Unidade da Narrativa da Criação. W. H. Shea Equipe: Alexandre, Elvis, Emanuel, Ernande, Fernando e Herbert. Estão contidos, em Gênesis 1 e 2, registros antitéticos da criação, ou são eles partes complementares de um relato unificado? É o gênesis prosa ou poesia? • I – O problema • O Criticismo Bíblico – Declara que os capítulos iniciais de Gênesis apresentam dois relatos diferentes da criação e que são antitéticos, ou seja, pertencerem a fontes diferentes. • A versão Eloísta: para o primeiro capítulo (centrado no céu) no sec. VI a.C. • A versão Jeovista: para o segundo capítulo (centrado na terra) no sec. X. a.C • II – Análise Literária • Paralelismo em Gênesis I – O que ocorreu nos 3 primeiros dias – Preparação do Habitat. – O que ocorreu nos 3 dias seguintes – Criação da população. PREPARAÇÃO POPULAÇÃO 1º dia Divisão da luz – Dia / Noite 2º dia Divisão do Firmamento – Água/ Céu 5º dia 3º dia Divisão dos Mares – Solo/Plantas 4º dia 6º dia Luminar maior – Luminar menor Peixes - Aves Animais – Homem Paralelismo nos dias da criação • 1º dia – Criou apenas a luz • Dividiu e nomeou DIA / NOITE; • 2º dia – Criou apenas o firmamento (céus) – Dividiu e arranjou: águas de cima / águas de baixo; • 3º dia – Criou a terra e a vida vegetal – Dividiu águas abaixo do firmamento (mar) da terra e criou os vegetais; • 4º dia – Criou (Haja) os dois grandes luzeiros do céu e as estrelas – Dividiu o dia da noite. Nomeia (Sol, lua e estrelas) e determina a função (Dia, Mês , Ano). • 5º dia – Criou peixes e aves – Segundo as suas espécies e as abençoa com a multiplicação. • 6º dia – Criou todos os animais e a humanidade – Atribuição ,dá domínio ao homem sobre todos os seres viventes; – A destinação dos vegetais para alimento; Gênesis 2 • Observa-se a ênfase colocada sobre dois elementos particulares em cada dia da criação; e esses dois elementos dos três primeiros dias relacionam-se com os dois elementos evidentes nos três últimos dias. PREPARAÇÃO 1º dia 2º dia 3º dia Ênfase – Dia e Noite Ênfase – Água e Céu Ênfase – Solo e Plantas POPULAÇÃO 4º dia 5º dia Ênfase – SOL e LUA Ênfase - Peixes e Aves 6º dia Animais e Homem Gênesis: prosa ou poesia? • 21 versos não apresentam paralelismos • Dificilmente ocorreria em uma estrutura poética • É mais natural em um texto de prosa • O paralelismo ocorre de forma geral e até rústica e não é precisa – Também não é comum na maioria dos versos poéticos do Antigo Testamento, pois eles apresentam um paralelismo muito simétrico e preciso. A Métrica - Na poesia o número de palavras são: – Versos pequenos com 2 palavras: 4 – 6 sílabas – Versos Médios com 3 palavras: 7 – 9 sílabas – Versos longos com 4 ou 5 palavras: 10 – 14 sílaba – Acima de 15 sílabas são muito incomuns na poesia hebraica. • – Em Gênesis 1: 11 – 12, teríamos que situar dois versos contendo 19 e 17 palavras cada um a fim de que essa passagem pudesse ser considerada poesia, e se estenderiam muito além da métrica poética do Antigo Testamento. – TEMOS UMA PROSA POÉTICA UNIDADE DA NARRATIVA DA CRIAÇÃO PARTE II O relato da Criação em Gn 2 trata essencialmente com os objetos para os quais o terceiro e o sexto dia da criação foram dedicados em Gn 1, que são: • O solo • As plantas • Os animais • O homem “...Cada elemento maior no relato de Gn 2 já está presente no registro do terceiro e sexto dia em Gn1, se bem que em forma um tanto como abreviada.” “...A íntima relação entre esses dois é imediatamente aparente “...Esses dois registros, também poderiam ser diferenciados em duas fontes diferentes devido ao vocabulário Essa diferenciação tem sido seguida nos casos dos verbos “cria” e “fazer”, o primeiro é o verbo tema de Gn 1, enquanto o outro se atribui a aquela função em Gn 2. Essa diferenciação de verbos entre os dois registros é inexata. • Um exemplo está no registro da criação do homem, o verbo na declaração do plano divino em Gn 1:26 é “fazer”, ao passo que o verbo na declaração do ato divino, realizado em Gn 1:2 é criar. • Esses verbos formam um par poético... Criar e fazer ocorrem exatamente 8 vezes entre Gn 1:1 – 2:4, onde esses registros são geralmente divididos. • Isso deixa claro que Gn 1 não é somente o capítulo do verbo “criar” mas também do verbo fazer. É verdade que o verbo “criar” não ocorre depois de Gn 2:4a, mas o verbo “fazer” ocorre somente 2 vezes daí em diante, em contraste com as 8 vezes que aparece no primeiro relato da criação. Além desses verbos, neste capítulo existem outros dois verbos em comum. O verbo “dizer” é usado 10 vezes em Gn 1, enquanto no capítulo seguinte somente 2 vezes, tendo Deus como sujeito. O verbo “ver” é usado em rejeição a Deus, 6 vezes no primeiro capítulo. Além desses quatro verbos, há outros 8, usados em relação à atividade divina em Gn 1, os quais não ocorrem em Gn 2, e uma dúzia dos verbos no segundo, que não aparecem em Gn 1. A primeira vista, a diferenciação verbal entre esses dois capítulos poderiam apoiar de alguma forma a ideia e que a história da criação é proveniente de duas fontes independentes. Gn 1 é um esboço dos eventos ocorridos durante os sete dias da semana da criação e foi escrito de maneira esquematizada, usando prosa poética. O relato da criação no sexto dia, em Gn1, declara duas vezes que o homem teria domínio sobre os animais sobre a terra. O mesmo aspecto da criação do homem é enfatizado em Gn 2, descrevendo como Jeová trouxe os animais e Adão para que esta lhes desse nomes. A unidade formal de Gênesis 1 com Gênesis 2 • Gênesis 1:1 – No principio criou Deus os Céus e a terra. • Gênesis 2: 4 a- ´´Estas são as origens do céu e da terra, quando foram criados ´´ • Os elementos comuns são a preposição traduzida por ‘‘ quando’’ na segunda declaração ‘‘em’’ • A expressão ‘‘céu e a terra’’ e verbo ‘‘ criar ’’ ‘‘principio’’ e ‘‘Deus’’ na primeira declaração estão ausentes na segunda, enquanto ‘‘ estas ’’ e ‘‘origens’’ em Gên. 2:4a não aparecem em Gên. 1:11 considerando o relacionamento íntimo entre o conteúdo dessa duas declarações, pode-se propor um formal • Podemos notar o relacionamento da declaração final do primeiro registro da criação com a declaração de abertura do segundo registro. A síntese de Gênesis 2: 4a volta precisamente aquela de Gênesis 1:1 • Sendo que Gênesis 1:1 encontra-se em quiasma com Gênesis 2:4a no Antigo Testamento , ocorrem freqüentemente quiasma no centro de poemas. • Uma outra característica encontrada nessa costura literária também une estes dois registro, e essa é o relacionamento dos verbos presentes nas duas declarações . A atribuição de nomes • As anotações sobre do três primeiros dias da criação em Gênesis 1 contem 5 exemplos nos quais o próprio Deus deu nome aos objetos por ele criados: dia, noite, céu (s) mares e terra. Depois de dar nomes a esses aspecto especialmente inorgânicos de sua criação. • Deixou de nomear os objetos criados nos três dias seguintes. Basicamente na criação de formas vivas ou orgânicas Deus deixou essa exceção de nomear para o homem. Porque Deus deixou de dar nomes depois dos três primeiro dia ? • Gen. 2 nos explica que Deus deixou especificamente para homem a tarefa de dar nome • essa intenção em Gênesis 1 é implícita em Gen. 2 • O relacionamento recíproco entre esse aspecto das duas narrativas aplica-se quase ao mesmo número de coisas nomeadas por deus e pelo homem • Parece que a distribuição relativamente idêntica de nomes atribuídos por Deus e pelo homem aos objetos criados, conforme apresentação nos dois registros, só poderia ter acontecido por desígnio, isto é pelo desígnio original do Criador e secundariamente pelo desígnio de um autor que registrou ambos os aspectos, como complementares um do outro. Prosa ou poesia • Embora Gênesis 1 não seja uma poesia ele oferece uma pequena peça poética no final do verso 27 • 1º E criou Deus o homem a sua imagem; • 2º a imagem de Deus o criou; • 3º macho e fêmea os criou • O paralelismo entre o 1 e 2 é completo mais de forma inverso • Entre o 2 e 3 é incompleto; tendo a palavra fêmea no final, no lugar de Deus • Todas as três estrofes tem o mesmo verbo criar. • Esta peça poética começa com uma grande parte em prosa com uma curta parte em prosa. • Assim a estrutura global em gênesis 1 pode ser esquematizada em prosa ; poesia; prosa ou A,B,A A Unidade da Narrativa da Criação • Segundo W.H. Shea, Gênesis 1 é uma prosa poética, enquanto Gênesis 2 foi uma prosa narrativa mais normal, sendo que a poesia de Gênesis 1 é enfatizado em contraste com a prosa de Gênesis 2. • Existem outros padrões encontrados no Pentateuco que são semelhantes no que se diz respeito a poesia e prosa. A Unidade da Narrativa da Criação • Alguns Exemplos de Poema e Prosa são: • Poema de Gênesis 49 – O Testamento de Jacó (A:B:A) • Prosa e Poesia de Êxodo 14 e 15 – O Livramento dos Israelitas (A:B) • Poesia e Prosa de Números 22 e 23 – Narrativa de Balaão (A:B -A:B -A:B -A:B) • Deuteronômio 32 – Poema do Concerto • Deuteronômio 28 – Prosa (A:B) • Prosa e Poesia de Juízes 4 e 5 – Canção de Débora (A:B) • Diálogos em Poesia do Livro de Jó (A:B:A) A Unidade da Narrativa da Criação • Pode-se entender então que vários poemas encontrados na Bíblia são precedidos por prosa e vice-versa. • Os Padrões encontrados no Pentateuco são sempre de A:B (Prosa/Poesia), ou A:B:A (Gn. 49; I Sm. 2; Jó), B:A (Dt. 33) e A:B-A:B-A:BA:B (Nm. 23-24). • Pode-se concluir então que os padrões sempre estão interligados entre prosa e poesia como é sugerido para a Narrativa da Criação em Gênesis 1 e 2. A Unidade da Narrativa da Criação • A grande pergunta é se esses registros em prosa foram escritos muito mais tarde do que os poemas ou então se foram escritos em uma época contemporânea. No entanto, há vários relatos tanto na Palestina, como no Egito na época de Moisés e ainda no hino da vitória de Tutmés III que viveu entre 1504 a.C a 1450 a.C, e até mesmo no Código de Hamurábi, que as prosas e as poesias andavam juntas. Muitos eram executados em forma de prosa, mas escritas em forma de poesia, enfim, trazendo concordância a esta construção literária. A Unidade da Narrativa da Criação • Especialistas Bíblicos chegam a dizer que as passagens em prosa sempre foram escritas mais tarde do que os poemas encontrados com elas, enquanto os especialistas em estudos sobre o Oriente próximo geralmente consideram tais combinações com os quais tratam, de forma essencialmente contemporâneas. Entretanto, vendo os relatos dos contemporâneos israelitas que viviam naquela época, vários exames constatam que a poesia era escrita com a prosa nos mesmos trechos e na mesma ocasião, onde se conclui então que é arbitrária a posição de muitos críticos da Bíblia ao negarem que tais fatos teriam ocorrido em círculos israelitas. Paralelismos • Em Gênesis 1 são encontrados níveis de paralelismos que são: • - Foi empregado, Dentro do registro de cada dia, uma fraseologia paralela para as declarações de propósito e de realizações divinos. • - Os atos criadores de Deus ou objetos criados ou distinguidos como resultado desses atos, aparecem em pares em cada um dos dias da criação. • - Os eventos dos três primeiros dias da criação entram em paralelismo com os últimos três dias da criação. • Gênesis 1 é escrito em algumas partes em forma poética, mas os seus acontecimentos são registrados em forma de prosa, concluindo então o pensamento de que Gênesis 1 é uma prosa escrita em estilo quase poético. • Já Gênesis 2, apresenta algo peculiar que não há no primeiro capítulo, embora em Gênesis 1 apresenta seis pares paralelos de atos criadores ou objetos criados, um par para cada um dos seis dias, Gênesis 2 completa essa lista com a principal parte e mais importante, que é a formação do último par, que são chamados de Homem e Mulher. • Também neste mesmo capítulo Deus dá ao homem o direito de dar nomes aos animais. • Pela unidade que existe entre os dois capítulos quanto ao tema , percebe-se que a conclusão lógica a se chegar é que estes dois capítulos de Gênesis apresentam um registro da criação unificado de forma intencional e por um só autor. • Se foram escritas pelo mesmo autor, as datas de sua redação não podem ser separadas por mais tempo do que a carreira literária do autor. “Jeová, Eloim ou Yahweh” • Argumento contra a unidade da narrativa da criação em Gênesis 1 e 2: o nome atribuído à divindade. Gênesis 1 Gênesis 2 (a partir do verso 4) Elohim (28) Substantivo Plural Termo genérico hebraico para Ser Divino Yahweh Elohim (11) Substantivo Singular Nome próprio para o Deus de Israel • Para W. Shea, há apenas três possíveis interpretações para justificar o uso de um nome para Deus no capítulo 1 de Gênesis e outro no capítulo 2. 1 – Diferentes fontes: Eloísta (P) e Jeovista (J) 2 – Escolha casual pelo escritor 3 – Razão teológica Razão Teológica para os diferentes nomes de Deus em Gênesis 1 e 2. • Gênesis 1:26 introduz uma descrição pormenorizada da criação citada em Gênesis 2. Gênesis 1 Gênesis 2 E disse Deus: “Haja luz!”, “Ajuntem-se as águas”, “Haja luzeiros”. Também disse Deus: “Façamos o homem...” (Gên. 1:26) A criação é o sujeito da oração. Deus é o sujeito da oração. Elohim – nome impessoal, termo genérico para Deus. Yahweh – nome próprio para um Deus pessoal que se envolve de forma íntima com sua criação. Todo o Pentateuco Gênesis cap. 2 e 3. (Êxodo 9:30) Yahweh Elohim é um desenvolvimento de uma especificação crescente de Elohim, e não diferentes nomes como propõem os críticos. Esse nome especial aparece de forma pontual em Gênesis 2 para mostrar a intimidade de Deus com o homem e desaparece depois de Gênesis 3, capítulo que relata a queda em que o homem rompe sua comunhão mais íntima com Deus. • OBRIGADO!