UNIVERSIDADE DE COIMBRA Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação INTRODUÇÃO ÀS CIÊNCIAS SOCIAIS Docente: Prof. Doutor José Manuel Canavarro SOCIOLOGIA RADICAL C. Wright Mills (1916-1962) - White Collar (1951) - The Power Elite (1956) - Character and Social Structure (1953), em co-autoria com Hans Gerth - Listen Yankee: The Revolution in Cuba (1960) - The Marxists (1962) SOCIOLOGIA RADICAL As ideias de Mills foram, mesmo no contexto da própria disciplina, objecto de críticas severas e duma clara marginalização. A estas, o autor respondeu com a publicação de Sociological Imagination (1959), uma obra de referência na qual faz uma crítica feroz ao funcionalismo estrutural. Nessa obra, Mills faz a distinção teórica entre assuntos pessoais e assuntos públicos e refere a ligação entre os dois como um focus da Sociologia, questão que se tornou premente para esta disciplina. TEORIA DO CONFLITO Um outro percursor duma ligação do Marxismo à teoria Sociológica foi a Teoria do Conflito que surge como alternativa ao Funcionalismo Estrutural. Lewis Coser, Randal Collins e Ralf Dahrendorf foram alguns dos sociólogos que desenvolveram esforços para integrar o interesse pelo conflito social numa análise das estruturas. Em qualquer um destes casos, segundo Ritzer (1996), os autores “pecaram” por uma deficiente análise do conflito junto dos actores sociais, sobre os seus pensamentos e acções, concentrando o conflito e a tensão nas peças dos sistema social ou nas estruturas. TEORIA DA TROCA (SOCIAL) DE HOMANS Homans pretendia afastar-se das ênfases cultural e estrutural da teoria de Parsons e queria concentrar a sua atenção nas pessoas e no respectivo comportamento. Para o efeito, baseou-se nas teses de B. F. Skinner, um importante psicólogo behaviorista e publicou, em 1958, um artigo intitulado Social Behavior as Exchange e, posteriormente, em 1961, um livro Social Behavior: Its Elementary Forms. Segundo Homans, a Sociologia deve estudar o comportamento individual e a interacção e deve remeter para um plano secundário o estudo de estruturas e de instituições. O comportamento humano teria uma determinante social imposta pela troca de recompensas e punições que se estabelece entre as pessoas e a premissa é de que a interacção é provável que continue quando existe troca de recompensas. TEORIA DA TROCA (SOCIAL) DE HOMANS Peter Blau, publicou Exchange and Power in Social Life e procurou, dentro desta perspectiva teórica, integrar a troca aos níveis estrutural e cultural, iniciando pela troca entre actores mas chegando à troca entre estruturas que emergem da troca entre actores. A Teoria da Troca tem alguma repercussão na actualidade, destacando-se os trabalhos de Richard Emerson (1981) e o esforço deste autor por desenvolver uma abordagem integradora micro-macro da perspectiva teórica da troca. A ANÁLISE DRAMATÚRGICA Erving Goffman (1922-1982) é considerado o último expoente da Escola de Chicago. Goffman obteve o seu Doutoramento na Universidade de Chicago mas trabalhou na Universidade de Berkeley e o seu trabalho foi de molde a marcar o seu nome como um dos principais sociólogos contemporâneos. Entre as décadas de 50 e de 70, Goffman publicou um conjunto de artigos e de livros que deram corpo à análise dramaturgica como variante do interaccionismo simbólico. O livro Presentation of Self in Everyday Life (1959) apresenta as ideias de Goffman e as similitudes que o autor descortina entre as práticas de encenação e de representação teatral e o conjunto de “actos” que levamos a cabo nas nossas interacções quotidianas, indo mesmo muito longe na analogia entre o teatro e a vida quotidiana (as noções de front region e back region são, por analogia, o palco e os bastidores teatrais). A ANÁLISE DRAMATÚRGICA Para Manning (1992), o trabalho de Goffman é claramente consistente com as suas raízes simbólico-interaccionistas, tendo o autor ido mais além ao aplicar a metáfora teatral aos processos sociais de pequena escala e pode considerar-se Goffman, segundo também Randall Cllins, como o “micro-sociólogo” mais proeminente da actualidade. No plano metodológico, a análise dramatúrgica tem sido aplicada em diversas pesquisas empíricas, sendo esta mais uma potencialidade da teoria. No entanto, Ritzer (1996) refere algumas críticas: esoterismo; pouca abrangência (muito micro). O DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA DA VIDA QUOTIDIANA Década de 60 e 70 A Sociologia Fenomenológica de Alfred Schutz foi marcante no desenvolvimento das correntes fenomenológica e etno-metodológica nos EUA. Schutz tomou como base teórica a filosofia fenomenológica de E. Husserl e preocupou-se em estudar os processos segundo os quais os indivíduos se apercebiam da consciência dos outros a partir da sua própria consciência e em utilizar a esta intersubjectividade para compreender o mundo social. O DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA DA VIDA QUOTIDIANA A maior parte do trabalho de Schutz concentrou-se numa fatia do mundo social – o mundo da vida quotidiana. Este seria um mundo intersubjectivo no qual as pessoas criam a realidade social e são simultaneamente constrangidas pelas estruturas sociais e culturais criadas pelos seus predecessores. Schutz distinguia dois tipos de relações quotidianas: as próximas ou íntimas; as mais distantes e impessoais. Considera as primeiras como muito importantes mas as segundas como mais fáceis de estudar pelos sociólogos, uma vez que as primeiras implicam grandes riscos de subjectividade. O DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA DA VIDA QUOTIDIANA No contexto das Sociologias da Vida Quotidiana, faz sentido mencionar a ETNOMETODOLOGIA – o estudo do corpo de senso-comum e conhecimento partilhado e o conjunto de procedimentos e métodos pelos quais o membro duma sociedade atribui sentido e se comporta nas condições sociais em que se encontra. Mais que se concentrarem naquilo que a pessoas pensa, o que importa é aquilo que o sujeito faz no dia a dia - Garfinkel. Outras teorias importantes [e a estudar]: • Teoria Feminista • Pós-Estruturalismo [Foucault] • Integração Micro-Macro [Ritzer] • Integração Estrutura-Acção [Giddens; Archer; Bourdieu; Habermas]