Ecologia Aplicada aula 6 Desenvolvimento (sucessão ecológica) e evolução nos ecossistemas Desenvolvimento dos ecossistemas ou Sucessão ecológica • É o desenvolvimento de um ecossistema desde sua fase inicial até a obtenção da estabilidade e do equilíbrio entre seus componentes. • Envolve mudanças na composição das espécies com o tempo, levando a uma maior diversidade. Resulta da ação da comunidade sobre o meio físico e de interações de competição e coexistência, que criam condições ao desenvolvimento de novas espécies, culminando em uma estrutura estável e equilibrada. • As cadeias alimentares tornam-se mais longas, tornam-se complexas redes alimentares e os nichos tornam-se mais estreitos (organismos mais especializados). Sucessão Ecológica Alterações graduais, ordenadas e progressivas no ecossistema resultante da ação contínua dos fatores ambientais sobre os organismos e da reação destes últimos sobre o ambiente. Sucessão ecológica II • Quando não é interrompida por forças externas, a sucessão é bastante direcional e previsível; • À sequência de comunidades que substituem umas às outras da-se o nome de série, e a essas comunidades transitórias o nome de estágios. • Comunidade pioneira, é a primeira comunidade que se instala num ecossistema (espaço) aberto; • Comunidade clímax, é a última comunidade da sucessão; • Sucessão primária, quando a sucessão se inicia num ambiente que nunca foi habitado, e secundária, acontece numa área que anteriormente era povoada. (abertura de uma clareira na mata). Esta leva a formação de um disclímax, diferente do clímax que existia anteriormente. Exemplo hipotético de uma sucessão primária Substrato: depressão em superfície rochosa preenchida pela água da chuva 1 3 2 4 Sucessão Primária (Continuação) 6 5 7 Tipos de sucessão • Sucessão autogênica: se as mudanças sucessionais são determinadas por fatores internos; e alogênica, determinada por fatores externos (p.ex, entrada de esgoto num lago ou rio); • Geralmente no início da sucessão P (produção bruta) é muito maior (autogênica) R (respiração da comunidade) , então P/R é maior que 1, e prossegue até P=R. Num tanque de esgoto P/R é menor que 1(heterotrófica) porque bactérias e outros organismos heterotróficos são os primeiros a colonizarem; Exemplos de Sucessão vegetal • Sucessão primária numa área de Dunas reçémformada As gramíneas constituem a comunidade pioneira em superfícies inóspitas, como a areia de dunas, visto que os seus caules rasteiros e raízes profundas possibilitam a colonização deste tipo de substrato. Espécies como Ammophila arenaria permitem a deposição gradual de partículas de areia transportadas pelo vento, junto à raiz, e caules aéreos, o que conduz à modificação do habitat. Estudos recentes demonstraram que a substituição de espécies como Ammophila arenaria não se deve apenas à alteração das condições abióticas, facilitadoras da instalação de outras espécies competidoras, mas também a diferenças na sensibilidade dos primeiros colonizadores a nemátoides e fungos do solo que lhes degradam o sistema radicular. A consolidação e enriquecimento do solo permitem a invasão de outras espécies, como o pinheiro (Pinus pinaster), que consegue colonizar o substrato arenoso da duna estabilizada. Este, posteriormente, pode ser substituído em zonas elevadas ou expostas por Carvalhos (Quercus sp.). Estas espécies são referidas apenas a título de exemplo, uma vez que várias sequências de colonização são possíveis, dependendo do acaso e das circunstâncias locais. Sucessão secundária após incêndio Nas regiões mediterrâneas algumas plantas têm mecanismos de dispersão e germinação estimulados pelo fogo de superfície. Este alastra rapidamente e não provoca grande subida de temperatura, ao nível das plantas e do solo, uma vez que é alimentado por combustíveis que se convertem rapidamente em cinzas. Após o fogo, a cobertura vegetal será formada essencialmente por rebentos jovens de espécies que, libertas da competição das árvores dominantes e estimulados pelas reservas dos órgãos subterrâneos resistentes ao fogo, formam matagais densos. Estão nesta situação espécies de urze (Erica sp.), que possuem rebentamento por toiça, e de esteva (Cistus sp), que produzem sementes cuja germinação é ativada pelo calor. Tal como na generalidade das sucessões, ao longo do tempo aumentam os recursos existentes no solo e diminui a luz disponível à sua superfície - um dos recursos limitantes para as espécies até então estabelecidas. Podem assim invadir o local espécies arbóreas, como os Carvalhos (ex. azinheiras ou sobreiros), que numa fase inicial podem coexistir com os matos, mas que posteriormente acabam por substituí-los e dominar a paisagem. Sucessão cíclica numa ilha com vulcões não-extintos O solo nu é colonizado por líquens, que formam a comunidade pioneira, de crescimento lento, e que interage com os fatores abióticos, modificando o habitat. À medida que são estabelecidas fraturas no substrato rochoso, causadas pelos organismos e pelos fatores ambientais, este poderá ser invadido por organismos “mais exigentes”. Nestas fendas forma-se solo de espessura favorável à instalação de fetos e arbustos, que no final deste processo poderão dar lugar a uma comunidade florestal. Uma nova erupção pode interromper este processo a qualquer momento e deixar o solo novamente nu. Comunidade Clímax • É a comunidade que expressa o máximo de desenvolvimento possível do ecossistema sob as condições do local em que a sucessão ocorreu. • Em ecossistemas maduros P=R, portanto a produtividade líquida diminuí. Os ciclos de nutrientes como N, P, e cálcio, se fecham, aumentando a independência do ecossistema do meio externo. Desenvolvimento de relações interespecíficas , mutualismo. Os organismos aumentam de tamanho, e seus ciclos de vida ficam mais longos. Diversidade de espécies • Espécie dominante (representada por grandes números de indivíduos, uma grande biomassa, ou outras indicações de “importância”) • Riqueza: ou densidade de espécies, baseada no N. total de espécies presentes (espécies/N.de indivíduos); • Uniformidade ou eqüitabilidade: se baseia na abundância relativa de espécies e no grau da sua dominância ou falta desta; • De modo geral, a diversidade aumenta com o tamanho da área, a medida que se caminha em direção ao Equador. Tende a ser reduzida em comunidades que sofrem estresse, porém também pode ser reduzida pela competição em comunidades antigas e ambientes físicos estáveis. Tendências esperadas no ecossistema ao longo da sucessão (primária) (Odum 1971; Margalef 1968) Atributos do ecossistema Em desenvolvimento Maduro Condições ambientais Variável e imprevisível Constante ou previsível Tamanho do indivíduo pequeno grande Mecanismos de determinação de tamanho populacional abióticos Bióticos, dependentes da densidade Ciclo de vida Curto/simples Longo/complexo Crescimento Rápido/alta mortalidade Lento/> capacidade de sobrevivância competitiva Produção Quantidade Qualidade Flutuações + pronunciadas - pronunciadas Estratificação (heterogeneidade espacial) pouca muita Diversidade de espécies (riqueza) baixa alta Diversidade bioquímica baixa alta Matéria orgânica total pouca muita Populações Estrutura da Comunidade Tendências esperadas no ecossistema ao longo da sucessão (primária) continuação.... Atributos do ecossistema Em desenvolvimento Maduro PPB/R >1 =1 PPB/B alta baixa PPL alta baixa Cadeia alimentar Linear (simples) Em rede (complexa) Ciclo de minerais aberto fechado Nutrientes inorgânicos Extrabióticos Intrabióticos Troca de nutrientes entre organismos e ambiente rápida lenta Papel dos detritos na regeneração de nutrientes Não importante importante Produção potencial alta baixa Capacidade de resistir à exploração grande pequena Energética da comunidade Nutrientes Possibilidade de Exploração pelo homem O que afeta a biodiversidade ? • Poluição (física, química): A poluição, o uso excessivo dos recursos naturais, a expansão da fronteira agrícola em detrimento dos habitats naturais, a expansão urbana e industrial, tudo isso está levando muitas espécies vegetais e animais à extinção. A cada ano, aproximadamente 17 milhões de hectares de floresta tropical são desmatados. As estimativas sugerem que, se isso continuar, entre 5% e 10% das espécies que habitam as florestas tropicais poderão estar extintas dentro dos próximos 30 anos • Introdução de novas espécies (poluição biológica):Um caso bem conhecido é o da importação do sapo cururu pelo governo da Austrália, com objetivo de controlar uma peste nas plantações de canade-açúcar no nordeste do país. O animal revelou-se um predador voraz dos répteis e anfíbios da região, tornando-se um problema a mais para os produtores, e não uma solução. Principais causas da perda da biodiversidade • Perda e fragmentação dos hábitats através de sua conversão direta em lavouras ou em construções; • Introdução de espécies exóticas e invasoras; • Exploração excessiva de espécies de plantas e animais; • Uso de híbridos e monoculturas na agroindústria e nos programas de reflorestamento; • Contaminação do solo, água e atmosfera por poluentes; • Mudanças climáticas. Sendo que as inter-relações das causas de perda de biodiversidade com a mudança do clima e o funcionamento dos ecossistemas agora começaram a ser comprovadas. Introdução de espécies ( “ dingo” que predaram os Koalas, Kangoroos, na Austrália) Alterações nos ecossistemas terrestres • Desmatamento (transformação em lavoura ou pasto- aumento da fronteira agrícola) • Queimadas (após colheita de cana, p.ex.), altera a composição do solo, microrganismos, etc. • Caça de animais silvestres, alteração das cadeias alimentares Alterações nos ecossistemas terrestres Poluição • Poluição é uma alteração indesejável das características físicas, químicas ou biológicas da atmosfera, litosfera, ou hidrosfera que cause ou possa causar prejuizo à saúde, à sobrevivência ou às atividades dos seres humanos e outras espécies ou ainda deteriorar materiais. • Alterações indesejáveis provocadas pelas atividades e intervenções humanas. • Erupção vulcânica é uma fonte poluidora, mas é um fenômeno natural. • Fontes poluidoras locais e difusas (mais dificil de conter e agir sobre elas, interestaduais, internacionais). Exemplos (Odum, 1986) Diversidade H 4 indivíduos 1000 Não-poluído Entrada de poluentes 3 100 Mod. poluído 10 1 1 poluído 10 20 30 40 espécies 2 50 Perfis do componente dominância da Diversidade para 3 riachos paralelos (Atlanta, EUA). 0 10 20 30 40 50 Distância abaixo da entrada de poluentes/ milhas Mudanças no índice de diversidade do bentos (organismos que vivem no fundo), a jusante de uma entrada de poluição Poluição das águas Lançamento de esgotos industriais e domésticos Direto no corpo d´água receptor Causas e Consequências da Eutrofização Consequências da eutrofização Aumento do fitoplancton e de macrófitas aquáticas Diminuição da penetração da luz e do processo de aeração superficial Morte de oeganismos sensíveis à redução da conc. de O2 (peixes) Aumento da degradação da M.O pelas bactérias aeróbias (DBO) Condições anaeróbias no hipolímnio Predomínio de bactérias anaeróbias e facultativas no fundo do lago (produção de H2S e CH4), tóxicos para peixes e plantas.