INTERCONSULTA PSIQUIÁTRICA Dr. André Luiz Moraes Souza dos Santos Medico Psiquiatra Hospital Senhor Bom Jesus dos Passos-Laguna SC. Definição Área da psiquiatria clínica que inclui todas as atividades diagnósticas, terapêuticas, de ensino e de investigação realizadas por psiquiatras em serviços não psiquiátricos de um hospital geral. Interconsulta FOCO • • • • Paciente Médico Instituição Inter-relações Justificativa • Elevada morbidade psiquiátrica em pacientes internados em HG ou na atenção primária; • Aumento da população idosa, e da freqüência de transtornos mentais; • Aumento da prevalência de doenças crônicas; • Movimento de humanização dos hospitais; • Valorização da qualidade de vida e da adesão dos pacientes ao tratamento. Relação TRANSTORNO MENTAL DOENÇA FÍSICA DOENÇA FÍSICA TRANSTORNO MENTAL DOENÇA FÍSICA MANIFESTANDO-SE COMO TRANSTORNO MENTAL Interconsulta Relações entre doenças: • Transtorno mental provocando a doença física • Transtorno mental em reação a doença física • Transtorno mental como manifestação de doença física • Trantorno mental com manifestações corporais Relações entre doenças Transtorno mental provocando doença física Exemplo da depressão (na gênese ou na evolução) Relações entre doenças Transtorno mental como reação a doença física • Transtornos de ajustamento • Transtornos secundários Relações entre doenças Trantorno mental como manifestação de doença física • História/genética • Ambiente • Corpo Ex.: hipertireoidismo Relações entre doenças Transtorno mental que se manifesta por queixas corporais • Transtorno do pânico • Somatização • Transtorno factício Prevalência • 20% a 60% a prevalência de transtornos psiquiátricos em pacientes internados; • Varia segundo o tipo de enfermaria; • Maior em emergência e em pacientes críticos. Botega,2000,Mayou e Hawton,1986, Lloyd,1991 Prevalência Patologias mais frequentes: • Transtorno mental orgânico • Transtornos por uso de substâncias • Depressão • Outros Prevalência Não patologias: (que levam a interconsulta) • Reações naturais a doença • Situações das/nas equipes • Situações institucionais Frequência • ENFERMARIA – Problemas de sono, depressão, ansiedade, irritabilidade, obsessões, pânico, álcool, delirium e etc. • AMBULATÓRIO – TAG, depressão, transtorno de somatização, drogas e álcool, distimia etc. • PRONTO-SOCORRO – Ansiedade, abuso de álcool e sintomas físicos. Fatores que dificultam o encaminhamento • “Psiquiatras são teóricos”; • Baixa resolutividade do tratamento; • Acesso difícil; • Uso em demasia de medicações; • Não há retorno do encaminhamento; • Descrença dos médicos em relação aos tratamentos psiquiátricos. Tipos de encaminhamento • Encaminhamento elaborado; • Encaminhamento automático – vários, busca responder a uma angústia médica; • Encaminhamento como bomba-relógio – manter um perigo distante (paciente terminal); • Por falta de tempo – para o paciente ser ouvido. Encaminhamento elaborado • Após esgotadas as etapas do processo (acolhimento, exame, informação, e tratamento). Encaminhamento automático • Ocorrência de “curto-circuito” Rel. medico - paciente. • Algo repercute profundamente no medico que apressadamente o encaminha para outro profissional. • Paciente poliqueixoso. Indivíduos que trazem suas queixas em uma linguagem corporal, que o mesmo não sabe comunicar de outra forma e o medico não consegue traduzir. • Apresentação de vários sintomas corporais, com não fixação a uma queixa principal. Encaminhamento como bomba-relógio • Manter o perigo distante – projeção; • Angustia depositada naquele que recebe o encaminhamento. Sentimento dificil de manter em seu mundo interno; • Não raramente o paciente esta mais tranqüilo que a equipe; • Equipe com dificuldade de continencia. Por falta de tempo – para o paciente ser ouvido • Não consegue estabelecer vinculo com escuta minimamente adequada; • Evitação de lidar com aspectos psicossociais do paciente; • Proteger-se da invasão emocional da tarefa assistencial. Exemplos de encaminhamentos para interconsulta 1) Poliqueixoso, ansiedade muito grande. Solicito atendimento breve. 2) Paciente com insuficiência arterial periférica,com membro inf. dir. amputado há dois anos. Inúmeras cirurgias de revascularização para membro inf. esq. Operado de trombose mesentérica há 3 anos. Paciente atualmente perdendo a perna esq.. Mesmo assim, não consegue deixar de fumar. Solicito avaliação e conduta, em vista da necessidade de parar de fumar, por terem sido esgotadas as possibilidades terapêuticas. Obrigado. Exemplos de encaminhamentos para interconsulta • 3) Hy [ histeria ] • 4) Paciente com Ca de mama avançado, com metástases no pulmão e no fígado, em mau estado geral, com muita dor. Paciente em estado terminal. Exemplos de encaminhamentos para interconsulta 5) Ansiedade + obesidade extrema + problemas de relacionamento familiar + incredibilidade religiosa. Obs.: receberá alta amanhã. 6) Paciente submetido a transplante renal há 3 meses. Após transplante, apresentando alterações do humor, com períodos de choro e de profunda irritabilidade. Em uso de corticóide. Algumas questões que o interconsultor deve considerar Coleta de informações: O que motivou a solicitação de interconsulta? O que a equipe assistencial espera do psiquiatra? O que o paciente espera do psiquiatra? Há informações adequadas para a formulação diagnostica? Exame do paciente: As condições do paciente e do ambiente permitiram uma boa avaliação? O exame psíquico foi feito cuidadosamente? Seria útil aplicar algum instrumento padronizado? O exame físico foi realizado a contento? A avaliação neurológica permita afastar uma síndrome orgânico-cerebral? Quais exames complementares são necessários? Algumas questões que o interconsultor deve considerar Formulação diagnostica: O paciente apresenta um transtorno mental? Em caso afirmativo qual a provável etiologia? Como o paciente reage a sua doença e hospitalização? Ele tem esperança? Com quem pode contar para ajudá-lo? Há dificuldades na relação do medico/equipe assistencial, com o paciente? Há problemas institucionais agudos que estejam influenciando os cuidados do paciente? Algumas questões que o interconsultor deve considerar Manejo: O que de mais urgente precisa ser feito? Como reduzir o impacto de fatores estressantes? Como ajudar o paciente a enfrentá-los? Qual o tratamento adequado para um transtorno especifico? Qual o tratamento adequado para um transtorno especifico? Qual medicamento é o mais indicado em determinada situação clinica? Há risco de auto ou heteroagressão? O paciente pode ser considerado capaz de aceitar ou recusar um tratamento? Continuidade do tratamento: QUAL, POR QUEM, QUANTO (FREQUENCIA), EM QUE LOCAL? Técnica • Recebimento do pedido; • Diagnóstico – Motivo do pedido, condição clínica do paciente, relação médico-paciente; • Diagnóstico situacional – Impacto da doença e hospitalização, sistema de apoio familiar, estressores psicossociais; • Intervenção terapêutica • Devolução da informação – pessoalmente; • Registro no prontuário. Registro dos casos atendidos • Impresso próprio do serviço contendo: • Data e origem do pedido; • Quem o faz • Identificação do paciente’; • Motivo da hospitalização; • Motivo do pedido de interconsulta; • Nível de urgência; • Anamnese e exames; • Formulação diagnostica; • Conduta terapêutica e intervenções efetuadas; • Visitas de seguimentos; • Resultados obtidos; • Encaminhamento do caso; Anammese psiquiátrica em interconsulta: itens de interesse especial • Identificação e dados sociodemográficos: • Situação conjugal, escolaridade, ocupação, onde e com quem reside, religião, nível socioeconômico, profissão. • Motivo da internação e história da moléstia atual: • Diagnóstico, sintomas e limitações mais proeminentes, complicações, tratamento atual, repercussões sobre o estado físico do paciente. • Antecedentes mórbidos psiquiátricos) : pessoais (gerais e • Doenças que necessitaram de várias consultas, acidentes, tentativa de suicídio, enfermidades crônicas, tratamentos importantes, internações, cirurgias, reações a medicamentos (incluindo psicofármacos). • Hábitos e estilo de vida: • Uso, abuso e dependência de drogas lícitas e ilícitas, caracterizando padrão de uso e tratamentos. Hábitos e afazeres diários, vida social, família, profissão, escola, religiosidade, hobbies, lazer, fim de semana. Anamnese psiquiátrica em interconsulta: itens de interesse especial • • Antecedentes familiares crônicas e hereditárias, internações psiquiátricas, dependências químicas, suicídio. • • História de vida Dados relevantes da vida do paciente, diferenciados por etapas: gestação e parto, primeiras habilidades, infância, adolescência, idade adulta, velhice. • • Aspectos psicossociais especiais Acontecimentos relevantes: Na moradia, no trabalho, nas condições financeiras, na vida amorosa, na vida familiar, acidentes, doenças, internações, falecimentos, perdas, aumento de responsabilidades e de pressões , maiores preocupações recentes e atuais. • Relacionamentos a doença: Informação e crenças sobre a doença, atribuição, complicações, impacto em sua vida, limitações impostas, como enfrenta a doença (coping), mecanismos de defesa, como reagiu em situações semelhantes no passado. • Relacionados a internação: Aceitação, impacto, como vivencia limitações, adequação a rotina do hospital, relacionamento com outros pacientes e com a equipe assistencial, visitas, satisfação com o atendimento. • Relacionados ao tratamento e à recuperação: Informação e crenças, motivação, adesão, temores em relação à incapacitação, dor, mutilação e morte, planos para o futuro. • Rede de apoio social: Amigos, vida social, religiosidade, com quem tem podido contar, dentro e fora da família, para quem se sente importante. Algumas características da “escuta ativa” • Proporcionar ambiente físico de acolhimento (privacidade, conforto, proximidade interpessoal adequada). • Assumir uma atitude de respeito e interesse, sem criticar. • Manter contato visual freqüente. • Iniciar com perguntas gerais e menos constrangedoras (identificação, razão da internação). • Preferir perguntas abertas (usar “como...?”, “eu fico imaginando... “, em vez de “por que...?”). • Observar reações emocionais do paciente, pontuando-as quando pertinente. • Resumir o que entendeu até dado momento e solicitar algum esclarecimento. • Respeitar momentos de silêncio e de choro, mas ajudar, com delicadeza, o paciente a sair deles. As três regras de ouro da entrevista psiquiátrica • 1. Pacientes organizados (mentalmente), com inteligência normal, com escolaridade boa ou razoável, fora de um “estado psicótico”. • devem ser entrevistados de maneira mais aberta. • permitindo-se que falem e se expressem de forma mais fluente e espontânea. • O entrevistador fala pouco, fazendo algumas pontuações para que o paciente “conte a sua história”. As três regras de ouro da entrevista psiquiátrica • 2. Pacientes desorganizados com nível intelectual baixo, num estado psicótico ou paranóide, “travados” por um alto nível de ansiedade. • devem ser entrevistados de forma mais estruturada. • Neste caso, o entrevistador fala mais. • faz perguntas mais simples, dirigidas ( perguntas fáceis de serem compreendidas e respondidas). As três regras de ouro da entrevista psiquiátrica • 3. Nos primeiros contatos com pacientes muito tímidos, ansiosos ou paranóides, • fazer primeiro perguntas neutras (nome, onde mora, profissão, estado civil, nome de familiares, etc.), • para apenas gradativamente começar a formular perguntas “mais quentes” (às vezes, constrangedoras para o paciente), como • “tem tido problemas ou dificuldades emocionais”, • “ como avalia a gravidade de sua doença”, • “tem medo da morte”, • • • “como está sua relação com sua esposa”, “ o que aconteceu que você agrediu seus familiares”, etc. Vale a sabedoria popular que diz: “o mingau quente se come pela beirada”. Tipos de perguntas durante a entrevista • Pergunta aberta Como se encontra seu estado de ânimo? • Pergunta alternativa O senhor está alegre ou triste? • Pergunta sugestiva passiva O senhor está triste? • Pergunta sugestiva ativa O senhor está triste, não está? Baseado em Rojo Rodes e Cardoner Álvares (1997). Diagnóstico • Estabelecer rapidamente uma atitude adequada; • Diagnosticar os processos psicopatológicos; • Avaliar o funcionamento mental e a capacidade cognitiva; • Realizar uma rápida formulação clínica e integradora que assimile todos os fatores – biopsicossociais – relevantes. Intervenção terapêutica • Desenvolver aliança terapêutica rápida; • Formular plano terapêutico para a situação; • Informar, aconselhar e orientar os profissionais de saúde; • Compreender os psicofármacos em pacientes clínicos; • Apreciar efeitos colaterais, contra-indicações e interações medicamentosas; • Compreender a abordagem de técnicas psicoterápicas; • Participar em abordagens multidisciplinares. Depressão no contexto hospitalar • “No lugar dele eu estaria deprimido...”; • “Esta depressão é compreensível, não vou tratar”; • Ele só está estressado, pois não apresenta tristeza”; • Antidepressivos são perigosos, vou passar uma dose pequena”; • Só depende de você, a força de vontade cura”; • Retorne daqui a dois meses e então conversaremos mais longamente”; • Quem quer se matar mesmo não ameaça”. Transtornos Depressivos em Pacientes com Doença Clínica Obstáculos para seu reconhecimento: • Atribuir os sintomas depressivos à doença clínica; • Negação da experiência da depressão; • Semelhança entre os sintomas depressivos e os sintomas de outras doenças; • A idéia de que: “seria normal ter depressão”; • Atitudes negativas em relação ao diagnóstico de depressão; • Impropriedade de ambiente clínico para discutir assuntos pessoais ou emocionais; • Dificuldade do paciente em relatar sintomas de depressão. Sintomas físicos que Podem ser quadro depressivo No contexto da doença clínica, o médico tem de diferenciar sintomas de depressão maior e transtornos de ajustamento (reação patológica à doença), daqueles que são manifestações diretas da própria doença clínica. Perda de memória Mal-estar Fadiga e cansaço Insônia Dor de cabeça Dores articulares e nas costas Dor no peito Náusea, vômito e constipação Perda de peso Distúrbios menstruais Mayou R; Sharpe M; Carson A. ABC of Psychological Medicine London, BMJ Books, 2003. Tipos de pacientes sob risco Cardiopatas Acidente Vascular Cerebral Alterações Hormonais (tireoidianas) Pacientes HIV positivo Doença de Parkinson Doenças Clínicas que Podem Apresentar Sintomas Depressivos Doença Doença Doenças Endócrinas Doenças Endócrinas Pulmonar obstrutiva crônica Doença renal em estágio terminal Pulmonar obstrutiva crônica Doença renal em estágio terminal Câncer - cabeça de pâncreas AIDS Doença Doenças Virais Doenças Autoimunes Doenças Neurológicas Câncer - cabeça de pâncreas AIDS Doenças Virais Doenças Auto-imune Doenças Neurológica Dor crônica Doenças Clínicas Como reconhecer • Sintomas como fadiga, insônia e alterações de apetite, peso e psicomotricidade: – Em excesso ao esperado para a condição física e seu tratamento; – Surgem associados a sintomas cognitivos e afetivos da depressão; • Considerar sintomas como indecisão, irritabilidade, pessimismo, baixa auto-estima desesperança e anedonia. Como tratar? Tipos de Tratamento Na depressão secundária a uma doença clínica ou a seu tratamento é fundamental o tratamento desses fatores causais Depressão Maior Transtorno de Ajustamento + Farmacológico ou Depressão leve ECT Intervenção psicoterápica Caso clínico • P, 49 anos, sexo feminino, internada há 15 dias por dor torácica atípica. Exames complementares normais, exceto eosinofilia e esofagite à endoscopia. Tratada para estrogiloidíase e da esofagite, persisitiram dores por todo o corpo. • História de poliqueixosa. mudanças ambientais, paciente • “Solicito avaliação e conduta. Paciente estressada”. Caso clínico • Avaliação do caso: – Paciente fez tratamento clínico anteriormente, por “cansaço e dor no peito”, sem melhora; – Mudou de cidade para tratar-se. – Revela história familiar (mãe) de depressão, suicidou-se há um ano; – Revela que há quatro meses começou a ficar de cama, acordava mais cedo, sentia como se tivesse “cem quilos no peito”, “não ligava mais para comer” e estava perdendo peso. Caso clínico • Avaliação do caso: – Incapaz de tomar decisões, restringia-se ao leito, letargia - tudo era mais “arrastado”; • Devolução do caso: – DiAGNÓSTICO: Episódio depressivo maior – Terapêutica: Psicoterapia Amitriptilina 75 mg/dia + Indicadores que sugerem transtorno mental orgânico • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 1. Surgimento dos sintomas psiquiátricos após os 45 anos de idade 2. Sintomas psiquiátricos surgem: No curso de uma doença orgânica já identificada Após uso de drogas com efeitos psicoativos Sem aparentes desencadeantes psicossociais relevantes 3. História pessoal de: Abuso ou dependência de álcool ou drogas Distúrbios neurológicos, endócrinos, reumatológicos, hepáticos, renais, cardíacos, pulmonares Traumatismo cerebral Uso concomitante de diversos medicamentos 4. História familiar de: Doença cerebral degenerativa ou hereditária Doença metabólica hereditária 5. Sintomas psiquiátricos: Alteração do nível de consciência Flutuação do estado mental e do nível de consciência ao longo do dia Alterações cognitivas Curso episódico, recorrente ou clínico Alucinações visuais, táteis ou olfativas Irritabilidade exacerbada, sem desencadeantes significativos Labilidade ou incontinência afetiva Alterações recentes e mudanças bruscas de traços de personalidade 6. Sinais físicos Sinais de disfunção orgânica que possa afetar o cérebro Deficit neurológico focal Convulsão Estupor, catatonia Disfunção subcortical difusa (lentificação da fala e da psicomotricidade, bradipsiquismo, ataxia, descoordenação, tremor, corea, asterixe, disartria). Disfunção cortical (afasia, disfasia, apraxias, agnosias, déficit visuespacial) Modificado de Rojo Rodes e Cardoner Álvares (1997). Distúrbios neurológicos, segundo tempo de evolução • • • • • • • • • • • • • • • • • Tempo de evolução Horas a dias Dias a semanas Semanas a meses Meses a anos Baseado em Mutarelli (1999). Doença provável Acidente vascular cerebral Encefalopatia tóxico-metabólica Hematoma subdural Meningite por fungos Neoplasias Doença de Creutzfeldt-Jakob Complexo demência- AIDS Encefalite límbica paraneoplásica Doença de Alzheimer Doença dos corpúsculos de Lewy Atrofia corticobasal Paralisia geral progressiva Corea de Huntington Demência vascular Hidrocefalia de pressão intermitente Método para avaliação de confusão • • • • • • • • • • • • • • • • Início súbito e flutuação do curso Há evidências de mudança súbita no estado mental do paciente. O comportamento do paciente tem flutuado durante as últimas 24 horas, ou seja, os sintomas parecem ir e vir ou aumentam e diminuem em intensidade Inatenção O paciente tem dificuldade para focar a atenção, por exemplo, parece se distrair com facilidade ou tem dificuldade para acompanhar o que lhe é dito. Pensamento desorganizado A fala do paciente parece desorganizada ou incoerente, irrelevante ou pouco clara, ilógica ou imprevisível quanto ao conteúdo da conversa. Alteração no nível de consciência De maneira geral, como você classificaria o nível de consciência do paciente? -alerta (normal) - vígil (hiperalerta) - letárgico (sonolento, mas pode ser facilmente acordado) -estuporoso (difícil de acordar) -comatoso (impossível de acordar) O diagnóstico de delirium requer a presença dos intens 1, 2 e 3 ou 4. Baseado em Inouye e colaboradores (1990). Agressividade _ Ato ou comportamento – Quadros heterogêneos – Etiologia: não há preditores específicos – Situação de urgência – Difícil diagnóstico inicial, muitas vezes difícil fazer anamnese – Necessita conduta rápida e precisa – Conseqüências podem ser graves Agressividade CONSEQÜENCIAS Ruptura da rotina da enfermaria Aumento dias de hospitalização Aumento dos custos Aumento no trabalho e desgaste da equipe Desmoralização física e psicológica dos membros da equipe Problemas com litígio Efeitos negativos (círculo vicioso) Estigmatização do paciente psiquiátrico Injúria física e moral do paciente, de outros pacientes e profissionais Maior risco de suicídio desses pacientes Fatores de risco para agitação psicomotora e comportamento violento • • • • • • • Ser indivíduo jovem e do sexo masculino Intoxicação por álcool Comportamento violento prévio Quadros psicóticos anteriores História anterior de automutilação História de condutas delinqüentes Pertencer a grupos minoritários. Agressividade COMPORTAMENTOS DE ALERTA Aumento de exigências Atitude de confronto Aumento do tom de voz, gritos, linguagem ameaçadora Comentários pejorativos Irritabilidade Postura de desconfiança e medo Sentimento contra-transferencial de medo do profissional de saúde Inquietação, permanecer de pé ou andando Desacato às orientações Impedir procedimentos Cuidados a serem tomados com paciente agitado ou violento • Avaliar o paciente na presença de membro da equipe de segurança do hospital. • Analisar previamente se é prudente estar só com o paciente na sala. • Manter a porta aberta durante a entrevista, de modo a facilitar o escape do médico ou do paciente. • Identificar-se claramente, dizendo nome e profissão, a fim de tranqüilizar o paciente de que se trata de profissional de saúde. • Evitar contato físico com o paciente, que poderá interpretar esse ato como ameaça ou assédio sexual, de acordo com seu estado psíquico. • Conter fisicamente o paciente quando necessário. • Prescrever medicação adequada. Procedimentos para restrição física do paciente violento Se a restrição física for necessária, determiná-la antes do exame do paciente. • Certificar-se, junto aos seguranças, de que o paciente não porta armas ou instrumentos que ofereçam risco a si e aos outros. • Ao decidir-se pela restrição física, levar o procedimento até o fim, independentemente dos protestos ou das promessas de bom comportamento do paciente. • Aproximar-se de um grupo grande de profissionais e auxiliares (6 a 8 pessoas), com o propósito de deixar claro para o paciente que seu esforço de evitar a restrição será inútil. • Durante a restrição, é recomendável que haja um grupo de profissionais especializados nesse tipo de procedimento: um para cada extremidade e outro para tórax e cabeça. Um outro profissional deverá proceder à aplicação das ataduras. • Certificar-se de que a restrição de cada extremidade não prejudique a perfusão sanguínea ou cause algum tipo de lesão. • Realizar exame físico e neurológico quando possível. Avaliar sinais vitais. Se possível, efetuar exame psíquico. • Não remover as restrições até certificar-se de que não há mais risco de comportamento violento. Procedimentos para restrição física do paciente violento • A remoção das ataduras deverá seguir em esquema gradativo: • • • • a) tórax; b) um membro inferior; c) o outro membro inferior; d) ambos os membros superiores. • Entre uma remoção e outra, aguardar determinado período de tempo para certificar-se de que o paciente não oferece mais riscos. Avaliar a presença de intoxicação ou condição clínica que, possivelmente, tenha desencadeado o episódio violento. Descrever detalhadamente, no prontuário, a avaliação médica, os procedimentos adotados e a evolução do paciente. Reavaliar periodicamente os sinais vitais e as condições de perfusão dos membros sob restrição. Observar possíveis mudanças do estado mental ou da condição clínica geral. • • • • Avaliação • História objetiva História subjetiva com acompanhantes ou membros da equipe Exame físico Exame neurológico Exame psíquico Exames laboratoriais, de imagem, EEG Definição da condição clínica, psiquiátrica e neurológica • CUIDADOS Avaliação rápida da circunstâncias Avaliar paciente na presença de segurança ou outros profissionais Manter porta aberta: facilitar escape do profissional ou paciente Evitar contato físico Contenção do paciente quando necessário: menor tempo possível, cuidado com perfusão sanguínea, remover gradativamente Prescrever medicação adequada Não descuidar do tratamento clínico geral Aumento do risco de suicídio Procurar fatores associados e intervir Tratamento Intervenção precoce e rápida Procurar manter relação positiva Falar de modo gentil e seguro, mantendo contato visual Evitar confrontações Explicar procedimentos Atitude esclarecedora, elucidativa e educativa com equipe Estabelecer limites Não dar privilégios , não ceder a exigências despropositadas: mudanças na medicação, alta, transferências Acompanhar e ajudar nos conflitos e dificuldades dos membros da equipe Ansiedade • A maior parte da ansiedade que ocorre no contexto hospitalar é fisiológica; • Muitas vezes se resolve apenas com a adaptação do paciente ou remoção do estressor; • Ansiedade de adaptação – quadro agudo, dura de dias a semanas, devendo-se ficar atento se os sintomas persistem por mais de um mês. Ansiedade como patologia • Transtorno do Pânico; • T. ansiedade generalizada; • Reação aguda ao estresse; • Transtorno de estresse pós-traumático • TRATAMENTO – Apoio – Psicoterapia focal – Medidas ambientais – Psicofármacos Insônia • Distúrbio de ajustamento do sono; • Insônia psicofisiológica; • Etiologia: – medicamentos, condições médicas, crônica, transtornos psiquiátricos; dor – Transtornos intrínsecos do sono – apnéia do sono, narcolepsia (cataplexia, aluc. sonolência diurna), insônia crônica. Insônia • Tratamento: – Tratar causa base; – Uso de hipnóticos – curta duração (máx. 2 semanas); – Higiene do sono – Estratégias comportamentais. Higiene do sono • Manter horários regulares para dormir e acordar. Mudanças de hábitos, como nos finais de semana, podem atrapalhar o sono. – Dormir somente o necessário. Não manter- se acordado e deitado por muito tempo na cama. – O quarto de dormir não deve ser utilizado para trabalhar, estudar ou comer. – Evitar ler e assistir à televisão antes de dormir. – Não cochilar durante o dia; entretanto, sestas habituais não atrapalham o sono. – Exercícios físicos no máximo, de seis a quatro horas antes de ir para a cama. – Procurar relaxar o corpo e a mente de sessenta a noventa minutos antes de ir para a cama. Nunca tentar resolver problemas antes de dormir. – Não tomar café, chá preto, chocolate ou qualquer bebida estimulante após as 17 horas. – Bebidas alcoólicas, perturbam a qualidade do sono. – Não fumar antes de dormir pois a nicotina favorece a insônia e um sono não reparador. – Procurar fazer refeições mais leves. – Calor e frio excessivos alteram bastante o sono, portanto tentar manter o quarto com temperatura agradável. – Ruídos podem ser a causa de um sono ruim. Roteiro de avaliação do paciente com problemas relacionado ao álcool e/ ou drogas. • • • • • • • • • • • • • • Uso de álcool e/ou drogas Perguntas de screening para álcool e drogas (como é o seu uso de bebidas alcoólicas; dias da semana em que usa, quando usa, se já teve sintomas de abstinência –tremores pela manhã, delirium tremens, etc. Já usou maconha ou cocaína alguma vez na vida? E no último ano/mês/semana?). Datas da primeira vez que usou, do uso regular, do uso exagerado, do maior período de sobriedade. Revisão de sintomas relacionados ao abuso de substâncias químicas, para todos os tipos de substâncias que o indivíduo já utilizou. Em relação as drogas que vem utilizando ultimamente, averiguar: Quantidade, freqüência, vias de administração, padrão de uso, circunstância de uso, reações ao uso. Histórico História de tratamentos passados para abuso e dependência de drogas, respostas aos tratamentos. História médica de condições relacionadas ao uso/abuso/dependência de álcool/drogas, história de uso de medicações. Testagem para HIV e sífilis. História familiar, incluindo a história de abuso de substâncias. Avaliação psicológica e sociocultural Avaliação do padrão de relações interpessoais, relações objetais, dinâmica familiar, verificando como o uso/abuso/dependência de álcool ou drogas interfere nesse padrão. Avaliação da rede de contatos sociais, do “subgrupo” cultural ao qual o paciente pertence, dos valores (ethos) do grupo, da percepção cultural do uso de álcool/drogas. História legal (brigas, roubos, problemas com a polícia, processos, prisões, crimes cometidos, etc...). Antes de observar os possiveis erros ou defeitos do outro, vale mais procurar-lhe as qualidades e dotes superiores para estimula-lo ao desenvolvimento justo. Referencia Bibliografica • 1) Pratica psiquiatrica no hospital geral : interconsulta e emergencia / Neury José Botega …[et al.]. – 2. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2006. • 2) Luiz, André (Espirito) Despertar / Aprenda a ser feliz com o espirito Andre Luiz / psicografia do medium Francisco Candido Xavier. – Sao Paulo : Butterfly, 2002. Obrigado e-mail- [email protected] Tel. (48) 3646-1237/3646-0522