II FÓRUM DO COMITE RIO DO PEIXE: Tema: Esgotamento Sanitário Impactos ambientais negativos relativos a falta de sistemas de esgotamento sanitário e impactos positivos devido a implantação de sistemas de esgotamento Alessandra Pellizzaro Bento CONSIDERAÇÕES INICIAIS RDH (2006) - PNUD A falta de acesso a água e saneamento mata uma criança a cada 19 segundos, em decorrência de diarréia, afirma o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2006, publicado pelo PNUD; CONSIDERAÇÕES INICIAIS RDH (2006) - PNUD Há 1,1 bilhão de pessoas sem acesso a água limpa, e que, dessas, quase duas em cada três vivem com menos de dois dólares por dia; Cerca de 2,6 bilhões de habitantes moram em domicílio sem esgoto, dos quais 660 milhões sobrevivem com menos de dois dólares por dia. CONSIDERAÇÕES INICIAIS RDH (2006) - PNUD Registrados anualmente 5 bilhões de casos de diarréia nos países em desenvolvimento em decorrência da ausência de saneamento básico; Anualmente, as doenças de veiculação hídrica, matam 1,8 milhão de crianças menores de 5 anos — 4.900 por dia. É a segunda principal causa de morte na infância, só atrás de infecções respiratórias. Ainda que possa ser evitada com medidas simples, a diarréia mata mais do que tuberculose e malária, seis vezes mais que os conflitos armados e, entre as crianças, cinco vezes mais que a Aids. CONSIDERAÇÕES INICIAIS RDH (2006) - PNUD “Água limpa e saneamento estão entre os mais eficientes remédios preventivos para reduzir a mortalidade infantil” Países desenvolvidos: a morte de crianças de menos de 5 anos representa menos de 1% dos óbitos nessas regiões. No mundo, representa 20%. Na África e no sul da Ásia, 33%. O QUE É ESGOTO SANITÁRIO, ÁGUA RESIDUÁRIA HUMANA OU ESGOTO DOMÉSTICO? Conceitos Esgoto ou Água residuária: é o termo usado para caracterizar os despejos provenientes dos diversos usos das águas, tais como doméstico, comercial, industrial, agrícola, estabelecimentos públicos, etc. Esgotos sanitários: são os despejos líquidos de residências e prédios, podendo-se incluir quantidades menores de águas de chuva, de superfícies e de lençóis subterrâneos, que não são admitidas intencionalmente, bem como quantidades inexpressivas de despejos industriais (ABNT, 1975). Composição dos esgotos Água Sabão Partículas de alimentos Fezes Urina Microrganismos Papel Plásticos Pó Areia Madeira Compostos orgânicos e inorgânicos solúveis, colóides, etc. Composição dos esgotos A principal causa da poluição em águas naturais refere-se a matéria orgânica presente nos esgotos lançados, sem tratamento, nos corpos hídricos. Substâncias domésticos: orgânicas presentes nos esgotos - proteínas: cerca de 40%; - carboidratos: 25 a 50%; - gordura e óleos: aproximadamente 10%; - uréia, surfactantes, fenóis, pesticidas e outros. Substâncias orgânicas dos esgotos são mensuradas em termos de Demanda Bioquímica de Oxigênio - DBO e Demanda Química de Oxigênio - DQO Impactos pela ausência de sistemas de esgotamento sanitário Contaminação biológica e química das águas superficiais, subterrâneas: Problemas de saúde pública Eutrofização Eusaprobicidade Assoreamento PROBLEMAS DE SAÚDE PÚBLICA RELACIONADOS A AUSÊNCIA DE SISTEMAS DE ESGOTOS PROBLEMAS DE SAÚDE PÚBLICA RELACIONADOS A AUSÊNCIA DE SISTEMAS DE ESGOTOS Um dos aspectos mais importantes da poluição das águas está relacionado ao fator higiênico – doenças de veiculação hídrica; Um corpo d’água receptor do lançamento de esgotos pode incorporar uma ampla gama de agentes transmissores de doenças; A maioria dos patógenos não sobrevive fora do ser parasitado; Grande problema – formas resistentes: ovos, cistos, esporos. Utilização de indicadores de contaminação fecal. PROBLEMAS DE SAÚDE PÚBLICA RELACIONADOS A AUSÊNCIA DE SISTEMAS DE ESGOTOS Presença de agentes patogênicos nas águas afeta o uso múltiplo das mesmas: Consumo humano Irrigação Contato primário Consumo de peixes Tempo de sobrevivência de agentes patogênicos na água e no solo BACTÉRIAS 2 -12 meses VÍRUS 3 -12 meses CISTOS DE PROTOZOÁRIOS 10 dias - 6 meses OVOS DE HELMINTOS 2 – 12 anos EXEMPLOS DE DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA - BACTÉRIAS DOENÇA AGENTE Disenteria bacilar Cólera Salmonelose Febre tifóide Gastroenterites Shigella dysenteriae Vibrio cholerae Salmonella Salmonella typhi E. coli patogênica DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA - VÍRUS DOENÇA AGENTE Poliomilite, Gastroenterites Enterovírus Gastroenterites Rotavírus Hepatite A vírus da Hepatite A Doenças respiratórias, Conjutivites Adenovírus DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA PROTOZOÁRIOS DOENÇA AGENTE Giardíase Giardia lamblia Amebíase Entamoeba histolítica Criptosporidíase Criptosporydium DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA HELMINTOS DOENÇA AGENTE Verminoses Ascaris lumbricoides, Enterobius vermiculares, Strongyloides stercolaris, Trichiura trichiura Ascaris lumbricoides Ascaris lumbricoides Enterobius vermicularis Giardia EUTROFIZAÇÃO EUTROFIZAÇÃO • A eutrofização é o crescimento excessivo das plantas aquáticas, tanto planctônicas quanto aderidas, a níveis tais que sejam considerados como causadores de interferências com os usos desejáveis do corpo d’água (Thomann e Mueller, 1987). • É o enriquecimento de lagos e reservatórios com nutrientes para plantas, principalmente fósforo e nitrogênio. EUTROFIZAÇÃO O nível de eutrofização está usualmente associado ao uso e ocupação do solo predominante na bacia hidrográfica. EUTROFIZAÇÃO Fatores de influência Aumento de carga de nutrientes nas águas por meio da alteração nos mananciais (remoção de florestas, desenvolvimento agrícola e industrial, urbanização – esgotos domésticos) Fatores que modulam os impactos gerados pelo aumento da carga de nutrientes: estrutura da rede alimentar trocas entre os sedimentos e a água forma e profundidade da bacia movimentos da água dos reservatórios condições climáticas e hidrológicas EUTROFIZAÇÃO Conseqüências Alteração no equilíbrio ecológico do ecossistema aquático; Redução da transparência da água; Morte de animais aquáticos; Redução da biodiversidade do ecossistema; Floração de microalgas tóxicas (cianobactérias) Prejuízo à qualidade das águas, geração de energia e atividades de lazer. Exemplo - FLORAÇÃO DE ALGAS Caso Itaparica Em 1988 no reservatório da Represa Itaparica (BA), Epidemia gastro-entérica, com aproximadamente 2.000 casos de gastroenterites e 88 mortos O resultado de análises clínicas detectou concentrações de cianotoxinas nos tecidos das vítimas e, na água bruta do reservatório foi detectada a presença de Anabaena e Microcystis Exemplo - FLORAÇÃO DE ALGAS Caso Caruaru (PE) Em fevereiro de 1996, houve crise de hepatite aguda em um centro de hemodiálise em Caruaru, no Brasil 86% dos pacientes sofreram perturbações visuais e outros sintomas – 136 pessoas muitos apresentaram falhas no funcionamento do fígado 55 pacientes morreram. A evidência biológica e química suporta a hipótese de morte por efeitos da toxina microcistina na água da diálise (Tundisi, 2003). Esta ocorrência se deve: A eutrofização no manancial; Ao tratamento insuficiente no manancial e na clínica de diálise EUSAPROBICIDADE EUSAPROBICIDADE • A eusaprobicidade é o crescimento excessivo de bactérias heterotróficas • É o enriquecimento de lagos, reservatórios e rios com carbono orgânico – DBO, DQO EUSAPROBICIDADE - Consequências • Aumento da quantidade de bactérias heterotróficas • Depleção dos níveis de oxigênio • Aumento da turbidez da água • Redução da biodiversidade de organismos aquáticos • Redução da entrada de luz • Formação de lodo anaeróbio no fundo do ambiente aquático • Produção de odores • Proliferação de insetos ASSOREAMENTO ASSOREAMENTO Assoreamento é a obstrução, por sedimentos, areia ou detritos quaisquer, de um estuário, rio, ou canal. No Brasil é a maior causa de morte de rios, devido à redução de profundidade. Os processos erosivos, causados pelas águas, ventos e processos químicos, antrópicos e físicos, desagregam solos e rochas formando sedimentos que serão transportados. O depósito destes sedimentos constitui o fenômeno do assoreamento. Os sólidos sedimentáveis contidos nos esgotos domésticos – sedimentam no corpo dá água. Sólidos produzidos indiretamente – acumulam-se no fundo POR QUE TRATAR OS ESGOTOS DOMÉSTICOS??? Objetivos do tratamento de esgotos Remoção de matéria orgânica Remoção de sólidos em suspensão Finalidades do tratamento Remoção de organismos patogênicos Remoção de nutrientes IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO DOS ESGOTOS Ecológica Utilização dos recursos naturais Saúde pública IMPACTOS POSITIVOS DEVIDO A IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO Manutenção da qualidade das águas para fins diversos Redução da incidência de doenças de veiculação hídrica Manutenção da biodiversidade nos ecossistemas aquáticos Preservação dos recursos naturais IMPACTOS POSITIVOS DEVIDO A IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO Melhoria da qualidade de vida da população Redução dos gastos necessários ao tratamento das águas destinadas ao abastecimento público Disponibilidade de recursos naturais Incentivo ao turismo Melhorias sócio-econômicas “Hoje em dia, o ser humano apenas tem ante si três grandes problemas que foram ironicamente provocados por ele próprio: a super povoação, o desaparecimento dos recursos naturais e a destruição do meio ambiente. Triunfar sobre estes problemas, vistos sermos nós a sua causa, deveria ser a nossa mais profunda motivação.” Jacques Yves Cousteau (1910-1997)