Transformações globais, a Nova Economia e o Brasil Transformações globais • Neoliberalismo e ruptura do bloco comunista • Novo paradigma tecnológico e organizacional • Rede transcorporativa e grupos econômicos • Polarização no sistema econômico internacional Ascensão e queda do Neoliberalismo • Reação à crise econômica dos anos 70 (estagflação) • Rigidez e imobilismo: ajuste estrutural (“euroesclerose” e o Welfare State) • Funcionalidade e convergência de interesses dos grupos dominantes (desregulamentação, privatização) Neoliberalismo: Sinais trocados • • • • • Privatização vs estatização Capital estrangeiro vs nacionalização Liberação vs regulação Mercado vs planejamento Liberalização vs protecionismo Desagregação do bloco comunista: URSS 1991 • fracasso do processo de reformas econômicas de 1985 • reformas políticas (glasnost) e eclosão de demandas reprimidas • vácuo político-ideológico • degradação das instituições públicas • ressurgimento dos conflitos étnicos • golpes de Estado em 1991 (pacífico) e 1993 (sangrento) Deficiências da planificação centralizada • Ineficiência técnica e alocativa • Ausência de um sistema de produção e consumo de massas (vazamento via complexo industrial-militar) • Reduzida capacidade de incorporação do progresso técnico e organizacional no sistema econômico Novo paradigma tecnológico e organizacional • Aceleração do progresso tecnológico • Expansão do complexo da microeletrônica, informática e telecomunicações • Maior eficiência técnica e melhor qualidade • Introdução acelerado de novos produtos e novas oportunidades de mercado • Tecnologia da informação Tecnologia da Informação • Articulação estreita entre as atividades de concepção, produção, compras, transporte e vendas • Inovações organizacionais: ruptura do modelo fordista Fordismo versus Toyotismo • • • • Grandes volumes concepção básica grandes estoques restrita divisão do trabalho • Menores volumes de produção • rápidas mudanças na linha de produção • baixo nível de estoques • elevado controle de qualidade • flexibilidade e integração Grupos econômicos e Redes Transcorporativas • Predominância crescente do grupo econômico • Predominância do grupo internacional Grupo econômico Locus de acumulação, inovação e poder Substituição da lógica: “empresa-empresário-proprietário-concorrência” pela “grupo-administrador-controleconcertamento” Era da Consolidação • Ondas de fusões • Aquisições • Acordos de cooperação • O poder gerado no processo de concentração e centralização tem sido extraordinário Rede Transcorporativa • Membros são parte da elite do poder • Inner circle: coesão social • Organizam-se para influenciar a política governamental e a opinião pública • Promovem os interesses sistêmicos do grand capital Poder econômico: Nova visão institucionalista • “As decisões relativas à produção e distribuição não são determinadas pelas forças impessoais de mercado, mas sim pelo exercício do poder e da coerção” • “A distribuição de poder entre vários grupos da sociedade é desproporcional” • “Aqueles que possuem um enorme poder de coerção deveriam sempre estar sujeitos a controles democráticos” Polarização no sistema econômico internacional • Pólos de crescimento: “locomotivas” versus “vagões” • Sistema hierarquizado: Dominação e submissão; concentração de riqueza, renda e poder Distribuição da renda mundial 20 % mais ricos 20 % mais ricos com relação aos com relação aos 20% mais pobres 80% mais pobres 1960 1969 1979 1987 1990 14,9 17,9 22,5 21,6 22,3 1,4 1,4 1,4 1,7 1,8 Nova Economia: Anos 1990 • Extraordinário dinamismo da economia norte-americana a partir de 1992 • Taxa média anual de crescimento do PIB 1992-2000 = 3,6% ; 1996-200 = 4,0% • Redução da taxa de desemprego: 1992 = 7,5%; 2000 = 4,2% • Baixa taxa de inflação (2%) • Crescimento elevado da produtividade (4%) Nova Economia: Algoritmo simples • Revolução tecnológica (telemática): Novas tecnologias de produção, produto e comercialização (redes eletrônicas interligam produtores e fornecedores, produtores e consumidores, automação) • Aumento de produtividade • Novas oportunidades de investimento e, portanto, aumento de renda Grandes economias e grandes países País Estado Japão Alema nha s Unidos França China Índia Rússia Brasil 270 126 82 59 1239 980 147 166 Território (mil km2) 9364 378 357 552 9597 3288 17075 8547 PNB (PPP US$ bilhões) 1998 7904 2982 1807 1248 3779 2018 907 1070 29240 23592 22026 21214 3051 2060 6180 6460 Taxa anual de crescimento de longo prazo do PNB per capita (1965-1999) 1,6 3,5 1,9 2,1 6,8 2,7 .. 2,2 Taxa anual de crescimento do PIB (1995-1999) 3,8 1,2 1,5 2,2 8,8 6,4 -1,6 2,2 Taxa anual de crescimento do PIB per capita (1995-1999) 2,9 0,6 1,3 1,8 7,8 4,7 -1,9 0,7 População (milhões) 1998 PNB per capita (PPP US$) 1998 Economia norte-americana Indicador 19821991 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Crescimento do PIB, taxa de variação anual 2,9 2,7 3,6 4,2 4,3 4,2 4,4 Desemprego, taxa anual 7,0 5,6 5,4 4,9 4,5 4,2 4,2 Investimento, taxa de variação anual 2,6 5,4 8,4 7,5 10,5 8,2 6,6 -1,6a -3,2 -2,8 -1,8 -0,7 0,3 1,3 Déficit público, percentagem do PIB -6,0 -3,3 -2,4 -1,2 -0,1 0,5 1,0 Dívida pública, percentagem do PIB 46,0 59,6 59,2 57,3 54,0 50,6 46,6 Produtividade, taxa de variação anual 3,0 3,9 4,0 5,0 4,8 6,4 3,8 Custo unitário da mão de obra, taxa de variação anual 1,6 -1,7 -2,6 -1,3 0,5 -1,4 -0,1 Inflação, IPC 4,1 2,8 2,9 2,3 1,6 2,2 2,5 Taxa de juro, Notas do Tesouro (3 meses) 3,4 5,5 5,0 5,1 4,8 4,8 5,9 Balanço de pagamentos, saldo da balança comercial de bens (US$ bilhões) -37b -98 -104 -105 -164 -268 -340 Balanço de pagamentos, saldo em conta corrente (US$ bilhões) -51b -114 -129 -144 -221 -339 -419 Balanço de pagamentos, saldo em conta corrente (percentagem do PIB) -0,8b -1,5 -1,7 -1,7 -2,5 -3,7 -4,3 Taxa de câmbio efetiva real 100c 69,2 73,4 80,0 85,4 86,1 .. Hiato do produto Superioridade dos EUA: C&T País Estados Unidos Japão Alemanha França China Índia Rússia Brasil Cientistas e engenheiros em P&D (por milhão de pessoas) 1987-97 3676 4909 2831 2659 454 149 3587 168 Técnicos em P&D (por milhão de pessoas) 1987-97 .. 827 1472 2873 200 108 600 59 19 21 47 37 43 25 50 27 Artigos em jornais científicos e técnicos 1995 Gastos de P&D (% do PNB) 198797 142792 39498 30654 23811 6200 7851 17180 2760 2,63 2,80 2,41 2,25 0,66 0,73 0,88 0,81 Exportações de produtos intensivos em tecnologia (US$ milhões) 1998 170681 94777 63698 54183 23308 1314 2449 2554 Exportações de produtos intensivos em tecnologia (percentagem das exportações de produtos manufaturados) 1998 33 26 14 23 15 5 12 9 Royalties e taxas de licenciamento, Receitas (US$ milhões) 1998 Royalties e taxas de licenciamento, Pagamentos (US$ milhões) 1998 36808 7388 3252 2336 63 19 28 142 11292 8947 4893 2717 420 201 2 1075 Patentes registradas, Residentes, 1997 125808 351487 62052 18669 12786 10155 15277 36 Patentes registradas, Não-residentes, 1997 110884 66487 113543 93962 48596 .. 32943 31947 Estudantes de ciência e engenharia (percentagem do total de estudantes universitários) 1987-97 Tecnologia da Informação País Jornais diários (por mil pessoas) 1996 Estados Unidos Japão Alemanha França China Índia Rússia Brasil 215 578 311 218 .. .. 105 40 2146 955 948 937 333 121 418 444 847 707 580 601 272 69 420 316 244,3 114,8 214,5 27,5 40,0 18,8 78,5 16,3 Telefone celular (por mil pessoas) 1998 256 374 170 188 19 1 5 47 Máquinas de fax (por mil pessoas) 1998 78,4 126,8 73,1 47,4 1,6 0,2 0,4 3,1 Computadores pessoais (por mil pessoas) 1998 458,6 237,2 304,7 207,8 8,9 2,7 40,6 30,1 1508,7 163,75 173,96 110,64 0,50 0,18 13,06 18,45 Rádios (por mil pessoas) 1997 Televisão (aparelhos por mil pessoas) 1998 Assinantes de TV a cabo (por mil pessoas) 1998 Receptores de internet (por 10 mil pessoas) 1999 As transformações globais e a economia brasileira Brasil: Historicamente, uma das economias mais abertas do mundo Neoliberalismo e hegemonia • Plano político-ideológico: fortalecimento do ideário neoliberal • Desorientação do movimento político de esquerda • Crítica crescente à intervenção do Estado e ao excesso de regulamentação • Hegemonia: visão privatistainternacionalizante (“integração competitiva”) Abertura da economia brasileira: Dimensões • • • • Comercial Tecnológica Produtiva-real Monetário-financeira Convergência de interesses • Coincidência ou convergência entre as mudanças na estratégia e na política econômica do governo e o chamado Consenso de Washington Consenso de Washington • Máximo de abertura • Mínimo de intervenção estatal Consenso de Washington: Áreas • • • • • • • • • • Disciplina fiscal Priorização dos gastos públicos Reforma tributária Privatização Desregulação Liberalização financeira Regime cambial Liberalização comercial Investimento externo direto: tratamento nacional Propriedade intelectual: proteção Progresso técnico e restruturação produtiva • Aprofundamento do atraso tecnológico • Incerteza e instabilidade dificultam o planejamento estratégico das empresas • Crescentes custos de transação e práticas comerciais restritivas • 1980s: estratégia passiva • 1990: restruturação: redução de custos, aumento de produtividade e diminuição do emprego • desmonte do sistema nacional de inovações • fusão de grandes grupos nacionais (Zini+Dedini) • Associações entre grupos privados nacionais e transnacionais Nova Economia e o Brasil “O Brasil, ao contrário [dos EUA], vem registrando sinais de regressão no desenvolvimento da chamada “nova economia”. Com base nos últimos dez anos, não apenas o setor ITC reduziu a sua presença relativa estimada no PIB (de 2,7% para 2,1%), como também houve perda absoluta de empregos...” (MP, p. 75) Emprego nos setores da Nova Economia no Brasil (mil trabalhadores) Informática e equip. Comunicaçã o e equip. Informática Comunicaçã o Total 1989 1999 Variação absoluta 74 38 -36 373 170 -203 81 112 31 265 300 34 794 620 -174 Nova Economia e o Brasil (cont.) • “Percebe-se hoje a frustração quanto ao acesso às novas tecnologias, gerando certa paralisia nas iniciativas estratégicas nacionais e desincentivo à promoção de alternativas tecnológicas voltadas à realidade do país” (MP, p. 76) Nova Economia e o Brasil (cont.) • “Está deixando de ser produtor de bens e serviços de maior valor agregado e de alto conteúdo tecnológico para assumir uma posição industrial mais próxima a de montagem (maquiagem produtiva) e de comprador de novas tecnologias” (MP, p. 76) Comércio internacional e acirramento da concorrência • Perda de competitividade internacional da economia brasileira a partir de meados dos anos 1980 • Incapacidade de realizar uma reorientação profunda do padrão de comércio • Impacto de práticas protecionistas • Maior pressão dos EUA sobre o Brasil a partir de 1984-88 • Revitalização dos esquemas de integração regional (protocolos Brasil-Argentina, Mercosul) Impacto monetário-financeiro • Crise internacionais representam pontos de inflexão (1979, 1982, 1992, 1994, 1997 ... ) • Volatilidade de taxas de juro e câmbio • Dívida externa: fracasso de soluções (acordos com FMI a partir de 1983; Plano Baker, 1985) Transformações globais e o Brasil • Inserção passiva na economia internacional • Vulnerabilidade externa • “Vagão descarrilhado”