Capítulo 6 – Entre o céu e a terra - É fato que entendemos a idade média como sendo uma época de atrasos e sistemas políticos falidos, costumeiramente chamado de “idade das trevas”. - Dividimos esse período tipicamente em dois: Alta Idade Média (séc. V ao XII), tipicamente notado pelas invasões dos povos bárbaros e uma espécie de continuidade da decadência romana. Baixa Idade Média (XII até XV) onde ocorre o princípio do desejo de navegar e o ser humano se redescobrindo, por assim dizer. - Durante a Alta Idade Média boa parte das tradições, tanto romanas quanto bárbaras se misturaram, entretanto, com a redução do comércio ocorreu a ruralização, ou seja, a ida dos camponeses das cidades para o campo. - Era comum nesse retorno para o campo que os ex-escravos e pequenos proprietários acabassem permanecendo em um lote de terra, trocando assim o espaço por trabalho. - Essa troca passa a ser conhecida como “colonato”. Essas propriedades eram dirigidas por um senhor, que poderia ser alguém que recebeu as terras do rei ou até mesmo uma antiga autoridade romana que acabou se tornando autossuficiente. - Apesar do colonato ser uma tradição bárbara, eles próprios acabam se convertendo ao cristianismo em busca, principalmente, de aumentar sua influência política. Outros elementos que temos que foram implantados estão o comitatus, que era a prática de fidelidade entre um guerreiro e seu subalterno, assim como a beneficium, lotes de terras em troca do pagamento de benefícios. - Nem todos os bárbaros, porém, faziam parte deste contexto, especialmente os vikings que eram de uma outra tradição e estavam mais preocupados em saquear as cidades europeias buscando lucro fácil, obrigando seus antigos aliados a se refugiar em castelos. - A área de produção básica se chamava “feudo” e era autossuficiente, ou seja, produzia pra si e dificilmente acabava comercializando além de suas fronteiras. Qualquer lote de terra poderia ser conhecido como feudo, desde grandes extensões de terras ou até mesmo pequenas propriedades e até mesmo Igrejas. - Quando o lote permitia, as terras eram subdivididas entre manso servil (onde moravam os camponeses e construíam suas vilas), manso senhorial (onde ficava o castelo e as terras exclusivas do senhor feudal, correspondia a até 40% do total de terras) e o manso comunal (pastagens e terras disponíveis para exploração geral dos habitantes do feudo. - Os servos, base da sociedade feudal, não eram escravos. Não estavam presos a ela mas dependiam dela para a subsistência. Dessa forma, pagavam vários tipos de impostos, sendo os principais a corveia (trabalho compulsório nas terras do senhor feudal), a talha (entrega de parte da produção), banalidade (“aluguel” das propriedades do senhor feudal), mão morta (imposto sobre herança) e tostão de Pedro (dízimo). - A sociedade feudal era dividida em três grupos básicos: a nobreza, o clero e os servos. - A Igreja considerava que esta divisão era necessária e incentivada por Deus. - Existiam outras camadas menos numerosas, como os escravos, mas estavam caindo em desuso, e os vilões, pequenos proprietários que entregavam suas terras para os maiores senhores feudais. - Entre as relações feudais existentes, estava a do suserano (que cedia as terras) e um vassalo (que recebia as terras). Muitas vezes o próprio rei era o próprio suserano que fornecia as terras para os senhores feudais. A terra do senhor feudal poderia também ser subdividida para outros vassalos, tornando-se assim “vassalo do vassalo”. - A nobreza era dividida em duas: a alta nobreza, subordinada diretamente ao rei e a baixa nobreza, subordinada aos “subordinado do rei”. - A subordinação a um suserano ocorria durante uma cerimônia chamada de “investidura”, onde ocorria a homenagem (reconhecendo a soberania do suserano), a investidura (concessão de poder ao senhor feudal) e o juramento de fidelidade, quando quem recebia as terras se comprometia com quem as doou. - Era comum os feudos tornarem-se completamente separados do resto do reino, tornando-se regiões autônomas - O clero (instituição reconhecida da Igreja católica e sua hierarquia) era completamente dividida em: Alto Clero Baixo Clero Clero Secular Clero Regular Maior contato com a população Enclausurada em mosteiros - Enquanto que o comércio aumentava consideravelmente durante a idade média. Os burgueses passaram a adquirir o direito de posse das suas terras com as chamadas Carta de Franquia, onde passaram a possuir o direito por compra do terreno ou até mesmo da invasão e ocupação militar. - A vida das cidades começa a se tornar cada vez mais intensa quando surgem novas profissões, especialmente a dos artesãos. Dentro de uma oficina (núcleo de trabalho do artesão) você encontraria o mestre-artesão, responsável por aplicar as técnicas de trabalho e garantir a qualidade da produção) os oficiais (que cuidavam dos demais empregados), o aprendiz (geralmente alguém da família ao qual o conhecimento era passado) e o jornaleiro (trabalhador esporádico conforme a necessidade de aumentar a produção). - Para poder se organizar, se unem nas chamadas “Corporações de Ofício” que eram locais de troca de expediências e tabelamento dos preços, além de ajudar a família de algum artesão caso este falecesse. Foram os “ancestrais” dos sindicatos.