Súmula da Audiência Pública referente à revisão da Portaria ANP n° 25/2005 1. Data e local da realização A Audiência Pública nº 02/2008 foi realizada em 13 de maio de 2008 no Auditório da ANP, à Avenida Rio Branco nº 65 / 13º andar – Centro - Rio de Janeiro - RJ. 2. Composição da mesa Presidente da Audiência: Cristina Almeida Rego Nascimento Secretária da Audiência: Maria da Conceição França Procuradora Federal: Antônio José Moreira 3. Objetivo Revisão da Resolução ANP N° 25, de 9 de setembro de 2005, que estabelece as especificações dos óleos minerais isolantes tipo A e tipo B. A proposta de Resolução objetiva alterar os métodos contemplados e os limites definidos nas especificações. Tais propostas são decorrentes da realidade no mercado internacional, da escassez do óleo isolante, do aumento do consumo e da evolução da tecnologia no setor elétrico. 4. Fatos A Audiência Pública foi aberta pela Presidente Cristina Nascimento, que apresentou os componentes da mesa e informou ter sido realizada Consulta Pública, previamente a esta, e que foram encaminhadas sugestões apenas da Petrobras. Deu início à apresentação, realizando leitura dos procedimentos formais, rito processual, histórico, objetivo e premissas relativos à proposta, bem como súmula dos comentários e sugestões com indicação do acolhimento, ou não, e as devidas justificativas. Foram inscritos 12 participantes e 01 expositor. Foi dada a palavra ao expositor inscrito, Sr. Luís Marcos da empresa Repsol, que apresentou verbalmente a sugestão de alterar o inciso II, do artigo 2º da Minuta, estendendo a utilização dos óleos parafínicos, tipo B, para transformadores e equipamentos de manobra de qualquer classe de tensão, tirando a restrição de até 145 k V. Baseou sua sugestão no fato de que internacionalmente, na Argentina principalmente, e em outros países do mundo, não há restrição, o óleo parafínico é vendido para qualquer classe de tensão. Acrescentou que o Página 1 de 5 parafínico brasileiro é aprovado por fabricantes internacionais de transformadores, sem registro de nenhuma ocorrência que o desabone, utilizado em todas as classes. A Presidente solicitou que os participantes se manifestassem, visto que o assunto foi discutido durante a fase em que foram ouvidos os agentes, mas o grupo demonstrou preocupação sobre o assunto. O Sr. Jayme, representante da Nynas, embora considerando não poder se manifestar, pois a mesma é fabricante de naftênico, fez um breve relato. Declarou ter 28 anos de experiência na área, trabalhando em concessionárias de energia elétrica, ter sido presidente do COBEI por 10 anos e ser secretário da Comissão de Materiais Isolantes do CIGRÉE, mostrando que os óleos parafínicos são utilizados desde a década de 70 sem problemas e que não avançou da classe de 145 k V porque os testes de compatibilidade com outros materiais foram realizados somente até essa classe, pois o GT composto pela Petrobras e Eletrobras foi extinto há anos. Concluiu que o argumento que persiste até hoje é o de não haver histórico de resultados de estudos de compatibilidade com outros materiais, os equipamentos são testados com isolantes naftênicos, não se tratando, portanto, de limitação do produto, mas sim de falta de histórico de resultados. Em seguida, o Sr João Carlos, da fabricante de transformadores Brastrafo, solicitou pronunciamento, ressaltando também seu tempo de 28 anos de experiência com óleo transformador, desde o parafínico experimental em 1978 e considerando injusta a limitação de tensão do isolante parafínico.Confirmou que no mundo todo não há tal restrição, é considerado compatível e aprovado pela LACTEC. Destacou que o óleo de base vegetal é utilizado pela Eletronorte até 230 k V, sem os testes de compatibilidade. Considera que essa diferença de tratamento vai contra o princípio da qualidade, preço e oferta de produtos. Entende não ter sido possível o consenso durante as discussões do grupo, pelo fato de os fabricantes de transformadores desconhecerem outros resultados e não quererem modificar o que já vem sendo feito. O Sr. Sérgio, representante de Furnas, informou existirem três grandes transformadores de 138 k V operando com óleo parafínico há 20 anos, sem apresentar nenhum problema. Declarou que, pelo acompanhamento de vários equipamentos não tem objeção a esta alteração. O Sr. Sidney, representante da Petrobras, ressaltou que na época da implantação dos parafínicos há 30 anos, foram realizados testes com várias classes, uma vez que era inédito e o mercado era escasso, chegando a 500 k V, e que ainda hoje existem registros de transformadores operando com os mesmos com bom desempenho. Acrescentou, ainda, que óleos da PetroCanadá são praticamente parafínicos e sem limitação de classe de utilização. Considera que o principal é a negociação entre o produtor do óleo e o fabricante do equipamento e que na eventualidade de qualquer problema sejam cobradas as responsabilidades devidas. A Presidente verificou estar havendo consenso, pelos resultados promissores que parecem comprovar a tendência da extensão, e declarou que a ANP está pronta a promover tal discussão, mas que para acatar esta alteração em Resolução é necessária a apresentação dos resultados destes testes. Foi sugerido pelo Sr. Jayme, pela ausência de fabricantes de transformadores, constituir um GT, montando um cronograma para ser atendido paulatinamente, estendendo até as classes mais altas a fim de garantir a compatibilidade de todos os fabricantes de transformadores para qualquer tipo de óleo. Ficou decidido realizar a primeira reunião em 3 de junho próximo. Página 2 de 5 A Presidente deu continuidade, mostrando as sugestões provenientes da Consulta Pública, algumas feitas pela ANP, de ordem editorial, e as abaixo encaminhadas pela Petrobras: 1- Inclusão do teste para determinação do “Teor de compostos Poliaromáticos,” na tabela de especificações. A sugestão foi incorporada, incluindo o método IP 346, por se tratar de questão relativa à saúde. 2 - Indicação de um método alternativo para determinação do teor de enxofre por fluorescência de Raios-X, pois o método proposto ASTM D 2622 não está disponível em todos laboratórios. Foi incorporado o método ASTM D 4294, por ser bastante divulgado e apresentar a mesma precisão. 3- Inclusão da possibilidade de utilização de produtos com viscosidades acima dos valores especificados, mediante negociações entre fornecedor, produtor e cliente. A sugestão não foi incorporada por não terem sido apresentados dados que comprovem que a variação da viscosidade não interfere no desempenho do óleo. O representante da Petrobras, Sidney, comentou que os produtores de óleos isolantes de base mineral estão em desvantagem em relação a novos desenvolvimentos, considerando que a utilização de óleos vegetais está sendo permitido chegar a 50 cSt a 40 º C e aos minerais é limitado em 12°C, sem a comprovação de testes de desempenho. O representante de Furnas, Sr. Sérgio Arenare, declarou que os óleos vegetais estão com ampla utilização no exterior e que os fabricantes brasileiros de óleos vegetais informam existir equipamentos operando em outros países, iguais aos utilizados atualmente no Brasil. O Sr. Jaime concorda estar havendo competição desigual para o óleo mineral e o vegetal, acrescentando que para o mesmo projeto de transformador, de circulação natural ou circulação forçada, um aumento de 3 cSt na viscosidade representa um aumento de 6 °C na temperatura média de trabalho, causado pela redução da velocidade de circulação do óleo e que a tendência dos últimos anos nas especificações internacionais é trabalhar com viscosidades menores para incrementar a troca térmica. Considera que tornar a especificação atual mais elástica não vai resolver, pois prejudicará propriedades dos óleos minerais de baixas temperaturas. Sidney, da Petrobras, comentou que a experiência informada pela Eletronorte, mostra que o fator viscosidade não foi considerado. A questão da utilização dos óleos isolantes vegetais foi amplamente debatida. A Presidente ressaltou que a ANP está pronta a aprofundar e buscar dados sobre o assunto, havendo demanda, desde que não comprometa a qualidade, está pronta a avaliar. O Sr. Sérgio, de Furnas, informou que o óleo vegetal é especificado por uma NBR da ABNT específica para o uso de equipamentos elétricos, baseada em produtos à base de soja. Cristina Nascimento ponderou que não parece justo ter uma especificação de óleo vegetal que não contemple requisitos que são exigidos para os óleos minerais. Foi considerado, por todos os presentes, importante o posicionamento da ANP, tomando a frente nesse processo. Jaime informou existir óleo vegetal à base de soja e importado a base de girassol. Acrescentando que não existem transformadores de projetos modernos, avançados funcionando com óleos vegetais, que os transformadores estão usando equipamentos de projetos mais antigos, de 40 anos, de tecnologia mais branda e conservadora. Página 3 de 5 O Sr. João Carlos, da Brastrafo, considerou um paradoxo o fato de que os mesmos integrantes da Comissão 10.2 da ABNT, que aprovaram a utilização dos óleos vegetais para qualquer classe ,são os mesmos da Comissão 10.1 que vetaram a utilização dos óleos parafínicos para classes acima de 145 kV. A Presidente informou que a ANP vai conduzir discussões sobre fatos relevantes levantados nessa Audiência e formalizar essas questões junto à ABNT, a fim de assegurar a produção e a comercialização de produtos com qualidade, bem como resguardar a competência de cada empresa. A ANP vai se pronunciar, discutir com usuários em relação à viscosidade, à extensão de uso e ao estabelecimento de especificações dos óleos vegetais. Ao final, foi apresentada a última versão da minuta e submetida à avaliação dos presentes. Cristina nascimento informou que ao término da Audiência, após as discussões internas, se a Agência identificar algum fato relevante, havendo tempo hábil, este poderá ser levado à discussão com os agentes econômicos o que será proposto à Procuradoria. Consultado sobre esta possibilidade, o procurador Antônio José informou não haver problema quanto as inclusões em questão. A Presidente exibiu a relação de normas, por ter havido várias modificações na tabela de metodologias de avaliação, ressaltando os novos métodos incluídos ou alterados. Apresentou a tabela de especificações, destacando os itens revistos ou modificados. Na oportunidade, foi observada a manutenção pela ANP do valor de 0,30%, conforme Resolução 25, para o Enxofre no óleo parafinico, no lugar de “Anotar”, o que foi bastante discutido. O representante da Petrobras defende a “Anotar”, observando que o teor de enxofre é decorrência e não um objetivo, que o enxofre vai decorrer da tecnologia de processamento do óleo e que os processos atuais não apresentam enxofre. O valor 0,30 foi adotado, quando foi desenvolvido o parafínico e é típico da especificação da Petrobrás na época, seria resquício do óleo parafínico processado por rota solvente, produzido através do petróleo árabe leve. Acrescentou que atualmente, pode haver um parafinico com teor de enxofre superior a 0,30 e passar em todos os testes, sem apresentar enxofre corrosivo, sem problema algum, assim como óleos com tecnologias mais modernas apresentariam teores abaixo de 50 ppm. A Presidente declarou que a ANP considera o forte apelo do momento atual e a grande pressão do meio ambiente para os teores de enxofre dos combustíveis e lubrificantes, uma intensa busca pelos produtos de menor teor de enxofre, e que não seria coerente nesta revisão passar de uma limitação de 0,30 a outra a “anotar”. O representante da Nynas lembrou que o óleo isolante não é queimado e sua vida útil é de 40 anos. Sidney, da Petrobras, ressaltou que o óleo isolante segue a mesma tecnologia dos novos combustíveis, dos produtos abaixo de 50 ppm. Acrescentou que o enxofre não é militante em nível de enxofre corrosivo. Cristina solicitou dados, fontes de análises para respaldar, lembrando que da mesma forma ocorre com o querosene de aviação, mas que este opera historicamente, há 40 anos, sem causar problemas. Como não existem dados para mostrar valores superiores não se deve abrir a especificação e a possibilidade de se acatar a produção de um óleo isolante acima de 0,30 é inaceitável. Os participantes questionaram quanto à necessidade de realizar os dois ensaios de Estabilidade à Oxidação do óleo inibido, ASTM D 2441 e 2112.O assunto foi longamente debatido, verificando-se que devem ser realizados os dois ensaios. Cristina lembrou que o ensaio de estabilidade à oxidação de menor tempo de duração é utilizado para a liberação de bateladas na produção e os ensaios que representam o melhor desempenho no campo são aqueles que têm maior tempo de duração. Acrescentando que se tiverem dados considerando que o mercado aceita um ou o outro a ANP acatará para discussão. Página 4 de 5 A Presidente alertou ainda que estas considerações deveriam ter sido levantadas por ocasião da Consulta Pública. O procurador fez uma intervenção, orientando para que sejam acatadas as sugestões para efeito de discussão. Sidney comentou que o ensaio Bomba Rotatória foi solicitação dos agentes, para acompanhamento da vida útil do produto quando colocado no transformador, pois é ensaio rápido, para se ter idéia do nível de teor de antioxidantes ainda existentes no produto e que o de longa duração é para a real certificação do desempenho. Conceição França informou que a alternativa de ser um ou o outro não foi levantado nas reuniões de revisão das especificações. Um ensaio é para a qualidade restritiva de longa duração e o outro para informar o ensaio que no desempenho deve ser utilizado. A Presidente concluiu a apresentação, informando que a reunião com usuários, fabricantes de equipamentos e produtores de óleo para a avaliação das questões em discussão nesta Audiência ficou marcada para o dia 3 de junho, à 14,00 horas, e que somente após será feito encaminhamento da minuta à Procuradoria. Nada mais havendo a ser discutido, a Presidente agradeceu a presença de todos e deu por encerrada a Audiência Pública. Rio de Janeiro, 13 de maio de 2008. _______________________________________________________________ Cristina Almeida Rego Nascimento Superintendente Adjunta de Biocombustíveis e de Qualidade de Produtos Presidente da Audiência Pública Maria da Conceição França Secretária da Audiência Pública Página 5 de 5