ESCOLA CATEQUÉTICA Um certo dia, a beira mar Um certo dia, ao tribunal Apareceu um jovem Galileu Alguém levou o jovem Galileu Ninguém podia imaginar Ninguém sabia qual foi o mal Que alguém pudesse amar do jeito que ele E o crime que ele fez; quais foram seus amava / Seu jeito simples de conversar pecados / Seu jeito honesto de denunciar / Tocava o coração de quem o escutava Mexeu na posição de alguns privilegiados E seu nome era Jesus de Nazaré Sua fama se espalhou e todos vinham ver O fenômeno do jovem pregador Que tinha tanto amor E mataram a Jesus de Nazaré E no meio de ladrões puseram sua cruz Mas o mundo ainda tem medo de Jesus Que tinha tanto amor Naquelas praias, naquele mar Naquele rio, em casa de Zaqueu Naquela estrada, naquele sol E o povo a escutar histórias tão bonitas Seu jeito amigo de se expressar Enchia o coração de paz tão infinita Vitorioso! Ressuscitou! Após três dias à vida Ele voltou Ressuscitado, não morre mais Está junto do Pai Pois Ele é o Filho Eterno Mas ele vive em cada lar E onde se encontrar Um coração fraterno Proclamamos que Jesus de Nazaré Glorioso e Triunfante, Deus Conosco está! Ele é o Cristo e a razão da nossa fé E um dia voltará! Em plena rua, naquele chão Naquele poço e em casa de Simão Naquela relva, no entardecer O mundo viu nascer a paz de uma esperança / Seu jeito puro de perdoar Fazia o coração voltar a ser criança “Uma fé católica reduzida a conhecimento, a um elenco de algumas normas e de proibições, a práticas de devoção fragmentadas, a adesões seletivas e parciais das verdades da fé, a uma participação ocasional em alguns sacramentos, à repetição de princípios doutrinais, a moralismos brandos ou crispados que não convertem a vida dos batizados, não resistiria aos embates do tempo. Nossa maior ameaça é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja na qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez. A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DAp 12). “No centro da catequese encontramos essencialmente uma Pessoa: a de Jesus de Nazaré (...). Neste sentido, a finalidade definitiva da catequese é colocar alguém não só em contato, mas em comunicação, em intimidade com Jesus Cristo”. JP II, Exortação Apostolica Catechesi Tradentae (16/10/1979), nº 5. • “Os cristãos não nascem, se fazem.” (Tertuliano) • É preciso um processo para se tornar cristão. Isto sem duvida alguma é o mais importante no que chamamos de itinerário catequético, ou processo de educação na fé, e como diz José Antonio Pagola: “voltar a Jesus, é o primeiro e mais decisivo neste processo: pôr Jesus Cristo no centro de nossa fé. Tudo o resto vem depois. Que pode ser mais urgente e necessário para os cristãos que despertar em nós a paixão pela fidelidade a Jesus? Já não basta qualquer tipo ou forma de aggiornamento. Necessitamos voltar ao que é a fonte e origem da Igreja: o único que justifica sua presença no mundo. Enraizar nossa fé em Jesus Cristo como a única verdade que nos está permitida para viver e caminhar de forma criativa em vista do futuro. Devemos recuperar o essencial do Evangelho e renascer juntos do Espírito de Jesus”. O CRISTOCENTRISMO NA CATEQUESE Quem é o centro da catequese? Isto significa que todo o processo de iniciação à vida cristã se inspira na catequese de Jesus. E ao mesmo tempo é uma grande ação de catequese sobre Jesus. Dito de outra forma: a catequese de Jesus, inspira nossa catequese sobre Jesus. Pelo que, a IVC (Iniciação à Vida Cristã) é um longo, profundo e bonito caminho com Jesus Cristo. Sem querer desenvolver um tema Exclusivamente cristologico, a pergunta que pode nos ajudar muito neste momento seria: Não basta dizer que aceitamos todas as verdades que a Igreja nos propõe referente ao Cristo. A fé viva e operante só nasce, e pode ser gerada no coração de quem vive como discípulo e seguidor de Jesus. Necessitamos um contato vivo com sua pessoa: conhecer melhor sua vida concreta e sintonizar vitalmente com ele. Necessitamos captar e fazer nosso o núcleo de sua mensagem, entender melhor seu projeto sobre o Reino de Deus, deixar-nos atrair pelo seu estilo de vida ao ponto de contagiar-nos de sua paixão por Deus e pelo ser humano. E isto é fundamental para pensarmos seriamente num processo de renovação da catequese, preocupados sim com as ciências da educação, com a pedagogia, com as dinâmicas, com as técnicas e com tantas outras coisas tão importantes, mas sem jamais perder de vista esta dimensão Cristológica da catequese centrada na Palavra de Deus. . O aporte e a contribuição da Cristologia é importante para o conteúdo da catequese, pois se trata de aprofundar a pessoa de Jesus Cristo. A imagem que o catequista tem de Jesus pode influenciar na imagem que o catequizando vai forjar a respeito de Jesus. Daí a necessidade de conhecer melhor quem é Jesus para apresentá-lo coerentemente com os anseios do coração de cada catequizando. O cristocentrismo da Catequese significa que Jesus Cristo é o centro e a Aquele que devemos transmitir, tudo o mais é em referência a Ele. O centro da catequese é Jesus Cristo, revelador de Deus Trindade. Devemos considerar fundamentalmente alguns passos ou estágios que a catequese cristológica deve seguir, a saber: do Jesus histórico ao Jesus dos Evangelhos, e do Jesus dos Evangelhos ao Jesus dos dogmas. Para poder se manter fiel à tradição da Igreja, reinterpretando as afirmações dogmáticas para que se tornem compreensíveis no hoje de nossa história. Nesse sentido, procura ser fiel à intencionalidade dos dogmas, que sempre buscam afirmar a plena Humanidade e a plena divindade de Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, consubstancial ao Pai e consubstancial a nós. Eliminando (resignificando) as imagens distorcidas sobre Jesus – a “purificação” das imagens de Jesus Agora valeria muito a pena se perguntar: que imagem, ou melhor, que imagens de Jesus estamos transmitindo nos nossos processos catequéticos? JESUS INSPIRADOR DA CATEQUESE Com sua vida e palavra anunciou o Reino de Deus e o Deus do Reino e introduziu com seu caminho pascal a comunidade de discípulos na experiência central e polarizadora de sua vida. Todo o processo catequético necessariamente precisa olhar para Jesus antes de qualquer coisa, e ver-descobrir como ele fazia “ecoar” a mensagem da Boa Nova do Reino na vida de seu povo. Sua vida toda foi um transmitir, um fazer-se encantar pelo seu motivo profundo de vida, sendo que por onde ele passou, deixou um traço profundo e sincero do Reino. Vejamos alguns modos como ele ensina: Um ensinamento feito e alicerçado na: Palavra – Discursos – Parábolas – Ditos Sapienciais. O evangelho de Mateus nos apresenta O discurso querigmático do Sermão da Montanha (Mt 5-7), fazendo uma Profunda catequese de forma simples, Mas contundente e profunda do seu Motivo de vida – life motiv – O REINO DE DEUS. Evangelizou e catequizou com sua forma de ser e de se relacionar com as pessoas. Isto nos mostra que a relação no processo da educação na fé é fundamental, pois sem relação não há possibilidade de transmissão da fé. É aprendida, mas, sobretudo vivida como experiência de encontro. Exemplos: os Discípulos de Emaús (cf. Lc 24,1335), a Samaritana (cf. Jo 4,5-42), o encontro com Zaqueu (cf. Lc 19,1-10), entre tantos outros que poderíamos citar. O MODO DE PROCEDER DE JESUS NA CATEQUESE A pedagogia catequética tem como inspirador, sobretudo o proceder de Jesus Cristo que, a partir da convivência com as pessoas, deu continuidade ao processo pedagógico do Pai. Levou à plenitude, por meio de sua vida, de suas palavras, sinais e atitudes, a revelação divina, iniciada no AT. Motivou os seus discípulos a viverem de acordo com os ensinamentos e plantou a semente da sua comunidade, a Igreja, para transmitir, de geração em geração, a mensagem da salvação e a pedagogia que ele mesmo ensinou com sua vida (cf. DNC 140). A catequese inspira-se nestes traços de Jesus: a) O acolhimento às pessoas, preferencialmente aos pobres, pequenos, excluídos e pecadores (cf. Mt 18,12-14). b) O anúncio do Reino de Deus, como Boa Notícia da verdade, da liberdade, do amor, da justiça, que dá sentido à vida (cf. Lc 4,17-22; 17, 20-21). c) O convite amoroso para viver a fé, a esperança e a caridade por meio da conversão no seu seguimento (cf. Mc 1,15; Mt 11,28-30). d) O envio dos discípulos para semearem a Palavra em vista da transformação libertadora da sociedade (Mc 6,6b-13). e) O convite para assumirem, com radicalidade evangélica, o crescimento contínuo da fé, através do mandamento novo do amor, o principio pedagógico fundamental (cf. Mt 17,20; Lc 13,16; Jo 13,34; Lc 10,29-37). f) A atenção às necessidades, às situações bem concretas da vida e aos valores culturais próprios do povo, provocando reflexão para uma mudança de vida. g) Conversa simples, acessível, utilizando narrativas, comparações, parábolas e gestos, adaptando-os aos seus seguidores e demais interlocutores. h) A firmeza permanente diante das tentações, das crises, da cruz, buscando força na oração. As tarefas da catequese na experiência com a pessoa de Jesus Propiciar o conhecimento de Jesus: para que a adesão de fé seja madura é preciso conhecimento e mergulho no mistério de salvação revelado em Jesus de Nazaré. Educar para a celebração do mistério de Cristo: o contato salvífico com a vida e a pessoa de Jesus se dará por meio da celebração dos mistérios de Cristo. Uma boa catequese mistagógica deverá manifestar os significados dos ritos, sinais, símbolos litúrgicos, facilitando o mistério celebrado. Menção especial merece a iniciação na oração e suas diversas modalidades, entendida como amizade com Cristo, encontro e relação do discípulo com seu mestre. Iniciar no discipulado: a catequese deve ajudar o interlocutor, por meio da experiência com Jesus, a tomar consciência das consequências que o chamado de Cristo impõe em sua vida, rompendo com o mal e aderindo ao bem. Incorporar na Igreja e na ação evangelizadora: ninguém permanece unido a Cristo se não estiver incorporado ao seu corpo místico, a Igreja. A igreja é o sacramento da presença de Cristo e participação da comunhão trinitária. O Catequista hoje, mais do que um pedagogo, deve ser um mistagogo. QUEREMOS DISCÍPULOS E NÃO GENTE QUE APENAS FEZ “CURSINHOS” “CONHECER A JESUS É O MELHOR PRESENTE QUE QUALQUER PESSOA PODE RECEBER; TÊ-LO ENCONTRADO FOI O MELHOR QUE OCORREU EM NOSSAS VIDAS, E FAZÊ-LO CONHECIDO COM NOSSA PALAVRA E OBRAS É NOSSA ALEGRIA”. (DAp. 29)