A HERMENÊUTICA NOS SÉCULOS XIX E XX – O MÉTODO HISTÓRICO CRÍTICO Prof. Bruno Cesar www.bruno-cesar.com CONTEXTO DA ÉPOCA Esse período foi caracterizado por visões nada ortodoxas. Surgiram visões novas a respeito da inspiração da Bíblia. Todas elas negavam a inspiração verbal e a infalibilidade das Escrituras. O elemento humano na Bíblia foi enfatizado muito mais do que havia sido anteriormente, e encontrou reconhecimento geral. E aqueles que também acreditavam no fator divino refletiram sobre a relação mútua do humano e divino. TENTOU-SE, ENTÃO, SISTEMATIZAR A DOUTRINA DA INSPIRAÇÃO EM VÁRIOS GRAUS EM DIFERENTES PARTES DA BÍBLIA, E EM SEUS GRAUS MAIS BAIXOS COM A ADMISSÃO DE ERROS E IMPERFEIÇÕES. OUTROS ACEITARAM A TEORIA DE UMA INSPIRAÇÃO PARCIAL, LIMTANDO-A ÀS PORÇÕES CONCERNENTES À FÉ MORAL E, CONSEQUENTEMENTE, ADMITINDO ERROS NOS ASSUNTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS. SCHLEIERMACHER E SEUS SEGUIDORES NEGARAM O CARÁTER SOBRENATURAL DA INSPIRAÇÃO, E IDENTIFICARAM-NA COM A ILUMINAÇÃO ESPIRITUAL DOS CRISTÃOS, ENQUANTO OUTROS TEÓLOGOS REDUZIRAM-NA AO PODER QUE TODOS OS HOMENS POSSUEM SIMPLESMENTE EM VIRTUDE DA LUZ NATURAL. ATUALMENTE É COMUM FALAR DE INPIRAÇÃO COMO ALGO DINÂMICO, E IMPUTÁLA AOS AUTORES AO INVÉS DE SEUS ESCRITOS. NESSA ÉPOCA COMEÇOU A CIRCULAR A IDEIA DE QUE O INTÉRPRETE BÍBLICO DEVERIA IR AO TEXTO SEM NENHUMA BAGAGEM, ISTO É, SEM A OPINIÃO DA TEOLOGIA SISTEMÁTICA E AS CONFISSÕES DE FÉ DA IGREJA. ALÉM DISSO, TORNOU-SE PRINCÍPIO ESTABELECIDO O FATO DE QUE A BÍBLIA DEVERIA SER INTERPRETADA COMO QUALQUER OUTRO LIVRO. O ELEMENTO ESPECIAL DIVINO DA BÍBLIA FOI DESACREDITADO DE FORMA GERAL E O INTÉRPRETE, USUALMENTE, SE LIMITAVA À DISCUSSÃO DAS QUESTÕES HISTÓRICAS E CRÍTICAS. ESCOLAS OPONENTES 1) ESCOLA GRAMATICAL X 2) ESCOLA HISTÓRICA 1) ESCOLA GRAMATICAL ESTA ESCOLA FOI FUNDADA POR ERNESTI, QUE ESCREVEU UMA OBRA IMPORTANTE SOBRE A INTERPRETAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO, NA QUAL ELE FORMULOU QUATRO PRINCÍPIOS. A) O SENTIDO MÚLTIPLO DA ESCRITURA DEVE SER REJEITADO E MANTIDO SÓ O SENTIDO LITERAL B) AS INTERPRETAÇÕES ALEGÓRICAS E TIPOLÓGICAS DEVEM SER DESAPROVADAS, EXCETO EM CASOS ONDE O AUTOR INDICA QUE ELE PRETENDIA ASSOCIAR OUTRO SENTIDO AO LITERAL. C) DESDE QUE A BÍBLIA TEM O SENTIDO GRAMATICAL EM COMUM COM OUTROS LIVROS, ESTE DEVERIA SER APURADO DE FORMA SIMILAR EM AMBOS OS CASOS. D) O SENTIDO LITERAL PODE NÃO SER DETERMINADO POR UM SUPOSTO SENTIDO DOGMÁTICO. A ESCOLA GRAMATICAL FOI ESSENCIALMENTE SOBRENATURALISTA E VINCULAVA-SE ÀS PRÓPRIAS PALAVRAS DO TEXTO COMO FONTE LEGÍTIMA DE INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICAE DA VERDADE RELIGIOSA. MAS SEU MÉTODO ERA UNILATERAL NO SENTIDO DE QUE ATENDIA SÓ À INTERPRETAÇÃO PURA E SIMPLES DO TEXTO, A QUAL NÃO É SEMPRE SUFICIENTE NA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA. 2) ESCOLA HISTÓRICA A ESCOLA HISTÓRICA ORIGINOU-SE COM SEMLER. FILHO DE PAIS PIETISTAS, TORNOU-SE, MAIS OU MENOS A DESPEITO DE SI MESMO, O PAI DO RACIONALISMO. NA SUA OBRA SOBRE O CÂNON,ELE DIRIGIU A ATENÇÃO À VERDADE NEGLIGENCIADA DA ORIGEM HISTÓRICA HUMANA E À COMPOSIÇÃO DA BÍBLIA. NA SUA SEGUNDA OBRA, SOBRE A INTERPRETAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO, FORMULOU CERTOS PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO. SEMPLER SALIENTOU O FATO DE QUE VÁRIOS LIVROS DA BÍBLIA SE ORIGINARAM DE UMA FORMA HISTÓRICA E, CONSEQUENTEMENTE, ERAM HISTORICAMENTE CONDICIONADOS. A PARTIR DO FATO DE QUE OS LIVROS SEPARADOS FORAM ESCRITOS PARA DIFERENTES CLASSES DE INDIVÍDUOS, ELE CONCLUIU QUE ELES CONTINHAM MUITO DO QUE ERA MERAMENTE LOCAL E EFÊMERO, E QUE NÃO PRETENDIAM TER VALOR NORMATIVO PARA TODOS OS HOMENS E EM TODOS OS TEMPOS. ALÉM DISSO, VIU NELES UMA MISTURA DE ERROS, UMA VEZ QUE JESUS E OS APÓSTOLOS SE ADAPTARAM, EM ALGUNS ASSUNTOS, ÀS PESSOAS A QUEM SE ENDEREÇAVAM. CONSEQUENTEMENTE, ARGUMENTOU QUANTO À NECESSIDADE DE MANTER ESSAS COISAS EM MENTE NA INTERPRETAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO. E, EM RESPOSTA À QUESTÃO DE QUAL SERIA O ELEMENTO DE VERDADE OBRIGATÓRIA NA BÍBLIA, ELE INDICOU “O QUE SERVE PARA APERFEIÇOAR O CARÁTER MORAL DO HOMEM”. SEU ENSINO FAVORECEU A IDEIA DE QUE AS ESCRITURAS SÃO PRODUÇÕES HUMANAS FALÍVEIS E, VIRTUALMENTE, FEZ COM QUE A RAZÃO HUMANA SE TORNASSE O ÁRBITRO DA FÉ. SEMLER NÃO CRIOU ESSAS IDEIAS MAS SIMPLESMENTE VOCALIZOU OS PENSAMENTOS AMPLAMENTE EM VOGA EM SEU TEMPO. O QUE ENSINAVA O MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTICO, EM LINHAS GERAIS, ENSINAVA QUE: A) A BÍBLIA CONTÉM ERROS B) HÁ PARTES NA BÍBLIA QUE NÃO SÃO INSIPARADAS C) MILAGRES NÃO EXISTEM (PODEM SER EXPLICADOS DOUTRA FORMA) D) AS PARTES DA BÍBLIA QUE FALAM DE SALVAÇÃO ESTÃO CORRETAS, MAS OS TRECHOS QUE FALAM DE GEOGRAFIA, HISTÓRIA, CIÊNCIA E DEMAIS ASSUNTOS, PODEM ESTAR ERRADOS. E) NÃO É NECESSÁRIO ORAR, BASTA MEDITAR PRINCIPAIS NOMES DO MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTICO FRIEDRICH SCHLEIERMACHER RUDOLF BULTMANN PAUL TILICH KARL BARTH (NEO-ORTODOXO) CONCLUSÃO O MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTICO EMBORA TENHA TRAZIDO ALGUNS BENEFÍCIOS, TROUXE INÚMEROS MALEFÍCIOS À CORRETA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA. OBSERVAREMOS, AGORA COMO TEM SIDO FEITA A HERMENÊUTICA NO SÉCULO XXI