INTRODUÇÃO Conceito básico: Testes Psicológicos objetivam medir diferenças entre indivíduos, ou diferenças entre o mesmo indivíduo em diferentes ocasiões. Primeiro interesse em avaliar: Identificação dos deficientes mentais, em decorrência de dificuldades acadêmicas. Principais usos dos testes: Clínica (avaliação, acompanhamento, resultado terapia) Educação (e suas influências) Recursos Humanos (seleção, promoção, desligamento) Aconselhamento psicológico ou profissional Pesquisa em geral Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP INTRODUÇÃO Os muitos e diferentes usos dos testes psicológicos mostram que o seu conhecimento, embora incompleto, é necessário para a compreensão adequada de quase todos os campos da psicologia. Aplicação de testes é atribuição específica do psicólogo – a única, posto que outros profissionais podem atuar em psicoterapia, por exemplo. Portanto, o estudante de Psicologia deve ser conhecedor do assunto, de forma a defender de maneira clara sua posição pessoal quanto à aplicabilidade / validade – ou não – dos mesmos. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP ORIGEM Origem dos testes se perde na antiguidade. Eram utilizados para aferir o domínio de habilidades tanto físicas como de inteligência. Dubois (1966): Império chinês: sistema de exames para o serviço civil durante cerca de três mil anos. Grécia antiga: testes auxiliavam processo educacional. • Sócrates: ensinamentos e testes entremeados. Idade Média: exames formais para conferir títulos e honrarias nas universidades européias. Os principais desenvolvimentos que culminaram nos testes contemporâneos ocorrem no século XIX. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP HISTÓRICO Surgimento de instituições especializadas no tratamento e educação dos débeis mentais (Europa e EUA) gerou a necessidade de um critério uniforme para identificação e classificação destes casos, como padrão de admissão. Grande interesse pela diferenciação dos “débeis” e dos “doentes” mentais. Acreditava-se que: Débeis mentais: deficiência intelectual existente desde o nascimento ou a primeira infância. Doentes mentais: perturbações emocionais poderiam ou não ser acompanhadas por degeneração do nível intelectual, inicialmente normal. A preocupação destes psicólogos experimentais era de obter descrições generalizadas do comportamento humano e, assim, surgiu a importante padronização na aplicação dos testes psicológicos (Wundt, 1879). Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP INTELIGÊNCIA: ESQUIROL e SEGUIN Esquirol (1838): primeiro a escrever sobre debilidade mental e seus graus. Concluiu que o critério mais seguro de determinação do nível intelectual seria apresentado pelo uso da linguagem. De fato, as aptidões verbais desempenham um importante papel na eficiência intelectual, mas esta também compreende as aptidões não verbais. Seguin (1866): médico francês pioneiro na educação dos débeis mentais, rejeitou a noção de “incurabilidade” e treinava capacidades não verbais. Criou o “método fisiológico”: exercícios intensivos de discriminação sensorial e de desenvolvimento do controle motor (atualmente utilizados em instituições especializadas). Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP INTELIGÊNCIA: FRANCIS GALTON Biólogo francês (1822-1911) interessado na hereditariedade humana, media as características de pessoas afins e não afins, de modo a descobrir, por exemplo, o grau exato de semelhança – e portanto, de diferença - entre pais e filhos, irmãos e irmãs, primos ou gêmeos. Laboratório antropométrico (seis anos de informações): medição de certos traços físicos e testes de acuidade visual e auditiva, força muscular, tempo de reação e outras funções sensório-motoras simples. Através destes métodos acumulou-se, gradualmente, o primeiro grande conjunto sistemático de dados sobre diferenças individuais em processos psicológicos simples. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP INTELIGÊNCIA: FRANCIS GALTON Para ele, testes de discriminação sensorial serviam para aferição do intelecto: “a única informação que nos atinge, vinda dos acontecimentos externos, passa, aparentemente, pelo caminho de nossos sentidos; quanto maior o discernimento que os sentidos tenham da diferença, maior o campo em que podem agir nosso julgamento e nossa inteligência” (1883). Foi pioneiro nos métodos de escala de avaliação e de questionário e de métodos estatísticos para análise de dados sobre diferenças individuais, através da seleção e adaptação de certo número de técnicas deduzidas pelos matemáticos. Seus achados propiciavam o uso das técnicas matemáticas por pessoas sem treinamento e que desejassem tratar, quantitativamente, os resultados. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP INTELIGÊNCIA: CATTELL Psicólogo americano, ocupa posição proeminente no desenvolvimento da aplicação de testes psicológicos. Primeiro a utilizar a expressão “teste mental” em um artigo escrito em 1890, relatando a experiência com testes para aferir o nível intelectual de universitários: força muscular, velocidade de movimento, sensibilidade à dor, acuidade visual e auditiva, discriminação de peso, tempo de reação e outros. Outros pesquisadores: funções mais complexas: Kraepelin (1895): memória, fadiga e distração Oehrn (1889): percepção, memória, funções motoras Ebbinghaus (1897): aritmética, completar sentenças Binet e Henri (1895): memória, imaginação, atenção, compreensão Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP INTELIGÊNCIA: ALFRED BINET Psicólogo francês (1857-1911), aplicou com sucesso a idéia de Galton em medir habilidades intelectuais. Verificou que, na mensuração de funções psicológicas mais complexas, não seria necessária grande precisão, posto que as diferenças individuais são maiores em tais funções. Governo Francês (1904): nomeia comissão para estudar processos de educação para crianças subnormais. Binet e Theodore Simon desenvolvem um teste objetivo para identificar crianças com possibilidade de enfrentar dificuldades nos cursos normais: Escala Binet-Simon (1905: 1ª. edição, 1908: 2ª. ed., 1911: 3ª. ed.). Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP INTELIGÊNCIA: ESCALA BINET-SIMON Pressupostos teóricos: A aptidão mental é uma capacidade geral que se manifesta de várias maneiras. Todas as crianças seguem o mesmo curso de desenvolvimento intelectual, mas com variações individuais e em diferentes idades. Construção do Teste: composto de questões variadas de solução de problemas, com ênfase no julgamento, compreensão e raciocínio. Itens do teste: organizados em ordem crescente de dificuldade (dado empírico: aplicação do teste a 50 crianças normais de 3 a 11 anos). O resultado de acertos indica a idade mental. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP INTELIGÊNCIA: ESCALA STANFORD-BINET Em 1916, Terman, psicólogo da Universidade de Stanford, prepara uma revisão da Escala Binet-Simon, conhecida como Escala Stanford-Binet. Surge o conceito de Q.I., ou relação entre a idade mental (IM) e a idade cronológica (IC): Q.I. = IM x 100 * IC * Multiplica-se por 100 a fim de evitar trabalhar com casa decimais. Desempenho médio: quando IM e IC iguais: Q.I. = 100. Só por este cálculo, porém, o Q.I. diminuía com a idade. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP INTELIGÊNCIA: DAVID WECHSLER David Wechsler (1896-1981) resolveu o problema, desenvolvendo um método que se baseava numa escala que envolvia a distribuição normal, ou seja, um Q.I. padronizado através de cálculos de percentis distribuídos em uma curva normal (Curva de Gauss). Por exemplo: uma criança situada no percentil 50 possui Q.I. = 100, pois ela está abaixo de 50% da população e acima de 50% (desempenho médio). Segue-se o raciocínio e, conforme a quantidade de desvios padrão acima ou abaixo da média, temos a posição do sujeito. Quando a criança se tornar adolescente ou entrar na fase adulta provavelmente permanecerá dentro do mesmo percentil. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP INTELIGÊNCIA: ESCALAS WECHSLER Escalas Wechsler (WPPSI, WISC e WAIS): são instrumentos que contribuem para a compreensão das capacidades cognitivas e que possibilitam investigar o potencial intelectual, indicando também o quociente de inteligência (Q.I.), aplicado complementarmente a outras técnicas, inclusive à entrevista psicológica. Q.I.: “uma estimativa do nível atual de funcionamento, enquanto este é medido pelas várias tarefas requeridas em um teste” (Groth-Marnat, 1999). O Q.I. pode nos “fornecer subsídios quanto ao possível desempenho na escola ou no trabalho, ou pode fundamentar, até certo ponto, o prognóstico do aproveitamento escolar, sempre num sentido extremamente probabilístico” (Cunha et al, 2000). Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP INTELIGÊNCIA: TESTES COLETIVOS Também criados para satisfazer uma necessidade prática urgente, a Primeira Grande Guerra (1917): comissão dirigida por Robert M. Yerkes. Testes para rápida classificação da inteligência de grandes grupos (1 milhão e 700 mil recrutas). Utilização de materiais de testes disponíveis e um teste coletivo de inteligência ainda inédito. Nessa época, foram criados: Army Alpha: escala verbal e não-verbal. Army Beta: escala não-verbal, empregada em analfabetos e recrutas estrangeiros. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP GERAL: TESTES COLETIVOS Os testes coletivos passaram a ser criados e utilizados em massa, mas sua estrutura envolve simplificação de instruções e dos processos de aplicação, formando instrumentos grosseiros. Como resultado da expansão na criação dos testes (1920-1930), tivemos: USO INDISCRIMINADO DOS TESTES, COM CONSEQÜENTES CETICISMO E HOSTILIDADE CONTRA TODOS OS TESTES Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP TESTES DE APTIDÕES Muitos dos testes criados originalmente para avaliação da inteligência são, na verdade, testes que avaliam apenas aspectos parciais da inteligência. Muitos deles hoje seriam considerados como “testes de aptidão escolar”, pois envolvem habilidades exigidas no trabalho acadêmico. Foram criados principalmente para uso no aconselhamento profissional e na seleção e classificação de pessoal militar e civil: testes de aptidão mecânica, para escritório, musicais e artísticas, p.ex. Apenas em 1945 surgiram baterias de aptidões múltiplas (II Grande Guerra), mas os resultados destas baterias também são apresentados separadamente por aptidões. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP TESTES DE PERSONALIDADE Enfoque nos aspectos afetivos ou não-intelectuais do comportamento. Ainda que tanto os traços intelectuais ou não-intelectuais possam ser incluídos sob o título ‘Personalidade’, convencionou-se designar deste modo as medidas de características como ajustamento emocional, relações sociais, motivação, interesse e atitudes, em contraponto às capacidades intelectuais e cognitivas. Kraepelin (1892): psiquiatra precursor dos testes de personalidade, criou o teste de associação de palavras para sujeitos anormais (ao ouvir palavras estimulantes, deve-se responder com a primeira palavra que ocorrer). Galton, Pearson e Cattell: cada qual desenvolveu questionários padronizados e técnicas de escalas de avaliação. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP PERSONALIDADE: INVENTÁRIOS DE AUTODESCRIÇÃO Também durante a I Grande Guerra, foi criada a Folha de Dados Pessoais de Woodworth. Recurso grosseiro de seleção, consistia de certo número de questões que o sujeito deveria responder e pretendia identificar casos severos de neuroses, através de questões referentes a sintomas comuns dessa patologia. Foi o protótipo de questionário de personalidade. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP PERSONALIDADE: TESTES SITUACIONAIS OU DE REALIZAÇÃO Testes nos quais o sujeito deve realizar uma tarefa, cujo objetivo é geralmente disfarçado. A maioria dos testes de realização imitava, estritamente, situações da vida diária. Como estes testes referiam-se a comportamentos sutis e complexos, a interpretação das respostas do sujeito era relativamente subjetiva. Atualmente, vemos sua aplicabilidade em técnicas de dinâmica de grupo, mas sem validade de teste (do tipo de resultados quantitativos). Psicometria: Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP PERSONALIDADE: TÉCNICAS PROJETIVAS Apresentaram desenvolvimento extraordinário, sobretudo entre clínicos. Desde 1950 vêm sendo pesquisados aperfeiçoamentos técnicos e medidas de validação sob a luz da “nova ciência”. Esta dificuldade é diretamente proporcional ao objeto de estudo: A PERSONALIDADE. Consiste de tarefa relativamente “não estruturada”, que permite grande amplitude em suas soluções. Para tanto, são dadas instruções breves e gerais: o sujeito tem liberdade de tempo, de resposta e de expressão. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP PERSONALIDADE: TÉCNICAS PROJETIVAS Quanto menos estruturado for o teste, mais sensível ele será a esse material encoberto. Isso decorre da suposição de que quanto menos estruturado ou mais ambíguo for o estímulo, menos provável que evoque reações defensivas por parte do examinando. Este procedimento reduz a possibilidade do sujeito apresentar, deliberadamente, uma impressão desejada. Espera-se que os materiais dos testes sirvam como uma espécie de tela, na qual o indivíduo projeta seus processos de pensamento, suas necessidades, suas ansiedades e seus conflitos: portanto as características de sua personalidade. Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP PERSONALIDADE: TÉCNICAS PROJETIVAS As técnicas projetivas também se caracterizam por uma abordagem global da personalidade. A atenção das técnicas centra-se na personalidade como um todo e não na mensuração de traços separados do indivíduo. Exemplos: Interpretação de manchas de tinta (Rorschach, Zulliger) Interpretação de figuras (CAT, T.A.T., T.R.O.) Técnicas gráficas (Desenho Livre, HTP, Família, História) Teste de Imaginação (Questionário Desiderativo) Organização de brinquedos para formar cena (Sceno Test) Disposição de fotografias (Szondi Test) Teste de completar sentenças (Bohoslawski) Teste de associação livre (Kraepelin) / de palavras (Jung) Introdução: Profa. Maria Inês Falcão - UNIP