RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS Organização: Borres Guilouski Reflexão introdutória Texto extraído do Jornal de Londrina/PR; Extraído do site: http://www.jornaldelondrina.com.br/brasil/conteudo.phtml?ema=1&id=821773 Acesso em 5/09/11. “O Paraná tem cerca de 2 mil terreiros de Candomblé e Umbanda, dos quais pelo menos 600 estão instalados em Curitiba e na região metropolitana. Alguns estão abertos oficialmente desde a década de 50, mas ainda hoje são alvo de preconceito da sociedade. Isso acontece no Brasil, um país cosmopolita (em que vivem pessoas de quase todas as partes do mundo), mestiço, mas cercado de racismo, homofobia, intolerância religiosa e outras discriminações”. http://www.jornaldelondrina.com.br/brasil/conteudo.phtml?ema=1&id=821773 Acesso em 5/09/11. “Hoje há um preconceito crescente nas escolas contra as religiões afro-brasileiras por conta de alunos que são de família evangélica, seus pais, coordenadores pedagógicos e diretores que não estão sequer interessados em colocar as coisas em termos mais neutros em relação à própria cultura. Se você tiver aula sobre a cultura da Grécia, vai aprender sobre os seus deuses. Mas nenhum professor, ao ensinar mitologia grega, dirá aos seus alunos para acreditar em Zeus ou Apolo”. Site: http://foguinhofogaovulcao.blogspot.com/2009/04/neopentencostais-e-religioes-afro.html Trecho da entrevista com Vagner Gonçalves da Silva, antropólogo, organizador do livro Intolerância Religiosa – Impactos do neopentecostalismo no campo religioso afro-brasileiro (São Paulo: Edusp, 2008). “Quando se trata de falar sobre as culturas e heranças africanas há professores se negando a ensinar questões relativas aos orixás. Eles perguntam: “Como vamos ensinar o que são os orixás, suas cores e domínios, se os orixás são demônios?”. Existe uma confusão entre o que é ensinar para fazer proselitismo e o que é ensinar para a diversidade. Aí sim está ocorrendo uma mistura. O preconceito, a discriminação e o racismo que são típicos da sociedade brasileira afloram de outra maneira: não mais no discurso do negro em si, mas sim dizendo que os elementos que essa herança trouxe não são elementos positivos”. Site: http://foguinhofogaovulcao.blogspot.com/2009/04/neopentencostais-e-religioes-afro.html Trecho da entrevista com Vagner Gonçalves da Silva, antropólogo, organizador do livro Intolerância Religiosa – Impactos do neopentecostalismo no campo religioso afro-brasileiro (São Paulo: Edusp, 2008). “Convivem, no Brasil, de maneira tensa, a cultura e o padrão estético negro e africano e um padrão estético e cultural branco europeu. Porém, a presença da cultura negra e o fato de (50,7% dado atualizado em 2011) da população brasileira ser composta de negros (de acordo com o último censo do IBGE) não têm sido suficientes para eliminar ideologias, desigualdades e estereótipos racistas. Ainda persiste, em nosso país, um imaginário étnico-racial que privilegia a brancura e valoriza principalmente as raízes européias da sua cultura, ignorando ou pouco valorizando as outras, que são a indígena, a africana e a asiática”. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/CONSELHO PLENO/DF - RESOLUÇÃO N.º 1, DE 17 DE JUNHO DE 2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. CANÇÃO: IAIÁ Borres e Diná Raquel ACARAJÉ, CUZCUZ, VATAPÁ/ QUE COMIDA GOSTOSA VEM SABOREAR (bis) OLELE, OLELE, OLELE, OLELE, OLELE, OLELE, IAIÁ (bis) VEM O SAMBA, O BATUQUE, A CAPOEIRA/ TA FORA A TRISTEZA E VAMOS DANÇAR (bis) A UMBANDA E O CANDOMBLÉ/ RELIGIÕES BRASILEIRAS QUE TRAZEM AXÉ (bis) A CULTURA AFRO-BRASILEIRA/ É UMA DAS RIQUEZAS DO NOSSO PÁIS (bis) OS DIFERENTES GRUPOS ÉTNICOS A presença das religiões de origem africana no Brasil se deve a entrada de muitas pessoas, trazidas da África e submetidas à escravidão desde o século XVI até o século XIX. Estima-se que cerca de 4 a 5 milhões de africanos foram forçadas a migrar durante esse período, provenientes de diferentes regiões da África e pertencentes a diferentes grupos étnicos. Os africanos trazidos para o Brasil são originários de diversas regiões da África: África Ocidental - Yorubás (Nagô, Ketu, Egbá), Jejes (Ewê, Fon), Fanti-Ashanti (conhecidos como Mina), povos islamizados (Peuhls, Mandingas e Hauçás); África Central - Bantos: Bakongo, Mbundo, Ovimbundo, Bawoyo, Wili (conhecidos como Angolas, Congos, Benguelas, Cabindas e Loangos); Sudeste da África Oriental - Tongas e Changanas entre outros (conhecidos como Moçambiques). Cada grupo que aqui chegou tinha suas respectivas crenças e costumes religiosos. Alguns eram muito mais cultos do que os colonizadores que se tornavam seus proprietários. Os sudaneses, que desembarcaram e permaneceram em Salvador (BA), provinham de tribos que na África, haviam sido convertidas ao Islamismo. Alguns deles eram profundos conhecedores do Alcorão, além de lêlo corretamente, conheciam-no de memória. Para o Brasil foram trazidos muitos homens e mulheres do Senegal, Gâmbia, Angola, Zaire, Moçambique e da Ilha de Madagascar. A RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO Enquanto existiu escravidão, existiu também a resistência contra o cativeiro, apesar dos esforços dos senhores e das autoridades coloniais no sentido de detê-la. Existiam diversos quilombos, o maior deles foi o de Palmares, cujo principal líder foi Zumbi. Esse quilombo desenvolveu-se no interior de Alagoas, durante o século XVII. Chegou a ter cerca de 20.000 habitantes. Zumbi, o líder do Quilombo de Palmares em 20 de novembro de 1695, depois de traído por um homem de sua confiança, foi torturado e morto pelos homens liderados por Domingos Jorge Velho. Em 1978, o dia 20 de novembro passou a ser o Dia Nacional da Consciência Negra. E Zumbi foi transformado em símbolo de luta contra o racismo e toda forma de escravidão e discriminação não só de negros, mas de todas as pessoas vítimas da exclusão social. Assim, Zumbi continua vivo através das lutas que muitos cidadãos brasileiros organizam no sentido de superar os preconceitos, vencer toda forma de opressão e fazer valer a justiça e igualdade de direitos para todos. O Brasil possui uma enorme dívida social para com o povo negro afrobrasileiro, por seu trabalho não só braçal como também intelectual na construção da Nação Brasileira e sua contribuição no âmbito cultural, social, econômico e político. O Brasil possui um vasto patrimônio cultural herdado das várias etnias africanas que para cá foram trazidas. Tal patrimônio inclui as técnicas de agricultura, mineração, arquitetura, a língua, a religião, a música, os instrumentos musicais, a dança, os utensílios, o artesanato, a indumentária, a culinária, o folclore, as festas populares, os folguedos, a linguagem corporal, a oralidade e a maneira de viver - herança chamada de "africanidade", que deu ao Brasil um colorido todo especial. São aspectos de uma história cultural a ser preservada, valorizada e conhecida pelos cidadãos e cidadãs brasileiros. OS GRUPOS RELIGIOSOS AFROBRASILEIROS As tradições religiosas afro-brasileiras abrangem os vários grupos religiosos nascidos das tradições culturais e religiosas trazidas da África, e que aqui se mesclaram entre si, dando origem a diversos grupos ou denominações: - Candomblé: presente na Bahia e em outros Estados; - Umbanda: presente praticamente em todos os Estados brasileiros; - Xangô: no Recife; - Xambá e Catimbó: nos Estados do Nordeste; - Tambor de Mina: no Amazonas e Maranhão; - Omolocô: no Rio de Janeiro. - Batuque: no Rio Grande do Sul. ALGUMAS RELIGIÕES AFRO-INDÍGENAS - Jurema: em Pernambuco e Paraíba, se faz uso da bebida preparada com raízes e sementes do vegetal denominado jurema. A música, o canto e a dança do “toré” em louvor a entidades denominadas caboclos e mestres fazem parte deste culto. Além da prática de rituais de cura semelhante à pajelança indígena. -Terecó: no Maranhão, seus sacerdotes são rezadores e curandeiros, cultuam caboclos e integram elementos das tradições religiosas africanas. - Barba-soeira ou Babaçuê: presente na Amazônia e Pará, são cultuados orixás, voduns, santos católicos e espíritos locais, genericamente designados como encantados. CANDOMBLÉ Candomblé é o culto aos Orixás e significa cantar e dançar em louvor, na língua yorubá. Surge durante a escravidão, a partir de uma mescla de diferentes cultos africanos. O Candomblé foi a primeira possível cerimônia religiosa organizada durante o cativeiro, vindo a ser um dos símbolos de resistência à escravidão. RITUAIS E CRENÇAS Nas cerimônias religiosas ou rituais há música e dança ao ritmo de instrumentos de percussão, três tambores, os atabaques. Os três atabaques são chamados de "rum", "rumpi" e “lé". O rum, o maior de todos, possui o som grave; o do meio, rumpi, som médio; o lé, o menor, possui o som agudo. O trio de atabaques executa, ao longo do xirê, uma série de toques de acordo com os orixás que vão sendo evocados. Site: http://paipedrodeogum.blogs.sapo.pt/21407.html Suas crenças e práticas se fundamentam em mitos e ritos nos quais ocorrem as manifestações dos Orixás, intermediários de Olorum ou Olodumare. Os Orixás se manifestam para doar o Axé (força vital) aos participantes do culto. •Crença num Ser Superior, que criou o mundo e a vida, chamado Olorum ou Olodumare na língua yoruba. •O culto aos Orixás é uma forma de monoteísmo, uma vez que a religião Nagô admite a existência de um Deus supremo, Olorum (olo = sagrado e orum = céu). •O contato com a divindade suprema se faz através dos Orixás. A crença só pode ser entendida por meio da experiência participatória. O culto é constituído de ritos, sacrifícios de animais e oferendas em homenagem aos Orixás. O canto, a música e a dança são a base do processo ritualístico. Há momentos de orientação por parte do pai ou mãe de santo aos que os consultam. LIDERANÇA RELIGIOSA Babalorixá e Ialorixá são os sacerdotes e sacerdotisas que presidem o culto. Também chamados pai ou mãe de santo. EBO – rito de oferendas O termo ebó tem dois significados práticos: processo de limpeza e o ato de fazer uma oferenda. O ebó é uma oferenda para homenagear um Orixá, agradecer por um benefício recebido ou na intenção de resolver problemas, vencer obstáculos, abrir portas e oportunidades. Os itens de um ebó se compõem de frutas, água, bebidas, mel, azeite, entre outros. Alguns tipos de ebó são colocados dentro de casa e outros são colocados ao ar livre em contato direto com a natureza. LÍNGUAS USADAS NOS RITUAIS •As línguas africanas, usadas nos rituais religiosos mantêm-se como veículo de expressão dos cânticos, saudações e nomes dos iniciados. •A língua mais falada no Candomblé é o Yorubá, principalmente na nação Nagô-ketu, Ewe-fon e nos cultos Jeje, Kimbundu e Kicongo. •Yorubá é um dos idiomas falados na África e entre descendentes afro-brasileiros, atualmente cerca de 30 milhões de pessoas falam esse idioma no mundo. SIGNIFICADOS DA PALAVRA MACUMBA •Termo antigo com o qual se denominavam os cultos dos escravos nas senzalas. No decorrer do tempo, esse termo passou a nomear práticas ligadas à feitiçaria. •Nome (pejorativo) com que os leigos denominam “despacho” de rua e os rituais de Umbanda, Quimbanda e demais cultos afro-brasileiros. •Nome de um instrumento musical de percussão de origem africana. •Macumbeiro é a pessoa que toca o instrumento chamado macumba. Site: http://www.ruadasflores.com/dicionariodeumbanda/ Acesso em 7/09/11 ORIXÁS - ORI: cabeça e XA: rei ALGUNS ORIXÁS DO CAMDOMBLÉ Orixás são forças da natureza personificadas e ancestrais divinizados. Cada Orixá tem seu símbolo, seu dia da semana, suas vestimentas, cores, elemento da natureza, personalidade, sacrifício e oferendas de comida. Como os seres humanos, os Orixás são temperamentais, podem ser calmos, maternais, pacientes, atrevidos, bondosos, valentes, ciumentos, vingativos, etc. Odudua – representa a terra-mãe, esposa de Olorum e geradora da vida. Odudua não enxerga pelos olhos, mas por outros sentidos, dotada de temperamento terrível , de difícil convivência . É senhora de grande inteligência, de autoritarismo e poder de dominação pela força. Nunca se sabe como agradá-la. Ogum – é Orixá que forjou o ferro criando os instrumentos de trabalho, para que os homens e mulheres transformassem a terra em um lugar de alegria e prosperidade para todos. Ogum é o Orixá da guerra, dos metais, das armas, do fogo e da tecnologia. No Brasil é conhecido como deus guerreiro. Sabe trabalhar com metal e, sem sua proteção, o trabalho não pode ser proveitoso. Elemento: ferro. Símbolo: espada. Personalidade: impaciente e obstinado. Dia da semana: terça-feira. Colar: azul-marinho. Roupa: azul, verde-escuro, vermelho ou amarelo. Sacrifício: galo e bode avermelhados. Oferendas: feijoada, xinxim, inhame. Okô – Orixá das plantas cultivadas. Dá força aos alimentos para manterem a vida das pessoas. Divindade da agricultura, ligado a colheita dos inhames e a fertilidade da terra. Traz um cajado de madeira que revela sua relação com as árvores, além de uma flauta de osso que lembra sua relação com a sexualidade e a fertilidade. Ossaê – Orixá das plantas medicinais e daquelas que são reservadas às cerimônias rituais. Distribui o axé de Olorum, através da virtude que as plantas têm de manter a saúde. Xangô – Orixá das tempestades, do fogo e da justiça. Rei da cidade de Oyó. É viril e violento, porém grande justiceiro, sempre castigando os ladrões e malfeitores. Por este motivo diz-se que quem teve morte por raio, ou sua casa, ou negócio queimado pelo fogo, foi vítima da ira ou cólera de Xangô. Xangô é o Orixá do fogo e do trovão. Diz a tradição que foi rei de Oyó, cidade da Nigéria. É viril, violento e justiceiro. Castiga os mentirosos, protege advogados e juízes. Elemento: fogo. Personalidade: atrevido e prepotente. Símbolo: machado. Dia da semana: quarta-feira. Colar: branco e vermelho. Roupa: branca e vermelha, com coroa de latão. Sacrifício: galo, pato, carneiro e cágado. Oferendas: amalá (quiabo com camarão seco e dendê). Oxum – Orixá da água doce. Protetora dos rios, lagos e cachoeiras. É a Orixá da riqueza, do amor, da prosperidade e da beleza. Seus devotos buscam nela auxílio para a solução de problemas no amor e também na vida financeira, a que se deve sua denominação de "Senhora do ouro”. Ibeji – Orixás gêmeos, protetores das crianças. IBEJI – ORIXÁS GÊMEOS Existia num reino dois pequenos príncipes gêmeos que traziam sorte a todos. Os problemas mais difíceis eram resolvidos por eles; em troca, pediam doces balas e brinquedos. Esses meninos faziam muitas traquinagens e, um dia, brincando próximos a uma cachoeira, um deles caiu no rio e morreu afogado. Todos do reino ficaram muito tristes pela morte do príncipe. O gêmeo que sobreviveu não tinha mais vontade de comer e vivia chorando de saudades do seu irmão, pedia sempre a Orunmilá que o levasse para perto do irmão. Sensibilizado pelo pedido, Orunmilá resolveu levá-lo para se encontrar com o irmão no céu, deixando na terra duas imagens de barro. Desde então, todos que precisam de ajuda deixam oferendas aos pés dessas imagens para ter seus pedidos atendidos. Iansã – Orixá feminino, senhora dos temporais. Iansã é a Orixá dos ventos e das tempestades. É a senhora dos raios e dona da alma dos mortos. Elemento: fogo. Personalidade: impulsiva e imprevisível. Símbolo: espada e rabo de cavalo (representando a realeza). Dia da semana: quarta-feira. Colar: vermelho ou marrom escuro. Roupa: vermelha. Sacrifício: cabra e galinha. Oferendas: milho branco, arroz, feijão e acarajé. Oxummaré – Orixá serpente, senhor dos venenos. Oxummaré é o Orixá da chuva e do arco-íris. É, ao mesmo tempo, de natureza masculina e feminina. Transporta a água entre o céu e a terra. Elemento: água. Personalidade: sensível e tranqüilo. Símbolo: cobra de metal. Dia da semana: quinta-feira. Colar: amarelo e verde. Roupa: azul claro, amarelo e verde claro. Sacrifício: bode, galo e tatu. Oferendas: milho branco, acarajé, coco, mel, inhame e feijão com ovos. Yemanjá chamada também de Janaína, Princesa de Atucá, Ianaê é a Orixá feminina das águas salgadas. É a mais amada e cultuada. Protetora do mar, da família e da vida. Yemanjá é considerada a Orixá dos mares e oceanos. Mãe de todos os orixás, é representada com seios volumosos, simbolizando a maternidade e a fecundidade. Elemento: água salgada. Personalidade: maternal e tranqüila. Símbolo: leque (abebê). Dia da semana: sábado. Colar: transparente, verde ou azul claro. Roupa: branco e azul. Sacrifício: porco, cabra e galinha. Oferendas: peixes do mar, arroz, milho, camarão com coco. Oxóssi – Orixá caçador, protetor das matas e dos animais. Não permite a violência e a destruição da natureza. É o grande patrono do Candomblé brasileiro. Elemento: florestas. Personalidade: intuitivo e emotivo. Símbolo: rabo de cavalo e chifre de boi. Dia da semana: quinta-feira. Colar: azul claro. Roupa: azul, amarelo ou verde claro. Sacrifício: galo e bode avermelhados e porco. Oferendas: milho, peixe de escamas, arroz, feijão e abóbora. Exú - De temperamento instável e ciumento. Intermediário entre os Orixás e os adeptos. guardião da porta da rua e das encruzilhadas. Se não for acalmado e mimado com oferendas não permite que os outros Orixás se comuniquem. Elemento: fogo. Personalidade: atrevido e agressivo. Símbolo: ogó (um bastão adornado com cabaças e búzios). Dia da semana: segunda-feira. Colar: vermelho e preto. Roupa: vermelha e preta. Sacrifício: bode e galo preto. Oferendas: farofa com dendê, feijão, inhame, água, mel e aguardente. Logun Edé – Orixá da sexualidade, durante seis meses do ano é feminino e nos seis meses seguintes é masculino. Orixá da riqueza, da fartura, da beleza, das contradições, da surpresa e do inesperado. É um dos orixás mais bonitos do Candomblé. Caçador e pescador habilidoso, príncipe soberbo. Nele os opostos se alternam, a dualidade masculino/ feminino dá-se a nível comportamental, em determinadas ocasiões pode ser risonho e em outras, sério. Ifá ou Orunmilá-Ifá – Orixá do conhecimento oculto e da sabedoria, senhor dos destinos, rege o plano onírico (dos sonhos), é aquele que tudo sabe e tudo vê em todos os mundos que estão sob a tutela de Olorum, ele sabe tudo sobre o passado, o presente e o futuro de todos habitantes da Terra e do Céu, é o regente responsável e detentor dos oráculos. TEXTO SAGRADO O texto sagrado é transmitido na forma oral. Mitos, lendas, canções, contos, danças, provérbios, adivinhações, perpetuam as crenças e tradições. EXEMPLO DE UM MITO DA CRIAÇÃO Olorum era uma massa infinita de ar. Um dia, como por encanto, lentamente, começou a respirar, e uma parte dessa massa de ar transformou-se em água, dando origem a Orixalá. O ar e a água continuavam a se mover, como uma dança; e eles mesmos foram se misturando, se misturando e uma parte deles, juntos e misturados, deu origem à lama. Dessa lama surgiu uma bolha avermelhada. Olorum maravilhou-se com essa bolha e soprou sobre ela o seu hálito Emi e deu-lhe vida. Essa forma, em permanente expansão e movimento, foi a primeira dotada de existência individual. Era um rochedo avermelhado de laterita: Exú. Assim a existência de todas as coisas é inaugurada pelo sopro do hálito Emi ou ar divino Ofurufú, produzindo a vida nos planos visíveis e invisíveis. VIDA E COMPORTAMENTO ÉTICO A maneira de encarar a vida se funde na convicção prática de que a pessoa humana é “centro de relações”, ponto de passagem do invisível para o visível, em direção aos demais seres, humanos ou não. Não fica sem retorno uma ofensa feita a divindade, ao próximo ou à natureza. ”Tudo está em tudo”, a religiosidade se funde com a cultura e política. Vida, trabalho, religião, amor ou afeto são formas de prestar culto a Deus. Daí a obrigação da comunhão para que o grupo sobreviva. ASPECTOS ESSENCIAIS DA CULTURA E TRADIÇÃO AFRICANA A oralidade; O símbolo; O diálogo. Através do diálogo os membros da comunidade têm ao seu dispor o conhecimento dos mitos e das alegorias na biblioteca da oralidade. O especialista do diálogo é mestre da palavra, é o ancião – chamado de pai ou mãe de santo. O ancião ou anciã é o ponto de referência vital para o grupo. ORIGEM DA UMBANDA Umbanda no idioma kimbundo significa a arte de curar. Segundo alguns adeptos da Umbanda, “...a Umbanda é uma religião milenar e brasileira em suas origens. O termo Umbanda nunca existiu em outro lugar fora do Brasil. Esta palavra é derivada da palavra AUM-BHANDAN que significa o Conjunto das Leis Divinas”. Site: http://confraria.da.luz.sites.uol.com.br/umbanda.htm Acesso em 5/09/11 A Umbanda tem versões de origem variadas, dependendo da vertente que a pratica. Na versão de historiadores em meio as festas nas senzalas os negros escravizados comemoravam os Orixás da África através da sincretização dos Santos Católicos. Nessas festas alguns participantes incorporavam além dos Orixás, os espíritos dos ancestrais, os Pretos-Velhos ou Pais Velhos (Babalorixás) que em vida foram sábios conselheiros e que conheciam as antigas artes das tradições religiosas da distante África. Embora houvesse uma certa resistência por parte de alguns, pois consideravam os espíritos incorporados dos Pretos Velhos como Eguns (espíritos dos mortos), também houve admiração e devoção por estas entidades espirituais. Em alguns terreiros de Candomblés também aconteciam incorporações de Caboclos (índios brasileiros como Pajés e Caciques) que foram elevados à categoria de ancestrais e passaram a ser venerados nos terreiros. A incorporação de guias (espíritos) ocorreu no Candomblé de Caboclos (desde de 1865 - as primeiras manifestações de Caboclos, Boiadeiros, Marinheiros, Crianças e PretosVelhos), no Catimbó e em Centros Espíritas (onde esses espíritos não eram aceitos e, muitas vezes, expulsos ou pedidos a se retirar, por serem vistos como espíritos não evoluídos, ou mesmo, como obsessores). Site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Origem_da_Umbanda - Acesso em 12/09/2011. Aos poucos, a partir destas experiências a Umbanda foi se organizando como uma nova religião tipicamente brasileira. Uma das versões mais aceitas popularmente, mas não cientificamente, pois não existe documentação da época para comprová-la, é a sobre o médium Zélio Fernandino de Moraes como o precursor da Umbanda. Zélio em 15 de novembro de 1908, acometido de doença misteriosa, foi a Federação Espírita de Niterói e lá, durante uma sessão espírita, manifestaram-se através dele espíritos que diziam ser índios e escravos. O dirigente da mesa pediu que se retirassem, por acreditar que eram espíritos atrasados (sem doutrina). Mais tarde, os espíritos se nomearam como Caboclo das Sete Encruzilhadas e Pai Antônio. Devido a hostilidade e a forma como foram tratados, essas entidades mediunicamente comunicaram a Zélio que resolveram iniciar uma nova forma de culto no Brasil, em que qualquer espírito pudesse se manifestar para trabalhar pela caridade. No dia seguinte, 16 de novembro de 1908, as entidades começaram a se incorporar em Zélio e atender aos necessitados na residência deste, mais tarde, orientaram-no a fundar a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade. Essa nova religião inicialmente foi chamada de Alabanda, mas acabou tomando o nome de Umbanda. Uma religião sem preconceitos que acolheria a todos que a procurassem: encarnados e desencarnados, em todas as bandas. Zélio Fernandino de Moraes foi o precursor de um "trabalho Umbandista Básico" voltado à caridade assistencial, sem cobrança, e priorizando a prática do bem. Trata-se de um culto de cunho espiritualista, aberto a todas as pessoas sem distinção. Hoje existem vários grupos religiosos com o nome "Umbanda", com linhas doutrinárias diferenciadas, mas que guardam raízes muito fortes das bases iniciais. As várias formas de Umbanda absorveram características de outras religiões e filosofias de vida, mas mantém a mesma essência doutrinária, cujo objetivo é promover um serviço de caridade, com fé, humildade e respeito a todas as pessoas. Umbanda é uma religião eclética, sem preconceitos, ela reúne elementos dos ritos africanos, crenças católicas, espíritas, esotéricas e pajelança indígena. Os Sete Mandamentos da Umbanda 1.Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti; 2.Não cobices o que não te pertence; 3.Ajuda os necessitados sem fazer perguntas; 4.Respeita todas as religiões, pois todas provêm de Deus; 5.Não critiques o que não compreendes; 6.Cumpre a tua missão, mesmo que isso signifique sacrifício pessoal; 7.Afasta-te dos que praticam o mal e resiste à tentação. Principais princípios da fé umbandista •Crença nos espíritos e entidades da natureza ligadas à terra, ao fogo, às águas, ao ar e ao éter; •Crença na reencarnação; •Crença na imortalidade do espírito; •Crença na lei do karma; •Crença na lei da caridade; •Crença num campo de vibrações; •Crença na Umbanda como modo de vida. AS FALANGES NA UMBANDA Na Umbanda não há a incorporação de Orixás e sim os falangeiros dos Orixás que são entidades evoluídas espiritualmente que vêem trabalhar nas giras de Umbanda. •Falanges são agrupamentos de espíritos afins que possuem a mesma vibração. Sete são as falanges: pretos velhos, caboclos, exus, crianças, boiadeiros, ciganos, orientais e mestres que trabalham na cura. Pretos Velhos – São espíritos de velhos africanos que foram trazidos para o Brasil como escravos e que trabalham na Umbanda como símbolos da fé, da humildade e da sabedoria ancestral, eles ajudam aqueles que estão em dificuldade material e espiritual. Caboclos - São espíritos de índios brasileiros, que trabalham na caridade como conselheiros, ensinando amar ao próximo e a natureza. Exus - São entidades em evolução, seu trabalho é dirigido, principalmente a defesa dos médiuns e a defesa do terreiro, porém, são muito procurados para resolver os problemas da vida sentimental e material. Crianças: Cosme, Damião e Doum – Entidades espirituais da alegria e da honestidade são procurados para os casos de família e gravidez. Boiadeiros espíritos de pessoas, que em vida trabalharam com o gado, eles trabalham da mesma forma que os Caboclos nas giras, sessões de incorporação. Ciganos – Entidades que em vida foram na maioria andarilhos que viveram nos séculos XIII, XIV, XV e XVI. Eles ajudam no bemestar pessoal e social, são entidades conhecidas popularmente como "encantados“. Orientais e mestres falanges dos hindus, árabes, japoneses, chineses, mongóis, egípcios, gauleses, romanos, etc., formadas por espíritos que encarnaram nesses povos e que ensinam ciências ocultas e a prática da caridade. LITURGIA DA UMBANDA O culto da Umbanda tem como base a mediunidade e a magia, com sua liturgia e rituais próprios. Destacam-se na prática litúrgica os pontos riscados e os pontos cantados. Os Pontos Riscados são desenhos feitos pelas entidades incorporadas em seus médiuns e possuem uma função mágica, podendo ter significados diferentes. Cada entidade espiritual, cada vibração do Orixá possui um ponto de identificação e vários outros pontos para suas magias e mirongas (segredos, mistérios). Exemplos de pontos riscados Pontos cantados são cantigas em louvor aos Orixás e às linhas de entidades trabalhadoras. Os pontos cantados são como mantras que evocam determinadas energias, servem para trazer as entidades como para se despedir delas, além de outras finalidades. Fonte consultada: http://www.guia.heu.nom.br/linhas_da_umbanda.htm Um exemplo de ponto cantado Oxalá é quem governa o mundo Só ele pode Governar Foi ele quem nos deu a luz Clareou a Umbanda Deu força aos Orixás Extraído do site: http://www.maeyemanjaebaianozeferino.com.br/pontoscantados/o xala/pcantados_oxala.htm RITUAIS DA UMBANDA Na Umbanda os rituais incluem banhos de ervas sagradas, defumações, velas, bebidas alcoólicas e a prática de passes nos consulentes para neutralizar a negatividade. Em alguns templos da Umbanda é também usado no ritual o cachimbo ou charuto, acredita-se que a fumaça do fumo pode neutralizar as más influências. A forma que se realizam os rituais difere de um templo para outro, mas em síntese adotam-se os mesmos preceitos. TERREIRO, TENDA, TEMPLO OU CENTRO DA UMBANDA O Terreiro é dividido em duas partes, o congá e a assistência. CONGÁ é a sala dos médiuns; ASSISTÊNCIA é a sala maior onde se acomodam as pessoas que vem em busca de atendimento. A ritualística de abertura de uma Gira de Umbanda é composta de danças para os Orixás, canto dos pontos, defumações com ervas especiais e recitação de orações, inclusive as orações católicas, como o Pai Nosso e a Ave Maria. Em alguns templos, os atabaques e outros instrumentos de origem africana se somam às práticas familiares aos cultos católicos, mas o culto aos Orixás sempre predomina, em muitos casos o Padê para o Orixá Exú, precede todas as giras, prática herdado do Candomblé – Site: http://www.girasdeumbanda.com.br/2010/aumbanda.php AS SETE VIBRAÇÕES DA UMBANDA Segundo a Umbanda as sete linhas são que as sete vibrações cósmicas: o éter, a água, o ar, o vegetal, o fogo, o mineral e a terra. Cada um desses elementos possui a representação de um Orixá: 1° Linha da espiritualidade: Vibração do éter – representada por Oxalá que é o elo entre os encarnados e a Divindade Suprema. 2º Linha da vida: Vibração da água – representada por Yemanjá. 3° Linha da ordenação: Vibração do ar – representada por Ogum. 4º Linha do conhecimento: Vibração do reino vegetal – representada por Oxossi. 5º Linha do equilíbrio: Vibração do fogo – representada por Xangô. 6° Linha do amor: Vibração mineral – representada por Yori. 7º Linha da sabedoria: Vibração da terra – representada por Yorimá. Cada representação tem sua correspondência: Oxalá – Povo do oriente. Yemanjá – Povo das águas. Ogum – Guardiões dos caminhos. Oxossi – Povo da mata. Xangô – Caboclos da pedreira. Yori – As crianças. Yorimá – Pretos velhos e almas. Os Orixás na Umbanda representam as vibrações da Criação do Ser Supremo. Site: http://clinicadoespirito.wordpress.com/as-sete-vibracoes-da-umbanda/ "Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças“. (Mantoan) REFERÊNCIAS CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/CONSELHO PLENO/DF RESOLUÇÃO N.º 1, DE 17 DE JUNHO DE 2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. FÓRUM NACIONAL PERMANENTE DO ENSINO RELIGIOSO – FONAPER. Ensino Religioso – Capacitação para um novo milênio – O fenômeno religioso nas tradições religiosas de matriz africana, caderno N.º 7, s/d. GONÇALVES DA SILVA, Vagner.Intolerância Religiosa – Impactos do neopentecostalismo no campo religioso afro-brasileiro, São Paulo: Edusp, 2008. SILVA, Matta. A Umbanda de todos nós – 12ª Edição, Ícone Editora, São Paulo, 2007. http://www.jornaldelondrina.com.br/brasil/conteudo.phtml?ema=1&id=82177 3 - Acesso em 5/09/11. http://oyamesanorun.blogspot.com/2010/08/qual-o-significado-de-umebo.html