celio - EAD-UEM :: Curso Normal Superior @ CNS

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Fundamentos
Filosóficos
da Educação
Célio Juvenal Costa
(organizador)
Apresentação
O assunto deste livro é a Filosofia da Educação. Para
desenvolvê-lo, optamos por tratar a educação e a filosofia
historicamente, por meio da exposição sobre autores e teorias
que se fizeram presentes ao longo da história da sociedade
ocidental. Como a filosofia em si é muito ampla e como a
educação em si é uma particularidade, ou seja, um objeto
restrito, o leitor observará que nos capítulos procuramos
evidenciar, primeiramente, os aspectos políticos, sociais e
humanos da filosofia, bem como as concepções de ser humano,
de natureza e de sociedade presentes nos filósofos e nas
correntes filosóficas. Esse procedimento abre um campo de
análise que nos permite abordar a educação como uma
atividade humana essencialmente social.
Capítulos e Autores
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CAPÍTULO 1
MITOLOGIA GREGA E EDUCAÇÃO
Vladimir Chaves dos Santos

CAPÍTULO 2
O NASCIMENTO DA FILOSOFIA: OS FILÓSOFOS DA
NATUREZA E SÓCRATES
Célio Juvenal Costa

CAPÍTULO 3
PLATÃO, ARISTÓTELES E O HELENISMO
Célio Juvenal Costa
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CAPÍTULO 4
A ORGANIZAÇÃO DO PENSAMENTO CRISTÃO
José Joaquim Pereira Melo
CAPÍTULO 5
A FILOSOFIA MEDIEVAL: UMA PROPOSTA CRISTÃ
DE REFLEXÃO
Terezinha Oliveira
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
CAPÍTULO 6
FILOSOFIA NO RENASCIMENTO
Jorge Cantos

CAPÍTULO 7
FILOSOFIA MODERNA: BACON E DESCARTES
Edeniuce Bernabé Gumieri
CAPÍTULO 8
FILOSOFIA POLÍTICA MODERNA: HOBBES, LOCKE
E ROUSSEAU
José Carlos Rothen
CAPÍTULO 9
ILUMINISMO,
IDEALISMO
HISTÓRICO
Alonso Bezerra de Carvalho
E
MATERIALISMO
CAPÍTULO 10
POSITIVISMO,
FENOMENOLOGIA
EXISTENCIALISMO
Alonso Bezerra de Carvalho
CAPÍTULO 11
FILOSOFIA E EDUCAÇÃO
Divino José da Silva
Pedro Ângelo Pagni
E
Mitologia Grega e Educação
Vladimir Chaves dos Santos


(1)
Mitologia: etimologicamente, significa o
conhecimento dos mitos.
O mitos não tem uma autoria individual,
como entendemos modernamente; ele é o
resultado de diversas intervenções e, por fim,
chega aos rapsodos: Homero e Hesíodo, por
exemplo. O mitos pertence ao que
chamamos de domínio público.
Mitologia Grega e Educação
Vladimir Chaves dos Santos


(2)
A ciência, tal como é entendida pela
modernidade, surgiu da negação do mitos,
como fala sem justificativa e sem autoria, e
da afirmação do logos, a fala que tem razão
e autor.
Se há duvidas de que haja ciência nos mitos,
isso não quer dizer que se duvide de que
neles haja sabedoria.
Mitologia Grega e Educação
Vladimir Chaves dos Santos

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



(3)
Mitos: motivações políticas (Orfeu, Zeus)
Mitos: motivações morais (Aquiles, Ulisses,
Hefesto/Afrodite/Ares, Ícaro/Dédalo,
Atenas/Afrodite)
Mitos: memória e tradição oral (imortalizar)
A mitologia é na verdade uma grande teia de mitos,
de tal modo costurados, que é impossível contar o
mito de um personagem sem contar o de outros
Ilíada x Odisséia
Musas: deusas das festas e do canto.
Mitologia Grega e Educação
Vladimir Chaves dos Santos

(4)
Além de ser útil para o exercício da imaginação e para o
reconhecimento da beleza da sabedoria popular, o estudo da
mitologia tem um valor histórico: sem ele, não há como
compreender o nascimento da filosofia. Embora, em certo
sentido, a filosofia nasça em contraposição ao pensamento
mitológico, há muitos temas que se conservam na passagem da
mitologia à filosofia: o tema da virtude, o tema da constituição do
universo com base em elementos simples etc. Apesar das
rupturas evidentes, ambas são formas de paidéia, isto é, de
educação. De fato, a filosofia como forma de paidéia, tal como
no-la apresentou Platão, preserva vivo o sentido social do saber,
presente na velha paidéia da mitologia.
Orfeu
Zeus (Júpiter)
Cronos mutila Urano
Poseidon
Hades
Aquiles (ops..)
Aquiles
Ulisses (as sereias)
Hefesto
Afrodite (Vênus)
Apolo
Ares
Hermes
Minotauro
Dédalo e Ícaro
Eros e Psiqué
Héracles (Hércules)
Musas
Capítulo 1 – Proposta de Atividades



Quais as diferenças entre mitos e logos?
Qual a relação entre mitologia e sabedoria
popular?
Há filosofias nos mitos? Explique
O nascimento da Filosofia
Célio Juvenal Costa



(1)
A filosofia é a reflexão do homem sobre o homem.
Uma reflexão diferente da religiosa, pois busca, por
vias racionais, científicas, chegar a concepções que
expliquem a existência do ser humano, em si e em
suas relações e ambientes
A filosofia é o logos em oposição ao mitos
A filosofia é filha da periferia


Cidades gregas (pólis)
A moeda, a escrita e o artesanato (técnica)
O nascimento da Filosofia
Célio Juvenal Costa

1a. fase: Filosofia da Natureza



Filósofos Pré-Socráticos
Séculos VII a V a.C.
2a. fase: Filosofia Antropológica ou Sistemática



(2)
Sócrates, Platão e Aristóteles
Séculos V e IV a.C.
3a. Fase: Filosofia Ética


Epicurismo, Estoicismo, Ceticismo e Ecletismo
Séculos IV e III a.C.
O nascimento da Filosofia
Célio Juvenal Costa

(3)
Filosofia naturalista


Preocupação cosmológica
Busca da arkhé (princípio primordial, originário,
constitutivo, dirigente e ordenador de todas as
coisas e de todo o universo, até em sua
diversidade e contraditórios aspectos)
O nascimento da Filosofia
Célio Juvenal Costa

(4)
Escola de Mileto (Ásia Menor)

Tales (640-546 a.C.)


Anaximandro (610-547 a.C.)


Arkhé = Água
Arkhé = Ápeiron (ilimitado,infinito)
Anaxímenes (585-547 a.C.)

Arkhé = Pneuma Ápeiron
O nascimento da Filosofia
Célio Juvenal Costa

Pitágoras (580-497 a.C.) de Samos (Ásia Menor



(5)
Arkhé = Número
Distinção entre corpo e alma
Escola Eleática (Eléia na Magna Grécia)



Xenófanes (580-475 a.C.)
Parmênides (530-460 a. C.)
Zenão (480-430 a.C.)
 Arkhé = ser


Não há movimento
Filosofia da essência
O nascimento da Filosofia
Célio Juvenal Costa

Heráclito (540-470 a.C.) de Éfeso (Ásia
Menor)




(6)
Arkhé = fogo (material e metafórico)
O movimento existe e é contínuo
Filosofia da existência
Empédocles (492-432 a.C.) de Agrigento
(Magna Grécia)


Arkhé = 4 raízes (ar, água, terra e fogo)
Nascimento=associação / morte=dissociação
O nascimento da Filosofia
Célio Juvenal Costa

(7)
Escola Atomista


Leucipo (500-? a.C.) de Agrigento
Demócrito (470-380 a.C.) de Abdera



Arkhé = Átomo
Ser = átomo = descontínuo corpóreo
Não-Ser = vazio = contínuo incorpóreo
O nascimento da Filosofia
Célio Juvenal Costa


(8)
Período antropológico ou sistemático.
Atenas – século V (apogeu e início das crises)





Legisladores
Guerras Médicas
Tragédias Gregas
Péricles
Sócrates
 “só sei que nada sei”


“conhece-te a ti mesmo”
Ironia x maiêutica
Sócrates (a morte)
Capítulo 2 – Proposta de Atividades






1.Relacione as diferenças entre o pensamento filosófico e o
pensamento mitológico.
2. Qual a importância da moeda, da escrita e do artesanato para
o surgimento da filosofia?
3. Por que o período dos chamados pré-socráticos é chamado
de cosmológico?
4. Escolha um pensador pré-socrático e defenda suas idéias
como se estivesse em um tribunal.
5. Faça com um colega uma tentativa de aplicação do método
socrático, discorrendo sobre a virtude, ou sobre a justiça, a
felicidade, o amor etc.
6. Se você estivesse, como jurado, no tribunal que julgou
Sócrates, você votaria contra ou a favor dele? Por quê?
Platão, Aristóteles e o Helenismo
Célio Juvenal Costa

(1)
Atenas – século IV (declínio)


Guerra do Peloponeso (conseqüências)
Sofistas Gregos





Críticas à validade positiva das leis
Valorização da retórica
Comédias Gregas
Platão
Aristóteles
Platão e
Aristóteles
Platão, Aristóteles e o Helenismo
Célio Juvenal Costa

(2)
Platão (427-347 a.C.)


Crítico de sua sociedade, considerando-a injusta, ou
propiciadora da injustiça
A República – obra fundamental de filosofia política e
educacional

3 partes




Livro I e parte do II – crítica à sociedade
Livro II – construção lógica da cidade
Livro II ao final (X) – construção da sociedade ideal.
É preciso deixar claro que, ao falar de uma
sociedade utópica, Platão não está se alienando
da realidade social, mas, sim, contrapondo-se
ela: falar do ideal é falar do real.
Platão, Aristóteles e o Helenismo
Célio Juvenal Costa

(3)
A República


A alma da pessoas e os metais
Platão apresenta a idéia de que a alma das pessoas
contém metais que determinam sua natureza. Ouro,
prata, bronze e ferro estão presentes, misturados às
almas dos indivíduos, e indicam a função deles na
sociedade. Se existe ferro ou bronze na alma, a pessoa
está mais apta a desenvolver trabalhos manuais, ou
seja, deverá compor a classe produtiva; se o metal for
a prata, está apta para se tornar um guardião da
cidade; e, se for uma alma dourada, deverá ser o
magistrado, o líder daquela sociedade
Platão, Aristóteles e o Helenismo
Célio Juvenal Costa

(4)
A República
 O papel da Educação
 Como identificar esses metais na alma humana?
Por meio da “educação da infância e da
juventude”, responde Platão, pois cabe a ela
identificar e revelar a natureza humana. É por
meio da educação que a sociedade toda pode
conhecer qual é a aptidão do indivíduo e a melhor
função que ele pode desempenhar na cidade.
Platão, Aristóteles e o Helenismo
Célio Juvenal Costa

(5)
O mito da Caverna e a Educação
 O processo da educação é semelhante ao de sair
da caverna; deve ser vagaroso, escalonado,
passar, paulatinamente, do que é mais fácil para o
que é mais difícil. Quem conduz o homem para
fora da caverna é, para Platão, o filósofo, pois só
ele consegue atingir o pleno conhecimento das
coisas; só ele consegue olhar o sol e
compreender toda a sua plenitude; e, portanto,
ele é quem deve conduzir a sociedade para o
bem.
Platão, Aristóteles e o Helenismo
Célio Juvenal Costa


(6)
O mundo inteligível (idéias) x mundo sensível
(realidade)
O grande mérito de Platão é ter construído um
sistema que, a partir daquele momento,
praticamente definiu as partes da filosofia:
metafísica, com o objetivo de conhecer o ser e o
que está no princípio de tudo; a lógica, ou seja, a
forma de comunicar esse conhecimento aos
homens; e a ética, que é a vivência individual e,
principalmente, social, das regras advindas do
verdadeiro conhecimento
Platão, Aristóteles e o Helenismo
Célio Juvenal Costa

(7)
Aristóteles (384-322 a.C.)


Crítico da sociedade ateniense e do método
platônico de conhecer a realidade.
Política


Preocupação com a indefinição dos papéis
sociais
É uma análise realista da sociedade, não
recorrendo à utopia.
Platão, Aristóteles e o Helenismo
Célio Juvenal Costa





(8)
Política
Conceito de natureza como sendo o estágio final de
algo (cidade)
O homem como um animal político
A autoridade é diferenciada na cidade: autoridade
do senhor e autoridade do cidadão
Justiça: o interesse do Estado (os pés e as mãos
somente adquirem sentido fazendo parte do corpo)
Platão, Aristóteles e o Helenismo
Célio Juvenal Costa

(9)
Política

Neste contexto, a educação para o Estagirita adquire um
tom bem mais realista e concreto do que em seu mestre,
pois não há a idealização de uma forma e de um conteúdo
educacional, até porque não há qualquer metal a ser
descoberto na alma das crianças. O que há é a clareza de
que a melhor educação para uma cidade é aquela que se
amolda à própria constituição da cidade. Ou seja, numa
democracia, a educação deverá formar o espírito
democrático nas crianças; numa aristocracia, o espírito
será aristocrático e assim por diante. É claro que
Aristóteles também indica que, como existem
constituições melhores e piores, a melhor educação é
aquela que corresponde à melhor constituição. No
entanto, qualquer que seja a constituição, a educação das
crianças e jovens deve ficar a cargo do Estado, pelo
interesse direto que o governo deveria ter na formação do
Platão, Aristóteles e o Helenismo
Célio Juvenal Costa



(10)
Há apenas uma realidade: a dos seres singulares
Noção de ato x potência
Justiça está no meio-termo entre a falta e o excesso

Tanto a falta como o excesso de exercícios físicos
prejudicam o vigor; o beber e o comer demais ou de
menos prejudicam a saúde; a coragem está a meio
caminho da covardia e da temeridade. São estes alguns
exemplos desta noção de virtude, noção esta que é,
porque não, também educativa, pois colabora para o viver
bem, dignamente e com sobriedade
Epicuro
Zenão
Platão, Aristóteles e o Helenismo
Célio Juvenal Costa




(11)
Período Ético
Helenismo: a expansão da cultura grega
A pólis dá lugar à cosmópolis
A filosofia grega do período helênico caracteriza-se
pela preocupação com o homem em si, com o
indivíduo. Por isso, esse período chamado de ético
caracteriza-se por dar respostas acerca do que é a
verdadeira felicidade e de como alcançá-la. Para
isso, elaboram-se espécies de receituários sobre o
que fazer para se tornar um indivíduo sábio e,
portanto, feliz
Platão, Aristóteles e o Helenismo
Célio Juvenal Costa
(12)
Escolas Filosóficas
 Epicurismo = Epicuro (341-270 a.C.)
 Estoicismo = Zenão (336-274 a.C.)
 Atitudes Filosóficas
 Ceticismo
 Ecletismo

Capítulo 3 – Proposta de Atividades
1.
2.
3.
4.
5.
Faça uma pesquisa com o objetivo de estabelecer as
semelhanças e as diferenças entre a democracia de Atenas do
século V a.C. e a de hoje em dia.
Quais os motivos que fizeram dos sofistas gregos homens
importantes na sociedade ateniense?
Qual a avaliação que Platão e Aristóteles fizeram da
sociedade em que viveram?
Estabeleça com um colega um mini-debate entre as
concepções de educação de Platão e de Aristóteles, no qual
cada um deve simular defender um desses pensadores. Para
dar mais profundidade ao debate, leve em conta as
concepções de ser humano e de natureza humana para
Platão e Aristóteles.
Por que a filosofia no helenismo voltou-se para o homem
individual e buscou mostrar-lhe o caminho da felicidade?
A Organização do Pensamento Cristão
Joaquim José Pereira Melo (Neto)

(01)
Origens do Cristianismo: espiritualmente judeu,
politicamente romano, culturalmente helênico.
 Do mundo judeu, o cristianismo recebeu a
inspiração doutrinal e ascética do Antigo
Testamento, complementada pelo Novo
Testamento. A organização de suas instituições,
como a sinagoga e a família, também contribuiu
para a inspiração cristã
A Organização do Pensamento Cristão
Joaquim José Pereira Melo (Neto)


(02)
Do mundo romano, herdou as vantagens oferecidas
pelo Estado, beneficiando-se principalmente de sua
tolerância religiosa em relação aos povos
submetidos, em particular os judeus. Beneficiou-se
também: da segurança garantida pela paz romana,
da língua de amplo alcance, da organização
administrativa e institucional e da rede de
comunicação do Império.
Do helenismo, mesmo negando grande parte de
sua cultura, não dispensou boa parte de suas
reflexões, pois muitas delas contribuíam para a
disseminação da nova fé. Merece destaque também
o esquema terminológico e conceitual que o
fundamentava
Paulo
A Organização do Pensamento Cristão
Joaquim José Pereira Melo (Neto)

(03)
Paulo de Tarso = papel fundamental na expansão e na
unificação do cristianismo
 Apesar das diferenças entre o saber clássico e o saber
cristão que se pontua a partir de Corintios, foi no conteúdo
clássico que, contraditoriamente, Paulo de Tarso encontrou
os elementos necessários para a composição do seu
discurso evangelizador. A eficácia dessa estruturação
discursiva é incontestável, ela foi decisiva para os novos
rumos tomados pelo cristianismo, o que se pode constatar
no findar do período apostólico, por volta dos anos 70,
quando ganharam destaque as reflexões dos primeiros
pensadores cristãos
A Organização do Pensamento Cristão
Joaquim José Pereira Melo (Neto)

(04)
Período pós-apostólico (século I):
 Santo Inácio
 São Policarpo
 São Clemente de Roma

Para esses primeiros pensadores cristãos, o
que importava era refletir a mensagem de
Jesus em sua simplicidade e originalidade,
explicando-se assim, em parte, sua atitude
de quase indiferença em relação à cultura
clássica
A Organização do Pensamento Cristão
Joaquim José Pereira Melo (Neto)

(05)
Padres Apologistas (séc. II): resultado da perseguição dos cristão pelos
romanos





São Justino (72-165)
São Teófilo (?-181)
Taciano
A partir desse momento, objetivando evidenciar a
superioridade cristã em comparação ao paganismo, esses
porta-vozes da Igreja lançaram mão das mesmas armas dos
seus opositores. Para defender publicamente seus princípios
de fé, o alvo de suas críticas eram os aspectos que eles
consideravam mais negativos no estilo de vida dos pagãos
Para os apologistas defensores dessa posição, era possível,
mesmo com muita dificuldade, chegar à condição de cristão e
de sábio na escala humana. No entanto, uma coisa era certa,
apenas a ciência revelada garantia o exercício da retidão
A Organização do Pensamento Cristão
Joaquim José Pereira Melo (Neto)

(06)
Padres Latinos e Gregos (séc. III)

Gregos: defensores da síntese entre a fé cristã e a filosofia
grega



Latinos: defensores da pureza da religião, sem na
necessidade da especulação filosófica


Clemente de Alexandria (150-215)
Orígenes (185-254)
Tertuliano (160-220)
À medida que se evidenciava a importância do legado
clássico para a cultura cristã, até mesmo radicais, como
Tertuliano, admitiam que os cristãos precisavam do
conhecimento da cultura pagã para a sua vida profissional e
para a eficácia de sua ação, bem como para a fundamentação
da fé
A Organização do Pensamento Cristão
Joaquim José Pereira Melo (Neto)

(07)
Patrística - séc. IV e a síntese dos doutores da
Igreja
 Pensadores da Igreja oriental





São Basílio (330-379)
São Gregório de Nisa (344-407)
São Gregório Nazianzeno (330-390)
São João Crisóstomo (344-407)
Pensadores da Igreja ocidental


São Jerônimo (347-420)
Santo Agostinho (354-430)
A Organização do Pensamento Cristão
Joaquim José Pereira Melo (Neto)

(08)
Santo Agostinho


No entanto, foi Santo Agostinho quem obteve maior destaque
nesse processo, motivo pelo qual ele é considerado um dos
mais profundos filósofos cristãos e um dos gênios da teologia
de todos os tempos. Ele pôs à disposição do cristianismo a
profundidade e a vivacidade do seu pensamento, o que
garantiu que a relação entre o “saber cristão” e o “saber
pagão” ganhasse nova dimensão
Baseando-se no raciocínio de que a cultura clássica
possibilitava o desenvolvimento humano e de que Deus havia
colocado o homem no mundo para a santificação, Santo
Agostinho postulava que parte desses saberes poderia
colaborar para a preparação do caminho para a realização
desse plano divino. Não se justificava, portanto, uma atitude
de desdém ou de superioridade perante o saber humano.
Santo Agostinho
Capítulo 4 – Proposta de Atividades




1. Como vimos no início do capítulo, a religião cristã recebe
influência de três realidades: a religião judaica, a cultura grega e
a organização romana. Faça um pequeno texto, comentando
estas características formativas do cristianismo.
2. Estabeleça as diferenças entre as concepções de homem
existentes na filosofia grega e no cristianismo.
3. Encontre passagens nos Atos dos Apóstolos e nas cartas de
Paulo, na Bíblia, sobre como era concebida a sabedoria dos
gregos para os primeiros padres da Igreja.
4. Debata com um colega a seguinte questão: por que somente
na Patrística, particularmente com Santo Agostinho, o
cristianismo pode, de fato, contar com uma filosofia?
A Filosofia Medieval
Terezinha Oliveira (01)


A filosofia da Idade Média é a Escolástica
Pressupostos:
 A Idade Média não foi constante, unitária. ora foi marcada por
invasões, ora assumiu a forma de relações feudais, ora a
forma de relações urbanas e mercantis
 O fio condutor foi a reflexão cristã (Escolástica)
 A Idade Média não foi obscura, supersticiosa etc.
 A Idade Média inicia-se com a desagregação do Império
Romano do Ocidente.
 O Mosteiro de São Bento (529) como marco do início da
filosofia cristã escolástica.
 O termo escolástica está ligado à escola.
 Num primeiro momento da Escolástica, as idéias platônicas
da sociedade utópica influenciaram na conversão de povos
bárbaros ao Cristianismo.
Boécio
A Filosofia Medieval
Terezinha Oliveira (02)

Boécio (480-525) = decadência do mundo romano e início da
Escolástica
 Principal obra: Consolação da Filosofia
 Assim, seus escritos encontram-se na transição entre uma
sociedade, cujas preocupações são o conhecimento da
filosofia, e outra, onde predominam, acentuadamente, os
costumes bárbaros e os interesses materiais. Em razão
disso, o único pensamento abstrato que os homens
possuem, em geral, é a religião. Boécio marca não
somente o fim da filosofia grega e da patrística, mas
fundamentalmente o surgimento de um novo tempo,
baseado na riqueza, na força e na religião.
Alcuíno
A Filosofia Medieval
Terezinha Oliveira (03)

Alcuíno (735-804) = a tentativa de organizar um império (o
de Carlos Magno) nos moldes romanos.
 Renascimento Carolíngio
 Trivium (gramática, retórica e dialética) e Quadrivium
(geometria, matemática, astrologia e música)
 A aula de Alcuíno é um exemplo nítido do filosofar
medieval. Ao mesmo tempo em que busca ensinar os
valores cristãos, também mostra a importância do
conhecimento da natureza. Nesse sentido, o mestre
retoma os quatro elementos da natureza que, segundo os
pré-socráticos, eram responsáveis pela criação do
universo: o ar, a água, o fogo e a terra.
Santo Anselmo
A Filosofia Medieval
Terezinha Oliveira (04)

Santo Anselmo (1033-1109) = organização do sistema feudal e
o renascimento das cidades e do comércio.


Sua época é outra, distinta da de Boécio e Alcuíno. Os
homens vivem um novo momento, o do renascimento das
cidades, do studium generale e da sistematização das
relações feudais. Suas formulações, exemplo de reflexões
Escolásticas, precisavam mostrar, pela razão e pelo intelecto,
a existência de Deus em todas as coisas. É por isso que a
sua reflexão evidencia alguns aspectos novos e relevantes
quanto ao pensamento educacional.
Como teórico de seu tempo, afirma que, para que os homens
compreendam qualquer elemento da natureza em sua
essência, precisam entender e desenvolver a razão, ou seja,
coloca a fé e a razão como premissas para a existência do
homem. Assim, a máxima que Anselmo pretende mostrar é
que, para crer em Deus e entender a criação da própria
natureza, o homem necessita fazer uso da razão.
A Filosofia Medieval
Terezinha Oliveira (05)

O século XIII : Igualmente, nesse século assistimos a um
profundo movimento de reforma da Igreja e, com ele, o
surgimento das Ordens Mendicantes (Dominicanos e
Franciscanos). Dessas ordens saíram os principais filósofos dos
séculos XIII e XIV, como Roger Bacon, Alberto Magno, São
Boaventura, Siger de Brabant, Tomás de Aquino, Guilherme de
Ockham, entre outros. Estes personagens são os grandes
mestres das principais Universidades européias do medievo,
como Oxford, Paris e Bolonha. Todas foram fundadas na
primeira metade do século XIII. Delas saíram, também, os
principais administradores leigos que o Ocidente conheceu
São Tomás de Aquino
A Filosofia Medieval
Terezinha Oliveira (06)

Tomás de Aquino (1225-1274) = fortalecimento das cidades e
surgimento das universidades.

Para Pieper, pelo fato de Tomás de Aquino encarnar a agitação da “vita
activa”, ele toma para si a tarefa de ensinar e de pregar a totalidade da
concepção cristã. Essa totalidade implica necessariamente a junção entre
os conhecimentos sagrados e profanos para se produzir uma doutrina nova
e universalizante, capaz de explicar aos homens a totalidade de seu ser.
Não nos esqueçamos de que, do ponto de vista de Tomás de Aquino, a
matéria é algo tão importante quanto o espírito. Aliás, a revolução de seu
pensamento está exatamente nessa capacidade de unir em um só
conhecimento alma e corpo, Teologia e Filosofia. De seu ponto de vista, o
que existe no ser humano, na natureza, no conhecimento, é semelhante à
unidade entre a pessoa Trina e Una de Deus. Esse pensamento representa
uma grande revolução no seio da cristandade latina, pois, até então, para os
doutores da Igreja, a alma era o elemento mais importante do homem e o
mestre Tomás eleva também o corpo ao mesmo nível de importância.
A Filosofia Medieval
Terezinha Oliveira (07)


Outro aspecto que consideramos importante discutir é a idéia que
sempre norteia os escritos de Aquino, qual seja, a junção entre o
conhecimento aristotélico e a sua fé. Apoiando-se em Aristóteles, ele
mostra que é Deus quem dá aos homens o intelecto capaz de
apreender e ensinar. Assim, ao responder às objeções feitas no artigo
primeiro, Tomás de Aquino formula a idéia de que o homem pode ser
verdadeiramente professor.
Nesses dois artigos sobre a questão do ensino, mais uma vez fica
explícito o princípio fundamental da Escolástica, ou seja, a idéia de que
é a razão humana, aliada à fé cristã, que produz o conhecimento. Em
suma, o homem produz o conhecimento. Isso é bastante revolucionário
para a época, principalmente porque ainda se buscava explicar todas
as coisas a partir da vontade divina. Esta formulação foi possível a
Tomás de Aquino por sua concepção mais abrangente sobre o
conhecimento.
Capítulo 5 – Proposta de Atividades
2. Ao analisarmos o processo educativo nos primeiros séculos que marcam o
nascimento da Idade Média, é notável a influência do pensamento religioso na
construção dessa educação. Com base nessa premissa, analise de que forma a
religião e a educação caminham juntas para a elaboração de um novo modo de
filosofar.
4. Ao longo da Idade Média, a Escolástica, ou a filosofia cristã, prevaleceu como
sendo a forma de ser da educação, do filosofar e da religião. Contudo, embora
tenha permanecido ao longo dos quase dez séculos que marcaram a existência
dessa época histórica, não foi única e homogênea em sua forma de ser. Ao
contrário, variou de acordo com as nuanças que ocorreram na história. Foi
exatamente por isso que pontuamos, ao longo do capítulo, diferentes autores
que expressaram essas mudanças. Retome esses autores, analise as
propostas educacionais e o filosofar escolástico no qual se manifestam as
transformações educacionais. Centre-se na idéia de que a educação e o
filosofar cristão do medievo não são um bloco único e homogêneo, mas
expressam uma época que produziu diferentes homens e modelos
educacionais, embora imbuídos, ao longo de toda a época, do filosofar
escolástico.
Filosofia no Renascimento
Jorge Cantos (01)



A filosofia geral do Renascimento é o Humanismo.
Expressão de mudanças sociais nos campos
econômico-social, político, religioso e cultural.
Como decorrência dessa nova realidade, as bases
do pensamento filosófico e do pensamento em geral
modernos são engendradas, nascendo
progressivamente o homem individual, autônomo e
consciente de si e que começa a pôr a sua razão e
as suas capacidades intelectuais a serviço de uma
nova compreensão e transformação do mundo.
Filosofia no Renascimento
Jorge Cantos (02)

É por isso que a filosofia predominante no Renascimento é o
humanismo. Com efeito, de um lado, desencadeia-se um
processo de superação do pensamento teista clássico (grecoromano) da solução dualista do problema metafísico (que afirma
que existem Deus e o mundo, mas que estes são separados
entre si) e da solução da transcendência cristã (onde religião e
civilização, teologia e filosofia, Igreja e Estado, clero e laicato
estão harmonizados pela transcendente unidade cristã). Por
outro lado, o Renascimento inicia uma concepção do
pensamento moderno, monista e imanentista do mundo e da
vida, ou seja, não somente Deus e o mundo são a mesma coisa,
como o problema de Deus é resolvido num mundo natural e
humano.
Filosofia no Renascimento
Jorge Cantos (03)

O humanismo é, em terceiro lugar, o reconhecimento do homem
como ser natural, prelúdio da ciência moderna. De fato, há uma
ruptura do centro cósmico, uma transformação do geocentrismo
em heliocentrismo; há um deslocamento também do centro
religioso de Roma e do catolicismo para o campo do laicato e
das igrejas reformadas; há igualmente uma passagem do poder
político do papado e do Sacro Império para os reinos modernos
independentes e para as cidades burguesas do capitalismo em
expansão; há ainda uma passagem do centro teórico do
aristotelismo tomista da escolástica, do mundo medievo
teocêntrico hierarquizado de seres e de idéias, para a
concepção humanista e naturalista.
Thomas More
Filosofia no Renascimento
Jorge Cantos (04)

Thomas More (1478-1535)

Obra principal: A Utopia
 Em A utopia, que é um “lugar nenhum”, apresentando a
comunicação de Rafael Hitlodeu, More faz, no primeiro livro,
uma análise crítica da sociedade inglesa de seu tempo. Da
tirania e da corrupção na área política, do abuso da
propriedade privada, dos desequilíbrios e do desemprego na
área econômica e da miséria na área social decorrem para ele
os grandes males da sociedade. Destarte, ele está
preocupado com o homem, com a sociedade e com o Estado
e seu sistema de governo, e particularmente com o
desemprego na Inglaterra, mas não atribui a miséria social ao
consenso da época, de que esta é causada pelo grande
número de ociosos, e sim aos grandes proprietários, que
vivem no luxo supérfluo, no ócio e no prazer, indiferentes à
miséria que os cerca.
Filosofia no Renascimento
Jorge Cantos (05)


Como reação à sociedade inglesa de seu tempo, no segundo livro de A
Utopia, More constrói o modelo de uma sociedade ideal,
essencialmente agrícola, estável e de alto nível de vida material e
espiritual, propondo um Estado ideal e exemplar. Volta-se para o
passado clássico e inspira-se, em grande parte, numa teoria
naturalista, na filosofia epicurista e, de modo precípuo, no modelo da
República, de Platão, cujos cidadãos vivem e se organizam baseados
no princípio da comunhão de bens. Esse comunismo, que em More
abrange o Estado inteiro, é necessário para a realização da justiça e
para a existência de um governo eficiente e desinteressado, e que é
condição da felicidade e do convívio social.
Em síntese, A utopia é a crítica do presente, assentada no passado,
pela elaboração de uma outra sociedade futura, possível, justa, livre,
igualitária, racional e perfeita.
Maquiavel
Filosofia no Renascimento
Jorge Cantos (06)

Nicolau Maquiavel (1469-1527)

O Príncipe é sua obra mais conhecida
 Na verdade, tanto em O Príncipe quanto em A primeira
Década de Tito Lívio, Maquiavel busca explicar não as
formas ou regimes de governo, mas apenas como surge
e como se mantém o Estado Moderno. Desse modo,
aspirando a uma Itália unificada, Maquiavel esboça a
figura do Príncipe capaz de promover o Estado forte e
estável.
 É uma espécie de manual de governo para uso do
Príncipe, para que este saiba conquistar e conservar o
Estado, obedecendo, segundo interpretação corrente, ao
princípio de que os fins justificam os meios. Trata-se de
uma concepção naturalista, segundo a qual o Estado tem
origens naturais, ou seja, no modo como os homens
vivem em sociedade
Filosofia no Renascimento
Jorge Cantos (07)


O Estado é, assim, a obra-prima da humanidade; está acima da religião
e da moral transcendente. Isto implica uma racionalidade estratégica,
instrumental, de meios e fins, de razão prática, fruto de uma boa
observação; significa também que a política adquire a sua própria
moral.
Portanto, contrariamente a More, que, ao explicar como o homem deve
agir, cria sistemas utópicos, Maquiavel rejeita a política normativa dos
gregos e defende uma nova política, que se baseie na verdade efetiva,
ou seja, em como o homem age de fato. Seu método estipula a
observação dos fatos, de forma a superar, por meio de práticas
empíricas, os esquemas meramente dedutivos da Idade Média. Seu
realismo antiutopista alia-se a uma tendência utilitarista, uma vez que
ele pretende desenvolver uma teoria voltada para ação imediata e
eficaz. Nisso consiste a concepção educacional de Maquiavel para o
príncipe laico
Erasmo
Filosofia no Renascimento
Jorge Cantos (08)

Erasmo de Roterdã (1466-1536)

Erasmo escreveu inúmeras obras. As especificamente
pedagógicas são: A civilidade pueril, Educação do príncipe
cristão, Sobre a abundância das palavras e das coisas, Sobre a
educação liberal das crianças, e Sobre o método para estudar.
As obras consideradas de polêmica literária são A pronúncia
correta do latim e do grego, O ciceroniano e Os antibárbaros.
Entre as obras diversas podem ser lembradas os Adágios, as
Cartas de São Jerônimo, Colóquios, Diatribe sobre o livre
arbítrio, Elogio da loucura, Manual do soldado cristão, o Novo
Testamento, poemas, como Sobre a velhice, além de seu
Epistolário.
Filosofia no Renascimento
Jorge Cantos (09)


Como a maioria dos renascentistas, ele é partícipe da concepção
moderna do poder transformador do homem e da realidade pela
educação. Encontrando na filosofia de Cristo e nas letras os meios
privilegiados para essa transformação, Erasmo pretende diferentemente de More, com sua sociedade ideal, e de Maquiavel,
com seu Estado laico, mas tendo com eles muitos pontos em comum,
como a aspiração por uma nova sociedade ou a proposta de formação
do príncipe -, por meio de uma educação liberal e cristã, formar um
homem preparado para todas as estações, prioritariamente o príncipe
cristão, educado nas Letras, na virtude e na piedade.
Desse modo, compreende-se a conclusão enfática de Erasmo de que a
escola, tal qual a que existe em sua época, não é necessária, porque
ela não é ideal. No entanto, é preciso uma escola pública. A escola
realmente pública deve ser construída: a escola do Príncipe, liberal e
cristã, adaptada aos tempos, uma nova escola. Uma escola capaz de
criar um homem para todas as estações. É a escola moderna em
gestação, não exatamente como Erasmo a propõe, mas com certeza
devendo muito à sua proposta.
Capítulo 6 – Proposta de Atividades
1. Identifique a concepção de homem, de natureza e de
sociedade de cada um dos três autores e infira sobre as
suas implicações para a educação.
2. Localize as passagens dos textos, em que cada autor
valoriza o passado clássico, utilizando o recurso da
cultura clássica, e pesquise sobre elas.
3. Compare o tipo de crítica dos três autores à educação
vigente no período renascentista.
4. Explique as características, os pontos convergentes e
divergentes da nova educação proposta por cada um
deles.
ciência moderna
Filosofia Moderna: Bacon e Descartes
Edeniuce Bernabé Gumieri


(01)
O método científico (em oposição ao método escolástico)
Estes pensadores (Galileu, Newton, Bacon, Hobbes, Locke e
Descartes) tinham uma característica comum: acreditavam
que, para existir conhecimento verdadeiro, este teria que ser
mensurável matematicamente. Assim, era preciso uma
reformulação de toda a produção do conhecimento. Portanto,
a preocupação de alguns filósofos era a reconstrução do
saber sobre bases mais sólidas, possíveis de serem
comprovadas pela razão; um saber que, desta forma,
adquirisse uma independência em relação à revelação, como
pretendia a Escolástica.
Bacon
Filosofia Moderna: Bacon e Descartes
Edeniuce Bernabé Gumieri

(02)
Francis Bacon (1561-1626) = empirismo

A obra principal de Bacon é a Instauratio Magna
Scientiarum, que deveria ter compreendido seis partes;
porém dessas apenas duas foram concluídas, as demais
foram apenas esboçadas. Esta obra compreende
pesquisas gnosiológicas, críticas e metodológicas, cuja
finalidade era lançar as bases lógicas da nova ciência, da
nova filosofia, que deveria dar ao homem o domínio da
realidade. O importante para Bacon era a ciência da
natureza, daí o Novum Organum, que compreendia a
segunda parte da Instauratio e na qual ele propunha uma
forma para se chegar à novas teorias, um método que, a
seu ver, possibilitava a construção do conhecimento dos
fenômenos.
Filosofia Moderna: Bacon e Descartes
Edeniuce Bernabé Gumieri

(03)
Na perspectiva baconiana, era necessário livrar-se
dos erros e, assim, poder iniciar a grande
reconstrução do conhecimento. Passando de
dominado a dominador da natureza, o homem deve
conhecer as leis da natureza por métodos
comprovados. Bacon (1979, p. 76) declara: “[...]
nossa disposição é de investigar a possibilidade de
realmente estender os limites do poder ou da
grandeza do homem e tornar mais sólidos os seus
fundamentos” .
Descartes
Filosofia Moderna: Bacon e Descartes
Edeniuce Bernabé Gumieri

(04)
René Descartes (1596-1650) = racionalismo

Na busca pela reformulação do conhecimento e pela
precisão da ciência, René Descartes se apropria da
incerteza iminente sobre a realidade, da dificuldade de crer
nos argumentos da filosofia tradicional e, transformando a
dúvida em método de investigação, adota o ceticismo como
caminho para se chegar à verdade e dá continuidade à
nova concepção de física, que tinha sido iniciada por
Galileu Galilei (1564-1642) na obra O ensaiador: a
natureza está escrita em linguagem matemática. Ou seja,
Descartes dá continuidade à tarefa de refazer a
sistematização do saber, procurando unir a ciência e a
filosofia, a física e a metafísica. Para estes pensadores, a
matemática era um poderoso instrumento de
conhecimento, plenamente adequado à decifração da
realidade natural.
Filosofia Moderna: Bacon e Descartes
Edeniuce Bernabé Gumieri


(05)
Tendo se utilizado da dúvida metódica, Descartes percorre o
caminho que leva à incerteza de tudo o que existe, não
considerando verdadeiro nada do que se pensa. Contudo, ao
proceder desta maneira, a dúvida vai, ao mesmo tempo,
afirmando-se como pensamento e afirmando sua própria
existência. Uma vez que a dúvida é real, o pensamento que a
gera é real também. Quando a dúvida é superada, pode-se
construir o saber sobre bases mais seguras que as da
escolástica. A nova base é a subjetividade fundada na razão
matematizada.
Logo, a imaginação é incapaz de demonstrar qualquer
conhecimento certo, mas a razão pode, de forma sistematizada,
chegar à verdadeira investigação filosófica, científica e técnica.
Capítulo 7 – Proposta de Atividades




1. Bacon e Descartes postulavam que, para haver a
possibilidade do conhecimento, era necessário ter um método.
Por que a questão do método tornou-se tão relevante? Em sua
opinião, de fato, o método é necessário?
2. Como Bacon definia o erro? E Descartes?
3. Quais as conseqüências, para o pensamento pedagógico do
período moderno, das mudanças na forma de conceber a
possibilidade do conhecimento?
4. De que forma a crença na capacidade dos poderes da razão
humana influenciam a forma de agir, pensar e ser do homem?
5. Baseado nas reflexões sobre o período moderno, faça uma
análise sobre a influência da concepção de homem, sociedade e
natureza na forma de se educar na atualidade bem como o
papel da escola e dos conteúdos.
Filosofia Política Moderna
José Carlos Rothen (01)

Hobbes, Locke e Rousseau, em suas obras, partem da mesma
hipótese naturalista para formularem uma resposta a essa questão.
Inicialmente os seres humanos viviam em um estado de natureza e
somente em um estágio posterior teriam passado a viver em
sociedade. No estado de natureza eram livres e donos de um poder
individual. Em linhas gerais, para os autores, o poder significava a
capacidade de julgar as ofensas recebidas e de aplicar as penas. A
liberdade e o poder individual geravam um problema: ao mesmo
tempo em que um indivíduo podia julgar os outros, também estava
submetido ao julgamento dos outros. Esse problema teria levado os
seres humanos a estabelecer um contrato social (nas palavras de
hoje, a Constituição de cada uma das nações ), no qual cada
indivíduo abria mão da sua liberdade e do seu poder individual e
transferia esse poder para uma organização social, como, por
exemplo, o Estado ou a Sociedade Civil. Por defenderem a idéia de
que a origem do poder do Estado é um “contrato social”, esses
autores são denominados “contratualistas”.
Hobbes e o Leviatã
Filosofia Política Moderna
José Carlos Rothen (02)

Thomas Hobbes (1588-1679)



Defensor do Estado Absoluto
Principal obra: Leviatã.
No estado de natureza, o ser humano vive em um
contínuo estado de guerra e de insegurança, uma vez que,
a qualquer momento, está sujeito a ser atacado pelo seu
semelhante. Esse mundo de “guerra de todos contra
todos” (bellun omniun contra onnes) não significa o
domínio do mais forte; neste caso, o mais fraco pode
utilizar a razão e/ou algum instrumento para derrotar o
mais forte. A sua concepção de ser humano é resumida na
seguinte máxima: homo homini lupus (“o homem é o lobo
do homem”).
Filosofia Política Moderna
José Carlos Rothen (03)


Tendo como princípio que sempre o homem será lobo do
homem, Hobbes entende que a segurança só é possível se o
poder estiver nas mãos de uma única pessoa ou de uma
assembléia. A transmissão do poder individual não pode ser
parcial, pois, se isso ocorrer, o pouco de liberdade que cada um
mantém colocará em risco a segurança. A busca da paz é
coerente com o instinto de conservação.
O Estado Absoluto é representado por Hobbes pela figura bíblica
do Leviatã: um animal com aparência monstruosa que defende
os peixes pequenos de serem devorados pelos maiores. O
Estado poderia parecer uma figura monstruosa, mas é ele que
protege os fracos dos mais fortes.
Locke
Filosofia Política Moderna
José Carlos Rothen (04)

John Locke (1632-1704)



Defensor do Pensamento Liberal
Suas principais obras: Segundo Tratado sobre o
Governo e Ensaio sobre o Entendimento
Humano
Locke, ao contrário de Hobbes, é um severo
crítico do Estado Absolutista. Combate a idéia de
que o direito divino é que garante a legitimidade
do exercício do poder.
Filosofia Política Moderna
José Carlos Rothen (05)


O Estado surge, com base em um pacto entre os indivíduos, para
regular a relação entre eles mesmos. Assim, cada indivíduo abre mão
da sua prerrogativa individual de julgar e aplicar as penalidades aos
outros. O Estado, que é constituído por força da “alienação” das
prerrogativas individuais, tem o papel de manter as prerrogativas do
indivíduo no estado de natureza, isto é, de manter a liberdade
individual, a igualdade, as condições para a manutenção da vida e a
propriedade. Quando o Estado não cumpre a sua função, o indivíduo
tem o direito de romper o pacto e dissolvê-lo.
Locke é caracterizado como um dos pais do liberalismo por considerar
que a organização do Estado tem a função de proteger a propriedade
privada. Contudo, o Estado não pode extrapolar essa função básica; a
sua ação e seu poder devem ser limitados pela liberdade dos
indivíduos. Nessa proposta, o Estado tem a função de diminuir os
riscos à propriedade e de manter a liberdade do estado de natureza.
Rousseau
Filosofia Política Moderna
José Carlos Rothen (06)

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)


Defende a Democracia Direta e Natural
O pensamento de Rousseau é expresso em três obras
complementares. Na primeira o Discurso sobre a origem e
os fundamentos da desigualdade entre os homens,
Rousseau apresenta a sua concepção de ser humano e
oferece uma explicação para a degradação da espécie
humana e a sua conseqüente desigualdade. No livro Do
Contrato Social, apresenta a sua concepção de poder e de
organização da sociedade. No livro Emílio ou da
Educação, apresenta uma proposta de educação que visa
a plena realização da condição humana.
Filosofia Política Moderna
José Carlos Rothen (07)


Opondo-se a Hobbes, Rousseau considera que a vida em sociedade é que
conduz ao estado de guerra. Nela é que se tem a consciência do bem e do mal,
da possibilidade de dominar o outro. Uma vez que os freios da natureza são
eliminados pela vida associada, torna-se necessário instituir os freios da lei.
Neste contexto é que propõe a celebre tese: “o homem é por natureza bom, a
sociedade é que o corrompe”. Gracejando com a máxima de Hobbes de que o
“homem é o lobo do homem”, podemos afirmar que, para Rousseau, o homem
civilizado é o lobo do homem.
Contrariando os seus antecessores, Rousseau compreende que um pacto
social só é legitimo se cada um conservar o que é seu: a liberdade e o poder.
Para tanto, Rousseau faz a distinção entre governo e soberano. Para ele, o
soberano é a vontade geral e o governo é apenas um executor dessa vontade.
O exercício da soberania é realizado pelo povo, isto é, não é possível nomear
alguém para exercer o poder em substituição à vontade geral e essa deve ser
expressa pelo todo. Como conseqüência dessa visão, uma lei só é válida se for
ratificada pelo povo. Podem-se mencionar, como exemplo dessa perspectiva,
os plebiscitos, nos quais o povo é convocado para decidir se uma lei deve
entrar em vigor ou não.
Capítulo 8 – Proposta de Atividades

1. Considerando que Hobbes, Locke e Rousseau compreendem
que os seres humanos agem por interesse:





a) Aponte a compreensão que cada tem do papel do interesse na
vida humana.
b) O que diferencia a visão dos autores?
c) Como o professor deveria tratar os interesses dos alunos,
segundo a visão de cada autor?
2) Para os autores, quais são as características de um bom
professor?
3) Para os contratualistas, a vida em sociedade decorre de um
pacto social, as regras que todos devem obedecer têm sua
origem em um acordo. Se os autores fossem consultados no
processo de elaboração do regimento interno de uma escola, o
que cada um proporia?
Enciclopédia
(capa)
Iluminismo, Idealismo e Materialismo Histórico
Alonso Bezerra de Carvalho

(01)
O Iluminismo representa um movimento
intelectual ocorrido no século XVIII, com
repercussões no campo da política e da
cultura. Seu objetivo era difundir a razão, a
"luz", como uma forma de dirigir o progresso
da vida em todos os aspectos. Daí o nome
iluminismo, tradução da palavra alemã
"aufklärung", que significa esclarecimento,
iluminação.
Voltaire
Iluminismo, Idealismo e Materialismo Histórico
Alonso Bezerra de Carvalho

(02)
Voltaire (1694-1778)


A questão da liberdade, que foi o elemento distintivo do
“século das luzes”, a tolerância religiosa e a busca de uma
relativa igualdade entre os homens, em especial entre
burgueses e nobres, foram os temas norteadores das idéias
de Voltaire. Ele criticava as prisões arbitrárias, a tortura, a
pena de morte e defendia a liberdade de expressão e de
pensamento. Era inimigo da Igreja Católica, a que chamava
de "a infame", e defensor da religião natural, igual para todos
os homens, sem doutrinas e os dogmas da religião cristã.
Deste modo, podemos pensar que uma educação no estilo da
filosofia de Voltaire deve estar fundada no reconhecimento da
capacidade da razão de nos libertar dos preconceitos, dos
dogmas, do fanatismo, da superstição e da intolerância e
edificar-se como guia da vida social do homem. O caráter
libertador da razão funda-se no processo de busca de um
domínio mais aperfeiçoado sobre as paixões.
Iluminismo, Idealismo e Materialismo Histórico
Alonso Bezerra de Carvalho

(03)
Idealismo
 O século da luzes também provocou alterações fundamentais
na maneira de ver, agir e pensar dos filósofos alemães. Se,
na França, vemos a problematização e o debate sobre
valores e idéias que pareciam eternas, a Alemanha ofereceu à
história da humanidade um conjunto de formulações sobre o
mundo, o homem, a ciência, a arte, a política, a educação,
que também influenciam de forma marcante os dias atuais.
 Em lugar de colocar no centro a realidade objetiva ou os
objetos do conhecimento, afirmando que são racionais e que
podem ser conhecidos por si mesmos, devemos começar
colocando no centro a própria razão. A idéia de uma razão
absoluta, que vinha sendo desenvolvida pela filosofia clássica,
passou a ser considerada dogmática para a filosofia crítica de
Kant, que inaugurou o Idealismo Alemão e deu origem a
conceitos sobre os quais todos os autores que se seguiram
precisaram tomar posição
Hegel
Iluminismo, Idealismo e Materialismo Histórico
Alonso Bezerra de Carvalho

(04)
Hegel (1770-1831)
(ver página 154)
Para ele, a filosofia representa a tentativa de se fazer do
pensamento o instrumento capaz de apreender não só
aquilo que é ou existe, mas também o processo pelo qual
as coisas vêm a ser, tornando-se isso ou aquilo.
Semelhante a outras concepções filosóficas, que tiveram a
pretensão de captar o saber referente ao particular e ao
geral, do concreto e do abstrato, a filosofia de Hegel
também procurou apreender o absoluto. “Talvez como
nenhum outro filósofo, Hegel preocupa-se com a
superação do imediato e do singular em direção às figuras
mais abrangentes do pensamento” (SILVA apud CHAUÍ,
1985, p. 109).


Iluminismo, Idealismo e Materialismo Histórico
Alonso Bezerra de Carvalho




(05)
“O que era oposição entre a consciência de si e o mundo tornase síntese, e o espírito passa a ser em si e para si, superando a
consciência subjetiva, mas permanecendo sujeito, agora
absoluto” (ABRÃO, 2004, p. 351). É o momento da filosofia
propriamente dita. Vemos, portanto, uma dialética regendo o
desenvolvimento do espírito, que vai desde a imediaticidade até
o auto-reconhecimento absoluto
Dialética do Senhor e do Escravo = tese, antítese e síntese.
O racional é real e o real é racional.
Essa concepção de Estado indica que não há como pensar o
indivíduo em estado de natureza, porque ele é sempre um
indivíduo social. Nesse processo, o Estado sintetiza, numa
realidade coletiva, a totalidade dos interesses contraditórios
entre os indivíduos.
Marx
Iluminismo, Idealismo e Materialismo Histórico
Alonso Bezerra de Carvalho

(06)
Marx (1818-1883) – Materialismo Histórico

O materialismo marxista considera o mundo como uma
realidade dinâmica, um complexo de processos, que exige
observarmos a realidade dialeticamente, isto é, quando a
realidade influencia a idéia e quando a idéia influencia a
realidade. Assim, o espírito não é conseqüência passiva da
ação da matéria, podendo reagir sobre aquilo que o
determina, libertando o ser humano por meio de sua ação
sobre o mundo, possibilitando, no futuro, a ação
revolucionária. Essa idéia é sintetizada por Marx na
seguinte afirmação: “os filósofos se limitaram a interpretar
o mundo diferentemente, cabe transformá-lo” (MARX,
1987, p. 163).
Iluminismo, Idealismo e Materialismo Histórico
Alonso Bezerra de Carvalho


(07)
Para Marx, não há uma essência ou natureza humana em geral,
pois o ser do homem é sempre historicamente determinado
pelas relações que ele realiza com outros homens e com a
natureza e estas relações condicionam o indivíduo, a sua
pessoa, a qual, por sua vez, condiciona o exterior, as relações
sociais. Enfim, o indivíduo humano é um ser social.
Portanto, não é com fundamento nas idéias que explicaremos a
história; é com base na práxis material que conseguiremos
compreender a formação das idéias, e as idéias que dominam
numa época histórica são as idéias da classe dominante.
Capítulo 9 – Proposta de Atividades



1. Voltaire considera que os sistemas morais são
relativos e que é impossível a moral universal.
Diante dessa concepção, dê sua opinião sobre o
texto a seguir, fazendo a relação com a educação:
2. À luz do que foi exposto na parte sobre Hegel e
Marx e do trecho abaixo, faça a distinção entre as
idéias dos dois pensadores.
3. Leia os textos abaixo e explique por que Marx
afirma que não são as idéias humanas que movem
a História, mas são as condições históricas que
produzem as idéias, inclusive as educacionais:
Comte
Positivismo, Fenomenologia e Existencialismo
Alonso Bezerra de Carvalho

(01)
Augusto Comte (1798-2857) = Positivismo
 A edificação e a reorganização da sociedade, como
propunha o positivismo, passa por um reordenamento
progressivo. Segundo ele, a ordem social pode ser obtida
apenas quando se estabelecem princípios novos que
norteiem os conhecimentos humanos, o que leva a
filosofia a perder o seu status tradicional, isto é, a se
colocar apenas como um corpo próprio de saber. O caráter
positivo atribuído à filosofia indica, por um lado, uma clara
reação às tendências dos iluministas, que contestavam as
instituições sociais que ameaçavam a liberdade dos
homens e, por outro, a pretensão de se instaurar uma
ordem social, fundada numa estratificação rígida da
sociedade e em uma concepção organicista de mundo.
Positivismo, Fenomenologia e Existencialismo
Alonso Bezerra de Carvalho



(02)
Deste modo, para reformar a sociedade, faz-se
necessário, antes de tudo, descobrir as leis que
regem os fatos sociais, tomando o cuidado de se
afastar das concepções abstratas e das
especulações metafísicas, consideradas estéreis.
Leis dos 3 estados: teológico, metafísico e positivo.
Essa evolução do conhecimento humano, defendida
por Comte, está inteiramente ligada à evolução
política, social e moral do mundo, que por sua vez
promove e beneficia o progresso científico.
Husserl
Positivismo, Fenomenologia e Existencialismo
Alonso Bezerra de Carvalho

(03)
Edmundo Husserl (1859-1938) = Fenomenologia
 A concepção husserliana procura uma nova forma de se
conhecer e propõe, portanto, a superação da dicotomia entre
sujeito e objeto. Segundo ele, toda consciência é intencional,
o que significa que não há pura consciência – o sujeito –,
separada do mundo, mas toda consciência visa o mundo. No
entanto, também não há o objeto em si, independente da
consciência. O objeto é um fenômeno – etimologicamente,
“algo que aparece” – para uma consciência e esta é
consciência de alguma coisa. O resultado dessa discussão,
proposta por Husserl, é a superação do dualismo psicofísico,
da separação espírito-corpo, homem-mundo, eu-outro, que
marcou a tradição racionalista.
 Não há pura consciência, separada do mundo, mas toda
consciência tende para o mundo e não há objeto em si, este o
é, sempre, para um sujeito que lhe dá significado .
Positivismo, Fenomenologia e Existencialismo
Alonso Bezerra de Carvalho

(04)
Existencialismo

A expressão existencialismo é geralmente
aplicada a um conjunto de idéias filosóficas
produzidas, em especial a partir da década de
1930, que têm em comum a análise da existência
ou modo de ser do homem no mundo. Dois
filósofos expressam de forma contundente a
filosofia existencialista: Martin Heidegger (1889 –
1976) e Jean-Paul Sartre(1905 – 1980).
Heidegger
Sartre
Positivismo, Fenomenologia e Existencialismo
Alonso Bezerra de Carvalho

(05)
Heidegger
 Se o homem vive apenas nos limites da vida cotidiana,
aceitando aquilo que os outros desejam, terá como
conseqüência mais desastrosa a dissolução de si próprio,
tornando-se um ente exilado de si mesmo e de seu ser. Viver
assim é ter uma existência inautêntica. Heidegger considera
a angústia como o sentimento que, ao revelar a nossa
impessoalidade e o abandono de nosso próprio eu diante do
mundo, nos levará a despertar e a desvendar a existência
autêntica do homem.
 Segundo Heidegger, a lucidez, proporcionada pela angústia,
diante da possibilidade da morte é o que levará o homem a
retomar o seu poder de transcendência sobre o mundo e
sobre si mesmo. O homem pode transcender, o que significa
dizer que está capacitado a atribuir um sentido ao ser, isto é,
produzir diante de si mesmo o mundo, projetando suas
próprias possibilidades e, nesse projetar-se, ele não estaria
Positivismo, Fenomenologia e Existencialismo
Alonso Bezerra de Carvalho
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(06)
Sartre
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No homem, a existência vem antes da essência. Isso significa que não há
uma predefinição do homem e não se pode saber o que ele é antes de ele
existir. Na verdade, há uma condição humana que será construída pelas
escolhas e pelo projeto que o homem coloca a si mesmo. O homem nada é
enquanto não fizer de si alguma coisa. Assim, o conteúdo da consciência
não é a própria consciência, como acredita Descartes, mas os objetos que
ela visa e reflete. A consciência não se revela a não ser revelando o mundo;
ela não pode ser, por isso diretamente objeto de si mesma.
Enfim, o homem está condenado a ser livre. O valor da vida é o sentido que
cada homem escolhe para si mesmo. Na filosofia existencialista sartreana,
esta liberdade obrigada e onipresente só desaparecerá com a morte. A
angústia do homem é esta responsabilidade sem limites de controlar seu
destino e criar sua existência. Ao escolher, o homem atualiza uma
possibilidade, porém mata todas as demais.
Capítulo 10 – Proposta de Atividades

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

1. Comente o texto abaixo, considerando o processo de
desenvolvimento do espírito humano, fazendo a interface com a
educação.
2. Com base no que foi informado sobre Husserl, comente o
texto abaixo.
3. Qual a sua posição sobre a relação que os existencialistas
fazem entre a liberdade e a angústia?
4. Dissertação
 Tema: Escolha umas das concepções filosóficas
abordadas no capítulo e exponha os motivos pelos quais
concorda ou, se preferir, discorda dela. Enfatize a
perspectiva educacional que dela pode ser inferida.
Filosofia e Educação
Divino José da Silva e Pedro Ângelo Pagni

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(01)
Quando retomamos a história da filosofia, o fazemos com base
em questões suscitadas no presente, para interpelarmos o
passado, reconhecermos o quanto ele se faz presente e, quem
sabe, avaliarmos a possibilidade de uma ruptura com ele, que
concorra para a construção de um modo de existência melhor no
futuro próximo.
O uso que fazemos de Adorno e Folcault, na busca de um
sentido para o filosofar em educação, deve-se ao fato de que,
apesar das diferenças que há entre eles, ambos parecem estar
de acordo quanto a ser a tarefa da filosofia um trabalho de
reflexão sobre o presente. Por essa razão, mantendo esse
espírito de Adorno e Folcault e a ele recorrendo quando
necessário, procuraremos apresentar, no decorrer deste capítulo,
alguns sentidos para a prática do filosofar sobre e na educação.
Filosofia e Educação
Divino José da Silva e Pedro Ângelo Pagni

(02)
Saviani (1980) chama a atenção para a
necessidade do vínculo entre filosofia e educação
(filosofar sobre e na educação) se dar com base na
reflexão sobre os problemas educacionais,
contribuindo de fato para que os educadores
adotem uma atitude filosófica, reflexiva, para com a
problemática educacional, própria do nosso tempo
presente.
Filosofia e Educação
Divino José da Silva e Pedro Ângelo Pagni
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(03)
Finalidades da filosofia da educação
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
A primeira finalidade consiste em “por em dúvida idéias,
práticas e valores não considerando nada do real como óbvio,
normal, natural, mas problemático” (KOHAN, 1998, p. 101).
Por mais óbvia que seja esta função da filosofia da educação,
seu papel é pôr em questão, pôr em dúvida os valores,
conceitos e idéias que foram revestidos pelo manto da
certeza e da verdade.
A segunda finalidade: é “avaliar os pressupostos e
implicações de valores, saberes e práticas dominantes”
(KOHAN, 1998, p. 104). ... Um outro desafio, não menos
imperioso, é o de uma filosofia da educação que interrogue e
se contraponha ao processo de padronização e liquidação do
indivíduo produzido pelos mecanismos da indústria cultural
que, como sabemos, se faz presente na escola sob a
roupagem da pedagogia da facilitação, da cultura do resumo,
do esquema e do data-show.
Filosofia e Educação
Divino José da Silva e Pedro Ângelo Pagni
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
(03)
A indústria cultural confere a tudo um ar de semelhança,
induzindo o indivíduo a se ver integrado à totalidade
social. Ou seja, o indivíduo não é alguém que preserva
sua individualidade, sua maneira própria de ser, sua
autonomia moral frente ao mundo, mas torna-se mais um
no rebanho, submetendo-se ao coletivo
Contra a indústria cultural, a filosofia da educação tem que
interrogar sobre o sentido da oposição entre a formação e
as idéias e práticas dominantes, avaliando seus
pressupostos e suas implicações para os processos
formativos.
Filosofia e Educação
Divino José da Silva e Pedro Ângelo Pagni

(04)
Terceira finalidade: A filosofia da educação põe em questão
as formas de pensar excludentes e os irracionalismos que
buscam justificar que se pratique contra o outro, seja ele o
negro, a mulher, o homossexual, o velho, o pobre, a
criança etc., todo tipo de atrocidade, bastando para isso
argumentos que os desqualifiquem, que os vejam como
inferiores. Queremos dizer como isso que a filosofia da
educação tem como função colocar em dúvida os conceitos
prévios (os pré-conceitos) que naturalizam e impedem o
estranhamento diante do mundo, tão fundamental na luta
contra a barbárie.
Filosofia e Educação
Divino José da Silva e Pedro Ângelo Pagni

(05)
Quarta finalidade: é “o pensar com e contra uma história do
pensamento” (KOHAN, 1998, p. 109).
 Faz-se necessário um mínimo de iniciação em autores
como Platão, Aristóteles, em autores medievais, em
autores empiristas, em Rousseau, Kant, Hegel. Trata-se
aqui de enfatizar, nestes autores ou correntes de
pensamento, conforme nos ensina Porchat (1999, p. 135),
pontos que ainda estejam presentes nas discussões
contemporâneas e exemplificá-los.
 Esse diálogo deveria ser estabelecido de forma a favorecer
o filosofar e não a tratar a filosofia da educação como algo
acabado. Por essa razão, é importante também que se dê
atenção aos autores contemporâneos e às tendências por
eles desencadeadas.
Filosofia e Educação
Divino José da Silva e Pedro Ângelo Pagni
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(06)
Assim, destacamos quatro pontos complementares
tratados ao longo do texto sobre filosofar na e sobre
a educação: “por em dúvida idéias, práticas e
valores não considerando nada do real como óbvio,
normal, natural, mas problemático”; “avaliar os
pressupostos e implicações de valores, saberes e
práticas dominantes”; “enfrentar o preconceito no
âmbito das práticas escolares”; “pensar com e
contra uma história do pensamento”.
Capítulo 11 – Proposta de Atividades

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
1. No presente capítulo buscamos construir um sentido para o filosofar sobre e
na educação. Releia-o e comente por escrito os principais argumentos por nós
utilizados em defesa do filosofar sobre e na educação.
2. O poema de Brecht, reproduzido no início do capítulo, é um convite ao
filosofar. Comente-o.
3. Afirmamos, com base em um breve comentário sobre o texto de Adorno,
intitulado “Tabus acerca do magistério”, que há preconceitos com relação à
profissão de professor. Você concorda com este argumento? Tanto em caso
afirmativo quanto negativo, apresente suas razões.
4. “Como formar professores que saibam lidar com seus valores e com os
valores de seus alunos?”. Sabemos que esta não é uma pergunta fácil, mas
refletindo sobre o que dissemos sobre o sentido do filosofar na educação,
argumente sobre ela.
5. Por meio do que foi exposto no capítulo, responda: o que significa filosofar
sobre o presente?
6. O que é a Indústria Cultural e que efeitos ela exerce sobre nossa formação?
Escola de Atenas (Rafael)
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