IV. – Noções básicas sobre a Bíblia – 2ª parte Escola de Dirigentes do MCC Formação Básica na Fé IV 4ª sessão – Noções básicas sobre a Bíblia – 2ª parte Sumário: 1 – RELEMBRANDO A ESTRUTURA DA BÍBLIA 2 – O ANTIGO TESTAMENTO 3 – O NOVO TESTAMENTO 1. RELEMBRANDO A ESTRUTURA DA BÍBLIA… RELEMBRANDO A ESTRUTURA DA BÍBLIA… Definição A importância da Bíblia e versículos «É um determinado conjunto Capítulos de escritos, ÉO umnome livro de recordes. de finalidade Não é religiosa, original judeus e «Bíblia» cristãos, compostos por em BIBLOS Razão cultural. (cidade fenícia)diversos autores Os nomes da Bíblia O sistema… = LIVRO diferentes géneros literários ao longo de Escritura, Razão religiosa. Escrituras, Línguas originais mais de mil e tàque tiveram, sobretudo a Escritura, Sagrada Deriva do anos grego Traduções Antigo Testamento: importantes Sagradas Escrituras, o Biblìa = LIVROS partir do cristianismo, uma influência hebraico, aramaico e Livro, o daLXX Livro Versão dos Divisão Bíblia dos civilização ocidental». decisiva na chamada partes em grego. Livros… A. Calvo /A. Ruiz, Para conhecer a Cristologia Antigo Livros Vulgata e Novo Novo Testamento: Testamento grego.como biblioteca Bíblia Significado de Nº de livros Testamento = Aliança Classificações dos livros Escrituras hebraicas e cristãs Escrituras Autores e géneros literários Act 2, 22 -24 .28 Ordem e títulos dos livros RELEMBRANDO A ESTRUTURA DA BÍBIA… A.T. (46) + N.T. (27) = 73 LIVROS A.T. = 46 LIVROS N.T. = 27 LIVROS LIVROS HISTÓRICOS (21 LIVROS): PENTATEUCO (5 livros = Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio), Josué, Juízes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II Crónicas, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, I e II Macabeus. LIVROS HISTÓRICOS (5 LIVROS): Evangelhos (segundo São Mateus, segundo São Marcos, segundo São Lucas, segundo São João) e Actos dos Apóstolos. LIVROS SAPIENCIAIS (7 LIVROS): Job, Salmos, Provérbios, Eclesiastes (Coélet), Cântico dos Cânticos, Sabedoria e Eclesiástico (Ben Sirá). LIVROS PROFÉTICOS (18 LIVROS): Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel Oseias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. LIVROS SAPIENCIAIS (DIDÁCTICOS) (21 LIVROS): CARTAS PAULINAS (aos Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filémon), Carta aos Hebreus, CARTAS CATÓLICAS (Epístola de S. Tiago, I e II Epístolas de S. Pedro, I, II e III Epístolas de S. João). LIVROS PROFÉTICOS (1 LIVRO): Apocalipse (Revelação a João). 2. – O Antigo Testamento A HISTÓRIA DE UM POVO INTERPELADO POR DEUS O Antigo Testamento apresenta-nos a história de Israel desde 1800 a.C. até à nossa Era. É a história vulgar de um pequeno povo entre muitos, mas é sobretudo o significado que esse povo percebeu na sua própria história. O pensar, o agir, o viver, estão condicionados pelo meio ambiente em que estamos inseridos, pela geografia, época, mentalidade, cultura… ISRAEL é um pequeno povo do Médio Oriente condicionado pela sua SITUAÇÃO GEOGRÁFICA, pela MENTALIDADE dos povos circundantes… A HISTÓRIA DE UM POVO INTERPELADO POR DEUS 1. SITUAÇÃO GEOGRÁFICA… O Grande Mar ISRAEL ISRAEL SITUA-SE NO «CRESCENTE FÉRTIL»: Berço geográfico das grandes EGIPTO civilizações; região de “meia-lua” que abrange a Mesopotâmia – mesos + potamos = no meio de rios (Tigre e Eufrates), a Terra Santa e parte do Egipto. Região fértil para a agricultura. Nas restantes zonas predomina montanhas e desertos, leva à concentração de população em vales e planícies. A HISTÓRIA DE UM POVO INTERPELADO POR DEUS 1. SITUAÇÃO GEOGRÁFICA… ASSÍRIA GRÉCIA PÉRSIA ROMA BABILÓNIA EGIPTO ISRAEL SITUA-SE NO CORAÇÃO GEOGRÁFICO DE POVOS VIZINHOS QUE SE TORNARAM PODEROSOS EM ÉPOCAS HISTÓRICAS DIFERENTES… A HISTÓRIA DE UM POVO INTERPELADO POR DEUS 1. SITUAÇÃO GEOGRÁFICA… O que costuma suceder quando grande povos são vizinhos? DECLARAM-SE GUERRA! O inconveniente é que para se guerrearem têm de se encontrar e Israel habita no corredor que os separa! ISRAEL É PONTO DE PASSAGEM: por exemplo, o CAMINHO DO MAR («Via Maris»), o CAMINHO REAL («Via Régia»)… Isto leva a que esteja um pouco à mercê das pressões do poderio imperial dos povos vizinhos… A HISTÓRIA DE UM POVO INTERPELADO POR DEUS 2. MENTALIDADES DO MÉDIO ORIENTE… GREGOS… HEBREUS ASSÍRIOS… ROMANOS… CANANEUS… EGÍPCIOS… Vejamos alguns traços de diversas mentalidades. CALDEUS… PERSAS… BABILÓNIOS… A HISTÓRIA DE UM POVO INTERPELADO POR DEUS 2. MENTALIDADES DO MÉDIO ORIENTE… «Elevas-te no horizonte do céu, ó sol vibrante, que vives desde sempre! Iluminas o rosto dos homens, e ninguém conhece a tua marcha… à alva resplandeces no horizonte… Toda a terra executa o seu labor, todos os animais estão felizes com os seus pastos...» HINO A ATON, O DEUSSOL (Neste parece ter-se inspirado o Salmo 104). MENTALIDADE EGÍPCIA. Marcado pelo ambiente cheio de sol do Egipto, os seus deuses são bons e preocupam-se pelos homens, o além é alegre, é uma mentalidade optimista. A HISTÓRIA DE UM POVO INTERPELADO POR DEUS 2. MENTALIDADES DO MÉDIO ORIENTE… «Marduk assegurou-se de que os deuses acorrentados estavam bem dominados e voltou para Tiamat que ele tinha vencido. Com a sua maça inexorável fendeu-lhe o crânio. (…) Corta-o em dois, como a um peixe seco, com metade formou a abóbada dos céus, traçou o limite, colocou guardas que impedissem as suas águas de sair» POEMA ENUMA ELISH MENTALIDADE MESOPOTÂMICA. Marcado pelo ambiente, em que se desenrolam cheias violentas e imprevisíveis, é uma mentalidade pessimista; os deuses são caprichosos, lutam entre si, o homem teme os deuses e tenta apaziguálos, o além é triste… Várias obras: epopeia de Atra-Hasis, poema Enuma Elis, epopeia de Gilgamesh, etc. A HISTÓRIA DE UM POVO INTERPELADO POR DEUS 2. MENTALIDADES DO MÉDIO ORIENTE… MENTALIDADE CANANEIA. O deus principal desta religião é El, frequentemente evocado sob a forma de touro; presta-se um culto especial a Baal, e a Anat, deusa da fecundidade. Por isso, se dá relevo às práticas sexuais, como rito de fecundidade: a prostituição sagrada, contra as quais se insurgem os profetas. «Os céus fazem chover manteiga, os regatos fazem correr o mel» HINO A BAAL (Parecido com a expressão na Bíblia Ex 3, 17: «a terra onde corre leite e mel»). BAAL A HISTÓRIA DE UM POVO INTERPELADO POR DEUS Assim, ISRAEL é um pequeno povo do Médio Oriente condicionado pela situação geográfica, pela mentalidade dos povos circundantes… UM POVO VULGAR! ONDE ESTÁ A ORIGINALIDADE? Na MENTALIDADE BÍBLICA: Possui um traço que a diferencia das outras mentalidades. Israel tem consciência de que é o seu Deus quem o interpela e o povo responde-lhe com amor. No pensamento mítico é o homem que projecta no além a divindade e pelo rito tenta dominá-lo; no pensamento bíblico é ao contrário: É Deus quem interpela o homem e este responde-lhe, através do rito, expressão da resposta. A HISTÓRIA DE UM POVO INTERPELADO POR DEUS PENSAMENTO MÍTICO: DIVINO RITO PENSAMENTO BÍBLICO: DEUS RITO HOMEM HOMEM NO SEU MONOTEÍSMO: Conserva a originalidade de ser um povo monoteísta num ambiente circundado por povos politeístas. Essa evolução especial advém do facto de Deus ter falado a esse Povo, de o ter interpelado, de ter transformado a sua existência com a Sua palavra. «Shema Israel, Adonai hedad!» Escuta Israel: o Senhor é um só! (Dt 6, 4) O ANTIGO TESTAMENTO Perder tempo a ler o Antigo, se existe um Novo? MARCIÃO no séc. II, fez isso: rejeitou o AT! A sua HERESIA foi condenada. QUAL A SUA IMPORTÂNCIA? DEUS É AUTOR DO A.T., É PALAVRA DE DEUS. A Antiga Aliança nunca foi revogada! PREPARAR A VINDA DE CRISTO, naquele tempo e hoje (para os novos adventos de Cristo na liturgia e vida cristã, rumo à Parusia). MANIFESTA A PEDAGOGIA DIVINA: Deus é condescendente, tolera as imperfeições, é paciente e ama o Homem! Contém DOUTRINAS PRECIOSAS sobre Deus, a Criação e o Homem e um TESOURO DE ORAÇÕES! PARA COMPREENDER O NOVO: o N.T. refere muitos factos, profecias, etc., que se referem ao A.T. O ANTIGO TESTAMENTO A FORMAÇÃO DOS LIVROS DA BÍBLIA é um processo com três momentos: 1. FÉ VIVIDA TRANSMITIDA, E segundo determinada norma ou conduta… 2. PRIMEIRA REDACÇÃO: começa-se a escrever algo. 3. REDACÇÃO FINAL (num momento ou vários, por um autor ou vários). O ANTIGO TESTAMENTO A ORDEM HISTÓRICA (pela qual os livros foram aparecendo)… A ORDEM CANÓNICA (pela qual os livros aparecem ordenados no cânone da Bíblia) O ANTIGO TESTAMENTO Etapa (ou fase) histórica Livros que falam dessa etapa Livros escritos nessa etapa Génesis 1-11 - XIX a XIII a.C. Génesis 12-50 Nenhum: Tradições orais 2ª - Fase moisaica (Moisés e o Êxodo) XIII a.C. Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio Nenhum: Tradições orais 3ª - Conquistas da Terra Josué e Juízes (Fixação em Canaã) XIII a XI a.C. Tradições orais; alguns documentos escritos (Código da Aliança, Decálogo, Cântico de Débora, etc.) 4ª - Fase da monarquia (Reino Unido e dividido) 1000 a 587 a.C. Alguns Salmos, fonte Javista, alguns históricos (I e II Samuel, I e II Reis); alguns proféticos (Amós, Oseias, Isaías I, Sofonias, Jeremias, Naum, Habacuc… 5ª - Fase do Exílio ou Cativeiro 587 a 538 a.C. 538 a 63 a.C. Lamentações, Deutero-Isaías, Abdias, alguns Salmos Pré-história bíblica 1ª - Fase patriarcal (Abraão, Isaac, Jacob, José) HISTÓRIA DO POVO DE DEUS 6ª - Fase do Judaísmo, do pós-exílio (domínios persa, grego e macabeu) Séc.s (+/-) ? (origens) Redacção definitiva do Pentateuco (Esdras 400 a.C:?), Zacarias, Esdras-Neemias, Daniel, Sabedoria, Macabeus… O ANTIGO TESTAMENTO LIVROS DO A.T.: 3 ou 4 secções. HISTÓRICOS: o PENTATEUCO narra das origens do povo de Deus à conquista da Terra; os restantes narram desde a entrada na Terra, até aos Macabeus. SAPIENCIAIS, cuja redacção radica no princípio da história de Israel e termina ás portas do N.T.. PROFÉTICOS: registam as palavras e vicissitudes dos profetas, antes, durante e depois do Exílio. Após estes apontamentos prévios, vamos iniciar a nossa viagem pela Bíblia, de uma forma muito sintética… UM APONTAMENTO PRÉVIO SOBRE O PENTATEUCO… PENTATEUCO = «5 ROLOS» TORÁ («Lei», «Instrução»). NOMES DOS LIVROS: BÍBLIA HEBRAICA: primeira palavra ou expressão do livro (segundo o costume mesopotâmico); BÍBLIA CRISTÃ: nome dado conforme o conteúdo: Português Hebraico Grego Latim Significado Génesis Bereshit () בראשית ברא אלהים: «No princípio…» Genesis Genesis «Origem» Êxodo Shemot (“nomes”: «Estes são os nomes…») Exodos Exodus «saída» Levítico Wayyiqera (“E chamou”: «O Senhor chamou…») Lévitikon Leviticus «o livro da lei» Números Bamidebar (“No deserto”: «O Senhor chamou a Moisés no deserto…» Arithmoi Numeri «números» Deuteronómio Debarim (“Palavras”: «Estas são as palavras…»). Deuteronomi on Deuterono mium «a segunda lei» UM APONTAMENTO PRÉVIO SOBRE O PENTATEUCO… O PENTATEUCO é a CARTA CONSTITUCIONAL dos princípios fundacionais, religiosos e civis, pela qual Israel se constituiu como povo, referido com o seu Deus, Javé. Dois pólos fundamentais: A promessa feita aos Patriarcas (dom da terra e descendência numerosa); o acontecimento fundante do ÊXODO na história do Povo de Israel. Trama narrativa contínua que pretende responder a várias questões: a origem da humanidade, a origem do Povo de Israel, como deve ser esse Povo regido, etc. Podem distinguir-se 6 etapas: 1 - História das origens (Gn 1,11); 2 História patriarcal (Gn 12-50); 3 - Saída do Egipto e a travessia para o Sinai (Ex 1-18); 4 - Revelação no Sinai (EX 19-40 + Lev + Nm 1-10); 5 - Travessia do deserto do Sinai até as planícies de Moab (Nm 10-36); 6 - Discursos e despedida de Moisés (Dt). UM APONTAMENTO PRÉVIO SOBRE O PENTATEUCO… AUTOR: o tradicional é Moisés; mas é fruto de muitos autores e épocas, de Quatro fontes ou tradições, juntas por volta de 398a.C. por Esdras (é como um rio com quatro nascentes…). Fonte e sigla Javista (J) Eloísta (E) Séc. e lugar séc. XIX por Julius Wellhausen Características IX ou X a.C.; Reino do Vivaz, pitoresca, representa Deus com traços antropomórficos. Deus é Sul (Judá) JAVÉ. A humanidade está marcada pelo pecado e pela fragilidade, mas também pela promessa divina. O congregador da fé e do povo é o Rei. VIII (ou IX a.C); Reino Evita o antropomorfismo; acentua o aspecto moral. Sublinha a fé testada até do Norte (Israel) ao limite, o temor de Deus, os temas de eleição do povo de Israel e da aliança. O PROFETA é o congregador da fé e do povo. Deus é ELOIM. Diferenças de nomenclaturas (exemplo, chama Monte Horeb ao Sinai, etc.) VII (ano 622 a.C. Insiste no temor/amor de Deus em termos de obediência aos Mandamentos e Deuteronomista Reforma de Josias) em de ameaça com castigos. Narrativas parecidas com homilias. Vocabulário (D) Jerusalém típico: «Amar a Deus», «Servir a Deus»… A figura central é MÓISÉS, como orador e legislador e não como libertador. Sacerdotal (P, do VI (Regresso do Exílio) Rigorosa, sublinha os traços distintivos do Judaísmo: o Sábado, a alemão priester, em Jerusalém circuncisão, a Lei. Acentua a presença «gloriosa» de Deus (é «Espírito», cf. padre) Gn 1,2). Contém códigos litúrgicos, processuais e genealogias. PRÉ-HISTÓRIA BÍBLICA • LIVROS QUE NOS FALAM SOBRE A PRÉ-HISTÓRIA BÍBLICA: os onze primeiros capítulos da Bíblia (Gen 1-11). Foram compostos em épocas muito diversas, fruto de várias tradições. «GÉNESIS» «NASCIMENTO», «ORIGEM». Divide-se em duas grandes partes: História primitiva ou das origens (Gn 1-11) e História Patriarcal (Gn 12-50). A primeira corresponde à «PRÉHISTÓRIA BÍBLICA», verdadeiro Tratado teológico. ESTRUTURA DA História das Origens (Gn 1,111,32) do mundo e da humanidade: Gn 1-3: relato da criação (dois relatos), da queda do homem, da intervenção de Deus e a sentença, a promessa da redenção; Gn 4-5: o progresso do mal e da humanidade; Gn 6-10: o dilúvio universal, consequências do pecado e Aliança de Deus; Gn 11 – A torre de Babel, consequências do pecado e chamada de atenção de Deus. PRÉ-HISTÓRIA BÍBLICA ALGUNS ENSINAMENTOS: Gn 2,4: «O Senhor Deus fez a Terra e os céus…». Gn 2,8: «Depois, o Senhor plantou um jardim no Éden, no oriente…». Gn 2, 15: «O Senhor Deus levou o homem e colocou-o no jardim do Éden»: repete-se a mesma ideia, várias tradições… Gn 2,19: «Vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele». «Chamar-se-á mulher, visto ter sido tirada do homem». SÓ DEUS É CRIADOR E SENHOR DE TODAS AS COISAS. O Homem foi criado por Deus para viver em amizade com Ele e foi colocado num estado de felicidade, num «jardim». Deus criou homens e mulheres, ambos com a mesma dignidade, para que compartilhassem o amor e continuassem o género humano (Adam=humanidade); o homem dorme quando Deus a retira dele, é da sua natureza. PRÉ-HISTÓRIA BÍBLICA ALGUNS ENSINAMENTOS: Gn 3,4: «Não, não morrereis; porque Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal». Gn 3,7: «Coseram figueira umas às colocaram-nas, como cinturas, à volta dos folhas de outras e se fossem rins». Gn 3,9: «Onde estás?». Gn 3,23: «O Senhor Deus expulsou-o (ao homem) do jardim do Éden…» O Homem pecou por soberba (quis ser como Deus)… Tapam os genitais, alusão à fecundidade e aos cultos cananeus da serpente da época: chamada de atenção para Israel que se desviava para esses caminhos! «Em caíste?» que condição Ao primeiro pecado, seguiram-se outros pecados da humanidade e o mal alastrou-se… PRÉ-HISTÓRIA BÍBLICA ALGUNS ENSINAMENTOS: Gn 4,8: «Caim lançou-se sobre o irmão e matou-o». Gn 5,11: «Ao todo, a vida de Enós foi de novecentos e cinco anos; depois morreu». Gen 5, 14: «Ao todo, a vida de Quenan foi de novecentos e dez anos; depois, morreu». Gen 5, 31: «Ao todo, a vida de Lamec foi de setecentos e setenta e sete anos; depois morreu»… Gn 6,5: «O Senhor reconheceu e alastrou-se… A idade dos patriarcas começa a diminuir para ilustrar que o mal avançava no mundo… O dilúvio é o culminar da maldade que transborda. que a maldade dos homens era grande na Terra». Gn 11,7: «Vamos pois descer e confundir de tal modo a linguagem deles que não consigam compreenderse uns aos outros». As cidades são berços do mal, a diversidade de línguas é um mal, há divisão, desentendimento… PRÉ-HISTÓRIA BÍBLICA ALGUNS ENSINAMENTOS: Gn 3,15: «farei reinar a inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta esmagar-te-á a cabeça e tu tentarás mordê-la no calcanhar». Gn 9,9: «Vou estabelecer a minha aliança convosco, com a vossa descendência futura e com os demais seres vivos que vos rodeiam…» Apesar do homem ser infiel, Deus nunca abandonou o Homem e promete-lhe logo a Redenção: o Messias, PROTO-EVANGELHO. Estabelece uma Aliança cósmica, entre Ele e o homem, com Noé e com a sua descendência… APESAR DE O HOMEM SER INFIEL A DEUS, DE QUERER «SER COMO DEUS», DEUS NUNCA ABANDONA O HOMEM! O TEMPO DA PROMESSA 1ª FASE: FASE DOS PASTORES, PATRIARCAS OU NÓMADAS (2000 a 1200 a.C.) • LIVROS REFERENTES A ESSES ACONTECIMENTOS: GÉNESIS 12-50, além de outras passagens. A ORIGEM DO POVO DE DEUS: ABRAÃO E OS PATRIARCAS ESTRUTURA da História dos PATRIARCAS («chefes de família do Povo de Israel») (Gn 12-50). Trata da origem do Povo de Deus. A História do Povo bíblico começa com ABRAÃO (é somente Ciclo de Abraão (Gn 12- 25) Ciclo de Isaac (Gn 26-27) Ciclo de Jacob (Gn 28-36) Ciclo de José (Gn 37-50) com Josué com o «Pacto de Siquém» que o Povo de Israel começa a existir como tal). Com ele começa a História dos patriarcas O TEMPO DA PROMESSA Gn 11, 31: «Tera tomou seu filho Abrão, seu neto Lot, filho de Haran, e sua nora Sarai, mulher de Abrão, seu filho, e partiu com eles de Ur, na Caldeia, e dirigiram-se para a terra de Canaã». O «Crescente Fértil» facilita as migrações… 2 …mais tarde vai ao Egipto… …e instala-se em Haran. Abraão pertencia a um clã de seminómadas. A sua expansão pode estar relacionada com a dos Amoritas. Por volta de 1850 a.C. (data “aproximada”), Abraão parte de Ur dos caldeus (na Mesopotâmia)… 3 4 5 …e ao regressar instala-se em definitivo em Hebron. 1 Em Haran ouve o chamamento do Senhor e vai morar para a «Terra Prometida», para Siquém; Gn 12,1: «O Senhor disse a Abrão: deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar». Gn 12,4-6: «Abrão partiu, como o Senhor lhe dissera (…) quando saiu de Haran, Abrão tinha setenta e cinco anos (…) e partiram todos para a terra de Canaã (…) até ao lugar de Siquém». Gn 12,10: «Houve fome naquela terra. Como a miséria era grande, Abrão desceu ao Egipto para aí viver algum tempo». Gn 13,18: «Abrão desmontou as suas tendas e foi residir junto aos carvalhos de Mambré, próximo de Hebron». A Viagem de Abraão tem motivos Económicos (melhores condições de vida) e religiosos: Chamamento do Senhor. Abraão é a princípio henoteísta, isto é, adorava um deus principal, mas admitindo outros, mas caminhava para o Monoteísmo… O TEMPO DA PROMESSA Perante o afastamento do Homem, Deus propõe o Seu Plano de Salvação: Deus escolhe homens para o Seu plano, chama Abrão: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar» (Gen 12, 1) Deus faz uma ALIANÇA com Abraão: Deus muda o nome a Abrão para ABRAÃO («pai de muitas nações»), como sinal de uma nova missão. «Já não te chamarás Abrão, mas sim Abraão, porque Eu farei de ti o pai de inúmeros povos» (Gen 17, 5) «dar-te-ei, a ti e à tua descendência depois de ti, o país em que resides…») (17, 8). Deus prova Abraão na sua fé e obediência: torna-se o PAI DOS CRENTES. Dá-lhe um filho na velhice de sua esposa Sarai (mais tarde Sara), Isaac, que mais tarde manda sacrificar! «Pega no teu filho, no teu único filho, a quem amas, Isaac, e vai à região de Moriá, onde o oferecerás em holocausto, num dos montes que Eu te indicar» (Gen 22, 1). Mas Deus trava Abraão no último momento… Alguns episódios do Ciclo de Abraão: Abraão e Lot, Abraão e Melquisedec, Agar e Ismael, Três visitantes misteriosos, destruição de Sodoma e Gomorra… O TEMPO DA PROMESSA Os outros patriarcas são: Isaac («o filho da promessa»), Jacob que se torna Israel («Deus é forte», sendo o homem da astúcia) e José é o homem honesto, íntegro, cheio de caridade e sábio…. Alguns episódios do Ciclo de Isaac: Casamento com Rebeca, o prato de lentilhas, Isaac abençoa Jacob em detrimento de Esaú… É um ciclo relativamente curto, mas em que se renova a promessa feita a a Abraão: Gen 26, 2-5. Alguns episódios do Ciclo de Jacob: o sonho de Jacob, Lia e Raquel, encontro com o irmão Esaú, a filha de Jacob, Dina, os doze filhos de Jacob, Deus renova a Aliança com ele e muda-lhe o nome para ISRAE (Gen 35,10)… FILHOS DE JACOB (cf. Gn 35): Filhos de Lia: RÚBEN (o primogénito), SIMEÃO, LEVI, JUDÁ, ISSACAR, ZABULÃO; Filhos de Raquel: JOSÉ e BENJAMIM (o mais novo); Filhos de BILA, escrava de Raquel: DAN e NEFTALI; Filhos de ZILPA, escrava de Lia: GAD e ASER. Estes darão origem às 12 Tribos de Israel. Alguns episódios do Ciclo de José: José vendido pelos irmãos, Judá e Tamar, José no Epipto, seduzido pela esposa de Potifar, prisão de José e interpretação do sonho na prisão, do sonho do faraó (das vacas gordas e magras), promoção de José, encontro com os irmãos, intervenção de Judá em favor de Benjamim, partida para o Egipto, morte e sepultura de Jacob em Canaã… O NASCIMENTO DE UM POVO 2ª FASE: FASE MOISAICA (por volta de 1250 a.C.) • LIVROS REFERENTES A ESSES ACONTECIMENTOS: ÊXODO, LEVÍTICO, NÚMEROS E DEUTERONÓMIO, além de outras passagens. O ÊXODO: ACONTECIMENTO FUNDANTE DA HISTÓRIA DE ISRAEL Os descendentes de Jacob instalamse no Egipto durante 400 anos (Gn 15) ou 430 (Ex 12) e a «Casa de Israel» vai aumentando e progredindo; até que na XIX Dinastia, Ramsés II escraviza os israelitas. É aí que surge MOISÉS, que em nome de Javé, conduz o Povo pelo deserto até à Terra Santa. O Êxodo deu-se por volta de 1250 a.C. Há dois tipos de êxodo: o fuga e o expulsão. Além disso, há vários caminhos propostos… O NASCIMENTO DE UM POVO Êxodo significa «saída» (dos hebreus do Egipto). Género literário épico-religioso: factos verdadeiros, mas narrados de forma grandiosa, e com finalidade religiosa, isto é, para a salvação do Homem. O que interessa é que Israel descobriu posteriormente neles a intervenção poderosa de Deus e o que retratam o seu nascimento como povo. ESTRUTURA DO ÊXODO: 3 partes do livro: 1ª A preparação e saída do Egipto (Ex 1,1-15,21). Integram-se a opressão dos hebreus, a vocação de Moisés, as pragas, a celebração da Páscoa, a passagem milagrosa do Mar vermelho, o cântico triunfal. 2ª A marcha dos hebreus pelo deserto (Ex 15,22-18,27). Inserem-se uma sequência de episódios maravilhosos, como o dom do maná e o milagre em que Deus faz jorrar água de um rochedo. 3ª O dom da Lei do Sinai (10,1-40,38). O Decálogo e o Livro da Aliança. Inserem-se prescrições sobre a construção do santuário, o episódio do bezerro de ouro, etc. O NASCIMENTO DE UM POVO Uma festa, a Páscoa (que significa «Passagem») comemora a Passagem do Senhor sobre o Egipto e a libertação do Egipto e a sua «passagem» para Canaã. Dois acontecimentos essenciais: Deus revela o Seu nome a Moisés: o «Deus de Abraão» será conhecido por «Javé», «EU SOU O QUE É», mais do que um nome define uma presença. Deus estabelece uma Aliança com o Povo. Deus dá ao Povo a Sua Lei. Ex 3, 14: «EU SOU AQUELE QUE SOU». Ex 19, 5-7: «Doravante, se escutardes a Minha voz e se fordes fiéis à Minha Aliança, sereis, entre todos os povos, uma propriedade Minha. Toda a terra Me pertence. Mas vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa». O NASCIMENTO DE UM POVO O essencial da Lei ou Código da Aliança são os 10 Mandamentos. Deus quis que, com eles, o Homem descubra o que há mais de natural em nós. O NASCIMENTO DE UM POVO Conteúdo teológico-espiritual do Êxodo: Deus: é fiel, compadece-se dos sofrimentos do Homem, é libertador. Moisés: é o homem que assumiu perfeitamente a sua missão, que é salvar o povo com a ajuda do Senhor, embora não parecesse o homem mais indicado (não sabia falar, por exemplo). O povo: começa a história de Israel como povo; ao contrário de Moisés, o povo é o eleito que não cumpre a sua missão, e se livra da aniquilação graças à intercessão de Moisés; A Aliança: o culminar de uma marcha ao encontro do Senhor. Alguns episódios do Êxodo: nascimento de Moisés, fuga de Moisés para Madian, revelação do nome de Deus, regresso ao Egipto, na presença do faraó com Aarão, as 10 pragas do Egipto, a Páscoa, os ázimos, saída do Egipto, travessia do Mar, o maná e as codornizes, água da rocha, a Aliança e os preceitos… O NASCIMENTO DE UM POVO Os restantes livros do Pentateuco são: «Sede Santos porque Eu sou santo». LEVÍTICO: leis litúrgicas ou de culto. Inclui o Código Sacerdotal e o Código de Santidade. Inclui vários tipos de sacrifícios: holocaustos, sacrifícios de comunhão, oferta vegetal, sacrifício pelo pecado, de reparação da ofensa, pães da oferenda, ofertas de incenso… Representa a resposta cultual (a possível naquele tempo) do povo de Israel ao Deus da aliança. NÚMEROS: factos ocorridos no deserto e algumas leis sem ordem. Abrange a caminhada pelo deserto, desde o Sinai até às margens do Rio Jordão. Divide-se em três partes: no deserto do Sinai (1,1-10,10), do Sinai a Moab (10,1121,35) e na região de Moab (22, 1-36,13). O deserto é o local de prova e intimidade com Deus; o tema da bênção é frequente; o tema da Tenda, lugar da Presença do Senhor que caminha no meio do Seu povo. Um episódio curioso dos Números é Nm 22-24, em que o rei de Moab chama Balaão para amaldiçoar Israel… O NASCIMENTO DE UM POVO DEUTERONÓMIO: leis morais e de justiça para o povo; é considerado como o discurso de despedida de Moisés; divide-se em 5 grandes discursos: dois de introdução (o primeiro é uma repetição da história de Israel desde a partida do Horeb ou Sinai; aí se inclui o Shema, oração dos judeus Dt 6,4: «Escuta Israel! Javé nosso Deus é o único Deus», bem como uma bela profissão histórica, o credo histórico); o código de leis do Deuteronómio (em duas partes) e por fim, conclusões, exortações e bênçãos. Conteúdo teológico e espiritual destes livros: Grandes temas: um Deus, um povo, uma terra, uma lei, um santuário. Deus: uno, santo, libertador, pai providente, chefe militar, Deus dos deuses, Senhor dos senhores, valente, imparcial, justo e benévolo; Povo: que é santo e deve reconhecer a Deus como Senhor e amá-Lo; Terra: de Deus vêm todos os bens que Israel possui; Lei: ser fiel à Lei é ser fiel ao Senhor; do cumprimento das leis depende a bênção desse povo; ser puro é ser são, bom, santo; Santuário: o centro do culto é o templo; pede-se a Israel que destrua os locais de culto cananeus e se volte para Deus. O NASCIMENTO DE UM POVO 3ª FASE: FASE DA CONQUISTA DA TERRA E FIXAÇÃO EM CANAÃ (1200-1030 a.C.) Se até aqui vimos o Pentateuco, vamos agora ver os LIVROS HISTÓRICOS (apesar de o Pentateuco se poder englobar nos históricos, como vimos). De facto, só se consegue fazer uma História de Israel em sentido actual a partir da instalação do povo em Canaã. • LIVROS REFERENTES A ESSES ACONTECIMENTOS: JOSUÉ e JUÍZES. JOSUÉ sucede a Moisés e introduz os hebreus na Palestina, atravessando o Jordão. A Bíblia atribui-lhe a conquista da «Terra Prometida», de um modo épico; mas a realidade mostra que a conquista foi bastante mais difícil e demorada… No Livro de JOSUÉ, os factos estão engrandecidos, pois é uma epopeia épica. Os hebreus entram na Terra Prometida, como quem vai tomar solenemente posse de uma herança que lhe fora atribuída. Por exemplo, quando se conquistou Jericó já era uma cidade meia abandonada… O NASCIMENTO DE UM POVO LIVRO DE JOSUÉ: dominado pela figura de Josué: colaborador de Moisés, com fidelidade inquebrantável, guia do povo eleito. Lembra Jesus, entre outros motivos pela coincidência do nome (Josué significa «Javé é auxílio»; Jesus é a transcrição grega de je[ho]schua = «Javé é auxílio»). Conteúdo: Abrange o período da morte de Moisés à de Josué. Livro de “batalhas e guerras”. 1. A conquista da Terra de canaã (Jos 1,1-12,24); 2. Distribuição da Terra Prometida pelas tribos (Jos 13,1-21,45); 3. Epílogo: descanso em Canaã e as Assembleias de Siquém: renovação da Aliança (Jos 22-24). Com o Pacto de Siquém (Jos 24), as tribos (ou clãs) começam a identificar-se como um só Povo. Ensinamentos. Realça a Aliança de Javé com o Seu povo eleito; as vitórias militares são consequência do cumprimento da Aliança por parte dos hebreus. Através de prodígios, dá provas da missão confiada a Josué, o mais importante, é a passagem do Rio Jordão, similar ao Mar Vermelho. O extermínio (herem) das povoações. Era uma prática habitual da época; deve-se recordar o carácter progressivo da revelação; eram normas transitórias; o definitivo está em Mt 5,44-45: «Amai os vossos inimigos…». O NASCIMENTO DE UM POVO Em momentos cruciais, Deus suscita, nas várias tribos, homens carismáticos, libertadores, com a missão de serem juízes em querelas, que preparam a guerra: os JUIZES. Dividem-se em maiores (Otoniel, Eúde, Débora e Barac, Gedeão, Jefté e Sansão) e menores (todos os outros). O LIVRO DOS JUÍZES (após a morte de Josué) mostra-nos uma entrada bastante mais dispersa das tribos de Canaã do que o Livro de Josué e dominando muito mais lentamente o conjunto do território e descreve-nos a insegurança dessas tribos. As tribos actuam ainda com bastante autonomia. Conteúdo: 1. prólogo (Jz 1,1-3,6): fixação na terra prometida; últimas batalhas; 2. primeiros juizes (Jz 3,7-3,30); 3. Débora (Jz 4,1-5,32): mulher juiz; 4. Gedeão (Jz 6-9); 5. Jefté (Jz 10,6-12,15): voto de Jefté; 6. Sansão (Jz 12-16); 7. levita bem tratado (Jz 17-18); 8. levita maltratado (Jz 19-21). «Guerra civil» contra a tribo de Benjamim e extermínio da tribo (Jz 20, 48); arrependimento e restabelecimento da tribo com os poucos sobreviventes. O esquema narrativo é sempre o mesmo, ciclicamente: a) o povo é infiel a Deus; b) Deus retira-lhe a protecção e entrega-o aos inimigos; c) já oprimido, Israel toma consciência do pecado e pede perdão; d) Deus responde enviando um juiz e libertando o povo do seu opressor. O NASCIMENTO DE UM POVO Geograficamente, as tribos dividiram-se em três grupos: - Meridional (Judá, Simeão e metade da tribo de Dan e Rúben); - Central («o grupo de Josué», formado pelas tribos de Benjamim, Efraim, Manassés, Gad); Setentrional (Isaacar, Zabulão, Asser, Neftali e metade da de Dan). Provavelmente, os vários grupos não ingressaram todos ao mesmo tempo na Terra Prometida. Mas afinal como era essa terra onde «mana o leite e o mel?» A TERRA PROMETIDA NOMES DA TERRA PROMETIDA: Na Bíblia: «Terra Santa» (Zac 2, 12; Act 7, 33); «Terra de Canaã» (Gn 12, 5; 13, 12; Act 13, 19); «Terra Prometida»; «Terra dos Hebreus» (Gn 40, 15); «Terra de Judá» (sul de Israel actual, referente à tribo de Judá. Rt 1, 7); «Terra de Israel» (Ez 11, 16-20; Mt 2, 20-21); etc. b) Outros: «Kinahhi», «Khuru», «Amurru», «Harus», «Retenu», «Palassthu» (Filisteia, de que deriva «Palestina», que não é um nome bíblico, mas dado por escritores gregos e latinos). MONTES DO LÍBANO E ANTILÍBANO MEDITERRÂNEO (GRANDE MAR) ISRAEL SITUA-SE NO «CRESCENTE FÉRTIL», como vimos. «Desde Dan a Berseba» (Jz 20, 1). DESERTO SÍRIO LIMITE COM O DESERTO DO SINAI LIMITES GEOGRÁFICOS +/- 80km Lago Hule Vale do Hule M. Carmelo 528m M. Tabor 588m ▲ Monte Hermón Mar da BASAN Galileia Rio Jarmuc Mar da Galileia do Jordão Montes de Efraim Montes de Judá Deserto de Judá Deserto do Negueb TRANSJORDÂNIA CISJORDÂNIA Vale GALAAD Rio Jaboc Rio Jordão Rio Jordão AMON Mar MOAB Morto A R A B Á Mar Morto EDOM A TERRA PROMETIDA ZONAS GEOGRÁFICAS: TRANSJORDÂNIA: montanhas desertas, pouco elevadas, com temperaturas extremas. 5 territórios independentes. CISJORDÂNIA Montanhas da Cisjordânia: é a parte onde se desenrolam os principais acontecimentos bíblicos. A zona costeira: zona de planície interrompida pelo Monte Carmelo. O VALE DO JORDÃO: divide a Transjordânia da Cisjordânia; o Rio Jordão nasce no Monte Hermon com 2224 m de altitude, e desagua no Mar Morto a 392m abaixo do nível do mar, mais baixo do globo, concentração de sal, O NASCIMENTO DE UM POVO • HISTÓRIA LITERÁRIA: No séc. XI a.C. em que ponto nos encontramos? Até agora não temos nenhum livro. Transmitem-se oralmente narrativas sobre os Patriarcas e sobre o Êxodo bem como histórias sobre os Juízes e poemas como o «Cântico de Débora», composto por volta de 1025 (Jz 5). Moisés forneceu algumas leis, e mandamentos, mesmo por escrito (Ex 20). Dos primeiros tempos da instalação em Canaã data a redacção do «código da Aliança» (Ex 2, 22-23.33), que supõe um povo já instalado na terra e uma civilização agrícola. A MONARQUIA 4ª FASE: FASE DA MONARQUIA (1030-587 a.C.) LIVROS REFERENTES A ESSES ACONTECIMENTOS: SAMUEL, REIS, CRÓNICAS, AMÓS, OSEIAS, ISAÍAS, alguns SALMOS, SOFONIAS, JEREMIAS, NAUM, HABABUC, etc. Surge a necessidade de as tribos de se unirem e terem um rei à sua frente que as oriente, face às fortes investidas dos povos vizinhos. SAÚL (10331012 a.C.) 1º rei, ungido por Samuel (este um pouco contrariado); conquistou territórios aos filisteus; cresce a inimizade entre ele e David e com o povo. DAVID (1012-972 a.C) No seu reinado o território alcança a extensão máxima; elimina os filisteus, torna Jerusalém capital do Reino, transporta a Arca da Aliança para Jerusalém, etc. REINO UNIDO DE ISRAEL 1 SAMUEL: conta a história de Samuel, último juiz e de Saul, primeiro rei. 2 SAMUEL: conta a história do reinado de David Conhecido pela sua sabedoria, filho de David e Betsabé, esposa de Urias. Organiza SALOMÃO administrativamente o (972-933 Reino, constrói um Templo, contudo a sua a.C) vida pessoal deteriorase com inúmeras mulheres estrangeiras e com o aumento dos impostos ao povo. 1 REIS: a história de Salomão está aqui. A MONARQUIA Após a morte de Salomão (933a.C), sucede o filho Roboão, que não foi sensível aos apelos do povo para descer os impostos, a revolta estala e o Reino divide-se em dois: O Reino do Norte (ou Israel), com capital na Samaria, cujos reis não descendem de David e que se deixa arrastar pela idolatria; O Reino do Sul (ou Judá), com capital em Jerusalém, cujos reis descendem de David, seus reinados são mais estáveis; destaca-se a REFORMA RELIGIOSA DE JOSIAS (622a.C.), destrói todos os lugares de culto, concentra o culto em Jerusalém. FIM DO REINO DO NORTE FIM DO REINO DO SUL Cai sob o poder da Babilónia Cai sob o poder dos Assírios (722 a.C.) (587 a.C.); o Templo é destruído. REINO DIVIDIDO I e II REIS: abarcam, além do Reinado de Salomão, até à queda de Judá. A MONARQUIA ESCOLA DEUTERONOMISTA: Os livros de Josué, dos Juízes, de Samuel (1 e 2) e dos Reis (1 e 2) formam um conjunto literário cujo conteúdo é essencialmente histórico. Descrevem a história de Israel desde a conquista de Canaã até à ao Exílio da Babilónia. Dependem todos da mesma síntese historiográfica, do tempo de Josias (622a.C.), assemelham-se ao Deuteronómio: obra «deuteronomista». Os livros de Samuel e dos Reis contam a história da realeza israelita: preparação, instauração, decadência, pontos altos com David e Salomão. Alguns ensinamentos: Da descendência de David nascerá o Messias. A eleição de Deus é gratuita, mas os homens podem arruiná-la pela sua conduta (como Saúl); Deus governa os povos e dirige-os para o seu fim, o seu destino está nas mãos de Deus. Os profetas advertem o povo nos momentos cruciais; os reis ímpios são aqueles que cultivam a idolatria, os bons são as que seguem Javé. A queda de Israel foi explicada pelos profetas pela idolatria… O PROFETISMO Um parêntesis, antes de passarmos ao Exílio, uma palavra sobre o profetismo. O «profeta» é aquele que «fala no lugar de Deus», que anuncia e denuncia. Características dos profetas bíblicos. A sua vocação é um “mandato” recebido por Deus para benefício do povo; o seu monoteísmo; uma grande solicitude com o homem, que faz deles, mediadores entre Deus e o homem, a ponto de assumirem o pecado do seu povo e participarem do seu castigo; apelo constante à fidelidade à Aliança com Deus; forte sentido de justiça social. Classificação dos profetas: 1. Quanto aos escritos: escritores / não-escritores, se deixaram ou não algum escrito os escritores são 16, que correspondem aos 18 livros proféticos; não-escritores temos, por exemplo, Natan, Elias e Eliseu. 2. Quanto à época em que profetizaram: período antigo (sécx. XI a IX a.C. – Samuel, Aquias, Semeia, Natan, Canani, Elias, Eliseu e Miqueias bem Imla); profetismo clássico (sécs. VIII a VI a.C.), divide-se em: pré-exílicos (Amós, Oseias, Primeiro Isaías, Miqueias, Jeremias, Naum, Sofonias);´do exílio (Ezequiel, Deutero-Isaías); pós-exílicos (Ageu, Zacarias, Trito-Isaías, Abdias, Malaquias, Jonas, Joel). A partir daqui a importância do profeta esfuma-se, devido ao sistema do judaísmo: Tora, escribas e sacerdotes. Tanto Isaías, como Zacarias, há três fases de redacção. 3. Quanto ao tamanho dos escritos: maiores (4: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel) e os menores (12: os restantes), etc. O PROFETISMO ISAÍAS: «Brotará um rebento do tronco de Jessé, e um renovo brotará das suas raízes. Sobre ele repousará o espírito do Senhor». (Is 11, 1-2). JEREMIAS: «Dias virão em que firmarei uma nova aliança com a casa de Israel e a casa de Judá – oráculo do Senhor. Não será como a Aliança que estabeleci com sues pais (…) imprimirei a minha lei no seu íntimo e gravá-laei no seu coração. Serei o seu Deus e eles serão o meu povo». (Jr 31, 31-33). «Seduziste-me, Senhor, e eu me deixei seduzir» (Jer 19, 7) EZEQUIEL: «A minha morada será no meio deles. Serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Então, reconhecerão as nações que Eu sou o Senhor que santifica Israel, quando tiver colocado o meu santuário no meio deles para sempre». (Ez 37, 27-28). MIQUEIAS: «Mas tu, Belém-Efrata, tão pequena entre as famílias de Judá, é de ti que me há-de sair aquele que governará Israel. As suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias de um passado longínquo». (Mq 5, 1). O EXÍLIO DE BABILÓNIA 5ª FASE: FASE DO EXÍLIO (587-538 a.C.) • LIVROS REFERENTES A ESSES ACONTECIMENTOS: LAMENTAÇÕES, DEUTERO-ISAÍAS, ABDIAS, alguns SALMOS, etc. CATIVEIRO (OU EXÍLIO) DA BABILÓNIA (587 A.C. a 538 A.C.): •Deportação para a Babilónia dos principais responsáveis de Judá; •Lá conservam a cultura e crença nacionais, mas sem o Templo, começam a reunir-se aos Sábados, início das Sinagogas; •Surge a preocupação de conservar tudo o que se refere à Lei de Moisés e também captam-se elementos antigos das culturas vizinhas; destacam os profetas Ezequiel, Deutero-Isaías e Abdias; •Em 538 A.C., Ciro, rei da Pérsia, conquista a Babilónia e dá liberdade aos judeus de voltarem a Judá (pelo Édito de Ciro). O PERÍODO PERSA 6ª FASE: FASE DO PÓS-EXÍLIO (538-333 a.C.) LIVROS REFERENTES A ESSES ACONTECIMENTOS: NEEMIAS, AGEU, ZACARIAS, TRITO-ISAÍAS, JOEL… ESDRAS, ÉPOCA DO IMPÉRIO PERSA: Regresso de exilados da Babilónia; É reconstruído o Templo (520-515 a.C.) sob comando de Zorobabel; as muralhas de Jerusalém (Neemias); Esdras redige as Leis de Moisés: a Tora (cerca 398 a.C.). As bases do judaísmo estão lançadas: não há rei, as bases são o Templo e a Lei. Por volta do séc. IV a.C., depois do Exílio, vem a lume, uma síntese de perspectiva histórica : a colecção bíblica chamada do Cronista (Crónicas – mais tarde 2 livros; Esdras- mais tarde, 2 livros, Esdras e Neemias). Livros das Crónicas: 1 e 2: História da salvação desde Adão até ao Decreto de Ciro; protagonistas: israelitas (destaque para as genealogias), David é o rei ideal (sem os defeitos mostrados em Samuel) e o Templo e sua organização. O PERÍODO HELENÍSTICO OU GREGO 6ª FASE: FASE DO PÓS-EXÍLIO (538-333 a.C.) LIVROS ESCRITOS NESTA ÉPOCA: DANIEL, MACABEUS, CRÓNICAS, COHELET, ESTER, TOBIAS, SIRÁCIDA, BARUC, JUDITE E SABDORIA. 333 a.C., a Palestina é conquistada por Alexandre Magno. 300 a.C. funda-se colónia judaica de Alexandria: versão dos LXX; Após a sua morte, o reino é dividido entre os Lágidas do Egipto, a sul e os Selêucidas na Síria, a norte. A Palestina fica a princípio sob o dmínio dos Lágidas. Mais tarde, os selêucidas governam a Palestina e impõem a helenização forçada: proibido as práticas judaicas. Auge em 168a.C, com Antíoco Epifânio IV. Uma família de sacerdotes, os Asmonianos (Macabeus) começa uma revolta de luta armada, com Matatias e a sucessão de seus filhos, especialmente JUDAS MACABEU, que purifica o Templo em 164 a.C. (de que deriva o Hanoukah, festa judaica) e torna Israel independente. Israel é agora tão grande como no tempo de David… Disto falam-nos o I e II Macabeus, sendo que o II repete a história do I, mas de uma forma mais religiosa. Crença na ressurreição dos mortos e na oração pelos mortos. O PERÍODO ROMANO E DISPERSÃO 6ª FASE: FASE DO PÓS-EXÍLIO Em 63 a.C., a Palestina é incorporada à Província Romana da Síria, por POMPEU. No ano 70, em consequência de uma revolta judaica, Jerusalém é tomada por Tito, filho de Vespasiano e o Templo destruído. Em 135, Jerusalém é destruída de novo e o povo judeu nunca mais ergueu a cabeça: os judeus são dispersos. (538-333 a.C.) Herodes (o grande), é nomeado rei dos Judeus pelo senado romano em 40 a.C., mas na dependência dos romanos. Começa o “século de Herodes”: reconstrói o Templo, constrói Cesareia marítima, continua a helenização do país, sempre tendo em vista o interesse dos romanos… Morre em 4 a.C.. À sua morte, o reino foi dividido pelos seus três filhos: Arquelau, Herodes Antipas (o tal, de João Baptista…) e Filipe. A LITERATURA SAPIENCIAL Uma palavra ainda para a literatura sapiencial. São transmissores de sabedoria; por tal deve entender-se uma transmissão de conhecimentos adquiridos por experiência. Os temas principais são: o próprio homem, sua natureza, virtudes e defeitos. OS SETE LIVROS DA SABEDORIA. JOB: tema do sofrimento entendido como provação do homem. Recusa do conceito de retribuição divina. SALMOS: É a grande jóia literária da Bíblia, o coração da Bíblia. Colecção de 150 salmos (saltério), de carácter heterogéneo, nos quais ressoam quase todas as tradições que encontramos dispersas pelos outros livros da Bíblia. A sua elaboração estende-se por longos séculos. A LITERATURA SAPIENCIAL PROVÉRBIOS: antologia, composto em parte, devido à retomada de diversos séculos de reflexão sapiencial; e em parte, devido ao trabalho de recolha feita em épocas diferentes. ECLESIASTES (CÓELET): pessimista, interpreta as coisas de modo negativo; um discípulo, talvez pouco à vontade com as posições do mestre, terá tentado mitigar o tom da obra com um «final feliz» em Ecl 12, 9-14. CÂNTICO DOS CÂNTICOS: poema de amor, os protagonistas são dois namorados que tecem um diálogo que, curiosamente é liderado pela mulher («ele» e «ela» sem nomes concretos). Através de símbolos, atinge-se a alma e roça-se o corpo ao de leve. Simboliza o amor entre Deus e Israel, entre Cristo e a Igreja, entre Deus e a alma. A LITERATURA SAPIENCIAL SABEDORIA: último livro do AT, na ordem histórica, reflecte o pensamento helenístico. O autor, preocupado com as questões que atormentam a alma, apresenta a sabedoria como âncora de salvação para o homem. ECLESIÁSTICO (BÉN SIRÁ ou SIRACIDA): é de estilo diferente do Eclesiastes. É uma receita em tom sereno, para uma vida optimista. Raciocina em torno da questão da natureza do homem e seu destino. «Ilusão das ilusões – disse Qohélet – ilusão das ilusões: tudo é ilusão. Que proveito pode tirar o homem de todo o esforço que faz debaixo do Sol?» (Ecl 1, 2-3). «E agora, bendizei ao Deus do universo, que fez grandes coisas em toda a terra, que nos exaltou desde o ventre materno …» (Sir 50, 22). OUTROS LIVROS HISTÓRICOS Rute Tobias Compaixão de uma nora (Rute) pela sogra (Noemi) Rute enviúva e regressa à terra natal de Noemi: Belém; aí casase com Booz, parente de Noemi e incorpora-se ao povo de Deus; dela nascerá Obed, pai de Jessé e avô de David. Deus protege os justos; fica clara a doutrina cristã e judaica sobre os anjos; importância para a santidade no matrimónio; ensina a oração, esmola e confiança em Deus. Judite Ester Convida os judeus, povo débil e pouco numeroso a não desanimarem perante os poderosos. Judite (povo de Deus) assassina Holofernes (o mal). Situa-se no império persa. O primeiro ministro quer acabar com os judeus; o rei dá o seu aval; Ester intercede e tudo acaba em bem (daí celebra-se a festa do Purim). Chamada de atenção eficácia da oração. A LEI: CORAÇÃO DA ANTIGA ALIANÇA Os dez mandamentos (Ex 20,1-21; Dt 5,1-22) formam a “carta constitucioonal” com que Deus elege Israel de entre as nações da terra. Depositados e guardados na Arca da Aliança, eles tornam-se sinal da presença de Deus e da Sua Palavra. 1º degrau da Aliança: a criação (Gn 1-2), que uniu a totalidade do universo ao seu criador; 2º degrau da Aliança: renovada a aliança com Noé (Gn 9, 1-7), com o sinal do arco-íris; 3º degrau da Aliança: em Abraão sob o signo da circuncisão e da tríplice promessa: terra, descendência e bênção (Gn 12,1-17; 15,1-19; 17,127;21,1-18); 4º degrau da Aliança: o Sinai; Moisés e Israel tornam-se os “eleitos” da revelação da vontade divina sobre a terra (Ex 19-24;Dt 5-7); 5º degrau da Aliança: consagração da Tribo de Levi ao serviço de Deus presente no Seu santuário (Ex 32,25-29; Dt 10,1-9); 6º degrau da Aliança: a monarquia do rei David, unida ao sumo sacerdócio, representa mais um passo; 7º degrau da Aliança: ainda falta este degrau; é o sinal que aponta o olhar para o futuro, indicando o Messias, rei e sacerdote, por meio dos profetas. 3. – O Novo Testamento O NOVO TESTAMENTO O adjectivo «novo», não pretende evocar uma fractura com o «antigo», mas exprimir a novidade de JESUS CRISTO, o poder vivo do Seu ministério de paixão, morte e ressurreição, que preenche e cumpre o que a precede. Divide-se em 3 tipos de livros): 1ª HISTÓRICOS (5 livros: Evangelhos e Actos dos Apóstolos). 2ª DIDÁCTICOS (=SAPIENCIAIS) (21 livros 3 secções: 13 de S. Paulo – Epistolário paulino; Carta aos hebreus; 7 cartas católicas). 3ª PROFÉTICOS (1 livro): Apocalipse. ORDEM DO LIVROS: é temática e de género literário e não histórica. O NOVO TESTAMENTO FORMAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO Com a morte das testemunhas do Senhor Ressuscitado, impõe-se a necessidade de escrever; não o fizeram logo, pois pensavam que a Última Vinda de Jesus estava iminente. As fases de formação do NT podem ver-se no prólogo de Lucas (Lc 1,1-4): TRADIÇÃO ORAL: a) Fase da história (6a.C.-30) - «narração dos factos que entre nós se consumaram» - corresponde à Vida de Jesus. b) Fase da Transmissão (30-70) - «como no-lo transmitiram» - na pregação (kerigma), catequese e culto, os discípulos relembram o que Jesus fez e disse, à luz da Páscoa. TRADIÇÃO ESCRITA – Fase da redacção ou da escrita (70-100): «resolvi eu também… expô-los a ti por escrito». Primeiro, colectâneas de ditos do Senhor, milagres, da paixão, que se juntam em livros. O NOVO TESTAMENTO DATAS APROXIMADAS DOS ESCRITOS DO NT: 51-64: Escritos Paulinos: 51- 1 e (?) 2 aos Tessalonicenses; 55 – 1 Coríntios 56-57 – Filipenses, 2 Coríntios 57 – Gálatas 58 – Romanos 60 (?) – Efésios 61-63 – Filémon, Colossenses 63-64 – 1 e 2 Timóteo e Tito 64 (?)-: 1ª Carta de Pedro 65-85: Evangelhos Sinópticos e Actos dos Apóstolos: 65-70 – S. Marcos 75-80- S. Mateus, S. Lucas e Actos dos Apóstolos 66 (ou 67) – Carta de São Judas 80 – Carta aos hebreus 85-100: Escritos Joaninos (Evangelho, Cartas e Apocalipse): -80-90 – Evangelho segundo S. João e Cartas de S. João (I, II e III) -95-100 – Apocalipse 100-125 – 2 Pedro O TEMPO DE JESUS CRISTO I- POLITICAMENTE TERRA COBIÇADA (por muitos Impérios), DOMINADA na época do NT pelos romanos. Este facto era fonte de tumultos e perseguições: TERRA CONTURBADA… 63 a.C: Pompeu invade a Judeia… 1ª revolta judaica (66-70): Tito destrói o Templo, em 70. …e reinam «reis-fantoches»: Herodes, o grande (37-4a.C.) (político sagaz, grande construtor, mas cruel…), depois os filhos (Arquelau, Herodes Antipas e Herodes Filipos) e o neto Herodes Agripa. 2ª revolta judaica (132-135): em 135, proíbem os judeus de entrarem em Jerusalém e a cidade foi dedicada a Júpiter com o nome de Aelia Capitolina. É província romana até 637, ano em que os árabes tomam a a cidade. Em 1948, nasce o Estado de Israel e muitos judeus voltam lá. O TEMPO DE JESUS CRISTO II- ECONOMICAMENTE TERRA QUE PAGAVA PESADOS IMPOSTOS: Roma deixava certa autonomia aos dominados, mas exigia pesados impostos; a situação económica do país e das pessoas agravava-se; TERRA QUE VIVIA DA «TERRA»: predominava a agricultura, a pesca, os pequenos artesãos… III- SOCIALMENTE TERRA COM DESIGUALDADES CRESCENTES: o fosso entre ricos e pobres aumentava; TERRA FRACCIONADA: os grupos sociais e religiosos eram inúmeros, os fariseus, saduceus, escribas, publicanos, sumosacerdote, levitas, zelotes, sicários, o povo da terra, os baptistas, os herodianos, etc. TERRA QUE MARGINALIZA: os pobres, estrangeiros, as crianças, as mulheres… O TEMPO DE JESUS CRISTO IV- RELIGIOSAMENTE -TERRA «RELIGIOSA»: a religião era fundamental na sociedade e o cumprimento dos inúmeros ritos também; o Sábado, a Lei, o Templo, a Sinagoga, o Sinédrio eram instituições importantes; a Páscoa, o Pentecostes (festa do dom da Lei do Sinai), os Tabernáculos, o Yon Kipur (dia do perdão), o Hannoukah (dia da purificação), sortes, etc., eram festas religiosas importantes; -TERRA QUE ESCRAVIZA: as inúmeras leis e prescrições levavam a que não fossem cumpridas por todos, especialmente pelo povo da terra, que se sentia marginalizado; os leprosos, os pecadores públicos, as mulheres com menstruação, os guardadores de porcos, etc., eram os impuros; tocar nalgum deles era ficar impuro; havia uma série de ritos de purificação, que implicava também, muitas vezes, o pagamento de dinheiro, que alguns não possuíam… -TERRA QUE ESPERA: devido à pressão dos invasores, à exploração económica, à pressão religiosa, havia um sentimento de espera do Messias: o Messianismo; seria aquele que os libertaria dos romanos e tornaria Israel livre; o tipo de Messias era diverso: uns esperavam um rei, outros um sacerdote, outros um profeta...: ninguém esperava um Messias como Jesus! É neste ambiente que nasce JESUS CRISTO... JESUS CRISTO «Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes…» (Mt 2, 1) A Palestina no tempo do nascimento de Jesus Cristo Herodes 37 a.C. – 4a.C. «Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto para ser recenseada toda a terra» (Lc 2, 1-7) «No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes, tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe, tetrarca da Itureia e da Traconítide, e Lisânias, tetrarca de Abilena, sob o pontificado de Anás e Caifás, a palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto». (Lc 3, 1-2) A Palestina no tempo do ministério e morte de Jesus Cristo Augusto 27 a.C. - 14 Tibério 14 - 37 JESUS CRISTO Mar da Galileia Nazaré NASCIMENTO: Belém, por volta de 6 a.C. «Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o Seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que se encontravam sob o jugo da Lei e para que recebêssemos a adopção de filhos» (Gal 4, 4-5). Rio Jordão INFÂNCIA/ADOLESCÊNCIA VIDA OCULTA: Nazaré, também no Egipto. Jerusalém Belém Mar Morto Egipto CRUCIFICAÇÃO, por volta de 7/04/30. BAPTISMO DE JESUS – início da VIDA PÚBLICA, ano 27/28, por João Baptista. ESCOLHA DOS 12 APÓSTOLOS- os «enviados»: Pedro, Tiago, o Maior, João, Filipe, Mateus ou Levi, Tiago, o Menor, Bartolomeu ou Natanael, Simão, Tomé, Judas Tadeu, André e Judas Iscariotes. A VIDA PÚBLICA - marcada pela pregação, apoiada na Sua palavra com autoridade e nos milagres. A Sua missão é anunciar a «Boa nova», prega as Bem-aventuranças e ao amor ao próximo: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 15, 12). Toma especial atenção aos excluídos da sociedade. JESUS ESTÁ VIVO! A morte de Jesus de Nazaré não assinala o fim do movimento a que deu origem… No terceiro dia após a Sua morte, o mestre é reencontrado “vivo” pelos Seus antigos discípulos! RESSUSCITOU! Ele está vivo! KERIGMA À luz do acontecimento Pascal, avivam as lembranças de Jesus, pregam, celebram e ensinam. «Ah, afinal era isto que Ele queria dizer!» Convocados em «igreja», os discípulos eram assíduos à oração, ao ensino dos Apóstolos, à partilha e comunhão de bens e à fracção do pão. EVANGELHO E EVANGELHOS LUGAR CENTRAL DOS EVANGELHOS. Nos escritos do NT, os Evangelhos ocupam lugar central, pois falam-nos da Pessoa de Jesus Cristo, da Sua vida e pregação… O QUE É O EVANGELHO? «boa-nova», «boa notícia», «notícia que traz felicidade», etc. Cristo é o sujeito, por um lado, que proclama a «boa nova»; por outro lado, Ele é o conteúdo: Ele é a Boa notícia, a Sua morte e ressurreição! É O PRÓPRIO CRISTO! EVANGELHOS. Mais tarde, coloca-se por escrito estes factos. Assim, há um só Evangelho, Jesus Cristo, mas quatro «Evangelhos», isto é, quatro aspectos de um mesmo anúncio («Evangelho segundo…»), escritos por diferentes autores, em contextos diferentes e com finalidades determinadas… OS EVANGELHOS DIVERSIDADE RICA: as tentativas de união dos 4 evangelhos (como o Diatésseron, em 160) colocam em risco a riqueza da mensagem em encontro ao homem concreto. GÉNERO «EVANGELHO»: inaugurado por Marcos. Não é biografia, são textos teológicos e confessionais, porque um teólogo (crente) fala de Jesus, segundo um plano pessoal. A QUESTÃO SINÓPTICA. Marcos, Mateus e Lucas têm traços e estrutura comum (sinópticos, de «sinopse» «visão de conjunto», podem ser dispostos em colunas paralelas, vendo-se as diferenças). Daí o problema sinóptico: que fontes dispunham os evangelistas ao escrever? A princípio pensava-se que Mateus seria o mais antigo e Marcos seria uma síntese dele. Hoje fala-se em «hipótese das quatro fontes»: quando Mateus e Lucas começaram a redigir os seus evangelhos, teriam à disposição a primeira redacção do evangelho de Marcos e a fonte «Q» (do alemão Quelle, «fonte») que continha os «ditos de Jesus». Mateus e Lucas foram lá buscar material, juntando-lhe material seu. EVANGELHO SINÓ PTI CO S MATEUS MARCOS LUCAS JOÃO Símbolo Homem (ou Anjo) Leão Touro (ou boi) Águia OS EVANGELHOS Autor Mateu s João Marco s Lucas João Onde, quando e para quem? Características -Antioquia da Síria -Entre 80-90 -Para cristãos provenientes do judaísmo O mais «judaico» dos evangelhos (Reino dos céus e não de Deus, expressões semitas, conhece bem os ritos judaicos…); O mais longo, mais famoso e mais comentado; Jesus é o novo Moisés, que veio para cumprir as Escrituras; -Único onde aparece a palavra «Igreja»; «Evangelho eclesial»: desenrola-se num ambiente litúrgico. -Em Roma; -Entre 64 e 70; -Para não-judeus de Roma. O mais breve dos evangelhos; Estilo popular, linguagem pobre, poucos discursos, mas é um contador maravilhoso que suscita a emoção; Preocupação: «Quem é Jesus?»: revelação progressiva: segredo messiânico, Jesus proíbe de dizer quem é; no final o centurião diz que é o Filho de Deus; Retrata um Jesus muito humano (dorme, irrita-se, tem medo…), que é incompreendido e está muitas vezes só; Jesus é o Filho do Homem e o Filho de Deus. -Local incerto; -Por volta de 80; -Para cristãos provenientes do helenismo. Maneja com elegância o grego; É o evangelho da misericórdia e do perdão; Evangelho dos pobres, marginalizados, doentes… evangelho da alegria; Universalidade da salvação; a salvação acontece agora «hoje»; O Espírito Santo é protagonista; Evangelho da oração; Evangelho de Nossa Senhora; -Em Éfeso?; -Por volta de 100; -Comunidade com influências diversas É o mais elaborado teologicamente, não é sinóptico; O objectivo é levar a reconhecer que Jesus é o Filho de Deus; Vocabulário pobre, mas com significado especial (luz, vida, amor, pão…), simbolismo que leva para realidades mais elevadas; o pensamento é muito elaborado; Os fariseus são mal retratados em virtude das condicionantes históricas (exemplo: a expulsão dos cristãos das sinagogas). OS ACTOS DOS APÓSTOLOS São um todo com o Evangelho de Lucas, não pretendem ser a história da Igreja primitiva, mas a narração da origem e difusão vitoriosa do cristianismo a nível universal, sob a acção do Espírito Santo. 3 partes: 1ª A espera: Act 1, 12-26. 2ª O dom do Espírito Santo: Act 2, 1-47. 3ª O testemunho: Act 3-28). Protagonistas: o Espírito Santo («o Evangelho do Espírito», Pedro (Act 1-12), Paulo (Act 13, 28). Só uma vez se encontram os dois no Concílio de Jerusalém (Act 15). «Entretanto, a Igreja gozava de paz por toda a Judeia, Galileia e Samaria, crescia como um edifício e caminhava no temor do Senhor e, com a assistência do Espírito Santo, ia aumentando». Act 9, 31 PAULO DE TARSO: «O APÓSTOLO» Saulo de Tarso (mais tarde «Paulo»«pequeno»), zeloso cumpridor da lei, fariseu, estudou na Escola de Gamaliel, cidadão romano, filho de tecelão (condição económica desafogada), estudou as ciências gregas, começa a perseguir os cristãos… Até que na Estrada de Damasco, encontra o Senhor: a partir daí, uma mudança de 180º, de perseguidor passa a convertido; e tão longe levou o Evangelho, que o chamam de «O Apóstolo», ou «Apóstolo dos gentios». O resto (ser hebreu de letras, membro da tribo de Benjamim, ser fariseu, circuncidado…) é puro lixo à vista do Evangelho, que é Cristo. «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim». Gal 2, 20 PAULO DE TARSO: «O APÓSTOLO» «Ai de mim, se eu não evangelizar». 1 Cor 9, 16 Fez três viagens principais: missionárias -1ª (46-48) – Antioquia … Jerusalém; aqui participou no Concílio de Jerusalém; cerca de 1000 km. Sofreu a flagelação, esteve preso 7 vezes, uma das quais apelou a César (seria julgado diante do tribunal romano, em Roma). É levado para Roma – a Viagem do cativeiro; mas pelo caminho têm ainda um naufrágio, perto de Malta; em Roma, Paulo está preso domiciliariamente; em 67 ou 68 é decapitado pela espada, pois não podia ser crucificado, por ser cidadão romano. - 2ª (49-52) – Antioquia … Atenas (discurso no Aerópago, segundo os Actos dos Apóstolos)… Antioquia. Cerca de 1400 km. -3ª (53-58) – Antioquia – … Jerusalém. Cerca de 1700 km. Entre 51 e 63, escreve inúmeras Cartas às diversas comunidades que visitava, por objectivos pastorais. AS EPÍSTOLAS DE S. PAULO CARTA: comunicação privada entre duas pessoas, documento confidencial. EPÍSTOLA: peça de literatura; destina-se a ser divulgada; é o género epistolar, o mais antigo e mais abundante do NT. PLANO DAS CARTAS DE PAULO. Endereço (Fulano, saudações!), seu nome e dos colaboradores; nomeia os correspondentes e cumprimenta-os; Oração: breve prece; Corpo da carta: duas partes: a doutrinal (Paulo esclarece e forma) e a exortação (deduz a maneira de se comportar); Saudações: termina contando novidades dos seus colaboradores e saudando os cristãos; concluí com uma fórmula de bênção. ORDEM DAS CARTAS DE S. PAULO. Ordenadas por ordem de extensão, da maior até à mais pequena (desde a carta aos Romanos até a carta a Filémon). AS EPÍSTOLAS DE S. PAULO AUTENTICIDADE DAS CARTAS: três categorias: a) As escritas por Paulo: 1 Tessalonicenses, Gálatas, Filémon, 1 e 2 Coríntios, Romanos e Filipenses; b) Cuja redacção directa por Paulo é duvidosa: 2 Tessalonicenses, Colossenses e Efésios, talvez imputáveis a um discípulo; c) As cartas de que Paulo pode ser talvez o pseudónimo: 1 e 2 Timóteo e Tito. Estas dúvidas em relação à sua autenticidade em nada retira o valor de livros inspirados. Mas, tradicionalmente atribuem-se-lhe 13 cartas (chegou a agregar-se uma 14ª, a dos Hebreus). CLASSIFICAÇÃO DAS CARTAS DE S. PAULO. Pastorais (Tito, Filémon e 1 e 2 Timóteo- aos pastores das comunidades), cartas comunitárias (aos Coríntios, Efésios, etc dirigidas a uma comunidade concreta), grandes epístolas (Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas), Cartas do Cativeiro (escritas na prisão: Filipenses, Filémon, Colossenses e Efésios). A CARTA AOS HEBREUS A tradicional «Carta de São Paulo aos hebreus»… Não é uma carta… Não é de S. Paulo… Não é dirigida aos hebreus… Género literário é homilético O autor ainda nos é desconhecido … mas a toda a comunidade crente Data de composição: entre 55 e 95 d.C. Conteúdo: Síntese da doutrina cristã, confronta o AT e o NT e demonstra a insuficiência do sacerdócio, da aliança e do culto antigos – que só atingem a plenitude na paixão, morte e ressurreição de Jesus. «Muitas vezes e de muitos modos, falou Deus aos nossos pais, nos tempos antigos, por meio dos profetas. Nestes dias, que são os últimos, Deus falounos por meio do Filho». (Heb 1,1-2) AS SETE CARTAS CATÓLICAS As «cartas católicas» foram reunidas a partir do séc. IV por Eusébio de Cesareia. Dirigem-se a todos os crentes em Cristo (donde o adjectivo «católicas» = «universais»). Reclamam a autoridade de Tiago, Pedro, Judas e João. A carta de Tiago Já era conhecida no final do séc. I (a carta de Judas refere-a) e está endereçada aos judeo-cristãos que vivem dispersos fora da Palestina. Temas principais: o acolhimento da Palavra; a fé activa; e o justo relacionamento entre ricos e pobres. «Assim também é a fé: sem as obras, está completamente morta» (Tg 2, 17) AS SETE CARTAS CATÓLICAS As duas cartas de Pedro A primeira, provavelmente redigida por Pedro, dirige-se aos cristãos da Ásia, que viviam num ambiente hostil, que tornava difícil a fidelidade ao Evangelho. O tema principal é o da esperança, base do testemunho cristão. A segunda, composta entre o séc. I e o séc. II, alerta os cristãos para os erros que podem minar a fé. Oferece um critério de verdade para distinguir os verdadeiros dos falsos mestres, rebatendo estes últimos com vigor. «Para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia» (2 Pd 3, 8) AS SETE CARTAS CATÓLICAS As três cartas de João Escritas em Éfeso por um autor anónimo pertencente à escola joanina, previnem para os perigos da «gnose»: esta leva o homem a pensar que já vive em estado de perfeição. A primeira carta atira-se a esses erros, reafirmando a importância da união entre o crente e Deus, por meio de Jesus Cristo. A segunda é um convite apaixonado ao amor mútuo e à protecção contra os falsos doutores. A terceira é um “bilhete” dirigido ao presbítero Gaio, com o objectivo de o apoiar no seu serviço à verdade. Este livro só possui um capítulo, é o mais pequeno da Bíblia. AS SETE CARTAS CATÓLICAS «Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor» (1 Jo 4, 8) A carta de Judas Já circulava no final do séc. I, de um cristão anónimo, talvez discípulo de Judas (irmão de Tiago). Só possui um capítulo. Traça um breve projecto de vida cristã em tonalidade negativa (de oposição às heresias), mas também positiva (convite à fé e à coerência de vida). «Vós, porém, amados, edificai sobre o alicerce da vossa santíssima fé; rezai movidos pelo Espírito Santo; mantende-vos no amor de Deus, esperando que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo vos dê a vida eterna» (Jd 20-21) O APOCALIPSE A literatura apocalíptica: surge na época em que se calam as vozes dos profetas. O primeiro exemplo surge no AT, com Daniel. O género apocalíptico, cuja finalidade é «romper o véu», «revelação», aparece a partir do séc. II a.C., ou mesmo antes. Traços distintivos: O autor busca no passado a explicação do tempo presente, e deduz leis para o futuro. O protagonista é uma personalidade do passado, com autoridade. Linguagem simbólica e carregada de imagens; reflecte ainda o ambiente de perseguição, para que os perseguidores não entendam o que se escrevia. Apesar de parecer que o mal vence, no final o bem triunfará; é uma mensagem de esperança e não de catástrofes. O APOCALIPSE O Apocalipse de João foi escrito entre os anos 90 e 95 d.C, no final da perseguição de Domiciano. O autor é «João» que escreve a revelação por ele recebida quando se encontrava preso em Patmos «por causa da palavra de Deus e do testemunho que dava de Jesus». Estrutura: Três partes – A Igreja encarnada (1-3): carta às 7 igrejas de Ásia; A Igreja empenhada (4-20): perseguições à Igreja; A Igreja transfigurada (21-22): a Igreja celeste. Géneros literários, além do apocalíptico: epistolar (carta dirigida às sete Igrejas da Ásia Menor); litúrgico; profético (João apresenta-se como profeta, pois recebeu, mediante um chamamento especial a mensagem ouvida; é também uma «profecia»; João tenta interpretar a história presente, descobrir nela o sentido oculto). O APOCALIPSE Alguns simbolismos As figuras: mulher o povo; chifres o poder; Os olhos o conhecimento; O mar fonte de insegurança e de morte; A besta poderes totalitários… Os números: 7 nº da perfeição; 3 e ½ é metade de 7, significa imperfeição, sofrimento (um tempo, dois tempos e um meio-tempo ou 42 meses ou 1260 dias); 12 totalidade (Israel); 4 o mundo (quatro pontos cardiais); 1000 quantidade impossível de contar… 144.000 (Ap 14, 1-5): 12x12x1000 = 144 000, 12 tribos (ÂT)x 12 Apóstolos (NT) x 1.000 (tempo de Deus). Significa totalidade do Povo de Deus. 6 e 666: 6 é metade de 12 e não atinge 7 (não chega a ser perfeito). 666, é três vezes 6, máximo da imperfeição, fraqueza dos poderes totalitários; é obtido de várias formas: a) da soma das letras hebraicas de Nero César, grande perseguidor: Nrwn qsr =50+200+6+50+100+60+200= 666; b) Império Romano: Lateinos: 30+1+300+5+10+50+70+200=666; c) ou número triangular de 36: soma dos números de 1 a 36; 36 é a soma dos nºs de 1 a 8; 8, designa a Nero redivivus (Ap 17, 11), etc. O POVO DE DEUS NA HISTÓRIA (CRONOLOGIA SINTÉTICA) 1900 a.C. 1800 1700 1600 1500 PATRIARCAS ABRAÃO ISAAC (mudou nome de ABRÃO) 1400 1300 1200 ÊX O D O O POVO DE DEUS NO EGIPTO JACOB (ISRAEL) (mais tarde ISRAEL) FILHOS DE JACOB OPRESSÃO JOSÉ REINO DO NORTE (ISRAEL) – Reis: Jeroboão, Acab,…- Profetas: Elias, Eliseu, Amós, Oseias…\ 700 600 J O S U É ALIANÇA DO SINAI FIM - 722 Profetas: Isaías, Jeremias, Miqueias, etc. CIRO FIM (Sob o poder da BABILÓNIA) 587 Destruição do Templo 10 400 300 DOMÍNIO PERSA (Sob o poder da Assíria) REINO DO SUL (JUDÁ) – Reis: Roboão, Ezequias, Josias, etc. 0 500 20 Filhos de Herodes: Arquelau, Herodes Antipas e Filipe, etc., até 70, excepto Itureia, Traconítide…, até 98 EXÍLIO DA BABILÓNIA DARIO, etc. REGRESSO – com o Édito de Ciro – reconstrução do Templo e lança-se bases do judaísmo 30 PENTECOSTES 40 Estêvão1 º mártir, 36 A L E X A N D R E , M A G N O DOMÍNIO LÁGIDA (Ptolomeus) Concílio de Jerusalém Cartas de Paulo (51-67) Viagens de S. 0 MACABEUS 900 MONARQUIA (Reino unido) S A Ú L DAVID SA-LOMÃO C i s m a 9 3 2 100 DOMÍNIO ROMANO INDEPENDÊ NCIA DOMÍNIO SELÊUCIDA 60 DOMÍNIO ROMANO Paulo 46 a 55 JUÍZES (Débora, Gedeão, Jefté, Sansão, etc. 100 P O M P E U Herodes, o Grande – 6 3 INÍCIO DA REVOLTA DOS ASMONIANOS (MACABEUS) 50 48 ou 49 MORTE JESUS CRISTO 200 DOMÍNIO GREGO (PERÍODO HELENÍSTICO) 1000 CONQUISTAS DA TERRA MOISÉS 800 1100 a . C . 70 Martírio S. Pedro e S. Paulo em 67 6 ou 7 a. C: nasce JESUS CRISTO, em Belém 80 Destruição do Templo e Jerusalém 70 90 100 Morte de S. João (cerca 98) A BÍBLIA, UMA CARTA DE DEUS «Fica sabendo que, nos últimos dias, surgirão tempos difíceis. Tu, porém, permanece firme naquilo que aprendeste e de que adquiriste a certeza, bem ciente de quem o aprendeste. Desde a infância conheces a Sagrada Escritura, que te pode instruir, em ordem à salvação pela fé em Cristo Jesus. De facto, toda a Escritura é inspirada por Deus e adequada para ensinar, refutar, corrigir e educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e esteja preparado para toda a obra boa». 2 Tm 3,1.14-17 O CRISTÃO, UMA CARTA DE CRISTO «A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. É evidente que sois uma carta de Cristo, confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo; não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações. Não é que sejamos capazes de conceber alguma coisa como de nós mesmos; é de Deus que provém a nossa capacidade. É ele que nos torna aptos para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata, enquanto o Espírito dá vida» 2 Cor 3,2-3.5-6 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA Outros… Da Editorial Perpétuo Socorro