SOCIOLOGIA DA RELIGIÃO Promover a reflexão sobre as mudanças sociais na sociedade pós moderna e suas repercussões no estudo (ensino) das religiões. Compreender a estreita relação entre Religião e Sociedade. A sociologia é a parte das ciências humanas que estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela psicologia, a sociologia tem uma base teórico-metodológica voltada para o estudo dos fenômenos sociais, tentando explicá-los e analisando os seres humanos em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia. Busca explicar as relações mútuas entre Religião e Sociedade. Os estudos fundamentam-se na: dimensão social da religião (a religião é uma instituição social) e na dimensão religiosa da sociedade (os indivíduos que compõe a sociedade são seres religiosos e praticam rituais revestidos de sacralidade). Ao longo de milhares de anos, a religião tem evidenciado um importante papel na vivência dos seres humanos. Apesar da universalidade que caracteriza o fenômeno religioso, de uma forma ou outra, a religião marca presença em todas as sociedades humanas, influenciando a forma como vemos e reagimos ao meio que nos rodeia. Final dos anos 80: foram consolidadas as condições mais favoráveis para a análise do fenômeno Religioso. A racionalização instrumental tem trazido um novo enfoque sobre a ideia de secularização da sociedade e sobre a religião; Progresso da tecnologia; Processo de urbanização; a pobreza, a disfuncionalidade nos serviços públicos, desvios, delinquências, etc. A modernização da sociedade havia sido entendida como sinônimo de secularização. Alguns eventos levaram sociólogos como Auguste Comte e Karl Marx a contrapor fé e religião ao progresso e ao desenvolvimento social. A racionalização da vida social era vista como retraimento da religião, que por sua vez, passou a ser tida como sinônimo de irracionalidade e tradicionalismo. Indica a redução da influência das igrejas em todos os setores da vida social, especialmente no campo da cultura e da educação; Na modernidade, o termo secularização designa os processos de laicização, isto é, autonomia em relação a esfera religiosa, que surgiu no Ocidente, a partir da dissolução do feudalismo. Há tendências secularizantes, mas também há uma revalorização de experimentação do sagrado. (DCE – E. Religioso: objeto de estudo) “O Sagrado” Os fundadores da Sociologia não estavam interessados no fenômeno religioso enquanto tal, mas nas causas das grandes transformações sociais e dos efeitos destruidores que acompanhavam a passagem da sociedade tradicional para a sociedade Industrial: divisão social do trabalho, desemprego, conflitos de classes, etc. É considerado um dos pais da Sociologia Moderna; Acreditava que a sociologia é uma ciência capaz de realizar a reforma moral e intelectual= substituto funcional da Religião; Criou a corrente de pensamento conhecida como positivista. Defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento verdadeiro. Os positivistas não consideram os conhecimentos ligados as crenças, superstição ou qualquer outro que não possa ser comprovado cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos; Importante ressaltar que as idéias do positivismo inspiraram até a inscrição da bandeira brasileira "Ordem e Progresso", inspirada no lema de Auguste Comte que diz: "Amor como princípio, ordem como base e progresso como objetivo". Suas ideias inspiraram o exército brasileiro e a proclamação da República do Brasil em 1889. Estado Teológico: Representa a “infância mental” do ser humano, igual a criança que atribui aos seres inanimados as mesmas vontades dos seres vivos. Busca-se as causas primeiras e finais. Sub Fases: O fetichismo: atribui poderes a seres inanimados; O Politeísmo: momento em que o homem tenta explicar os fenômenos que ocorriam na natureza, recorrendo aos deuses, com suas iras e complacências. Os deuses são os que enviam as chuvas, os terremotos, os eclipses e as mudanças de estações; Monoteísmo: Momento em que o homem explica os fenômenos naturais, recorrendo à vontade de Deus (único). A explicação para os fenômenos passa a ser racional, pesquisando diretamente a realidade, mas ainda há presença do sobrenatural, de modo que este estado é uma transição entre teologia e a positividade (progresso). É um estado intermediário. Ápice do progresso. Os fatos são explicados segundo leis, de ordem inteiramente científica. Deixa de lado o absoluto ( que é inacessível) e busca-se o relativo. Nesse estado, a ciência prepondera e o homem alcançou a evolução. Os estados anteriores são necessários para que o homem alcance a fase de evolução. Positivo para Comte: certeza em oposição a indecisão; preciso em oposição ao vago; Ex.: Explicação da queda dos corpos: no estado primitivo se explicaria através da ação dos deuses; No estado positivo (Galileu, por ex.) não indagaria o porquê, não procuraria as causas primeiras e últimas, mas contentaria em descrever como o fenômeno ocorre. À semelhança das demais religiões, a Religião da Humanidade tem dogma, culto e regime, templos e capelas; sacramentos,sacerdotes e assim por diante. Todavia, uma particularidade distingue-a radicalmente: ela é uma religião "positiva" ou "científica". Assim sendo pode-se classificar a Religião da Humanidade como monista e naturalista. Nela não há espaço para o sobrenatural , pois todos os fenômenos tem origem e causa na natureza. A Religião da Humanidade foi criada por Comte a partir de sua busca por uma espiritualidade plenamente humana, adaptada a uma época em que o ser humano pode viver esclarecido pela ciência, com uma atividade prática totalmente pacífica e baseada no altruísmo. Composta pela "Humanidade" ou "Grande Ser" (entidade coletiva formada pelo conjunto de seres humanos convergentes do passado do presente e do futuro que contribuíram, contribuem e contribuirão para o progresso da civilização, ), pelo "Grande Fetiche" (o planeta Terra com todos os elementos que o compõe: vegetais, animais,minerais, água, terra etc.) e pelo "Grande Meio“ (o espaço, os astros, o Universo)". Estes três Grandes seres são objetos de culto juntamente com as "leis naturais" que os regem e regulam, compondo assim a "Ordem Universal" que se constitui do conjunto formado pela "Ordem Natural" e pela "Ordem Humana". Também considerado um dos fundadores da Sociologia, Weber procura fazer uma analise da origem da sociedade Moderna. Acredita que as religiões poderiam mudar o curso global da história. Sua sociologia da religião está ligada a uma teoria da mudança social que se traduz nos processos de racionalização na história; Para Weber, as concepções religiosas eram cruciais e originárias das sociedades humanas, pois além de trazer ajustamento emocional, dava segurança cognitiva ao enfrentar os problemas do sofrimento e da morte; Percebeu que as religiões influenciam nas atitudes práticas dos homens; Foi o caso do protestantismo: sua força foi indispensável para o surgimento da sociedade capitalista; A moral católica considerou o dinheiro um meio apenas para adquirir bens necessários a vida (natural e sobrenatural). Martinho Lutero (14831546) . O cristão consegue a salvação não mais em estado de vida separada do mundo (claustro ou ascese extramundo), mas cumprindo os seus próprios deveres profissionais e de vida cotidiana no mundo. João Calvino (15091564) na França. O calvinista queria procurar o status de eleito de Deus, agindo no mundo, através do êxito profissional, o sucesso nos negócios. Para o cristão, esse resultado representa a prova da benção divina. A partir disso começa a racionalização na modernidade: o cálculo do tempo e de seu aproveitamento passam a ser os pressupostos da habilidade na profissão e audácia nos negócios: sobriedade de vida e severa auto disciplina; Sinônimo de virtude: boa reputação nos negócios, concessões de empréstimos bancários, etc. Isso confirma o capitalismo; Uma classe de empreendedores e homens de negócios, para os quais o uso racional do tempo, do dinheiro e de outros recursos auto legitimavam a vida, sem mais necessidade da religião; Racionalização: levou à concepção de domínio de mundo; concepção utilitária do homem e manipulação da natureza. Tecnologia; Ciência; Domínio da Natureza; Secularização e Marginalização da Religião; Individualismo; Niilismo. Idealizador de uma sociedade com uma distribuição de renda justa e equilibrada fez com que Marx atacasse o capitalismo; O capitalismo era o principal responsável pela desorientação humana. Ele defendia a ideia de que a classe trabalhadora deveria unir-se com o propósito de derrubar os capitalistas e aniquilar de vez a característica abusiva deste sistema que, segundo ele, era o maior responsável pelas crises que se viam cada vez mais intensificadas pelas grandes diferenças sociais. A religião, para Marx, é mistificadora e alienante, impedindo a auto determinação do homem; Para Marx, os modos de produção (a divisão do trabalho e a economia) determinam as ideias; Sendo uma economia capitalista, são difundidas ideias que valorizam a classe dominante. Dois conceitos que estão intrinsecamente interligados no sistema capitalista. Alienação: É quando o trabalhador não se reconhece no trabalho produzido por ele mesmo. Ele se torna um mero instrumento (máquina) que fabrica. Não reflete, apenas reproduz de forma automática aquilo que lhe foi imposto. Ex.: trabalho repetitivos. Alienação Social: Os que não se reconhecem como agentes históricos, não percebem que instituem a sociedade e que podem e devem modificá-la; e aqueles que se julgam plenamente livres (ignoram que a sociedade instituída determina seus pensamentos e ações). Alienação Econômica: os produtores não se reconhecem como produtores, nem se reconhecem nos objetos produzidos por seu trabalho (aquele que está em uma montadora de carro importado, não se vê dirigindo o mesmo. Pela falta de condições econômicas de comprar a mercadoria. O capitalismo impõe a divisão social, também impondo às pessoas o seu potencial de compra; É um conjunto de ideias (crenças, teorias, mitos, religiões) sustentadas por um grupo social, as quais racionalizam, refletem a fim de defender seus próprios interesses; A Ideologia Capitalista, para Marx, serve para defender a classe burguesa, com ideias que naturalizem a divisão de trabalho e a exploração da classe operária, de modo que a mesma veja como certo e natural. “quem cedo madruga, Deus ajuda”; “mente vazia, oficina do diabo”. Para Marx, a religião é um simples reflexo da condição alienada do homem na sociedade capitalista, mediante a esperança no além, os esforços para realizar no além a justiça e a igualdade entre as classes; A religião perpetua as forças conservadoras e é um fator de resistência ao progresso, por isso deve ser combatida e ser excluída para edificar a sociedade socialista. Considerado um dos pais da Sociologia, foi um dos responsáveis a torná-la uma matéria acadêmica, sendo aceita como ciência social. Para o sociólogo a Religião é essencial para a coesão social e para a integração entre os indivíduos, especialmente em períodos de rápidas mudanças sociais, como a era da revolução industrial; Para o sociólogo francês, a própria natureza da sociedade é religiosa; Muito do que a sociedade é hoje foi construído nas bases fundamentais da Religião. Para Durkheim, a produção industrial moderna trouxe uma forma de solidariedade superior e não de conflito; Há duas formas de solidariedade: A Solidariedade Mecânica e a Solidariedade Orgânica. É das sociedades primitivas, nas quais todos sabem fazer as mesmas coisas. Coesão: aceitação das crenças, tradições e costumes comuns. É fruto da diversidade entre os indivíduos: não possuem as mesmas crenças e ações; Divisão do trabalho: cada membro da sociedade desempenha um papel específico; Coesão: interdependência; O consenso, a coesão e a harmonia surge na consciência coletiva, que se sobrepõe às consciências individuais; Consciência coletiva: através do consenso a integração adquire uma totalidade homogênea e as consciências individuais se integram a ela na medida em que internalizam as normas, valores, costumes enquanto consciência coletiva. “Um sistema solidário de crenças seguintes e de práticas relativas as coisas sagradas, ou seja, separadas, proibidas, crenças e práticas que unem a mesma comunidade moral, chamada Igreja, todos os que a ela aderem”. (Durkheim) Reguladora das relações sociais; Garante a estabilidade social: obediência à regras sociais; Difusora da moral; Controla e reprime as tendências desviantes O Sociólogo acredita que os fenômenos religiosos se ordenam sob duas categorias: as crenças e os ritos. Crenças: Representações, estados de opiniões individuais, mas compartilhados; Ritos: Modos de ações determinados As religiões fazem uma classificação a partir de uma dualidade: o Sagrado e o Profano; Sagrado: As coisas sagradas são aquelas que os interditos protegem e isolam; Profano: aquelas às quais esses interditos se aplicam e que devem permanecer à distancia das primeiras. Religioso: Encontros regulares que objetivam a renovação dos laços. A noção de Igreja está associado a Religião, apontando para o aspecto coletivo deste fenômeno; Magia: é individual e não possui fiéis. Condições favoráveis para o reaparecimento do sagrado: Vazio ético; Respostas à angústia existencial (sentido); Superação de stress e estados de ansiedade. O homem é “naturalites religiosus”: a religião aparece como característica constante dos seres humanos, em todas as épocas; Homo sapiens (400.000 e 150.000 anos atrás) produzia objetos com incisões de caráter simbólico mágico-religioso; Homo sapiens sapiens (35.000 e 9.000 anos atrás) as expressões do simbolismo religioso se tornam explicitas: práticas funerárias, culto de ossos, cultos de animais, ritos de passagens, etc. A expressão religiosa é, desde os primórdios da humanidade parte constitutiva das atividades simbólicas que separa o “homo sapiens” dos animais; O estudioso Rudolg Otto (1869-1937) a religião não consiste nas suas expressões racionais, e sim na experiência do sagrado; Experiência da realidade outra separada do eu. Inefável; Extrapola afirmações racionais e preceitos morais; Mistério terrível e fascinante. Contingência: desigualdades sociais, catástrofes; Impotência: Doenças, mortes; Penúria: Pobreza. Apesar de todos os esforços da sociedade moderna em encontrar equivalentes para substituir a religião, esta não consegue atender a necessidade de transcendência, que a religião pode fornecer.