Gestão Financeira de Empresas TRABALHO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL TEMA: RESPONSABILIDADE SOCIAL ISO NBR 16000 Claudete Sécolo - RA 405737-6 Michele Viviane Santos - RA 587234-0 João Rodrigo de Lima - RA 399251-9 Paula Toledo - RA 405653-1 Cléber Bento - RA 405561-6 Aratã Amá - RA 175640-0 Marli de Azevedo - RA 405606-0 São Paulo 2008 RESUMO Responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que as organizações devem ter para com a sociedade, por meio de atitudes que a afetem positivamente, de modo abrangente, ou a alguma comunidade de modo específico,atuando de forma pró-ativa e coerente no que tange a seu papel específico na sociedade,além de prestar contas para com ela. Além das obrigações estabelecidas por lei, as organizações nesse sentido também assumem as obrigações morais, mesmo que não diretamente vinculadas a suas atividades, mas para que possa contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Desse modo, com uma visão ampla, responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. O interesse da sociedade brasileira em conhecer as motivações e as conseqüências do crescente envolvimento das empresas privadas na área social vem aumentando. A questão da responsabilidade social é um tema cada vez mais abordado e aplicado nas organizações, sendo utilizado na gestão estratégica por causa da competitividade acirrada no mercado atual. A Norma Nacional – ABNT/NBR 16001:2004 Histórico da NBR 16001 A ISO - International Organization for Standardization, a partir de 2001, iniciou um processo de avaliação da viabilidade de elaboração de uma norma referente ao tema Responsabilidade Social. Diante deste cenário, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – a ABNT - decidiu, em dezembro de 2002, constituir uma comissão, formada por representantes do governo, setor produtivo, organizações não governamentais, entidades de classe e academia, para elaborar uma norma nacional de Responsabilidade Social. A norma brasileira, a NBR 16.001, foi concluída em dezembro de 2004. Podemos dizer que o maior objetivo da norma está em Influenciar boas práticas em todas as partes interessadas à organização, principalmente clientes e fornecedores. Vimos claramente esta exigência nos requisito 3.4.2 Comunicação - quando a norma prevê a implementação e manutenção de procedimentos para o recebimento, documentação e resposta às comunicações pertinentes das partes interessadas externas. Um dos grandes diferenciais positivos da ABNT NBR 16001:2004 está no item planejamento, que contraditoriamente pode ser considerado o ponto mais crítico da norma. No item 3.3.3, a norma menciona, de modo superficial, os objetivos, metas e programas que a organização deve contemplar na área de responsabilidade social, ressaltando que estes devem ser documentados, implementados e mantidos, tanto na organização, quanto em relação às partes interessadas. A ABNT NBR 16001 estabelece requisitos mínimos relativos a um sistema de gestão da Responsabilidade Social, permitindo à organização formular e implementar uma política e objetivos que levem em conta as exigências legais, seus compromissos éticos e sua preocupação com a promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável, além da transparência das suas atividades. Segundo Ursine & Sekiguchi (2005), os pontos mais relevantes desta norma são: - Aplicabilidade a organizações de todos os tipos e portes. Embora o público usual de normas de sistemas de gestão sejam as grandes corporações, esta norma foi redigida de forma a aplicar-se também às pequenas e médias empresas, de qualquer setor, bem como às demais organizações públicas ou do terceiro setor que tiverem interesse em aplicá-la; Desta forma, um sistema de gestão da responsabilidade social eficaz baseado na 16001, depende do nível de conhecimento dos gestores e auditores envolvidos no processo de implantação, implementação e manutenção deste sistema de gestão. Embora ainda haja uma certa dificuldade na busca por profissionais qualificados para implementação deste SGRS, há um grande potencial de adesão por parte das organizações, visto o respeito pela cultura brasileira e melhores custos de implantação em comparação com a Norma SA 8000. - Entendimento amplo do tema “Responsabilidade Social”. Esta norma incorporou o conceito mais amplo de Responsabilidade Social, ao aproximá-lo do desenvolvimento sustentável e incluir em seu cerne o engajamento e a visão das partes interessadas; - Necessidade de comprometimento dos funcionários e dirigentes de todos os níveis e funções. Em diversos pontos da norma ressalta-se a necessidade de comprometimento dos dirigentes e funcionários de todos os níveis e funções, em especial os da alta direção, uma vez que se trata de um tema transversal; - Necessidade de uma política da Responsabilidade social e o desenvolvimento de programas com objetivos e metas. A norma prescreve que a alta administração deve definir a política de Responsabilidade Social, “consultando as partes interessadas” e assegurando, dentre outros tópicos, que a mesma “inclua o comprometimento com a promoção da ética e do desenvolvimento sustentável”. Na etapa de planejamento, a organização deverá estabelecer, implementar e manter objetivos e metas da Responsabilidade Social, com o envolvimento de funções e níveis relevantes dentro da organização e demais partes interessadas. Os programas (com objetivos e metas) deverão contemplar onze temas da Responsabilidade Social. São eles? • boas práticas de governança; • combate à pirataria, sonegação, fraude e corrupção; • práticas leais de concorrência; • direitos da criança e do adolescente, incluindo o combate ao trabalho infantil; • direitos do trabalhador, incluindo o de livre associação, de negociação, a remuneração justa e benefícios básicos, bem como o combate ao trabalho forçado; • promoção da diversidade e combate à discriminação gênero, de raça/etnia, idade, pessoa com eficiência); • compromisso com o desenvolvimento profissional; (por exemplo: cultural, de • promoção da saúde e segurança; • promoção de padrões sustentáveis de desenvolvimento, produção, distribuição e consumo, contemplando fornecedores, prestadores de serviço, entre outros; • proteção ao meio ambiente e aos direitos das gerações futuras; • ações sociais de interesse público. Temos visto no mercado uma certa especulação e preocupação infundada sobre a “substituição” da ABNT NBR 16001:2004 pela norma 26000 da série ISO, prevista para 2009. Ressalte-se que esta norma será uma norma de boas práticas em gestão da responsabilidade social e não uma norma de requisitos prevendo a certificação de uma organização, ou seja, a existência de uma não anula a outra. Em janeiro de 2006, o Inmetro, finalizou os critérios de avaliação da conformidade para as organizações que desejarem implementar um sistema de gestão conforme a NBR 16.001 – iniciativa inédita no mundo, uma vez que o Inmetro foi o primeiro órgão governamental a assumir a coordenação de um programa de avaliação da conformidade baseado em uma norma de gestão da Responsabilidade Social. Com o objetivo de estabelecer a qualificação necessária aos auditores, a ABNT desenvolveu também a NBR 16002 - Responsabilidade Social - Sistema de Gestão - Qualificação de Auditores, que fornece orientações aplicáveis para a competência dos auditores envolvidos na avaliação do sistema de gestão preconizado pela NBR 16001. A NBR 16002 foi concluída em novembro de 2005. A ABNT também está concluindo a elaboração da NBR 16003 - Responsabilidade Social – Auditorias de Sistema de Gestão , que fornecerá orientações para a condução das auditorias especificadas pelo sistema de gestão da NBR 16001. Conclusão A ABNT NBR 16001:2004 surge no cenário nacional imbuída do desafio de ser a mais importante ferramenta de auxílio a sistematização da gestão da responsabilidade social no Brasil, o que torna a iniciativa da sociedade civil organizada, de elaborá-la, um marco histórico no alinhamento do discurso e práticas corporativas à tendência mundial do desenvolvimento a partir dos postulados da ética e da sustentabilidade. Ao analisar, no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, as peculiaridades da certificação de sistema da gestão da responsabilidade social, conforme a ABNT NBR 16001:2004, constatou-se obstáculos potenciais à auditoria de certificação, considerando a subjetividade de seus requisitos e a dificuldade de quantificar objetivos, metas e programas, de acordo com as temáticas propostas. Nesse sentido, e com a finalidade de minimizar discussões indesejáveis num processo de concessão da certificação e maximizar a harmonização dos critérios de auditoria, propõe-se para trabalhos futuros, a elaboração de um conjunto de orientações (diretrizes) sobre as temáticas propostas no item 3.3.3 de modo a auxiliar a interpretação de auditores, bem como das organizações que postulam a certificação. Bom seria se cada temática fosse subdividida em ações de responsabilidade social, obviamente sem a pretensão de esgotá-las. Isso facilitaria o processo de implementação da norma e a auditoria externa. Outra conclusão relevante é que os conhecimentos, habilidades e atitudes dos membros da equipe auditora (auditor-líder, auditores e especialistas) dos Organismos Certificadores devem ser complementares de modo a assegurar a consistência, coerência e boa condução dos trabalhos de avaliação da conformidade. A competência global da equipe deve ser tal, que permeie, dentre outras áreas, a sociologia, o direito, a educação e a administração. A percepção apurada de uma equipe auditora de SGRS pode contribuir para inibir que organizações descomprometidas se apropriem do discurso da responsabilidade social de modo a se promoverem em cima de iniciativas muito limitadas ou pouco transparentes e efetivas para as partes interessadas. .