São Paulo: Minha Cidade! 08 AVENIDA SÃO JOÃO “Um povo sem memória, é um povo sem passado nem futuro” Clique para avançar >> 1952 Em meados do século XVII, os colonos Henrique da Cunha Gago e Cristóvão da Cunha, solicitaram uma data de terras no trecho entre o atual largo do Paissandu e a avenida Ipiranga. Para chegarem mais facilmente ao terreno,eles abriram um caminho que saia da atual praça do Correio, e subia até o atual largo do Paissandu. Esse foi o embrião que deu início à atual avenida. Mais tarde, no ano de 1725, fora erguida na atual praça Antônio Prado, a igreja de Nossa Senhora do Rosário. Anos mais tarde, como era grande o número de pessoas que se dirigiam àquele templo, a Câmara decidiu abrir uma rua desde a ponte do Acú (como era conhecida a ponte sobre o Anhangabaú), até a rua São Bento e o largo do Rosário, no alto. Essa ladeira ficou conhecida, como ladeira do Acú. Portanto, em meados dos anos setecentos, a futura avenida, já se delineara até as proximidades da atual av. Ipiranga. Devido a promessas para que as frequentes enchentes no vale, não levassem a ponte, como diversas vezes já ocorrera, a nova ponte agora de pedra, fora nomeada com nome do santo protetor das águas: São João Batista, nome que afinal acabou se estendendo a todo esse caminho, depois rua, e somente no início do século XX, como avenida. Conforme nos mostra o detalhe dessa planta de 1810, a “rua de São João”, começava no então Largo do Rosário, atual praça Antônio Prado, e terminava na antiga rua Maria Thereza, futura avenida Duque de Caxias. Em 1920, seu término já era no cruzamento com a alameda Glete, duas quadras à frente. A partir de 1911, ela começara a ser alargada, e em 1940 já como “avenida”, tomava as dimensões que tem atualmente, com sua união entre a alameda Glete e a praça Marechal Deodoro. Em 1967 os bondes deixaram de circular por ali (e em toda a cidade), e em 1970, a última grande modificação: a construção do Elevado Costa e Silva, o popular “Minhocão”, sobre suas quadras finais. Vejamos a seguir, os primeiros registros pictóricos da então “rua de São João” Em 1822, Debret, de passagem por São Paulo a registrou em aquarela: em primeiro plano, a ponte do Acú e ao alto, o futuro largo Paissandu. Foto: Militão de Azevedo E, em 1827, o pintor holandês Charles Landseer, elaborou esse desenho no lado oposto ao anterior. À esquerda avista-se o mosteiro de São Bento, e no fim da ladeira, a igreja de N.Sª do Rosário Em 1860, com a recente chegada da fotografia ao Brasil, começam a surgir as primeiras fotos da cidade. Aqui, uma imagem tomada por Militão de Azevedo, em 1862, da “Ladeira de São João”, a partir de seu início, no cruzamento com a rua São Bento 1862 Em 1890, uma foto na mesma posição, onde vê-se um bonde tracionado à burros, saindo da rua de São José, atual Líbero Badaró. 1902 1902: a cidade se moderniza, com a implantação dos bondes movidos à eletricidade (1900), mostrados na ladeira São João 1910 Nesta foto, o trecho entre o Anhangabaú e o largo do Paissandu, mostrando à direita os tapumes da obra do edifício central dos Correios e Telégrafos (DCT) 1916 Em 1920, na esquina com a rua Formosa, o prédio da Delegacia Fiscal, construído em 1915, e demolido no final dos anos 30. Note-se que ao fundo, a ladeira ainda estava em obras de alargamento 1920 1921 Em 1922, como parte das festividades do centenário da independência, era inaugurado o edifício-sede dos correios, situado na esquina da São João com a então praça Giuseppe Verdi, que doravante seria renomeada como Praça do Correio. Aqui, fotos de 1929 (esq.) e 1930 (abaixo), onde vemos as obras de alargamento. Acima, na altura do cruzamento com a rua Vitória e ao lado, vista da praça Marechal Deodoro, com as casas em demolição Aqui, o cruzamento da São João com o largo do Paissandu em 1930, onde vemos a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, e um bonde adentrando à rua Conselheiro Crispiniano 1930 1940 1943 1945 Temos aqui uma foto tirada a partir do largo Paissandu, já com alguns “arranhacéus” construídos, como o famoso prédio Martinelli (de 1928), ao fundo, com seus 28 andares, então o mais alto do país 1958 1 No tempo dos bondes... 2 3 Três fotos mostrando bondes camarão* na av. São João: 1- em 1948, pegando passageiros em frente ao cine Broadway; 2 - em frente ao largo Paissandu em 1952, e 3 - em 1966, um modelo conhecido com “Gilda”, trafegando no sentido cidade-bairro. Nessa época a São João era o mais importante corredor para a zona oeste da cidade. *Esses bondes fechados, eram conhecidos como “camarão” devido à sua cor vermelha OS CINEMAS DA SÃO JOÃO Até meados dos anos 60, a São João poderia ser considerada a “cinelândia” paulista. Existiam ali doze salas de cinema para todos os gostos, desde os mais simples, aos mais luxuosos. Ali ficavam os cines: Art-Palácio, Bandeirantes¹, Paissandu¹, Olido, Rivoli², Broadway, Metro, Oasis, Regina, Comodoro (cinerama), Cinespacial (1970) e Éden. Nas fotos ao lado, alguns dos mais elegantes cinemas da São João ¹ Essas duas salas, tinham seu endereço no largo Paissandu, ao lado da São João. ² Inaugurado em 1958, no lugar onde estava o cine Ritz-São João. 1970 Edifício Martinelli 2007 No início da avenida, dominando todo o centro da cidade, avista-se o imponente edifício “Altino Arantes”, mais conhecido como “Edifício Banespa”, inaugurado em 1947, como sede do Banco do Estado de São Paulo. Aqui aparece ladeado pelos edifícios do Banco do Brasil, à esquerda, e Martinelli, à direita 2008 Vista de uma foto tomada do alto desse edifício, em 2008, mostrando parte da zona noroeste da cidade, e a avenida São João em toda sua extensão: 2.200 m 2008 A MAIS FAMOSA ESQUINA DA CIDADE, INSPIRADORA DE CAETANO, NA CANÇÃO “SAMPA” Castelinho São João com Rua Apa, ano 2009 2010 Na foto à esquerda, vista na direção centro, e abaixo, na direção bairro, onde se destaca o tradicional “Bar Brahma” (com toldos em vermelho) O alto edifício, visto à direita na foto ao lado, é o “Andraus”, que em 1972 sofreu um pavoroso incêndio, que tomou todos seus andares, e vitimou dezenas de pessoas DUAS QUADRAS ANTES, TEMOS O LARGO DO PAISSANDU, E UM LOCAL NÃO MENOS FAMOSO: A CONHECIDA “GALERIA DO ROCK” (GRANDES GALERIAS), COM LOJAS ESPECIALIZADAS EM DISCOS, ROUPAS E ACESSÓRIOS LIGADOS À GALERA QUE CURTE ESTE RITMO MUSICAL Acima, a quadra entre a Ipiranga e o largo do Paissandu. Ao lado, a Galeria do Rock (com os portões em vermelho) e foto interna O PRÉDIO DA FOTO SEGUINTE, NA ESQUINA COM A AV. DUQUE DE CAXIAS, É UM DOS MAIS ANTIGOS DA AVENIDA. FOI ERGUIDO NA DÉCADA DE 20 2010 Em 1970, para ligação do centro com a zona oeste, foi construído o elevado “Costa e Silva”, conhecido popularmente como “Minhocão” Essa via elevada, com cerca de 3 km de extensão, vai desde a rua da Consolação até o início da av. Francisco Matarazzo, em Perdizes, correndo por cima dos últimos quarteirões da avenida São João Aos domingos e feriados, como podemos ver pela foto, suas pistas são franqueadas aos pedestres e ciclistas Neste ponto em que estamos, ao olharmos para trás, vamos ter exatamente a visão oposta da que tínhamos do alto do Banespa: a avenida no sentido bairro-centro. Observem no centro da foto o conhecido edifício, ao fundo. A AVENIDA SÃO JOÃO ENTRA NO SÉCULO XXI, COM CALÇADÕES E MUITA ÁREA VERDE CRÉDITOS - As fotos atuais e as de 1970, são de nossa autoria. - Fotos antigas sem créditos: autores desconhecidos. - PPS: Idealizado e montado pelo fotógrafo Gilberto Calixto Rios - Fundo musical: Ronda (Paulo Vanzolini) c/ Márcia © Gilberto Calixto Rios - SP - jan. 2010 Acréscimo de slides em 07/2012: KML [email protected]