Patologias do Sistema Musculoesquelético Osteoporose Definição Redução da massa óssea mineralizada a um nível suficiente para torná-lo frágil e vulnerável a fraturas. Anatomicamente,há diminuição da espessura e da porosidade da cortical, redução do número e do tamanho das trabéculas do osso esponjoso e alargamento dos espaços medulares. Osteoporose Classificação Primária (involucional): osteopenia é a doença básica; Tipo I: Ativa - mulheres pós-menopausa (perda de trabéculas ósseas 3X maior que o normal) – mandíbula, rádio-ulna, vértebras. Tipo II: Inativa – senil (osteopenia cortical)- colo de fêmur, úmero, tíbia e pelve. Secundária: osteopenia associada a distúrbios e/ou condições clínicas Medicamentos – Corticosteóides Endócrinas – Hiperparatireoidismo Neoplasias Nutricionais – má absorção intestinal, anemias crônicas Osteoporose Patogênese Ainda permanece obscura, porém alguns fatores são importantes> Envelhecimento do tecido ósseo – osteoblastos inativos Redução da atividade física Disponibilidade de cálcio no organismo – hormônios calcitonina e paratormônio Influências hormonais – estrogênicas e androgênicas Osteoporose Aspectos morfológicos Embora sistêmica, os ossos com grande quantidade de trabéculas mostram-se mais afetados; Adelgaçamento, porosidade e aumento da superfície endóstica da cortical do canal medular; Trabéculas se tornam finas ou podem desaparecer, ocorrendo fraturas por compressão e esmagamento; Fraturas Definição Uma solução de continuidade do tecido ósseo, provocada por traumatismo ou lesão óssea preexistente. Fraturas traumáticas mais comuns. Fraturas patológicas espontâneas: quando resistência e elasticidade dos ossos estão diminuídas por lesão prévia: doenças ósseas congênitas, hipovitaminose, endocrinopatias, osteopoose e tumores primários ou secundários. Fraturas Classificação Completa: separação dos dois fragmentos ósseos; Incompleta: fragmentos permanecem próximos, sem deslocamento; Cominutiva: quando osso é estilhaçado e fragmentos se interpõem entre os dois cotos; Exposta ou aberta: fratura se comunica com o exterior; Simples ou fechada: protegida por tegumento íntegro; Haste ou galho verde: fratura incompleta com flexão parcial do osso e com formação de fissuras; Fratura por estresse ou fadiga: esforço ou tensão repetitiva resultado em fissuras ou fraturas incompletas; Osteomielite Definição Inflamação que acomete a medula óssea e o tecido ósseo esponjoso e compacto, podendo ou não estender-se aos tecidos vizinhos. Na maioria dos casos resulta de infecções por bactérias piogênicas; Outras formas são por tuberculose, sífilis e por fungos Osteomielite Osteomielite Purulenta Aguda Mais comum em crianças e adolescentes (5-15anos) Ossos longos são mais acometidos (tíbia, fêmur, úmero e rádio) Etiopatogênese Agente mais comum Estafilococos coagulase-positivos (8090%) Os microorganismos atingem o osso por via hematogênica, por contigüidade de foco infeccioso ou por via direta (traumatismo, fratura exposta, feridas penetrantes, cirurgia); Bacteriemia (bactérias circulantes) – pequenas lesões de pele e mucosa. Osteomielite Aspectos morfológicos Supuração começa cerca de dois após a instalação das bactérias; Primeiro penetra na parede vascular (vasculite) -> necrose e destruição do osso esponjoso e cortical; Processo destrói o endósteo e atinge o periósteo, acumulando pus entre a cortical e membrana (abscesso subperióstico). Perfuração do periósteo e infecção em tecidos adjacentes, podendo surgir fístulas osteocutâneas. Microscópicos: supuração com infiltrado de neutrófilos, osteonecrose e alterações reparativas com fibrose e neoformação óssea. Osteomielite A. Extensa áreas de osteólise, espessamento cortical e esclerose reacional B. Destruição das trabéculas ósseas e exsudato necróticopurulento C. e D. Seqüestro ósseo em reabsorção Sinais e Sintomas Sistêmicos: Febre, calafrios, mal-estar e leucocitose Locais: dor, eritema, tumefação e hipersensibilidade dos tecidos moles. Osteomielite Osteomielite Purulenta Crônica Duração de meses ou anos; Processo de destruição e reconstituição contínuos acentuam as deformidades da fase aguda; O processo reparativo é mais intenso, havendo fibrose medular e hiperostose; Pode haver reativação com aparecimento de abscessos e fístulas; Há substituição do infiltrado granulocítico por reação de mononucleares (plasmócitos, macrófagos, linfócitos) Osteoartrose Definição Afecção degenerativa eminentemente crônica das articulações móveis, sobretudo do quadril, joelho e vértebras que se caracteriza por degeneração progressiva e falta da cartilagem articular, coexistindo esclerose óssea subcondral e osteófitos marginais. Processo degenerativo e não inflamatório (discreto e secundário) Osteoartrose Patogênese Alguns fatores: Aumento do peso corporal (disfunção dos condrócitos,->desequilíbrio entre mobilização e síntese da matriz -> amolecimento e fissuras -> liberação de colagenases) Uso excessivo (sinovite por envelhecimento e forças de pressão anormais -> liberação de citocinas IL-1 e TNF-alfa -> distúrbios metabólicos da cartilagem) Doenças congênitas ou adquiridas como mal formações e desvios articulares Redução da resistência da cartilagem e osso subcondral (gota, artrite reumatóide) Osteoartrose Aspectos Morfológicos Zonas distintas de apoio (zonas de pressão) e nãoapoio; Zonas de pressão-> degeneração e erosão com neoformação óssea na superfície articular Observando-se a cartilagem: Diminuição da população de condrócitos Focos de amolecimento condromucóide Metacromasia da matriz Fragmentação da cartilagem com fendas profundas (até osso subcondral) Osteófitos Aspectos Clínicos Inicialmente assintomático Restrição de movimento articular e dor (compressão de tecidos moles por osteófitos marginais) Não há eritema, calor local ou hipersensibilidade Pode haver tumefação (em caso de derrame articular) e crepitação Artrite Reumatóide Definição É uma doença inflamatória crônica, recidivante e sistêmica, de natureza auto-imune e mantida por mecanismos inflamatórios celulares. Acomete principalmente o tecido sinovial das diartroses, levando a sinovite crônica e destruição das articulações e anquilose. Além das articulações acomete a pele, vasos sanguíneos, coração, pulmões e músculos. Caracterizada por surtos e remissões. Artrite Reumatóide Etiopatogênese Causa desconhecida. Teoria mais aceita: doença de natureza imunitária Aparece em indivíduos geneticamente suscetíveis e resulta de reação inflamatória associada a fenômenos imunitários Antígeno não identificado estimule resposta imunitária >Linfócitos T -> liberação de citocinas-> macrófagos nas articulações/ -> linfócitos B a produzirem anticorpos dirigidos a componentes do próprio organismos (membrana e líquido sinovial) 80% dos paciente com AR possuem anti-corpo circulante (FR-> IgM) Artrite Reumatóide Diagnóstico Quatro dos sete critérios estabelecidos pela AAR por no mínimo seis semanas: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) rigidez matinal artrite em três ou mais articulações artrite em articulações das mãos artrite simétrica nódulos reumáticos fator reumatóide no soro alterações radiológicas Doença Reumatóide Aspectos morfológicos Poliartrite (mãos e pés, em seguida punhos, joelhos, cotovelos, etc); Fase aguda edema, infiltrado linfócito e plasmócitos no tecido sinovial, com formação de folículos linfóides Ação de osteoclastos com destruição do osso subjacente e formação de erosões com infiltração da sinovial no osso Sinovite avança levando a comprometimento dos tecidos moles periarticulares Doença Reumatóide Aspectos morfológicos Fase avançada Formação de tecido de granulação e de estruturas vilosas que ocupam toda superfície articular (pannus) Fase cicatricial com destruição da cartilagem articular Limitação da ADM articular -> anquilose-> deformidade (pescoço de cisne, martelo) Gota Definição É a síndrome constituída por hiperuricemia (acima de 7mg/dl); Crises recorrentes de artrite aguda provocada pela cristalização de ácido úrico sob a forma de uratos nas articulações; Artrite crônica caracterizada por massas de uratos nas articulações e tecidos periarticulares. Gota Classificação Primária (90% dos casos) 1) produção excessiva de ácido úrico 2) excreção diminuída de ácido úrico Hiperuricemia Transtorno metabólico desconhecido Fatores genéticos, alcoolismo, obesidade e drogas uricosúricas Enzimas relacionadas com o metabolismo das purinas (poucos casos) Gota Classificação Secundária Doença conhecida, genética ou não, que resulta em hiperuricemia (produção excessiva de ácido úrico) Doenças com destruição exacerbada de células e maior renovação de ácido nucléicos (anemia hemolíticas, leucemias, linfomas) -> aumento de purinas em ácido úrico Insuficiência renal crônica -> diminuição da excreção de ácido Úrico Gota Aspectos morfológicos Artrite gotosa aguda Sinovite aguda com exsudato rico em neutrófilos e macrófagos Microcristais de uratos na membrana e líquido sinovial Articulação 1° metarsofalangeana do pé, joelho e punho Gota Aspectos morfológicos Artrite crônica (gota tofácea) Deposição de uratos nas cartilagens articulares, tecidos periarticulares, bolsas e rins. Nódulos leitosos, moles (pasta de giz) Rins são acometidos levando a nefropatias Doenças da junção neuromuscular Miastenia Gravis Trata-se de uma doença auto-imune adquirida Caracterizada por transtorno na transmissão neuromuscular devido a presença de anticorpos circulantes anti-receptores pós-sinápticos da acetilcolina Resultam em deficiência de acetilcolina na placa terminal motora (defeito póssináptico) Acomete predominantemente mulheres na faixa etária de 20-30 anos Períodos de remissão e exacerbação espontânea 12% dos pacientes apresentam timoma Quadro Clínico: Fraqueza e fadiga muscular generalizada dos músculos esqueléticos 15% mostram alterações da musculatura extra-ocular e palpebral Doenças da junção neuromuscular Miastenia Gravis Histologicamente encontram-se: Hipotrofia de fibras musculares (tipo 2) Focos de infiltrado linfocitário Alterações do padrão da junção neuromuscular como diminuição do número de receptores de acetilcolina Distrofia Muscular de Duchenne Em 1858, Guillaume Duchenne, neurologista francês, descreveu o caso de um menino de 9 anos com alterações seguidas da perda da marcha devido a uma doença muscular. Distrofia muscular é uma das alterações genéticas (braço curto do cromossomo X – Banda Xp21) que leva a ausência da proteína muscular distrofina . De cada 2.000 nascidos vivos, um é portador de algum tipo de distrofia muscular. Distrofia de Duchenne – expectativa de vida: entre 12 a 15 anos. Em 2/3 dos casos a mutação é adquirida da mãe Em 1/3, ocorre um erro genético, uma mutação nova. Sinais Clínicos: Observados entre os 3 e 5 anos de idade: quedas freqüentes, dificuldades para subir escadas, correr, levantar-se do chão. Sinal de Gowers. Aumento do volume das panturrilhas (pseudohipertrofia) , originado pela substituição das fibras musculares já necrosadas, por fibrose, aliado a infiltração de tecido adiposo. Fase tardia da doença - comprometimento do músculo cardíaco e da musculatura respiratória. Mais de 30 tipos de distrofia. As formas mais brandas de distrofia permite ter uma vida praticamente normal (se diagnosticado precocemente e tratados adequadamente). Distrofia Distrofia Distrofia Distrofia Muscular Muscular Muscular Muscular de Becker – DMB: do tipo Cinturas – DMC: de Steinert – DMS: Facio-Escápulo-Umeral – FSH: Diagnóstico CK - dosagem de creatinofosfoquinase, normalmente elevada em grau variável nos tipos diferentes de distrofia muscular. ESTUDO MOLECULAR – DNA Ao analisar-se a molécula de DNA busca-se deleções ou outros erros genéticos responsáveis pela falta das proteínas que causam os diferentes tipos de distrofia. BIÓPSIA MUSCULAR Além da análise das alterações anatomopatológicas do músculo, estuda as proteínas do tecido muscular, por exemplo, no caso da DMD observa-se a ausência da proteína distrofina. - Splitting – hiperatividade excessiva e prolongada (hipertrofia) que provoca divisão da fibra