UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO- PPE MESTRADO EM EDUCAÇÃO – MINTER DISCIPLINA: TRABALHO, EDUCAÇÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICA PROFESSORA DOUTORA TERESA KASUKO TERUYA DEBORA GOMES MÁRCIA APARECIDA MARUSSI SILVA PATRÍCIA C. FORMAGGI CAVALEIRO MARINGÁ-PR 22/10/2007 Burrhus Frederic Skinner (1904 - 1990) Um pouco da história... Skinner nasceu em 1904, na Pennsylvania; Graduou-se em língua inglesa em Nova York e fez mestrado e doutorado em Psicologia, em Harvard; Representante da corrente da psicologia denominada Behaviorismo, que se iniciou no começo do século XX, fundada por John Watson (1878-1958); Morreu em 1990 vítima de leucemia. A teoria Behaviorista ou “O Behaviorismo” Objeto de estudo: o comportamento; Análise das condutas observáveis; Valoriza a experiência planejada como a base do conhecimento; Contesta três teorias: “Aprender fazendo”; “Aprendemos da experiência”; “Aprendemos por ensaio e erro.” Importância do Reforço: “O reforço é o elemento chave na teoria de Skinner... Trabalhou sobre a conduta em termos de reforços positivos (recompensas) contra reforços negativos (castigos); Reforço positivo: elogio verbal, uma boa nota... Reforço negativo: zanga da professora, deboche, gozação dos colegas, conversar com a diretora... Dividiu o processo de aprendizagem em respostas operantes e estímulos de reforço, o que o levou a desenvolver técnicas de modificação de conduta na sala de aula; Sociedade ideal: a que implanta planejamento social e cultural. Sua obra: Tecnologia do Ensino (1968): o cientista desenvolveu a máquina de aprendizagem, que nada mais eram do que a organização de material didático de maneira que o aluno pudesse utilizar sozinho, recebendo estímulos à medida que avançava no conhecimento. Máquina de Ensinar CAIXA DE SKINNER Skinner definiu como aparelho adequado para estudo animal; contém apenas uma alavanca e um fornecedor de alimento; realizou a maioria de suas experiências com animais inferiores, principalmente o Rato Branco e o Pombo SOCIEDADE (Déc. de 50-70) Sofria grandes industriais; mudanças e avanços Educação que suprisse as necessidades do mercado de trabalho; Revestiu-se de caráter econômico, buscando a racionalidade e a formação eficiente; Necessitava competentes indústria. formar para suprir indivíduos a demanda SOCIEDADE “A incorporação da massa na linha de montagem para produção em grande escala, utilizava funcionários especializados que faziam um único tipo de serviço. Para este modelo de indústria. Os operários deveriam ser alfabetizados e ter um pouco de treinamento. O ensino público e obrigatório ofereciam um saber pragmático e utilitário, não havia necessidade de desenvolver o raciocínio lógico, criatividade para produzir conhecimento; bastava reproduzir o conteúdo oferecido pela escola. Os cursos profissionalizantes visavam a ensinar uma profissão na escola para atender a demanda da população que necessitava ingressar cedo no mercado de trabalho.”(TERUYA,2006.p.36) Governo de Jk Impulso Econômico DITADURA MILITAR A educação no Brasil foi marcada de controle por parte do governo. Acordos com o governo norte-americano e com empresas particulares de ensino abriram espaço para a privatização, barrada apenas pela mobilização dos estudantes na década de 70. A educação foi considerada, no projeto de desenvolvimento do Banco Mundial, como fator direto de crescimento econômico, ou seja, como meio para o provimento técnicos para o setor produtivo, especialmente no nível de 2º grau. DITADURA MILITAR O movimento estudantil crescia e exigia a volta da democracia, além de denunciar a intervenção dos EUA na estrutura educacional brasileira. No final da década de 70, o interesse do Banco Mundial direcionou-se educação primária, doravante considerada como a mais apropriada para assegurar às massas um ensino mínimo e de baixo custo, para a consecução das novas diretrizes de estabilização econômica. Regime Militar GOLPE MILITAR Abortou as tentativas de se revolucionar a educação brasileira, sob o pretexto de que as propostas eram “comunizantes e subversivas”. Extinção das disciplinas de filosofia e sociologia. O espírito crítico e reflexivo é banido das escolas. Educação Tecnicista A abordagem escolanovista apresenta sinais de fracasso ( + ou – 1950) Educação Tecnicista Para contrapor a esta forma de ensino surge a educação tecnicista. Desenvolvimento do caráter tecnicista na Educação. LDB nº 4.024/61 ainda garantia maior flexibilidade na passagem entre o ensino profissionalizante e o secundário. LDB nº 5.692/71, tem como característica marcante a formação educacional de cunho profissionalizante. LDB 4.024/61 e 5.692/71 Função da Educação A função da educação tecnicista é transmitir comportamentos éticos, práticas sociais, habilidades consideradas básicas para a manutenção e controle do ambiente cultural e social. O objetivo de formar no aluno a pessoa humana é substituída pelo propósito de formar o produtor, o consumidor, a mãode-obra (KAWAMURA, 1990). Papel da Escola Articula-se com o sistema produtivo para o aperfeiçoamento do sistema capitalista: provê a formação de indivíduos para o mercado de trabalho, de acordo com as exigências da sociedade industrial e tecnológica. Escola A escola passa a ser uma agência educacional com uma forma peculiar de controle para os comportamentos que pretender instalar e manter. Contemplava a organização do ensino baseado em materiais e processos tecnológicos, visando acompanhar o intenso processo social de massificação dos meios de comunicação. ORDEM E PROGRESSO PARA MANTER A ORDEM Ensino O processo de massificação do ensino possibilitou atender a proposta de educação para todos, pois os materiais tecnológicos possibilitam a abrangência de um maior número de alunos sendo subsidiados por apenas um professor Atividades que estimulam a competição Premiação como reforço positivo. Objetivo do Ensino O objetivo de formar no aluno a pessoa humana é substituída pelo propósito de formar o produtor, o consumidor, a mãode-obra (KAWAMURA, 1990). Tecnicismo e Comportamentalismo A educação tecnicista embasou-se na teoria Behaviorista ou Comportamentalista que concebe a tecnologia educacional como base para o ensino Segundo Skinner, a cultura passa a ser representada pelos usos e costumes dominantes, pelos comportamentos que se mantêm porque são reforçados à medida que servem ao poder econômico e político. Para moldar, manter ou acabar com um comportamento indesejado usa-se os reforços. Recursos Tecnológicos Tecnologias do ensino Instrução programada Ensino a distância Inclusão de cursos de curta duração Estudo dirigido Tele ensino Múltiplos recursos audiovisuais Testes de múltipla escolha Microensino Máquinas de ensinar Computadores: Tutorial, Exercício e Prática, Modelagem e Simulação e Jogo. Trabalho docente Prática profissional técnica; Executar os programas no prazo determinado; Trabalho docente fragmentado. Supervisor controlar e fazer as alterações necessárias Influências do conteúdo tecnicista na formação do professor. O pedagógico está estabelecido apenas executa. Desenvolver técnicas de ensino. Organização do ensino Conteúdo Planejado em seqüências encadeadas, obedecendo progressão racional. curtas e a uma As perguntas devem ser curtas de modo que o aluno cometa poucos erros, as respostas são dadas imediatamente Material instrucional sistematizado por especialistas: manuais, livros didáticos e apostilas. Objetivo Predominam os exercícios de modelo: complete, siga o modelo, pontilhados, treino, etc. São operacionalizados, devem ser bem detalhados, pois são instrumentos para medir os comportamentos observáveis, devem ser mensuráveis e válidos. Planejamento Constituem-se de pequenos passos que levam o aluno responder com acerto e passar para a etapa seguinte O objetivo é assegurar o êxito ao estudante em cada passo, as atividades são elaboradas em seqüências gradativas que vão sendo reguladas por meio de estímulos e reforços, para obter os comportamentos desejados. Metodologia O planejamento, a condução e a avaliação do processo de ensino-aprendizagem combinam meios humanos e não humanos para produzir uma instrução eficiente. O método de ensino visa procedimentos e técnicas para transmissão e recepção de informações, sendo que debates, reflexões, discussões e questionamentos são considerados desnecessários; as relações afetivas e pessoais não são consideradas. Passos do método científico 1- Objetivos instrucionais operacionalizados em comportamento mensurável e observável. 2- Procedimentos instrucionais 3- Ênfase nos meios, na instrução programada nas técnicas de microensino e nos recursos audiovisuais Avaliação Está no contexto de uma concepção que valoriza o acerto Verifica-se apresentação resposta-reforço. de estímulo- Ocorre no final do processo com a finalidade de constatar se os alunos adquiriram os comportamentos desejados. Prática diluída, eclética e pouco fundamentada, com exagero apego aos livros didáticos. Walden II: uma sociedade do futuro Escrito em 1945 por Skiner, que propunha, no seu entender “como um grupo de mil pessoas poderia encontrar soluções para os problemas da vida diária com o auxílio da engenharia do comportamento”. Recusado por dois editores, apenas um ou dois críticos levaram o livro a sério e o público o ignorou por doze anos. Walden II: uma sociedade do futuro Não é uma manual de hippies, não deflagrou nenhuma revolução, mas defendeu princípios que estão agora muito em voga. Cinco deles encontram-se também em Walden de Henry David Thoreau. Thoreau (1817-1862), viveu solitário durante dois anos às margens da lagoa Walden, em Coneord, perto de Boston, Massachusetts e defendia os diretos da pessoa humana. Princípios de Walden I 1. Nenhum modo de vida é inevitável. Examine o seu próprio de perto. 2. Se você não gosta dele, mude-o. 3. Mas tente mudá-lo através da ação política. 4. Peça somente que o deixem em paz, para resolver os seus problemas a seu modo. 5. Simplifique suas necessidades. Aprenda ser feliz com menos posses. Como Walden era para um, e os problemas da sociedade pedem algo mais do que individualismo, outros princípios foram acrescentados em Walden II. Princípios de Walden II 6. Construa um modo de vida no qual as pessoas vivam juntas sem brigar, num clima social de confiança ao invés de suspeita, de amor ao invés de ciúme, de cooperação ao invés de competição. 7. Mantenha esse mundo com sanções éticas brandas, mas efetivas, ao invés de polícia ou força militar. 8.Transmita a cultura eficazmente ao novos membros através de cuidados especializados às crianças e de uma tecnologia educacional poderosa. Princípios de Walden II 9. Reduza o trabalho compulsivo ao mínimo, dispondo os tipos de incentivo sob os quais as pessoas apreciam. 10. Não considere nenhuma prática como imutável. Mude e esteja pronto a mudar novamente. Não aceite verdade eterna. Experimente. Walden II: uma sociedade do futuro A cidade foi construída numa área rural aonde existiam algumas fazendas, com lagos, represa, rebanhos... Tratava-se de uma sociedade cooperativa, formada por pessoas não selecionadas, com gostos variados, sem modismos, sem horários, dentro de um esquema flexível, no qual as pessoas produziam seus próprios alimentos e suas roupas. Os membros da comunidade não estavam desligados das suas cidades e culturas, mas mantinham uma vida prática onde, por exemplo, as bandejas para as refeições eram de vidro para facilitar na limpeza Walden II: uma sociedade do futuro Não haviam empregados com salário. Nem mesmo havia dinheiro. Havia créditos de trabalho (CT) e cada membro pagava à comunidade, 1.200 CT por ano, equivalente a quatro créditos por dia de trabalho (1 hora de trabalho = 1CT) e existiam valores diferentes para tipos de trabalhos diferentes. Walden II: uma sociedade do futuro As normas eram instituídas por uma junta de planejadores formada por três homens e três mulheres por um período de 10 anos. Para cada setor da comunidade existia um administrador e até os cientistas, médicos, planejadores e administradores obtinham parte dos seus CT em serviços subalternos. Walden II: uma sociedade do futuro Todo dinheiro ganho pelos membros pertencia à comunidade e, se alguém, um dia quisesse ir embora, não poderia levar consigo mais do que tinha quando chegou, ou seja, suas coisas e seus objetos pessoais. Uma infinidade de atividades culturais e esportivas preenchia o tempo dos moradores, e qualquer um poderia se dedicar a qualquer tipo de atividade, tomando aulas com professores de Walden II que recebiam então, CT equivalentes para dar ao aluno condições certas para desenvolver a sua genialidade. Walden II: uma sociedade do futuro Crianças de até um ano, eram criadas em grupos num berçário. Não usavam roupas, pois o ambiente era climatizado e isolado. Seus pais as visitavam e as levavam para passear, mas não viviam o tempo todo com os filhos. O alojamento das crianças de um a três anos também tinha temperatura controlada e as crianças não usavam roupas. Com técnicas da engenharia do comportamento humano, essas crianças recebiam treinamentos para aprender a lidar com as frustrações, Eram capacitadas a desenvolver o controle das emoções e a tolerância Walden II: uma sociedade do futuro Emoções do tipo ciúme e inveja não existiam, as crianças eram treinadas para superar essas emoções negativas e obter prazer e satisfação. Havia grande variação nos QI das crianças, e como não havia rivalidade pessoal também não havia comparações de indivíduos. As crianças aceitavam as suas limitações e os Gênios podiam exprimir-se. Não se praticava e nem se ensinava religião alguma. Não havia poder dominante sobre o semelhante e o relacionamento com a sociedade e com o governo era ao nível essencial. Walden II: uma sociedade do futuro Sabendo como o reforço positivo funciona e porque o negativo não funciona, puderam ser mais bem sucedidos no planejamento cultural. Conseguiram uma espécie de controle sob o qual o controlado, apesar de estar seguindo um código, sinta-se livre. Fazem o que querem e não que são forçados a fazer. Não há repressão, não há revolta, pois não controlam o comportamento final, mas a inclinação pra o comportamento – os motivos, os desejos, as vontades. Walden II: uma sociedade do futuro Para Walden II o voto é um meio de por a culpa no povo pela situação; o povo não faz as regras, é o bode expiatório. o povo sabe apreciar uma situação e como gostaria que fosse, mas não sabem como conseguir o que querem. A democracia é poder e regras, não o desejo do povo, é o desejo de uma maioria, que é a elite. Walden II: uma sociedade do futuro Em Walden II: o governo tem as virtudes da democracia, mas nenhum dos seus defeitos; está mais próximo da intenção da democracia do que a atual prática na América. o desejo das pessoas é cuidadosamente verificado. Não têm campanhas eleitorais “para falsificar as soluções ou obscurecêlas com apelos emocionais”. é feito um estudo cuidadoso sobre o grau de satisfação dos membros e todos tem um canal direto através do qual pode protestar aos Administradores ou Planejadores. Walden II: uma sociedade do futuro Ninguém se preocupa quanto ao governo, exceto aos poucos a quem essa preocupação foi atribuída. A única coisa que importa é a felicidade do dia a dia e a segurança futura. A usurpação do poder é não ameaça Walden II, pois o poder é ou destruído ou tão difuso que a usurpação é praticamente impossível. Walden II: uma sociedade do futuro A democracia não é, e não pode ser, a melhor forma de governo, porque está baseada numa concepção cietificamente falsa de homem. Falha ao considerar o fato de que, a longo prazo, o homem é determinado pelo Estado, pois uma filosofia laissez-faire que confia na bondade inerente e sabedoria do homem comum é incompatível com o fato observado de que os homens se tornam bons ou maus e sábios ou tolos, segundo o ambiente no qual crescem. Walden II: uma sociedade do futuro O mundo é um padrão pobre. Qualquer sociedade sem fome e sem violência parecerá esplêndida contra este fundo. Mas viva em Walden II cerca de um mês e você terá novos pontos de vista. Você afastará o pessimismo que preenche as profundidades do abismo em que nós estamos afundados e começara a ver as potencialidades do homem. Começará a esperar grandes coisas dos homens e ver a possibilidade de conseguilas também. Walden II visa: Tornar os homens mais felizes, sim. Fazê-los produtivos para assegura a continuação dessa felicidade, sim. Mas também, “tornar possível uma genuína do comportamento humano”. ciência E essas coisas não são para laboratórios, não são questões acadêmicas, são questões que dizem respeito às nossas próprias vidas. Não podemos estudá-las numa cultura viva e, ainda numa cultura sob controle experimental. Deve ser um mundo real, nada menos que Walden II. Por fim, segundo Skinner no Prefácio de Walden II: “A opção é clara: ou não fazemos nada e admitimos que um futuro miserável, e provavelmente catastrófico, nos surpreenda, ou empregamos nosso conhecimento sobre o comportamento humano para criar um ambiente social onde levaremos vidas produtivas e criativas, sem com isso comprometer as possibilidades daqueles que nos seguirem para que possa fazer o mesmo. Algo como Walden Two não seria um mau começo.” (Janeiro, 1976) Referências Bibliográficas ALTOÉ, Anair. Educação Tecnicista. In: Didática: processos de trabalho em sala de aula. Anair Altoé., João Luiz Gasparin, Maria Tampellin Ferreira Negrão, Tereza Kazuko Teruya, organizagores. – Maringá : EDUEM, 2005. p.65 a 79. KAWAMURA, Lili. Educação tecnicista. In: Novas tecnologias e educação. São Paulo,1990.p. 35 a 47. LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1994. MELLO, N. G. Escola Nova, Tecnicismo e Educação Compensatória. São Paulo: Loyola, 1984. SKINNER, Burrhus Frederic. A ciëncia da aprendizagem e a arte de ensinar. In: Tecnologia do Ensino. São Paulo: Herder. 1972. ___________________. Wallden II: uma sociedade do futuro. São Paulo: Herder. 1972. TERUYA, Teresa Kazuko. Trabalho e Educação na Era Midiática: um estudo sobre o mundo do trabalho na era da mídia e seus reflexos na educação. Maringá: EDUEM, 2006. TOMASI, Lívia de; WARDE, Mirian Jorge; HADDAD, Sérgio (orgs.). O Banco Mundial e as políticas educacionais. São Paulo: Cortez, 1996.