Tratamento

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Vacinação em uso de DMARDs
Rodrigo Poubel, MSc
Professor assistente de reumatologia, UFF
Objetivos
 Razões para vacinação e segurança vacinal
 Vacinas recomendadas e momento ideal de vacinação
 Uso de vacinas inativadas em vigência de DMARDs
 Uso de vacinas de vírus vivo atenuado (foco na anti-amarílica) em uso
de DMARDs
Argumentos favoráveis à vacinação
 Infecções são responsáveis por significativa morbidade e mortalidade. Bijl et al. Neth J Med. 2011.
 Aumento do risco infeccioso atribuído às alterações imunológicas inerentes à doença de
base e ao tratamento imunossupressor. Gluck et al. J Rheumatol. 2005.
 Risco de contrair infecção em geral aproximadamente 70% maior comparado à
população geral. Risco de hospitalização por doença infecciosa aproximadamente 80%
superior. Doran et al. Arthritis Rheum. 2002.
 Risco particularmente elevado para influenza, doença pneumocócica invasiva, herpes
zoster e HPV (LES). van Kerkhove et al. PLoS Med. 2011; Wolfe et al. Rheumatology (Oxford). 2006; Yee et al. Arthritis
Rheum. 1997.
 ↑ do risco de reativação da hepatite B sob imunossupressão sistêmica, com curso em
geral mais grave. Tanaka et al. Hepatol Res. 2012.
↑ 2x
↑ 3x
Segurança
• Não há uma relação causal definida entre vacinação e indução/exacerbação de doenças
reumáticas autoimunes. Maioria dos trabalhos com vacinas inativadas e pacientes clinicamente
estáveis. van Assen et al. Autoimmun Rev. 2011.
• Relatos de indução de condições autoimunes temporalmente relacionadas com a vacinação,
assim como de descompensação da doença reumática de base.
• Anti-influenza A H1N1 (monovalente) e anti-influenza sazonal  síndrome de Guillain-Barré. Greene
et al. Am J Epidemiol. 2012.
• Risco de SGB 4-7x > após infecção por influenza comparado com o risco vacinal. Poland et al. Vaccine. 2012.
• Anti-influenza H1N1 adjuvantada (AS03)  narcolepsia, principalmente em crianças (síndrome
ASIA). Nohynek et al. PloS one. 2012.
• MMR (1ª dose apenas)  púrpura trombocitopênica imune. Andrews et al. Vaccine. 2012.
 SLEDAI-2K basal baixo (< 6) nos grupos
com e sem imunossupressão terapêutica.
 Não houve variação significativa do SLEDAI
após a vacinação em ambos os grupos.
Como em qualquer conduta médica, avaliar RISCOS X BENEFÍCIOS .....
Quais vacinas e quando indicar?
 Vacinar idealmente 4 semanas antes do início
da imunossupressão sistêmica ou
corticoterapia em dose alta.
 Asplênicos/hipoesplênicos: meningo, Hib e
pneumo, além de influenza.
 Vacinas contra hepatites A e B indicadas
principalmente em situações/grupos de risco.
 Vacinas contra tétano devem seguir as mesmas
recomendações da população geral.
 Vacina contra HPV (inativada) deve ser
encorajada principalmente em mulheres com
LES; ↑ do risco infeccioso e de displasia
cervical.
van Assen et al. Ann Rheum Dis. 2011; Tanaka et al.
Hepatol Res. 2012.
VACINA
ESQUEMA DE DOSES
Hib
2 doses com intervalo de um ou dois meses
Influenza
Dose única anual
Pneumocócica
Dose única de VPC13, seguida de 1 dose da VPP23 após 2 meses; reforço da
VPP23 após 5 anos da primeira dose de VPP23
Hepatite A
2 doses com intervalo de 6 meses
Hepatite B
Dose dobrada em quatro aplicações
(0-1-2-6 meses)
Hepatite A e B combinadas
0-1-6 meses
Tétano
Reforço com dTpa a cada 10 anos
HPV quadrivalente (6,11,16,18)
9-26 anos de idade (0-2-6 meses)
Meningocócica conjugada
1 dose a cada 5 anos para imunodeprimidos
Imunização com vacinas inativadas em
vigência de DMARDs
 Dados disponíveis para AR, EpA, vasculite sistêmica necrosante
primária e doenças sistêmicas do tecido conectivo.
 Vacinas avaliadas: influenza sazonal e H1N1; pneumocócica
polissacarídica pura e conjugada; hepatites A e B; tétano; Hib e HPV.
 Seguras para aplicação em vigência de imunossupressores.
Buhler et al. Swiss Med Wkly. 2015.
• MTX: resposta humoral atenuada após imunizações contra influenza,
pneumococo, tétano e hepatite A. Askling et al. Travel Med Infect Dis. 2014; Kapetanovic et al. Clin Rheumatol. 2011; Kapetanovic et
al. Rheumatology (Oxford). 2006.
• MTX + anti-TNFα: respostas sorológicas acentuadamente reduzidas com a
terapia combinada (efeito imunossupressor sinérgico). Gelinck et al. Vaccine. 2008.
• Abatacepte: diminuição da resposta imune humoral após imunizações
contra influenza, pneumo e tétano, principalmente quando infundido 2
semanas após a vacinação. Ribeiro et al. Arthritis care and research. 2012; Schiff et al. Arthritis Rheum. 2007; Schiff et al. Ann Rheum Dis.
2007; Tay et al. Arthritis Res Therapy. 2007.
• Tocilizumabe: sem interferência nas respostas humorais anti-influenza,
pneumo polissacarídica e tétano. Tsuru et al. Modern Rheumatology. 2013; Bingham et al. Ann Rheum Dis. 2014; Mori et al. Ann
Rheum Dis. 2013.
• RTX: respostas humorais praticamente ausentes após sua
administração nos primeiros 6 meses após as vacinações antiinfluenza e pneumocócica. van Assen et al. Arthritis Rheum. 2010; Hua et al. Arthritis care Res. 2013.
• Imunogenicidade vacinal parcialmente restaurada após 6-8 meses da infusão
de RTX. van Assen et al. Arthritis Rheum. 2010.
• Belimumabe (+ terapia padrão): sem piora adicional da resposta
imune humoral pós-VPC13 em pacientes com LES na comparação
com controles saudáveis. Nagel et al. Lupus. 2017.
• Tofacitinibe: associado à redução da resposta imune humoral com a
vacina pneumo polissacarídica. Winthrop et al. Ann Rheum Dis. 2016
As respostas imunes são geralmente inferiores,
porém suficientemente imunogênicas, quando
em uso de CE, DMARDs sintéticos (exceto MTX e
tofacitinibe) e alguns DMARDs biológicos.
Imunização com vírus vivo atenuado em
vigência de DMARDs
• Geralmente contraindicadas em pacientes sob imunossupressão sistêmica. Dados escassos.
• Risco de infecção grave. Ex: relatos de infecção grave por varicela em transplantados de fígado e
coração. Levitsky et al. Am J Transplant. 2002; Kraft et al. Arch Dermatol. 2006.
• Abordagem individualizada, levando-se em consideração:
 Risco de infecção;
 Doença de base e medicamentos em uso;
 Capacidade de replicação sistêmica do microorganismo;
 Disponibilidade local de droga antiviral e imunoglobulina.
Buhler et al. Swiss Med Wkly. 2015.
É possível estimar a extensão da imunossupressão antes de
indicar vacinação com vírus atenuado?
Buhler et al. Swiss Med Wkly. 2015.
 Baseado principalmente
na meia-vida e opinião
de especialistas.
 Washout para LFN:
 Colestiramina (8 g
3x/dia por 11 dias) ou
carvão ativado (50 g
4x/dia por 11 dias).
 Em seguida, dosar 2x
nível sérico de LFN com
intervalo de 14 dias.
 Após obtenção de nível
sérico < 0.02 mg/L,
esperar mais 45 dias.
Buhler et al. Swiss Med Wkly. 2015.
 Estudo retrospectivo baseado em
questionário com pacientes
vacinados contra febre amarela até
60 dias da investigação.
 70 pacientes (90% mulheres) com
idade média de 46 anos.
 87% com AR ou LES.
 MTX (42%), SSZ (26%), PDN (22%),
LFN (18%), imunobiológicos (9%) e
CFM (3%).
 Apenas 1 (IFX 3 mg/kg) de 8
pacientes em uso de imunobiológico
apresentou efeito adverso (leve).
 31 pacientes (100% F; 23 com AR, 5 LES, 2 ES e 1 EA).
 Amostra de soro colhida após cerca de 39 meses da
revacinação, utilizando o teste padrão de neutralização
por redução de placas.
 27/31 (87.1%) com títulos protetores pós-vacinação.
 Título médio de Acs < título médio entre sadios
revacinados no estudo liderado por Camacho (2.865
miU/mL x 14.000 mIU/mL, respectivamente). Rev Saude
Publica. 2005.
 Soroconversão? Quantos destes pacientes já
não teriam títulos protetores após a
primovacinação?
Cuidados especiais em pacientes imunossuprimidos
 Checar status vacinal dos contactantes íntimos, com especial atenção
para sarampo, caxumba, rubéola, varicela e influenza.
 Utilização de IGIV quando expostos à indivíduos infectados com
varicela, herpes zoster disseminado e sarampo (válido para pacientes
não imunes).
Conclusões
 Vacinas inativadas são seguras para uso em pacientes com doença
reumática autoimune com e sem uso de terapia imunossupressora.
 Vacinas inativadas geralmente produzem respostas humorais satisfatórias
apesar do uso de imunossupressores, exceto quando em uso de MTX, MTX
+ anti-TNFα, abatacepte e, principalmente, rituximabe, quando as
respostas podem estar acentuadamente deprimidas.
 As evidências são limitadas acerca da vacinação com vírus vivo atenuado
no contexto de imunossupressão sistêmica, assim como da vacinação em
geral de pacientes clinicamente instáveis.
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