A Relação Mente-Corpo Na Índia e Na China Apresentado por Fabiano S Castro PUC-RIO – 12 de março de 2008 Índia Os primeiros relatos escritos sobre a cultura, organização social e religiosa da Índia Antiga (2000 a.C.): Os “Vedas” Possivelmente referentes a um período anterior: por volta de 3000 a.C. O Ayurveda Ramificação, mas não parte integrante dos Vedas Compreender a relação da mente com o mundo exterior e o corpo onde se encontra Representado pelos tratados médicos chamados Samhitas: “Charaka Samhita” e o “Susruta Samhita” Charaka Samhita Associado ao médico indiano Charaka (por volta de 300- 200 a.C.) Apresenta os princípios fundamentais do tratamento ayurvédico, assim como qual era a compreensão dada ao corpo humano em sua época Sushruta Samhita Associado ao médico Susruta (por volta de 200 –100 a.C.) Apresenta uma compreensão mais sistemática do conhecimento cirúrgico e anatômico da época A Importância da prática de dissecação como aprimoramento do conhecimento do corpo humano e de suas partes Corpo Como Microcosmo Existência de uma cópia do universo no interior de casa pessoa A cognição como o ponto de origem do o universo externo A corrente de pensamento filosóficoreligioso: Samkhya Samkhya A Consciência Pura ou Alma imaterial (Purusha) e o Princípio Raiz de Matéria Pura (Prakriti) O Principio de Inteligência, capaz de perceber, organizar e decidir acerca do conhecimento adquirido (Buddhi) A partir de Buddhi: a capacidade de sentir o mundo externo, através de um corpo – ou seja, os órgãos sensoriais Construção do mundo externo a partir das sensações O Mundo Externo Os cinco elementos básicos: éter, fogo, terra, água e ar Associados a um órgão sensorial: nariz, olhos, pele, língua e ouvidos Associados um determinado órgão “de ação”: mãos, pés, voz, órgãos reprodutivos e de excreção Som, toque, cheiro, cor ou forma e sabor É a partir da interação de um principio de consciência imaterial e de uma matéria indiferenciada que surge um principio organizador. Deste principio organizador, o mundo externo emerge, pela percepção dos cinco elementos básicos através das cinco sensações, que são produto dos cinco órgãos sensoriais e que possibilitam a interação com o mundo externo através de cinco órgãos motores Voltando ao Ayurveda O ser humano como composto pelos mesmos cinco elementos básicos citados antes Associação dos elementos com as partes do corpo e com o funcionamento Os Doshas A interação dos cinco elementos: as três forças vitais (doshas) Organização dos fundamentos da anatomia, fisiopatologia e farmacologia ayurvédica em torno da idéia de um ser humano (tanto fisicamente quanto psicologicamente) composto por estes três humores (Tridosha) O conceito de Saúde Estado de equilíbrio das proporções individuais das três forças vitais no organismo Enfermidade: perda deste equilíbrio Os “Dhatus” – Aquilo que forma o corpo Intestino; sangue; tecidos musculares; gordura; ossos; tecidos reprodutivos; e medula óssea, medula espinhal e encéfalo O Cérebro O cérebro e a medula espinhal como um tecido igual à medula óssea O “Bhela Samhita”: cérebro como centro das funções mentais Coração como sede da alma, por sua posição centralizada no corpo humano O Sistema Nervoso - - - No “Susruta Samhita”: descrição dos quatro pares de nervos cranianos: dois situados ao lado da laringe, que quando danificados produzem perda ou mudança da voz; um par de nervos atrás das orelhas associados com a audição; um par de nervos situados dentro do nariz e associados ao olfato; e um par de nervos situados abaixo dos olhos, associados à visão China Registros mais antigos: Dinastia Shang (1700 a.C. – 1025 a.C.). Diferenças entre as narrativas e os registros feitos e as evidências arqueológicas A M.T.C. A denominada Medicina Tradicional Chinesa (M.T.C.) está muito associada com suas concepções metafísicas, adota princípios do Taoísmo e do Confucionismo, e tem suas origens mais antigas antes do período da dinastia Xia (2000 a.C. – 1700 a.C.). de acordo com o Taoísmo, o homem é produto da natureza o corpo humano é visto como uma representação em miniatura do universo e por isso, a saúde era vista como um estado de equilíbrio harmônico das diversas formas de energia da natureza, presentes em todos os órgãos internos, glândulas e sistemas orgânicos equilíbrio entre Yin e Yang, as duas forças opostas e equilibradores dos extremos cíclicos de tudo na natureza (dia e noite, inverno e verão, quente e frio, feminino e masculino, sono e atividade, etc). Associados a essas forças, os antigos chineses consideram os cinco elementos básicos da natureza (terra, fogo, madeira, água e metal) como parte de qualquer produto da natureza, animada ou inanimada, fundamentais na manutenção e modificação deste equilíbrio de forças contém os cinco elementos básicos e está sujeito às forças opostas ying e yang, que irão reger seu funcionamento. A enfermidade é produto do desequilíbrio entre as duas forças opostas, ying e yang. Fontes: - “Huang Di Nei Jing” (referentes a 2500 a.C., datados por volta de 475 – 221 a.C.) Dividido em: “Su Wen”: pensamento filosófico por trás da prática e as teorias e princípios da medicina chinesa - “Ling Shu”: focado em técnicas específicas de acupuntura, teoria dos meridianos e a descrição de varias agulhas de acupuntura Os “Zang Fu” Dividem os órgãos internos em dois grupos: - os “Zang”, compostos pelo coração, fígado, baço, pulmão e rins; e as vísceras (intestinos, o estômago, a vesícula biliar e a bexiga), denominadas “Fu” Associam cada um dos cinco órgãos “Zang” (coração, fígado, baço, pulmão e rins) a um dos cinco elementos básicos da natureza (fogo, madeira, terra, o metal e a água) Também associados a uma emoção: alegria, melancolia, apreensão, tristeza e o medo, A Sede O cérebro como um órgão “Fu” peculiar, denominado como o “mar da medula” O coração: coordenador das emoções no organismo, além da memória e a inspiração, não atribuindo ao cérebro nenhuma função mental específica Considerações Finais Questões sobre a relação corpo – mente não é recente O conhecimento anatômico e funcional do corpo limitado pela falta de maiores explorações e por falta de análises sistemáticas do corpo humano uma associação entre o conhecimento “científico” e a prática religiosa