1ªAula • Características das distribuições verticais médias de pressão e temperatura. • Composição da atmosfera. • Diagrama de fases da água. • Classificação de nuvens. • Força do gradiente de pressão. • Força de Coriolis. • Circulação de ar em depressões e anticiclones. • Circulação global observada. 2ª Aula • • • • Sistemas frontais e nuvens associadas. Processos adiabáticos (seco e saturado). Estabilidade e Instabilidade. Mecanismos de brisa. Pressão • Lei fundamental da hidrostática: “a diferença de pressão entre dois pontos no interior de um fluido é igual ao peso, por unidade de área, da coluna de fluido compreendida entre os níveis desses pontos”. • Pressão atmosférica ao nível do mar: 2 1 N / m - 101325 Pa - 76 cm de mercúrio Distribuição vertical da Pressão • A densidade do ar é tanto maior quanto a pressão a que este está sujeito. • O ar que se encontra junto á superfície é mais denso e está sujeito a uma pressão maior do que o ar nas camadas superiores da atmosfera, o que o torna ainda mais denso. • Assim resulta da lei fundamental da hidrostática que: para uma mesma diferença de alturas h se observe uma maior variação da pressão junto à superfície. • Esta distribuição indica que 90% da massa da atmosfera se encontra nos primeiros 20km. Temperatura • Os três máximos relativos de Temperatura são resultado de três zonas de absorção preferencial de radiação solar. • A taxa de variação da Temperatura com a altitude indica a existência ou não de estabilidade. TERMOSFERA MESOSFERA ESTRATOSFERA 12km TROPOSFERA Constituição da atmosfera • Devido á existência de duas zonas de instabilidade abaixo dos 90 km que favorecem o movimento vertical, resultando numa boa mistura da massa de ar, observa-se uma camada em que os componentes se distribuem em proporções constantes designada por HOMOSFERA. • Acima dos 90 km a distribuição dá-se de acordo com as densidades de cada componente, satisfazendo a condição de equilíbrio hidrostático. A esta camada dá-se o nome de HETEROSFERA. Diagrama de fases da água • • • • • O conteúdo de água no ar é muito variável pois este componente tem a particularidade de ocorrer em três fases distintas (sólida, liquida e vapor). A tensão de vapor ( e) indica a concentração de vapor existente no ar. Define-se tensão de saturação (e sat) como o valor de tensão de vapor para o qual, mantendo a temperatura do ar constante, o vapor condensa. (processo A-B) A Humidade relativa é a grandeza que relaciona a tensão de vapor com a tensão de saturação. A Humidade relativa será tanto maior quanto mais perto da saturação estiver o ar. Define-se Temperatura do ponto de orvalho ( Torv) como sendo a temperatura à qual, mantendo constante a tensão de vapor, se dá a condensação. (processo A-C) curva de saturação HR e e sat Classificação de Nuvens • Nuvens altas (base acima dos 7 km), médias (2-7 km), baixas (0-2 km) e de desenvolvimento vertical. • Nuvens estratiformes (grande desenvolvimento horizontal, pouca espessura) ou cumuliformes (significativo desenvolvimento vertical). • Nuvens com precipitação, identificadas pelo termo nimbo (nimbus). Força do gradiente de pressão • • • • A Força do gradiente de pressão actua em cada partícula de ar fazendo com que este se desloque das altas para as baixas pressões. As linhas que unem os pontos de igual pressão chamam-se isóbaras. A velocidade do vento será tanto maior quanto mais perto as isóbaras estiverem umas das outras, resultando uma maior velocidade do vento nas zonas depressionárias do que nos anticiclónes. O “enchimento” das depressões devido à convergência de ar à superfície, é compensado pelo movimento vertical ascendente. Nos anticiclones observa-se o mecanismo inverso, resultando um movimento vertical descendente da massa de ar. Força de Coriolis • A força de Coriolis é uma consequência do movimento de rotação da Terra, e actua em cada partícula de ar resultando num desvio para a direita da direcção da sua velocidade inicial no emisfério Norte e para a esquerda no emisfério Sul. • Só os corpos com movimento em relação à Terra são actuados por esta força, pois esta é a diferença entre a força centrifuga que actua no corpo quando este se encontra em movimento em relação à Terra e a força centrifuga que lhe actua quando está parado. •Forças que actuam num corpo parado em relação à Terra. •Forças que actuam num corpo que se desloca na direcção Oeste-Este. • No caso de um corpo que se desloca na direcção Oeste-Este, a sua velocidade de rotação será maior do que quando estava parado. Consequentemente a força centrifuga que actua sobre este será também maior e a força resultante deixa de ter a direcção da vertical do lugar, fazendo com que este seja desviado para a direita. Circulação de ar em depressões e anticiclones • • O ar está também sujeito à força de atrito com a superfície da Terra. A direcção desta força opõe-se à direcção da velocidade do ar obrigando este a deslocar-se mais devagar. O movimento de uma massa de ar em depressões e anticiclones será o resultado da combinação da Força do gradiente de pressão, da Força de Coriolis e da Força de atrito. Como se trata de uma solução estacionaria (não varia no tempo) há equilíbrio entre as forças, ou seja a resultante das forças que actuam em cada partícula de ar é nula. Hemisfério Norte Circulação meridional num planeta sem rotação • Num planeta sem rotação circulação atmosférica explica-se apenas pelo facto de haver uma maior concentração de radiação Solar incidente na superfície do globo na região equatorial do que nas regiões polares. • A densidade do ar é inversamente proporcional à sua temperatura. Assim, o ar será menos denso na região equatorial e mais denso nos Pólos. A circulação atmosférica entende-se como o resultado desta diferença de densidades que faz com que o ar se mova por acção da força do gradiente de pressão, formando duas células convéctivas gigantes. Circulação global observada • • • • • O que acontece na realidade é que a Força de Coriolis impede o regime de circulação apresentado anteriormente. O ramo superior da célula é acelerado na direcção Este em ambos os hemisférios ,criando uma instabilidade que impede a sua extensão para além dos 30º de latitude. No ramo inferior, o ar que se desloca dos trópicos para o Equador é acelerado para Oeste em ambos os hemisférios originando os ventos alísios na zona intertropical. Nas latitudes elevadas observa-se uma segunda célula com a mesma circulação da primeira, com descida de ar frio na zona polar e subida de ar relativamente mais quente nas latitudes médias. As duas células anteriores encontramse ligadas por uma célula com circulação contrária às anteriores. Massas de ar • A formação de uma massa de ar é um processo lento no qual se dão trocas de calor e humidade entre a atmosfera e a superfície do globo, em que o equilíbrio se dá ao fim de vários dias de contacto. • Assim as características de uma massa de ar dependem das características da superfície subjacente. • As zonas em que ocorrem anticiclones estacionários, com lenta subcidência de ar e movimento à superfície de baixa velocidade são zonas propicias à formação de massas de ar. • Em termos gerais temos: Massa de Ar Tropical (marítima ou continental) Massa de Ar Polar (marítima ou continental) Sistemas Frontais • A circulação global obriga a que as massas de ar sejam transportadas para fora do seu local de formação, transportando consigo as características desse mesmo local. • Quando duas massas de ar com características diferentes se encontram, há uma zona de forte gradiente das propriedades do ar (temperatura e humidade). A superfície que separa as duas massas de ar chama-se Superfície Frontal. Dá-se o nome de Frente à intersecção da superfície frontal com a superfície do globo. • A diferença de densidades implica que estas sejam zonas de grande instabilidade, favorecendo o movimento vertical, com movimentação do ar tropical sobre o ar polar. • O ar tropical tem grande capacidade de retenção de vapor de água. Ao subir dá-se arrefecimento adiabático implicando a formação de nuvens e, eventualmente precipitação. • Por outro lado, a manutenção de uma corrente ascendente origina uma zona depressionária em que o ar roda no sentido ciclónico. Perturbação na superfície frontal •P • Em geral as perturbações frontais deslocam-se de Oeste para Este. • Assim um observador que se encontre fixo no ponto P, à medida que o sistema se desloca, começa por observar uma diminuição regular da pressão, enquanto no céu começam a surgir nuvens altas (cirrus e cirrostratus), depois nuvens médias (altostratus) possivelmente acompanhadas de chuvisco, depois nuvens baixas (nimbostratus) acompanhadas de precipitação continua. • Até então a massa de ar à superfície continua a ser constituída por ar polar, encontrando-se o ar tropical em altitude. • A certa altura o observador verifica uma súbita subida de temperatura (de vários ºC) quando se dá a chegada de ar tropical à superfície, com a passagem do primeiro ramo da perturbação frontal, designado por Frente Quente. À passagem da frente quente, a pressão atinge um mínimo e o vento sofre uma mudança brusca na direcção. • Durante algum tempo o observador vai encontrar-se no sector quente. Nessa fase, a pressão, temperatura e vento variam pouco e poderá ocorrer precipitação sob a forma de aguaceiros. • À passagem da Frente Fria observa-se um novo mínimo da pressão, a temperatura sofre uma descida brusca, o vento muda subitamente de direcção e ocorre precipitação intensa sob a forma de aguaceiros. • Após a passagem da frente fria a pressão começa a subir regularmente e começam a aparecer abertas até se estabelecer uma situação anticiclónica com céu limpo. Processos adiabáticos (seco e saturado) • Como o ar é mau condutor de calor, os processos de aquecimento/arrefecimento diabáticos (envolvendo trocas de calor) são muito lentos. • O processo mais eficiente de variação de temperatura da atmosfera é o processo de compressão/expansão adiabático. Neste processo, em que não há trocas de calor com o exterior, a variação de temperatura deve-se inteiramente ao fluxo de trabalho associado ao processo de expansão ou compressão. • O processo de expansão adiabática traduz-se numa descida da temperatura de aproximadamente 10ºC por cada km de subida de uma particula de ar, antes de se dar a saturação (processo adiabático seco). • Depois de se dar a saturação, o vapor começa a condensar e dá-se uma grande libertação de calor associada à mudança de estado (vapor - água liquida), que implica uma redução na taxa de arrefecimento (processo adiabático saturado). Valores típicos, na Troposfera média, são da ordem dos 6ºC/km. Estabilidade e Instabilidade • Para classificar a atmosfera quanto à estabilidade, comparamos a temperatura de uma partícula que se desloca verticalmente, sofrendo um processo adiabático, com o perfil de temperatura da atmosfera. • A diferença de temperaturas entre a partícula e o meio faz com que esta seja devolvida à sua posição inicial, no caso estável, ou faz com que esta continue a deslocar-se, no caso instável. Mecanismos de brisa • A brisa é um fenómeno de circulação local que se deve à diferença de temperaturas entre o ar que se encontra sobre o continente e o ar que se encontra sobre o oceano. • Durante o dia, a camada superficial do solo aquece devido à radiação solar, enquanto a superfície do oceano aquece mais lentamente. A temperatura do ar sobre o continente tenderá a tornar-se mais elevada do que sobre o oceano. A diferença de temperaturas entre as duas massas de ar desencadeia uma circulação, com subida do ar quente continental em direcção ao oceano e descida de ar frio marítimo em direcção ao continente (brisa marítima). • Durante a noite, a superfície do oceano conserva melhor o calor acumulado ao longo do dia e a superfície continental arrefece mais rápido, o que faz com que também haja diferenças de temperatura, invertendo assim o sentido da circulação (brisa terrestre). Brisa marítima Brisa terrestre