MALIGNIDADES CUTÂNEAS NO PACIENTE TRANSPLANTADO FABRICIO FURLAN Gerente Médico Pfizer Brasil INTRODUÇÃO Malignidades e transplante renal Acometimento de 2-8% dos pacientes transplantados Número subestimado 34-70% dos pacientes com 20 ou mais anos de Tx Incidência de malignidades (não-cutâneas) é 3,5 X maior que na população controle Mangino M, Schena FP. Skin cancer in renal transplant recipients. G Ital Nefrol. 2010 SepOct;27 Suppl 50:S75-80. Neoplasias Grupo I: câncer de pulmão, de mama, de próstata Grupo II: câncer de cólon, renal Grupo III: câncer de pele não-melanoma, sarcoma de Kaposi, PTLD Câncer de pele Melanoma Não-melanoma Carcinoma basocelular (CBC) Carcinoma espinocelular (CEC) Outros (neoplasias de anexos, sarcomas, linfomas) CARCINOMA ESPINOCELULAR Carcinoma espinocelular (CEC) Neoplasia mais comum do paciente transplantado Estudo dinamarquês comparou 5297 transplantados vs. 77.782 portadores de doenças crônicas: Risco nos transplantados renais: 81X maior Risco nos pacientes com IRC: 4,8X maior Jensen AØ et al. Skin Cancer Risk Among Solid Organ Recipients: A Nationwide Cohort Study in Denmark. Acta Derm Venereol 2010; 90: 474–479 CEC Estudo australiano mostrou a frequência de pacientes transplantados que desenvolveram neoplasia cutânea: 7%: primeiro ano de imunossupressão; 45%: 11 anos; 70% após 20 anos. Fatores de risco: tempo de imunossupressão, fototipo e exposição solar Bouwes Bavinck B et al. Transplantation 1996; 61:715-721. CEC Frequência de acordo com idade do paciente e tempo de transplante: Idade >50 anos: precoce, pico aos 6-8 anos pós-Tx; novo pico 10-12 anos pós-Tx Idade < 50 anos: tardio, 10-12 anos pós-Tx Moloney FJ et al. Br J Dermatol. 2006;154:498-504.// Tessari G et al. Arch Dermatol.2010;146:294-9 CEC UCSF Dermatologists CEC Dr Hebert Brandt CEC Patogênese Imunoss upressão HPV Radiação UV Fatores de risco Imunossupressão Diminuição da vigilância e da eliminação das células anômalas Potencialização dos estímulos oncogênicos Lesão do DNA e redução do reparo do DNA Estímulo para angiogênese, proliferação tumoral e produção de TGFβ Alberú J. Clinical Insights for Cancer Outcomes in Renal Transplant Patients. Transplant Proc 2010; 42: S36-S40 CEC Patogênese Radiação ultra-violeta Até 90% das lesões em áreas fotoexpostas Mutação do gene p53 Redução da imunidade (inibição das células de Langerhans) Fototipo CEC Patogênese HPV Verruga viral Mais de 100 tipos (16 e 18 = ca colo uterino) Transplantado carreia tipos de HPV de baixo e médio risco Prevalência de verrugas aumenta com tempo de transplante HPV 77 Proteína E6 viral inibe diretamente e indiretamente (via inibição do p53) a apoptose de queratinócitos DNA viral isolado em lesões de CEC (até 90% dos transplantados) Harwood CA et al. Human papillomavirus infection and non-melanoma skin cancer in immunossupressed and immunocompetent individuals. J Med Virol 2000; 61-289-297 CEC Lábio 0.78% to 2.48% dos transplantados renais (população normal: até 0,005%) Tabagismo e etilismo López-Pintor RM et al. Lip cancer in renal transplant patients. Oral Oncology 47 (2011) 68–71 CEC Características no CEC no paciente transplantado Idade mais jovem Incidência alta de múltiplas lesões Agressividade aumentada: crescimento rápido, risco maior de recidiva, metástases mais frequentes, óbito Martinez JC et al (Arch Dermatol 2003; 139:301-306): 68 pacientes com câncer de pele metastásico, sobrevida de 3 anos = 48% “Mão do transplante” •Penn I. Post-transplant malignancy: the role of immunossupression. Drug safety 2000; 23:101-113 •Lott DG. Aggressive Behavior of Nonmelanotic Skin Cancers in Solid Organ Transplant Recipients. Transplantation 2010;90: 683–687 CEC American Academy of Dermatology CEC American Academy of Dermatology CEC Fatores de risco História pessoal de câncer de pele (Bouwes Bavinck B et al. Transplantation 1996; 61:715-721 = 76% dos pacientes com história prévia desenvolveram novas lesões pós-Tx, média de 16,5 lesões/ paciente) Pele clara Sexo masculino CEC Fatores de risco História de exposição solar crônica e/ou queimaduras solares Idade avançada Tempo após Tx e intensidade da imunossupressão Presença de queratoses actínicas e verrugas vulgares (DD= corno cutâneo) Corno cutâneo Queratose actínica Sam Naficy Micscape Magazine PELE NORMAL pathologyoutlines QA CEC CEC Lesões de alto risco: Rápido crescimento, ulceração, limites indefinidos, lesões grandes; Localização no couro cabeludo; Histologia agressiva, invasão do subcutâneo, invasão perineural; Recidiva local; Lesões satélites; Múltiplos CEC; Paciente: idade avançada, imunossupressão adicional (QTX) Tratamento Cirúrgico Excisão e sutura (cirurgia micrográfica de Mohs) Curetagem e eletrocoagulação Crioterapia Radioterapia Quimioterapia Prevenção Medidas educacionais Proteção contra radiação UV; Exame dermatológico de rotina; Tratamento tópico das lesões pré-neoplásicas Ácido retinoico 5-Fluoracil Imiquimod Terapia fotodinâmica Lapointe AK et al. Swiss clinical practice guidelines for skin cancer in organ transplant recipients. Rev Med Suisse. 2010 Apr 28;6(246):854-9. Prevenção - quimioprofilaxia Acitretina Retinoide de 2º geração Uso crônico em baixas doses (0,3mg/kg/dia) Efeitos adversos importantes (dislipidemia, osteoporose, efeitos cutâneos) Descontinuação = rebote Capecitabina Pró-droga do 5-fluoracil Ciclos de 21 dias (14 dias recebendo dose de 1g/m2/dia) Efeito semelhante a acitretina Quimioprofilaxia - Capecitabina Endrizzi BT et al. Management of Carcinoma of the Skin in Solid Organ. Dermatol Surg 2009;35:1567–1572 Imunossupressão Uso dos inibidores da mTOR Diversos estudos têm demonstrado incidência de malignidades menor no grupo SRL (CONVERT, CONCEPT) Sirolimo bloqueia a progressão do ciclo celular tumoral Inibe transição das fase G1 para S Luan FL et al. Transplantation, Internal Use Only Luan FL et al. Transplantation, 2002. Sirolimo inibe crescimento tumoral primário e metastásico por ação anti-angiogênese Guba M et al. Nature Med 2002 Imunossupressão Mecanismos tumorais afetados pela rapamicina Angiogênese Proliferação celular Oncogenes (ação via mTOR) Canais iônicos Células T de memória citotóxicas específicas contra células tumorais Redução da fosforilação do p53 induzida pela radiação UVB Geissler EK. Can Immunossuppressive Strategies Be Used to Reduce cancer Risk in Renal Transplant Patients? Transplant Proc 2010; 42:S32-S35 Switch to a sirolimus-based immunosuppression in long-termrenal transplant recipients: reduced rate of (pre-) malignancies and nonmelanoma skin cancer in a prospective, randomized, assessorblinded, controlled clinical trial Salgo R et al American Journal of Transplantation 2010;10:1385-1393 Switch to a sirolimus-based immunosuppression in long-termrenal transplant recipients: reduced rate of (pre-) malignancies and nonmelanoma skin cancer in a prospective, randomized, assessor-blinded, controlled clinical trial Metodologia Pacientes com Tx há mais de 1 ano Presença de displasias queratósicas (NMSC, QA, verrugas virais) Grupo SRL: 25 pacientes convertidos para SRL Grupo controle: 19 pacientes que continuaram esquema de imunossupressão Avaliação por dermatologista pré-conversão, 6 e 12 meses após. Switch to a sirolimus-based immunosuppression in long-termrenal transplant recipients: reduced rate of (pre-) malignancies and nonmelanoma skin cancer in a prospective, randomized, assessor-blinded, controlled clinical trial Resultados Na conversão, tempo sob imunossupressão: grupo SRL = 252+/- 74,8 vs. Grupo controle = 217 +/-57,8 meses Após 12 meses da conversão, sem alterações da função renal (a maioria dos pacientes usavam esquema não-nefrotóxico), assim como do HMG e proteinúria 9 pacientes desenvolveram NMSC: 1 SRL (CBC) e 8 do grupo controle (1 CBC, 5 CEC e 2 CEC in situ) SRL: melhora ou ausência de evolução das lesões pré-malignas Switch to a sirolimus-based immunosuppression in long-termrenal transplant recipients: reduced rate of (pre-) malignancies and nonmelanoma skin cancer in a prospective, randomized, assessor-blinded, controlled clinical trial Switch to a sirolimus-based immunosuppression in long-termrenal transplant recipients: reduced rate of (pre-) malignancies and nonmelanoma skin cancer in a prospective, randomized, assessor-blinded, controlled clinical trial Switch to a sirolimus-based immunosuppression in long-termrenal transplant recipients: reduced rate of (pre-) malignancies and nonmelanoma skin cancer in a prospective, randomized, assessor-blinded, controlled clinical trial Conclusão Conversão para SRL, mesmo tardia, é capaz de retardar o desenvolvimento de pré-malignidades, induzir regressão de lesões pré-existentes e frear o aparecimento de novas NMSC. Conclusões Carcinoma espinocelular cutâneo é a neoplasia mais comum do paciente transplantado CEC no transplantado são mais agressivos, com risco aumentado de recidiva e metástases locais e à distância Não existem lesões únicas Agir precocemente Agir preventivamente Considerar estratégias de imunossupressão diferenciadas nos pacientes de alto risco. [email protected]