CONTEXTO HISTÓRICO DO SURGIMENTO DAS CIÊNCIAS SOCIAIS Tem seu ponto de partida na Grécia (préhistória do pensamento social). Exemplos dessa embrionagem são os historiadores, poetas, filósofos, juristas e oradores que procuravam meios de dar ao homem possibilidades de conhecer os mecanismos da vida social, mas num estado ainda amorfo (sem forma) de ciência; Durante a Idade Média o pensamento e conhecimento humano é dominado pela Igreja Católica; Liberto da tutela da Igreja católica, o homem se sente livre para pensar e criticar a realidade que vê e vivencia. Passam a questionar e dissecar a realidade social; Desponta na eclosão do Renascimento: substitui a visão sacra pela racional – homem torna-se agente social e histórico; Nova postura do homem ocidental diante da natureza e do conhecimento; Novos valores, diferentes daqueles vigentes na Idade Média, pois adequavam-se ao “espírito do capitalismo”; Instalava-se uma sociedade baseada na distinção pela posse de riqueza e não pela origem, nome e propriedade fundiária; Surge uma nova classe social: a burguesia comercial; O pensamento social no Renascimento se expressa na criação imaginária de mundos ideais através da literatura, pintura, filosofia, que mostrariam como a realidade deveria ser, sugerindo entretanto, que tal sociedade seria construída pelos homens com sua ação e não pela crença ou fé; Na esteira desses acontecimentos temos um conjunto de intelectuais que começam a tematizar esta situação e preparar o arcabouço para a interpretação desta nova realidade emergente; Thomas Morus escreve a “Utopia”; Maquiavel faz de O Príncipe um manual de ação política, cujo ideal é a conquista e a manutenção do poder. É considerado o fundador da Ciência Política. Desenvolvem-se a ciência e a tecnologia, exigindo da sociedade tomar medidas urgentes ao desenvolvimento científico: melhorar as condições de vida; ampliar a expectativa de sobrevivência humana a fim de engrossar as fileiras de consumidores e, principalmente, de mãode-obra disponível; mudar os hábitos sociais e formar uma mentalidade receptiva às inovações técnicas. Tripla Revolução do Século XIX Todas essas mudanças de valores, avanços tecnológicos, melhores condições de vida, levou a um surto de idéias conhecido pelo nome de Ilustração ou Iluminismo. O pensamento da Ilustração pode ser dividido em dois grupos: os filósofos e os economistas. Os filósofos destacavam-se pela crítica social e política. Defesa da liberdade. Eliminar as instituições porque são irracionais e injustas, sendo um atentado à liberdade do homem; Os economistas procuravam descobrir leis que regulassem a economia. Procuravam uma explicação racional para todas as coisas. Abriram caminho para a Revolução Francesa, pois puseram à mostra erros e vícios do Antigo Regime; Revolução Francesa: a burguesia liberal vai se opor à aristocracia. (Liberal nessa época era quem apoiava a democracia. É o burguês esclarecido); Revolução Industrial: a descoberta de novas fontes de energia e os avanços científicos e tecnológicos vão trazer transformações radicais nos planos político, econômico e social, gerando conflitos, onde a intelectualidade vai se debruçar no estudo do funcionamento dessa sociedade, conhecendo suas leis, organização, procurando reestabelecer a “ordem e a paz” através da ciência. Vários aspectos da filosofia da Ilustração prepararam o surgimento das ciências sociais no século XIX. O primeiro deles foi a sistematização do pensamento científico. Os efeitos de novos inventos, como o pára-raios e as vacinas, o desenvolvimento da mecânica, da química e da farmácia, eram amplamente verificáveis e pareciam coroar de êxitos as atividades científicas; A prática de elaboração dos projetos científicos para o desenvolvimento da indústria passa a ser aplicada à sociedade, pois sem um planejamento racional dos meios de transporte terrestres e marítimos, da distribuição e armazenamento dos produtos, da melhoria da infra-estrutura, todo o esforço produtivo estaria perdido. A ciência se fundava, portanto, como um conjunto de idéias que diziam respeito à natureza dos fatos e aos métodos para compreendê-los. Por isso, as primeiras questões que os sociólogos do século XIX tentarão responder serão relativas à definição dos fatos sociais e ao método de investigação. Auguste Comte Considerado o pai da Sociologia; Formula a Teoria dos 3 Estados: Teológico, em que o mundo e sua origem foram explicados por termos dos deuses e dos espíritos; Metafísico transitório, em que explicações estavam nos termos das essências, de causas finais e outras abstrações; Positivo, onde a humanidade busca respostas científicas todas as coisas. Émile Durkheim Sociologia ganha um formato mais “técnico”, sabendo o que e como ela iria buscar na sociedade; Propôs regras de observação e de procedimentos de investigação; Presenciou algumas das mais importantes criações da sociedade moderna, como a invenção da eletricidade, do cinema, dos carros de passeio, entre outros; Fatos Sociais Para Dukheim, fatos sociais são maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo. Não podem ser confundidos com fenômenos orgânicos nem psíquicos. Estes fatos são morais, dogmas religiosos, sistemas financeiros, costumes, maneiras de agir. Coercitividade: Relação da força dos padrões culturais do grupo com os indivíduos que o integram. Exterioridade: Transmite o fato desses padrões de cultura virem dos exterior e de serem independentes das suas consciências. Generalidade: Os fatos sociais existem não para um individuo especifico, e sim para a coletividade. Solidariedade Mecânica É a sociedade por semelhança. Quando esta forma de solidariedade domina numa dada sociedade, significa que os indivíduos diferem pouco uns dos outros. Todos se assemelham porque experimentam os mesmos sentimentos, aderem os mesmos valores, reconhecem o mesmo sagrado. A sociedade é coerente porque os indivíduos ainda não se diferenciaram. Solidariedade Orgânica Será a forma de solidariedade contrária, onde os indivíduos não são semelhantes, e sim, diferentes. Cada um desempenha uma função própria e diferente dos demais, mas todos são indispensáveis na vida. Típica da sociedade capitalista, onde há divisão de trabalho. Max Weber Método compreensivo, partindo da concepção de ação social e de compreensão; Interpretação da cultura ocidental, pela ótica da gênese e da expansão do capitalismo no mundo; Recurso metodológico chamado “construção de tipos ideais”; Tipos Ideais Conceitos que elabora para explicar a realidade aplicam-se, para um dado momento histórico, à situação pesquisada; As pessoas podem atuar mesclando quatro tipos básicos de ação social; A ação racional com relação a fins: age para obter um fim objetivo previamente definido (foco); A ação racional com relação a valores, ocorreria porque, muitas vezes, os fins últimos de ação respondem a convicções, ao apego fiel a certos valores (honra, justiça, honestidade...). Neste tipo, o sentido da ação está inscrito na própria conduta, nos valores que a motivaram e não na busca de algum resultado previa e racionalmente proposto; Na ação afetiva a pessoa age pelo afeto que possui por alguém ou algo; A ação social tradicional é um tipo de ação que nos leva a pensar na existência de um costume. 1) Como Durkheim e Weber nos auxiliam a compreender o sistema capitalista e o mundo moderno? 2) Cite um exemplo de solidariedade mecânica e um de solidariedade orgânica. 3) Cite um exemplo prático dos 4 tipos básicos de ação social. 4) No que difere o raciocínio de Weber em relação ao de Durkheim sobre a maneira de ver a sociedade? Justifique. 5) Cite um exemplo para cada tipo de Fato Social. Karl Marx A realidade social está em contínua transformação, é historicamente determinada e está sujeita a leis históricas. O objeto de estudo da ciência social são as relações objetivas, materiais, determinadas, já que a sociedade se apresenta como uma realidade determinada historicamente. Para Marx “a história de todas as sociedades tem sido a história da luta de classes”. Ideologia, segundo Marx e Engels, o termo se encaixa na tradução de “falsa consciência”, ou seja, um conjunto de idéias falsas que justificavam o domínio burguês e camuflava a existência da dominação desta classe sobre a classe trabalhadora. Alienado, segundo Marx, seria o homem que não tem controle sobre o seu próprio trabalho, em termos de tempo e em termos daquilo que é produzido. Marx também via o homem como aquele que pode transformar a sociedade fazendo sua história, mas enfatiza que nem sempre ele o faz como deseja, pois as heranças da estrutura social influenciam-no. O que tem na UFPR??? 1) A Sociologia é uma forma objetiva de interpretação dos processos sociais e da vida social. A objetividade da Sociologia requer do sociólogo a utilização, entre outros, de dois instrumentos fundamentais: uma teoria consistente e um método adequado. O que se entende por teoria e o que se entende por método nas Ciências Sociais? 2) Explicite as relações entre os conceitos de estado, de dominação e de legitimidade do poder. 3) Quando pensamos a estrutura social, devemos estar atentos para um conjunto de padrões, normas e valores relativamente estáveis numa sociedade determinada. Mesmo não existindo uma estrutura social única para toda a sociedade humana, podemos afirmar que existem normas e padrões estruturais que são comuns a sociedades de tipo capitalista. Cite três exemplos de valores que caracterizam a estrutura da sociedade capitalista. 4) Costuma-se falar em revolução social quando a sociedade passa por uma transformação radical. Assim foi, por exemplo, na passagem do feudalismo para o capitalismo. Quais os dois eventos históricos que marcaram essa passagem e qual sua importância para o capitalismo? 5) Um dos conceitos de sociedade desenvolvidos pela Sociologia se refere a um conjunto de indivíduos que convivem num mesmo espaço e num mesmo tempo. A solidariedade entre os integrantes é fundamental para manter a coesão entre eles. Duas são as formas de solidariedade e a cada uma delas corresponde uma forma específica de sociedade. Estabeleça a correspondência entre a forma de sociedade e sua respectiva forma de solidariedade, e explique em que consiste cada uma dessas formas. 1) Teoria enquanto conjunto de conceitos/categorias analíticas originadas a partir de generalizações de fenômenos sociais. Método enquanto procedimento de investigação científico. 2) Para a existência do Estado é necessário que um conjunto de pessoas obedeça à autoridade dos detentores do poder. Para que os dominados obedeçam é necessário que os detentores do poder possuam uma autoridade reconhecida como legítima. As fontes de legitimidade: Carismática, racional-legal, tradicional. 3) Valores sociais como o respeito ao outro, a solidariedade e o direito à diferença. 4) Citar a Revolução Industria Inglesa e a Revolução Francesa e o que significou cada uma delas. Ou seja, a revolução Industrial que modificou radicalmente a organização da produção econômica e a Revolução Francesa que muda radicalmente as relações entre os indivíduos e o poder do Estado. A Revolução Francesa estabeleceu novas formas de organização política, baseada na democracia e nos direitos individuais ou do cidadão. Universalização dos Direitos do Homem. A Revolução Industrial inaugurou o processo capitalista de produção com a divisão do trabalho e da maquinaria, no interior do que se conheceu como Manufatura e posteriormente como indústria 5) A solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica: a) solidariedade mecânica que predomina nas sociedades simples e tem como base a similitude ou semelhança; b) a solidariedade orgânica que predomina nas sociedades complexas ou desenvolvidas e que se baseia na interdependência entre os indivíduos, gerada pelo processo de divisão social do trabalho.