes de SE; salgema de AL; petroquímico de Camaçari-BA; celulose e papel no MA e na BA (271-2). “Novo que vem de dentro e de fora. O defora se combinando aos centros manufatureiros e agropastoris antigos do de dentro”. Região da Fronteira Biotecnológica À fronteira ao mesmo tempo agrícola, mineral e energética soma-se, mais recentemente, a condição de fronteira biotecnolológica; Alvo da política de grandes projetos, em geral ligados a capitais privados do sudeste, dos governos militares; Grandes polos de agropecuária, madeira e mineração; destaque para o Projeto Grande Carajás e o polo mínero-estanífero (cassiterita) de Rondônia + grandes projetos de hidrelétricas (Balbina (1980) e Tucuruí (1984), por ex.). “O desenvolvimento da engenharia genética e da tecnologia de manipulação do DNA mudam d enovo a trajetória da Amazônia, jogando-a no rumo da exploração genética e da condição talvez mais importante fronteira bio(tecno)lógica do planeta”. (274) Divisões regionais do Brasil de Milton Santos e Ruy Moreira lado a lado Referências Bibliográficas BEZZI, Meri Lourdes. Região: uma revisão historiográfica – da gênese aos novos paradigmas. 1995. (Tese) Doutorado em Geografia. UNESP. MORAES, Antônio Carlos Robert. Geografia – pequena história crítica. 15ª ed.São Paulo: Hucitec, 1997. MOREIRA, Ruy. A formação espacial brasileira. Contribuição crítica aos fundamentos espaciais da geografia do Brasil. RJ: ed. Consequencia, 2014. SANTOS, Milton & SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil no início do século XXI. RJ: Record, 2001.