mandamento - Paróquia de Carreço

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28. – Os Mandamentos na vida cristã
Encontros de Formação Cristã
Paróquia de Santa Maria de Carreço
«Se guardardes os
meus mandamentos,
permanecereis no meu
amor, assim como Eu,
que tenho guardado os
mandamentos do meu
Pai, também permaneço
no seu amor. (…) É este
o meu mandamento:
que vos ameis uns
aos outros como Eu
vos amei. Ninguém
tem mais amor do que
quem dá a vida pelos
seus amigos. Vós sois
meus amigos, se
fizerdes o que Eu vos
mando. (…) É isto o
que vos mando: que
vos ameis uns aos
outros»
Jo 15, 9-16.
28ª sessão – Os Mandamentos na vida cristã
Sumário:
1. A moral especial e os mandamentos
2. O Decálogo
3. Cristo, a medida do amor
4. «Amarás o Senhor teu Deus…»
5. «Amarás o próximo como a ti mesmo»
6. Os Mandamentos da Santa Igreja
7. Bibliografia recomendada (EFC 28)
1. A moral especial e os
Mandamentos
1 – A moral especial e os
Mandamentos
Relembrar: a Moral cristã divide-se em moral fundamental
(que estuda os conceitos gerais e os fundamentos dos
actos morais) e moral especial (estuda os conteúdos da
revelação nas diversas ordens da actividade humana,
como a moral pessoal, a moral social, a moral familiar, etc)
A Terceira Parte do Catecismo da Igreja Católica
–
intitulada
«A
Vida
em
Cristo»
–
compreendendo os números 1691-2557 é a
parte moral do catecismo. Nela, a Primeira
Secção (1699-2051) constitui um tratado de
moral fundamental e a Segunda Secção (20522557) constitui um tratado de moral especial,
condensada sobretudo nos Dez Mandamentos.
No Compêndio do Catecismo da Igreja Católica,
a moral especial está entre os números 434 e
533.
2. O Decálogo
2 – O Decálogo
O Monte Sinai (ou
Monte Horeb ou Jebel
Musa, que significa
“Monte de Moisés” em
árabe, situa-se no sul
da península do Sinai,
no
Egipto)
está
situado no sul da
península do Sinai, no
Egipto.
Tem
2288
metros de altura.
 O DECÁLOGO: «Decálogo» deriva da
expressão
grega
déka
lógoi,
«dez
palavras», referida no Êxodo 34, 28 e no
Deuteronómio 4, 13 e 10, 4, sendo
transformado
por
Santo
Ireneu
em
dekálogos e depois em latim decalogus.
São os dez mandamentos ou leis morais
dados por Deus a Israel através de Moisés
no Monte Sinai (manifestação de Deus ao
Seu povo: uma teofania), que constituem a
magna charta da aliança entre Deus e Seu
povo. Foram-nos transmitidas em duas
passagens do Antigo Testamento, com duas
formulações diferentes: no livro do Êxodo
(Ex 20, 2-17) e no livro do Deuteronómio
(Dt 5, 6-21).
ÊXODO 20, 2-17
DEUTERONÓMIO 5, 6-21
«Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te fiz sair da terra
do Egipto, da casa da servidão.3 Não haverá para ti
outros deuses na minha presença. 4 Não farás para ti
imagem esculpida nem representação alguma do que está
em cima, nos céus, do que está em baixo, na terra, e do
que está debaixo da terra, nas águas. 5 Não te prostrarás
diante dessas coisas e não as servirás, porque Eu, o
SENHOR, teu Deus, sou um Deus zeloso, que castigo o
pecado dos pais nos filhos até à terceira e à quarta geração,
para aqueles que me odeiam, 6mas que trato com bondade
até à milésima geração aqueles que amam e guardam os
meus mandamentos.
'Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirou da terra do Egipto,
da casa da escravidão. 7Não terás nenhum outro deus além de
mim. 8 Não farás para ti nenhuma imagem esculpida, seja do que
está no alto do céu, ou em baixo, sobre a terra, ou nas águas,
debaixo da terra. 9 Não te prostrarás diante delas e não as
adorarás, porque Eu, o SENHOR, sou o teu Deus, um Deus
ciumento, que castigo a iniquidade dos pais nos filhos, até à
terceira e quarta geração dos que me ofendem, 10mas uso de
benevolência até à milésima geração com aqueles que me amam e
guardam os meus mandamentos.
7 Não usarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão,
porque o SENHOR não deixa impune aquele que usa o
seu nome em vão.
8 Recorda-te do dia de sábado, para o santificar. 9
Trabalharás durante seis dias e farás todo o teu trabalho. 10
Mas o sétimo dia é o sábado consagrado ao SENHOR, teu
Deus. Não farás trabalho algum, tu, o teu filho e a tua filha,
o teu servo e a tua serva, os teus animais, o estrangeiro
que está dentro das tuas portas. 11Porque em seis dias o
SENHOR fez os céus e a terra, o mar e tudo o que está
neles, mas descansou no sétimo dia. Por isso, o SENHOR
abençoou o dia de sábado e santificou-o.
12 Honra o teu pai e a tua mãe, para que se
prolonguem os teus dias sobre a terra que o SENHOR,
teu Deus, te dá.
13 Não matarás.
14 Não cometerás adultério.
15 Não roubarás.
16 Não responderás contra o teu próximo como
testemunha mentirosa.
17 Não desejarás a casa do teu próximo. Não desejarás a
mulher do teu próximo, o seu servo, a sua serva, o seu
boi, o seu burro, e tudo o que é do teu próximo.»
11 Não invocarás em vão o nome do SENHOR, teu Deus,
porque o SENHOR não deixará impune aquele que tiver
invocado o seu nome em vão.
12 Guarda o dia de sábado para o santificar, como te ordenou o
SENHOR, teu Deus. 13 Trabalharás durante seis dias e neles farás
todos os teus trabalhos; 14 mas, o sétimo dia é o sábado do
SENHOR, teu Deus: não farás trabalho algum, nem tu, nem os teus
filhos e filhas, nem o teu escravo ou escrava, nem o teu boi, o teu
jumento ou qualquer outro animal, nem o estrangeiro que está
dentro das tuas portas, para que o teu servo e a tua serva
descansem como tu. 15 Lembra-te que foste escravo na terra do
Egipto, donde o SENHOR, teu Deus, te tirou com mão forte e braço
estendido. Por isso te ordenou o SENHOR, teu Deus, que
guardasses o dia de sábado.
16 Honra o teu pai e a tua mãe, como te ordenou o SENHOR,
teu Deus, a fim de prolongares os teus dias e viveres feliz na
terra que o SENHOR, teu Deus, te há-de dar.
17 Não matarás.
18 Não cometerás adultério.
19 Não roubarás.
20 Não prestarás falso testemunho contra o teu próximo.
21 Não cobiçarás a mulher do teu próximo e não desejarás a
sua casa, nem o seu campo, nem o seu escravo, nem a sua
escrava, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem nada que lhe
pertença.'
2 – O Decálogo
Algumas questões e observações sobre o Decálogo.
1) Quantas formulações existem do Decálogo?
O texto dos nossos Dez mandamentos existem em duas formas: Ex 20, 2-17
e Dt 5, 6-21; contudo, existe uma harmonização de ambas, que aparece
no século II, o papiro Nash, encontrado na região egípcia de Fayyum em
1902. Uma terceira forma é o Decálogo ritual em Ex 34, 11-26.
Formulários semelhantes existem noutros lugares da Bíblia, como por
exemplo no Salmo 15, 1-5, no Salmo 24 e em Isaías 33, 14-16.
2) Qual a razão de existirem duas formulações do
Decálogo na Bíblia?
Vimos em EFC anteriores, que o Pentateuco é fruto de várias tradições existentes
(Javista, eloísta, deuteronomista e sacerdotal), de épocas diferentes, que foram
compiladas e redigidas sob a forma que hoje existe. Contudo, no início existiam as
«Dez palavras», com frases curtas. A redacção final, com acrescentos, foi feita
tardiamente, já quando Israel se tinha instalado na Terra Prometida (de facto, a
menção a bois, campos, escravos, etc. não fazia muito sentido para um Povo que
estava no deserto), de época anterior à monarquia ou já depois do Exílio, quando ela
não existia (pois não existe nenhuma menção nos mandamentos a um rei).
2 – O Decálogo
3) Quais são as principais diferenças entre o Decálogo
do Êxodo do Decálogo do Deuteronómio? Os dois textos são
muito parecidos, só variam em pontos mínimos, mas há três variantes
importantes:
1ª - O Sábado: no Êxodo, o israelita deve lembrar-se do Sábado
para o santificar, enquanto que no Deuteronómio, o israelita deve
guardar o Sábado. Na base disto estão diferentes motivações:
para o Êxodo, o Sábado deve ser recordado, porque Deus criou o
mundo em seis dias e no sétimo descansou: no Deuteronómio,
guarda-se o Sábado, pois antes o povo era escravo no Egipto e
não podia descansar, mas agora é livre e todo israelita e sua casa
deve guardar e santificar o Sábado.
2ª - Honrar pai e mãe: o texto do Deuteronómio vai recordar e
acrescentar que este preceito é uma ordem que foi dada por Deus.
3ª - Cobiça: no último Mandamento, no Êxodo, é a casa do próximo
que aparece por primeiro. No Deuteronómio é a mulher do próximo.
Aparece também o “campo” do próximo.
2 – O Decálogo
4) Qual a diferença fundamental do Decálogo para outros textos
semelhantes da cultura antiga?
•
•
•
A originalidade do Decálogo radica sobretudo na afirmação do monoteísmo bíblico e
na sua relação com a revelação do Sinai.
Existem vários códigos legais anteriores ou contemporâneos do Decálogo, tais como:
o Código de Lipit-Istar, o Código de Esnunna, o Código de Hamurabi e os códigos
hititas. O contributo característico de Israel aos textos jurídicos é o facto de o
Decálogo utilizar formulações como direito «apodíctico», isto é, farás ou não farás tal
coisa, sem nenhum elemento introdutório de tipo condicional. São imperativos éticos
absolutos («lei irrefutável»). Por outro lado, os códigos referidos acima são
formulados como direito «casuísitico», do tipo: «Se…».
Além disso, do quarto ao décimo mandamento são elementos essenciais do direito
natural. Contudo, enquanto que nos outros códigos de outros povos do Próximo
Oriente, a violação destes preceitos constitui um crime contra o próximo; na Bíblia, a
violação significa um crime contra o próprio Deus.
O documento mais célebre é o Código de Hamurabi vigente na Babilónia do séc.
XVIII a.C., sendo composto por 282 leis enquadradas por um prólogo e um epílogo.
Segundo os babilónios, teria sido o deus Samasch que ditou as suas leis ao rei
Stèle de Hamurabi.
«Se alguém acusou um homem imputando-lhe um assassínio, mas não pôde convencê-lo disso
mesmo, o acusador será morto. Se alguém compareceu num processo para apresentar um
falso testemunho e se não pôde provar a palavra que disse, se esse processo for um processo
capital, este homem será morto. Se alguém roubou a fortuna de um deus ou de um palácio,
este homem será morto. Além disso, aquele que recebeu nas suas mãos a fortuna roubada
será morto». Do Código de Hamurabi
2 – O Decálogo
5) Os mandamentos são sempre enumerados da mesma
forma?
Não. Embora seja ponto assente que os mandamentos são Dez, a
forma de dividi-los varia conforme a confissão religiosa, como se
pode ver na tabela seguinte.
Segundo a
rabínica, os
modernos,
assim:
tradição
judeus
dividem
1) introdução: “Eu sou
Javé
teu Deus...”
2) proibição dos falsos
deuses e das imagens;
3) uso do nome divino em
vão;
4) sábado;
5) pais;
6) homicídio;
7) adultério;
8) furto;
9) falso testemunho;
10) cobiça.
De acordo com Filón,
Flavio
Josefo,
Padres
gregos, Igrejas grega e
as igrejas reformadas
(excepto luteranos):
1) proibição de deuses falsos
ou estrangeiros;
2) proibição de imagens;
3) uso do nome divino em
vão;
4) sábado;
5) pais;
6) homicídio;
7) adultério;
8) furto;
9) falso testemunho;
10) cobiça.
De acordo com os Padres latinos,
Orígenes,
Clemente
de
Alexandria, Agostinho, Igreja
católica e Luterana:
1) proibição dos falsos deuses (a
proibição
de
imagens
está
compreendida neste mandamento ou
é suprimida da numeração);
2) uso do nome divino em vão;
3) sábado;
4) pais;
5) homicídio;
6) adultério;
7) furto;
8) falso testemunho;
9) cobiça da mulher;
10) concupiscência dos bens.
2 – O Decálogo
6) Então, é ou não é proibido fazer imagens? Veremos isto ao
analisarmos o Primeiro Mandamento.
7) O Dia do Senhor afinal é o Sábado ou o Domingo? Veremos
isto no Terceiro mandamento.
8) Então, Deus é «ciumento»? Deus «pune até às gerações
seguintes?».
• No AT encontra-se a expressão «Deus ciumento» várias vezes (Ex 34,14; Dt 4,24;
6,15; Js 24,19, etc), porém não é um ciúme doentio, mas é próprio de quem ama. Deus
cuida com carinho os seus filhos, o Seu povo, como a mãe cuida dos filhos (Dt 32, 1011) e não quer que ninguém toque nesse povo, que é sua propriedade particular (Ex 19,
5).
• Já no que se refere à ideia da punição significa que a mesma é muito curta (três ou
quatro gerações), em relação ao Seu amor e misericórdia, que pode ir até à milésima
geração. Deus gosta de amar! Um midrash hebraico ensina que quando Deus tem que
punir, Ele chora e sofre. Contam os sábios que quando Deus abriu o mar para salvar os
israelitas e fechou-o em seguida afogando os egípcios, os anjos do céu queriam cantar
um hino de louvor, mas Deus os repreendeu, dizendo: “Minhas criaturas estão a afogarse no mar e vocês querem cantar?”. Esta ideia de punição a gerações seguintes vai aos
poucos sendo superada na Bíblia. Outros textos seguintes já informam que a punição
será pessoal (veja Dt 7,10; 24,16; Jr 31,29-30, etc). Jesus também parece que pensava
assim (veja Jo 9,1-3).
2 – O Decálogo
9) O que nos ensina Deus nestes mandamentos?
•
A absoluta prioridade do serviço de Deus, no amor. O Deuteronómio acrescenta, após o Decálogo: «O
Senhor nosso Deus, é o único Senhor. Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua
alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 4-5).
• Servir a Deus implica um respeito incondicional pelo próximo, em actos, pensamentos e palavras.
Todo o homem deve respeitar seus pais, a vida humana, a propriedade, a verdade, etc.
• Existem actos que são incompatíveis com o amor de Deus e com o próximo. O Decálogo não identifica
este género de actos com precisão completa. Essa identificação é feita noutras partes da escritura e em muitos
aspectos sob a guia do «Magistério da Igreja que autenticamente interpreta a lei divina à luz do Evangelho»
(Gaudium et Spes 50).
• Traça para o povo eleito e para cada um em particular, o caminho duma vida liberta da escravidão
do pecado.
CIC 2070. Os Dez Mandamentos fazem parte da revelação de Deus. Mas, ao mesmo
tempo, ensinam-nos a verdadeira humanidade do homem. Põem em relevo os deveres
essenciais e, por conseguinte, indirectamente, os direitos fundamentais inerentes à
natureza da pessoa humana. O Decálogo encerra uma expressão privilegiada da «lei
natural»: No princípio, Deus admoestou os homens com os preceitos da lei natural, que
tinha enraizado nos seus corações, isto é, pelo Decálogo. Se alguém não os cumprisse,
não se salvaria. E Deus não exigiu mais nada aos homens» (Santo Ireneu de Lião)´.
10) Qual a abrangência de cada mandamento?
1°, 2º, 3º Mandamentos: Virtudes Teologais. Virtude da Religião. Santificação do Domingo. Culto a
Deus. 4º Mandamento: A Moral Familiar e a autoridade. 5º Mandamento: A vida, dom de Deus – A
Bioética. 6º e 9º Mandamentos: Moral da sexualidade. 7º e 10º Mandamentos: A Moral social. 8º
Mandamento: A verdade.
2 – O Decálogo
11) Na catequese, aprendi com outras fórmulas (fórmula
catequética):
Eu sou o Senhor teu Deus:
Relacionamento com Deus
Primeiro: Adorar a Deus e amá-lo sobre todas as coisas.
Segundo: Não invocar o santo nome de Deus em vão.
Terceiro: Santificar os Domingos e festas de guarda.
Quarto: Honrar pai e mãe (e os outros legítimos superiores).
Relacionamento com o próximo
Quinto: Não matar (nem causar outro dano, no corpo ou na
alma, a si mesmo ou ao próximo).
Sexto: Guardar castidade nas palavras e nas obras.
Sétimo: Não furtar (nem injustamente reter ou danificar os bens
do próximo).
Oitavo: Não levantar falsos testemunhos (nem de qualquer outro
modo faltar à verdade ou difamar o próximo)
Nono: Guardar castidade nos pensamentos e desejos.
Décimo: Não cobiçar as coisas alheias.
3. Cristo: a medida do amor
3 – Cristo, a medida do amor
• Cristo ratificou o Decálogo, tanto em conjunto, como nas suas partes
(cf. Mt 19, 16-19; Mc 10, 17-19; Lc 18, 18-20).
Mt 19,16-19: Ao jovem rico que se aproxima, e
pergunta quais são os mandamentos, Jesus
responde: «Não matarás, não adulterarás,
não
roubarás,
não
levantarás
falso
testemunho, honra teu pai e tua mãe, e
amarás o teu próximo como a ti mesmo».
• Também ratificou o resumo do autor do
Deuteronómio sobre o amor de Deus (cf. Mc
12, 28-34; Mt 22, 37-38) e acrescentou-lhe um
resumo dos sete últimos mandamentos.
Mc 12,28-34: Um escriba pergunta a Jesus qual é o primeiro de todos os
mandamentos. Jesus responde: “O primeiro é: Ouve, ó Israel, o Senhor nosso
Deus é o Único Senhor e amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de
toda a tua alma, de todo o teu entendimento, e com toda a tua força. O
segundo é este: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não existe outro
mandamento maior do que este”. Portanto, Jesus resume os Mandamentos
em dois: amar a Deus (os três primeiros mandamentos) e amar ao próximo
como a ti mesmo (os sétimo últimos).
3 – Cristo, a medida do amor
•
Apesar de ratificar a
Lei, de não abolir a
Lei,
Cristo
vem
aperfeiçoá-la:
Mt
15, 17: «Não
penseis que vim
revogar a Lei ou
os Profetas. Não
vim
revogá-los,
mas levá-los à
perfeição».
•
21«Ouvistes o que foi dito
aos antigos: Não matarás.
Aquele que matar terá de
responder em juízo. 22*Eu,
porém, digo-vos: Quem se
irritar contra o seu irmão
será réu perante o tribunal;
quem lhe chamar 'imbecil'
será réu diante do Conselho;
e quem lhe chamar 'louco'
será réu da Geena do fogo».
Mt 5, 21-23
• 27«Ouvistes o que foi dito:
Não cometerás adultério.
28Eu, porém, digo-vos que
todo aquele que olhar para
uma mulher, desejando-a, já
cometeu adultério com ela
no seu coração». (Mt 5, 2728)
31 «Também foi dito: Aquele que se divorciar da sua mulher,
dê-lhe documento de divórcio. 32Eu, porém, digo-vos:
Aquele que se divorciar da sua mulher - excepto em caso
de união ilegal - expõe-na a adultério, e quem casar com a
divorciada comete adultério.» Mt 5, 31-32
•
38«Ouvistes o que foi dito: Olho por
olho e dente por dente. 39Eu, porém,
digo-vos: Não oponhais resistência ao
mau. Mas, se alguém te bater na face
direita, oferece-lhe também a outra.
40Se alguém quiser litigar contigo para
te tirar a túnica, dá-lhe também a capa.
41E se alguém te obrigar a acompanhálo durante uma milha, caminha com ele
duas. 42Dá a quem te pede e não voltes
as costas a quem te pedir emprestado.»
Mt 5, 38-42
•
43«Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu
próximo e odiarás o teu inimigo. 44Eu,
porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e
orai pelos que vos perseguem. 45*Fazendo
assim, tornar-vos-eis filhos do vosso Pai que
está no Céu, pois Ele faz com que o Sol se
levante sobre os bons e os maus e faz cair a
chuva sobre os justos e os pecadores.
46Porque, se amais os que vos amam, que
recompensa haveis de ter? Não fazem já isso
os cobradores de impostos? 47E, se saudais
somente os vossos irmãos, que fazeis de
extraordinário? Não o fazem também os
pagãos? 48Portanto, sede perfeitos como é
perfeito o vosso Pai celeste.» Mt 5, 43-48
3 – Cristo, a medida do amor
•
De facto, o mandamento do
amor do próximo não era novo
(cf. Lev 19, 18) e Cristo não
disse que era novo. Mas Cristo,
deu
de
facto,
um
novo
mandamento:
«Dou-vos
um
novo
mandamento:
que
vos
ameis uns aos outros; que
vos ameis uns aos outros
assim como Eu vos amei»
(Jo 13, 34).
•
O
que
é
novo
no
mandamento do amor que
Cristo deu, é o paradigma
que Ele fixa, Ele próprio. «O
homem é convidado a encontrála (a Lei) na pessoa do divino
Mestre, que em si mesmo a
cumpre
perfeitamente,
lhe
revela o pleno significado e
atesta a sua perenidade» (cf.
CCIC 434).
• «Vós sereis meus amigos se
fizerdes o que Eu vos mando»
(Jo 15, 14). Os cristãos devem
observar o Decálogo. Cristo
torna-nos capazes de o observar,
com o dom do Seu Espírito e da
Sua graça (cf. CCIC 441). Somos
convidados
a
«sermos
imitadores de Deus, como filhos
muito amados. E a progredir na
caridade, segundo o exemplo de
Cristo, que nos amou» (Ef 5, 12).
• Cristo
ama-nos
com
o
máximo do amor humano,
pois Ele, sendo Deus, se
despojou de Si mesmo e
humilhou-se a Si mesmo até à
morte e morte de cruz (cf. Fil 2,
6-8). Mas também nos ama
como o Pai nos ama: «Como o
Pai Me amou, também Eu vos
amei; permanecei no Meu amor,
do mesmo modo que Eu tenho
guardado os mandamentos de
Meu Pai, e permaneço no Meu
amor» (Jo 15, 9-10).
6*Ele, que é de condição
divina,
não
considerou
como uma usurpação ser
igual a Deus; 7*no entanto,
esvaziou-se a si mesmo,
tomando a condição de
servo.
Tornando-se
semelhante aos homens e
sendo, ao manifestar-se,
identificado como homem,
8*rebaixou-se a si mesmo,
tornando-se obediente até
à morte e morte de cruz.
Fil 2, 6-8
3 – Cristo, a medida do amor
•
Assim sendo, cumprir apenas os mandamentos é algo básico, imperfeito, pois os
mandamentos sem a graça dão a dimensão do vazio. Jesus responde ao jovem rico, que
tinha cumprido sempre os mandamentos:
«Tenho cumprido tudo isto; que me falta ainda?» 21 Jesus respondeu: «Se queres ser
perfeito, vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu;
depois, vem e segue-me. 22 Ao ouvir isto, o jovem retirou-se contristado, porque
possuía muitos bens.» (Mt 19, 20-21)
-
É assim preciso a dimensão da entrega, da gratuidade, do amor a Deus e
ao próximo, num espírito de partilha, de dom de si mesmo… «Despojaivos do homem velho, no que diz respeito ao vosso passado, do homem
corrompido pelas paixões enganadoras; renovai espiritualmente a vossa
inteligência e revesti-vos do homem novo, criado em conformidade
com Deus, na justiça e na santidade verdadeira» (Ef 4, 21-24).
•
É necessário o seguimento de Cristo, imitar Cristo:
«Quem me segue não anda nas trevas, diz o Senhor (Jo
8,12). São estas as palavras de Cristo, pelas quais somos
advertidos que imitemos sua vida e seus costumes, se
verdadeiramente queremos ser iluminados e livres de
toda cegueira de coração» (Imitação de Cristo).
3 – Cristo, a medida do amor
-
Não se trata de seguir ou não uma lei, de transgredir ou não uns mandamentos
(«não mato, não roubo…»), mas de dar-se aos outros, de ter as mãos cheias, de
construir o Reino de Deus… A pergunta que muitas vezes se ouve: «Isto é pecado?»
encara ainda os mandamentos como prescrições jurídicas, às quais é proibido
transgredir… «A letra mata, mas o espírito vivifica» 2 Cor 3, 6.
-
Seguir
as
aventuranças…
bem-
«As bem-aventuranças retratam o
rosto de Jesus Cristo e descrevemnos a sua caridade: exprimem a
vocação dos fiéis associados à
glória da sua paixão e ressurreição;
definem os actos e atitudes
características da vida cristã; são
as promessas paradoxais que
sustentam a esperança no meio
das tribulações; anunciam aos
discípulos
as
bênçãos
e
recompensas
já
obscuramente
adquiridas; já estão inauguradas
na vida da Virgem Maria e de todos
os santos». CIC 1717
«Bem-aventurados os pobres em espírito,
porque deles é o Reino dos céus. Bemaventurados os que choram, porque serão
consolados. Bem-aventurados os mansos,
porque
possuirão
a
tema.
Bemaventurados os que têm fome e sede de
justiça, porque serão saciados. Bemaventurados os misericordiosos, porque
alcançarão
misericórdia.
Bemaventurados os puros de coração, porque
verão a Deus. Bem-aventurados os que
promovem a paz. porque serão chamados
filhos de Deus. Bem-aventurados os que
sofrem perseguição por amor da justiça,
porque deles é o Reino dos céus. Bemaventurados sereis, quando, por minha
causa, vos insultarem, vos perseguirem e,
mentindo, disserem todo o mal de vós.
Alegrai-vos e exultai, pois é grande nos
céus a vossa recompensa» (Mt 5, 3-12).
3 – Cristo, a medida do amor
-
É necessário cultivar as virtudes (prudência, justiça, fortaleza, temperança,
etc)… Enquanto que os mandamentos explicitam a lei natural, as virtudes
capacitam para discernir, escolher, aquilo que é mais adequado.
-
Praticar as obras
misericórdia…
de
a) Temporais
1ª. Dar de comer a quem tem fome.
2ª. Dar de beber a quem tem sede.
3ª. Vestir os nus.
4ª. Dar pousada aos peregrinos.
5ª. Assistir os enfermos.
6ª. Visitar os presos.
7ª. Cuidar dos que partem pela
morte.
b) Espirituais
1ª. Dar bom conselho.
2ª. Ensinar os ignorantes.
3ª. Corrigir os que erram.
4ª. Consolar os tristes.
5ª. Perdoar as injúrias.
6ª. Sofrer com paciência as fraquezas
do nosso próximo.
7ª. Rogar a Deus por todos os
necessitados, tanto vivos como já
passados para além do véu da
morte.
«Vinde, benditos de meu Pai!
Recebei em herança o Reino que
vos está preparado desde a criação
do mundo. 35Porque tive fome e
destes-me de comer, tive sede e
destes-me de beber, era peregrino
e recolhestes-me, 36estava nu e
destes-me que vestir, adoeci e
visitastes-me, estive na prisão e
fostes ter comigo.‘ 37Então, os
justos vão responder-lhe: 'Senhor,
quando foi que te vimos com fome
e te demos de comer, ou com sede
e te demos de beber? 38Quando te
vimos peregrino e te recolhemos,
ou nu e te vestimos? 39E quando
te vimos doente ou na prisão, e
fomos visitar-te?' 40*E o Rei vai
dizer-lhes,
em
resposta:
'Em
verdade vos digo: Sempre que
fizestes isto a um destes meus
irmãos mais pequeninos, a mim
mesmo o fizestes». Mt 25, 34-39
Os religiosos seguem
os
conselhos
evangélicos
(«votos», os mais
comuns: pobreza,
castidade,
obediência)…
«Portanto, sede
perfeitos como é
perfeito o vosso
Pai celeste.» Mt 5,
48
3 – Cristo, a medida do amor
Assim, a verdadeira moral cristã (seguimento
de Jesus Cristo) não pode ter o seu centro
exclusivo nos mandamentos, como se
fossem uma lei; a moral cristã radica em
Deus, num Ser concreto, medida do agir do
cristão e não numa lei. Os mandamentos
foram dados ao Homem não como fim, mas
como meio para levar o homem à comunhão
com Deus. «Se a justiça de vocês não
superar a dos doutores da lei e dos fariseus,
não entrareis no reino do céu» (Mt 5, 20): a
atitude do homem deve superar a lei,
não com medo do julgamento da lei,
mas como impulsionado pela relação
com Deus que é Pai e que ama
infinitamente seus filhos. Quem ama a
Jesus reconhece que Ele é a verdade
absoluta e o Bem supremo, Ele é o
«Caminho, Verdade e Vida» (Jo 14, 6).
O centro da moral
cristã não são os
mandamentos,
mas a Pessoa de
Jesus Cristo
4. «Amarás o Senhor teu Deus…»
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
«Amarás o Senhor teu Deus com todo teu coração, com toda
a tua alma e com todas as tuas forças» (Mt 22,36-38; Ex
20,2-6; Dt 5,6-10; 6,4-6).
1º MANDAMENTO: Eu sou o Senhor teu Deus
não terás outro Deus além de Mim ou
Adorar a Deus e amá-l’O sobre todas as coisas
AMOR
DE DEUS
Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, CCIC, 442. Que
implica a afirmação: «Eu sou o Senhor teu Deus» (Ex 20,2)?
Implica, para o fiel, guardar e praticar as três virtudes teologais e
evitar os pecados que se lhes opõem. A fé crê em Deus e rejeita o
que lhe é contrário, como, por exemplo, a dúvida voluntária, a
incredulidade, a heresia, a apostasia e o cisma. A esperança é a
expectativa confiante da visão bem-aventurada de Deus e da sua
ajuda, evitando o desespero e a presunção. A caridade ama a Deus
sobre todas as coisas: são rejeitadas portanto a indiferença, a
ingratidão, a tibieza, a acédia ou preguiça espiritual e o ódio a Deus,
que nasce do orgulho.
Além de ser o principal dos preceitos divinos, este mandamento, de algum modo,
inclui todos os demais, pois qualquer transgressão da Lei de Deus, implica
necessariamente em ausência de amor: factor intrínseco do pecado (aversão a Deus).
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
Segundo o Compêndio
do Catecismo da
Igreja Católica:
385. Quais são as virtudes teologais?
As virtudes teologais são: fé, esperança e caridade.
386. O que é a fé? A fé é a virtude teologal pela qual
cremos em Deus e em tudo o que Ele nos revelou e que
a Igreja nos propõe para acreditarmos, porque Ele é a
própria Verdade. Pela fé, o homem entrega-se a Deus
livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer
a vontade de Deus, porque «a fé opera pela caridade»
(Gal 5,6).
Fé, Esperança e Caridade.
Esculturas de Manuel Tolsa
na Catedral de México.
387. O que é a esperança? A esperança é a virtude teologal por meio da
qual desejamos e esperamos de Deus a vida eterna como nossa felicidade,
colocando a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos na
ajuda da graça do Espírito Santo para merecê-la e perseverar até ao fim da
vida terrena.
388. O que é a caridade? A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz
dela o mandamento novo, a plenitude da lei. A caridade é «o vínculo da perfeição» (Col
3,14) e o fundamento das outras virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela
«não sou nada» e «nada me aproveita» (1 Cor 13,1-3).
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
Deveres que a fé impõe = conhecer, confessar, preservá-la dos perigos.
PECADOS CONTRA A FÉ.
Pecados contra a fé: Negação interior; Não confessar exteriormente e expondo-a a
perigos. Negação interior: Infidelidade – Ateísmo ou falta de fé. Apostasia. Heresia.
Dúvidas contra a fé.
•Apostasia. Soa parecido com «Apóstolo», mas é o contrário, pois Apóstolo é aquele
que propaga a fé e apóstata é aquele que abandona e rejeita completamente a fé que
tinha professado. Apostasia é diferente de relaxamento. «Pode haver um católico
relaxado que não vá à missa nem comungue há dez ou mais anos. Ordinariamente, a
raiz desta negligência é simplesmente a preguiça. “Trabalho muito toda a semana e
tenho o direito de descansar aos domingos”, dirá certamente esse homem. Se lhe
perguntarmos qual é a sua religião, responderá: “Católico, naturalmente”. Em geral,
defender-se-á dizendo que é o melhor católico do que “muitos que vão à missa todos
os domingos”. É uma desculpa típica, que todos nós temos de ouvir vez por outra”»
(TRESE, Leo J. – A fé explicada). Contudo, o relaxamento frequentemente conduz à
apostasia. Outras causa da apostasia, a soberba intelectual, as leituras imprudentes,
o pecado habitual, etc. Heresia. Trata-se de uma rejeição parcial da fé. Por exemplo,
aquele que não acredita no inferno é um herege. O indiferentismo também é um tipo
de heresia, que é aquele que julga que todas as religiões são iguais e tanto faz uma
como outra.
Dúvida: pode ser voluntária ou involuntária. Incredulidade:
menosprezo da verdade revelada. Cisma: separação da Igreja Católica e não
aceitação da autoridade e obediência ao Papa.
Não confessar exteriormente: ocultar ou dissimular a fé, equivale a negação. Pode
ser pecado mortal quando omitir preceitos graves ou acompanhar desprezo da
religião (Mt 10,32).
Expondo-a a perigos: convivência sem a devida cautela com incrédulos, hereges ou
indiferentes; participação em cultos de seitas, leituras de livros contrários a fé ou
costumes (incluem-se aí todos os meios de comunicação) CEC 2088,89.
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
Fé
e
esperança
são
virtudes diferentes, mas
que se complementam: Ter fé supõe também ter
confiança em Deus e
manter a esperança de
que se alcançará a vida
eterna; - A esperança em
Deus requer a fé n’Ele, pois
se está seguro de que
Deus sempre é fiel à sua
palavra e mantém as suas
promessas; - Por isso, a fé
integra a esperança e esta
supõe a fé.
PECADOS CONTRA A ESPERANÇA. Existem dois tipos
de pecados contra a virtude da Esperança: a presunção e
o desespero. A presunção consiste em acharmos que
podemos possuir a Deus, tanto pela graça (na vida
terrena) quanto na vida eterna, sem a ajuda de Deus. Isso
acontece muito em pessoas que levam uma vida longe de
Deus, sem corrigir seus pecados, sem confissão e
comunhão, e que acham que, apesar disso, Deus lhes
dará a salvação. O desespero consiste em achar que
nunca poderemos alcançar a vida eterna, ou que Deus
nunca nos perdoará dos nossos pecados. Isso acontece
com frequência em pessoas que passam por muitos
sofrimentos e não têm confiança no socorro de Deus.
Quando sofremos muito, devemos nos voltar para Deus na
oração, com firme certeza da ajuda de Deus que,
infinitamente misericordioso, nos ajudará a nos levantar
da queda do pecado. E a desconfiança, que embora sem
perder completamente a confiança em Deus, não se confia
suficientemente na sua misericórdia e fidelidade.
A esperança deve ser acompanhada pelo temor de Deus: a
esperança sem temor significa presunção; a esperança com o temor
é uma verdadeira esperança; mas a esperança com um temor
exagerado é a desconfiança; e o temor sem esperança é desespero.
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
PECADOS CONTRA A CARIDADE. Todos os pecados mortais, pois eles são ofensas a
Deus; omitir o acto de caridade; preguiça ou tibieza espiritual (trata-se com negligência
e descuido as coisas referentes a Deus): fraquezas nos actos de amor a Deus, como o
desânimo na oração, distracção na Missa, fraqueza nas mortificações, etc. . Ódio contra
Deus - é o pecado que vai directamente contra o amor de Deus (a razão última é o
orgulho); é a fuga e o abandono de Deus; indiferença, ingratidão, escândalo, ódio contra
o próximo (inclui-se murmuração, crítica, etc.), a inveja, etc.
CCIC, 443: Que implica a Palavra do Senhor: «Adorarás o Senhor teu
Deus e só a Ele prestarás culto» (Mt 4,10)? Implica adorar a Deus como
Senhor de tudo o que existe; prestar-lhe o culto devido individual e
comunitariamente; rezar-lhe com expressões de louvor, de acção de graças,
de intercessão e de súplica; oferecer-Lhe sacrifícios, sobretudo o sacrifício
espiritual da nossa vida, em união com o sacrifício perfeito de Cristo; e
manter as promessas e os votos que Lhe fizermos.
CCIC, 444: Como é que a pessoa realiza o próprio direito
de prestar culto a Deus na verdade e na liberdade? Todo o
homem tem o direito e o dever moral de procurar a verdade, em
especial no que se refere a Deus e à sua Igreja, e, uma vez
conhecida, de a abraçar e guardar fielmente, prestando a Deus
um culto autêntico. Ao mesmo tempo, a dignidade da pessoa
humana requer que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a
agir contra a própria consciência nem seja impedido de agir em
conformidade com ela, dentro dos limites da ordem pública,
privada ou publicamente, de forma individual ou associada.
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
CCIC, 445: Que proíbe Deus ao ordenar: «Não terás outros deuses perante Mim» (Ex
20,2)? Este mandamento proíbe: - o politeísmo e a idolatria, que diviniza uma criatura, o
poder, o dinheiro, e até mesmo o demónio; - a superstição, que é um desvio do culto devido ao
verdadeiro Deus, e que se expressa nas várias formas de adivinhação, magia, feitiçaria e
espiritismo; - a irreligião, expressa no tentar a Deus com palavras ou actos, no sacrilégio, que
profana pessoas ou coisas sagradas sobretudo a Eucaristia, e na simonia, que pretende
comprar ou vender realidades espirituais; - o ateísmo, que nega a existência de Deus,
fundando-se muitas vezes numa falsa concepção de autonomia humana; - o agnosticismo,
segundo o qual nada se poder saber de Deus, e que inclui o indiferentismo e o ateísmo prático.
Tipos de sacrilégio: 1º - Pessoal:
infligir maus tratos a uma pessoa
consagrada a Deus. 2º - Local:
profanar um lugar dedicado ao culto
divino. 3º - Real: mau uso das coisas
consagradas, como sacramentos, a
Bíblia,
os
paramentos
e
vasos
sagrados, etc.
«Não
praticareis a
adivinhação
nem a
magia». Lev
19, 26
O dinheiro, o
poder, o sexo,
não serão
deuses para
muitos hoje?
«18 Ao ver que o Espírito Santo era dado pela imposição das mãos dos Apóstolos, Simão ofereceu-lhes
dinheiro, 19dizendo: «Dai-me também a mim esse poder, para que aquele a quem eu impuser as mãos
receba o Espírito Santo.» 20*Mas Pedro replicou: «Vá contigo o teu dinheiro para a perdição, pois
julgaste comprar o Dom de Deus com dinheiro. 21Neste assunto, não tens parte, nem herança, pois o
teu coração não é recto diante de Deus». Act 8, 18-21
Deve-se assim cultivar a virtude da religião, que é aquela que inclina o homem a prestar a Deus, seu
criador e soberano, a honra e a submissão devidas. Exige o conhecimento de Deus, prática do culto a
Deus, vida moral condizente.
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
CCIC, 446: Ao dizer: «não farás para ti qualquer imagem
esculpida» (Ex 20,3) proíbe-se o culto das imagens? No Antigo
Testamento, este mandamento proíbe representar o Deus absolutamente
transcendente. Porém, a partir da Encarnação do Filho de Deus, o culto
cristão das imagens sagradas é justificado (como afirma o segundo Concílio
de Niceia, de 787), porque se funda no Mistério do Filho de Deus feito
homem, no qual Deus transcendente se torna visível. Não se trata duma
adoração da imagem, mas de uma veneração de quem nela é representado:
Cristo, a Virgem, os Anjos e os Santos.
Já no AT encontramos imagens de querubins,
serafins e terafins. Isso nos mostra que algumas
imagens eram feitas, conforme decorações e
pinturas encontradas em sinagogas e túmulos
antigos. Mas é certo que o povo de Israel nunca fez
imagens de Deus. O Cristianismo entendeu que com
a vinda de Jesus Cristo a proibição da imagem de
Deus foi relativizada. “Ele é a imagem do Deus
Invisível” (Cl 3,16) e Jesus mesmo disse: “Quem
me vê, vê o Pai” (Jo 14,9). Os cristãos das
catacumbas e das primeiras comunidades deixaramnos imagens e pinturas de Jesus e de símbolos da
divindade.
Certos protestantes acusam até à
exaustão os católicos de adorarem as
imagens, mesmo quando os católicos
dizem que não! De facto, assim
quando eu tenho uma fotografia dos
meus filhos na carteira e olha para ele
e sorrio, também sei que não são
eles, mas faz-me lembrar deles.
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
2º MANDAMENTO:
Não invocar o Santo Nome de Deus em vão
(Ex 20,7; Dt 5,11; Mt 5,33s).
CCIC 447. Como respeitar a santidade do
Nome de Deus? Invocando, bendizendo,
louvando e glorificando o santo Nome de Deus.
Deve pois ser evitado o abuso de invocar o
Nome de Deus para justificar um crime, e ainda
todo o uso inconveniente do seu Nome, como a
blasfémia, que por sua natureza é um pecado
grave, as imprecações e a infidelidade às
promessas feitas em Nome de Deus.
«Um
nome
é
a
representação de quem o
usa, e a nossa atitude para
com esse nome é um reflexo
dos
sentimentos
que
nutrimos pela pessoa» (Leo
J. Trese – A fé explicada)
SANTIDADE
DE DEUS
Deus disse a Moisés: « EU SOU
AQUELE QUE SOU .» Ele disse:
«Assim dirás aos filhos de
Israel: ' Eu sou ' enviou-me a
vós!» Ex 3, 14
Deus revelou-Se ao seu povo Israel, dando-lhe a conhecer o seu nome. O nome
exprime a essência, a identidade da pessoa e o sentido da sua vida. Deus tem um
nome. Não é uma força anónima. Dizer o seu nome é dar-Se a conhecer aos
outros; é, de certo modo, entregar-Se a Si próprio, tornando-Se acessível,
capaz de ser conhecido mais intimamente e de ser invocado pessoalmente. Como
a personalidade de Deus é infinitamente rica, os nomes para designar Deus são
múltiplos: El, Elohim, Adonai, Eloá, Qanná, Javé, Shadday, El-Shadday, etc.
Jesus é o Emanuel (Deus connosco), o Kyrios (após a ressurreição)…
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
Por isso deve evitar-se todo o uso inconveniente do Nome
de Deus (Jesus, Espírito Santo), Maria Santíssima e Santos,
evitando misturá-los nas conversas com certas irreverências
(cf. CIC 2146), por exemplo: «Garanto por Deus, que você
vai arrepender-se deste dia!». E evitar a blasfémia, que é a
injúria directa de pensamento, palavra ou obra contra Deus
e os santos.
Juramentos e votos:
• Quando juramos invocamos Deus como testemunha de que dizemos a
verdade, tal como a conhecemos. Se juramos como testemunhas, temos
um juramento de afirmação. Se juramos fazer alguma coisa para alguém
no futuro, temos um juramento promissório. Só pode ser utilizado em
ocasiões muito especiais /(evitar fazê-lo por banalidades), sempre na
verdade e só quando com necessidade real (exigido por autoridade
legítima civil ou eclesiástica) (cf. CIC 2153-2155, 1199). Juramentos falsos
ou perjúrios (fazer uma promessa sob juramento, mas sem a intenção de a
cumprir) são pecados graves.
• Num voto prometemos algo a Deus com a intenção de nos obrigarmos.
Prometemos algo especialmente grato a Deus sob pena de pecado. Nesse
caso, Deus não é mera testemunha, é também o destinatário do que
prometemos fazer. Podem ser privados, por exemplo, aquele que agradece
indo ao Santuário de Fátima agradecer a cura de uma doença; ou públicos,
mediante as autoridades da Igreja. O incumprimento é pecado grave; em
certos casos, a Igreja pode dispensar dos votos e promessas (CIC 692).
«Juro por
Deus que é
verdade!»
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
3º MANDAMENTO:
Guardarás o dia de Sábado, para santificá-lo
(Dt 5,12-15; Ex 20,8-10; Mc 2,27-28).
Santificar os Domingos e festas de guarda
Sábado ou Domingo? No Decálogo afirma-se a
necessidade de guardar o dia de Sábado. O Cristianismo
não abandona a ideia, mas muda o dia, devido a dois
motivos essenciais:
1º Teológico: Jesus veio realizar a obra do Pai. Ele
realiza uma nova Criação. A primeira Criação (Gn 1,1–
2,4a) teve seu ponto máximo no final, no último dia, no
Sábado. A Ressurreição de Jesus é a Nova Criação.
Cristo ressuscitou no primeiro dia da semana judaica, o
«oitavo dia».
2º Prático: já no início da Igreja, os cristãos começam
a separar-se dos judeus. Estes reuniam-se nas
sinagogas, no Sábado. Os cristãos passaram reunir-se
nas casas, no Domingo, tendo dedicado ao Senhor o Dia
da Ressurreição que passou a chamar-se o Dia do
Senhor (Domingo).
O DIA DO
SENHOR
«Tendo ressuscitado de
manhã, no primeiro dia da
semana, Jesus apareceu…»
(Mc 16, 9)
Os cristãos reconhecem
o Domingo como Dia
do Senhor, excepto os
Adventistas do Sétimo
Dia, que guardam o
Sábado.
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
CCIC 453. «Como santificar o Domingo? Os cristãos
santificam o Domingo e as festas de preceito participando
na Eucaristia do Senhor e abstendo-se também das
actividades que o impedem de prestar culto a Deus e
perturbam a alegria própria do dia do Senhor ou o devido
descanso da mente e do corpo. São permitidas as
actividades ligadas a necessidades familiares ou a serviços
de grande utilidade social, desde que não criem hábitos
prejudiciais à santificação do Domingo, à vida de família e
à saúde».
Portanto são exigências do terceiro mandamento
participação na Santa Missa e o descanso.
a
Pode-se participar da Santa Missa no dia anterior à tarde, com as leituras do
dia de preceito (as Missas «Vespertinas»): no entanto, o Direito Canónico
(1246-1248), lembra que o dia reservado ao Senhor é o Domingo, pelo que a
opção de Sábado deve fazer-se para situações especiais. Não se deve realizar
actividades que impeçam o culto a Deus e o descanso, excepto por grave
incómodo próprio ou alheio, pela natureza peculiar do trabalho e pela
dispensa pela legítima autoridade («O Sábado foi feito para o homem e não o
homem para o Sábado» (Mc 2, 27).
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
S. Tomás afirma ser necessário o descanso corporal e espiritual, evitando-se
três inconvenientes: recreio com coisas desonestas ou nocivas; perder a
seriedade da alma, se a recta razão não for a pauta de todo o
comportamento; fazer algo impróprio da pessoa, do lugar ou do tempo.
Dias festivos e dias de preceito. No calendário universal da Igreja latina, os
dias festivos são (cf. Código de Direito Canónico 1246): Natal (25/12), Epifania
(6/1), Ascensão (móvel), Corpo e Sangue de Cristo (móvel), Maternidade Divina
de Maria (1/1), Imaculada Conceição (8/12), Assunção (15/8), S. José (19/3), S.
Pedro e S. Paulo (29/6) e Todos os Santos (1/11). O número de dias festivos era
maior, mas tem vindo a diminuir, com a evolução social. Em Portugal, os dias
festivos têm sido considerados feriados nacionais, a Santa Sé, de acordo com o
Estado Português, suprimiu como «dias de preceito» os de S. José e dos Apóstolos
São Pedro e São Paulo e transferiu para o Domingo, entre 2 e 8 de Janeiro, a
solenidade da Epifania, e para o VII Domingo de Páscoa, a Ascensão do Senhor (cf.
Decr. de 31.12. 1951; cf. Lumen 1952, pp. 169-175). Eventuais futuras alterações
serão da competência da Conferência Episcopal com a confirmação da S. Sé (CDC
1246,2).
É importante que o direito civil reconheça a importância do descanso semanal, para que
todos possam gozar de repouso suficiente e de tempo livre, que lhes permitam cuidar da
vida religiosa, familiar, cultural e social; para dispor de tempo propício à meditação,
reflexão, silêncio e estudo; e para fazer boas obras, servir os doentes e os anciãos.
4 – «Amarás o Senhor teu Deus…»
Apelo ao consumismo é «obsceno». Responsáveis da Igreja Católica
reagem ao alargamento dos horários de abertura dos hipermercados. O
Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social qualificou como
“obsceno” o apelo ao consumismo, num período de crise. “O apelo ao
consumismo que ainda é feito nalguma publicidade, mesmo de alguns
bancos, neste momento, é obsceno”, atirou D. Carlos Azevedo, no final de
uma reunião extraordinária do Conselho Consultivo da Pastoral Social, que
decorreu em Lisboa. Na conferência de imprensa que encerrou o encontro,
o Bispo auxiliar de Lisboa comentou o alargamento dos horários de
abertura dos hipermercados, ao domingo, considerando que “devemos
defender o bem comum dos cidadãos que trabalham nesses dias e
nessas horas”. O Conselho de Ministros de 22 de Julho aprovou, na
generalidade, um decreto-lei que harmoniza os horários de funcionamento
dos estabelecimentos comerciais, independentemente da sua dimensão,
possibilitando que estejam abertos entre as 6 e as 24 horas, todos os dias
da semana. Alfredo Bruto da Costa, Presidente da Comissão Nacional
Justiça E Paz (CNJP), considera que esta medida “vem na linha de um
estilo de vida muito baseado no consumo”. “Há uma grande preocupação
da economia a incentivar as pessoas a consumirem mais e mais
facilmente”, referiu, assinalando que a decisão do governo “vai ao
arrepio de um modelo equilibrado de vida pessoal e familiar”. Esta
medida, indicou, “suscita uma reserva de princípio, porque tem sido um
caminho de fazer vingar as possibilidades das grandes superfícies contra o
comércio de proximidade, por um lado, e de um estilo de vida familiar e de
lazer dos trabalhadores”. Em declarações à Lusa, o Pe. Manuel Morujão,
Secretário da Conferência Episcopal, defendeu que “a lógica do
lucro não pode governar a sociedade e os domingos devem ser dias
de encontro para os familiares”. Fonte: www.ecclesia.pt
«A santa
pobreza
confunde
toda
cobiça e
avareza e
solicitudes
deste
século».
S.
Francisco
de Assis
5. «Amarás o teu próximo como a
ti mesmo»
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
Quem é o meu próximo?
Parábola do bom samaritano - 29*Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E
quem é o meu próximo?» 30*Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de
Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de
pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. 31Por coincidência, descia por aquele caminho um
sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. 32Do mesmo modo, também um levita passou por aquele
lugar e, ao vê-lo, passou adiante. 33*Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e,
vendo-o, encheu-se de compaixão. 34Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho,
colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. 35No dia seguinte,
tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: 'Trata bem dele e, o que gastares a mais,
pagar-to-ei quando voltar.' 36Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu
nas mãos dos salteadores?»37*Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus
retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.» Lc 10, 29
«Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns
aos outros». (Jo 13, 34). «E quem é o meu próximo?»
(Lc 10, 29). (…) como o bom Samaritano, nos faz
parar no caminho, reconhecer o nosso irmão e pôr o
nosso tempo e os nossos bens ao seu serviço, numa
partilha quotidiana. O bom Samaritano é a Igreja!
O bom Samaritano é cada um de nós! Por vocação!
Por dever! e o bom Samaritano vive a caridade.
MENSAGEM
DO
PAPA
JOÃO
PAULO
II
PARA A QUARESMA DE 1981
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
4º MANDAMENTO:
“Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus
dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá”. (Ex 20,12; Dt
5,16; Ef 6,1-3).
A
FAMÍLIA
Honrar pai e mãe (e os outros legítimos
superiores)
O quarto mandamento manda-nos (cf. CCIC 455) honrar e
respeitar os nossos pais e aqueles que Deus, para o nosso bem,
revestiu com a sua autoridade. Indica a ordem da caridade que se
inicia com os “próximos” que estão mais “próximos”: esposos,
filhos, pais, irmãos, avós, tios, etc. Por extensão, abrange também
a relação com as autoridades (professores, governantes, etc.).
Os maus tratos nas famílias é
um assunto que está na ordem
do dia: «Maus tratos a idosos
cresceram 120 por cento. Entre
o ano 2000 e o de 2009, o
número de idosos vítimas de
maus tratos passou de 290 para
639 – números que representam
um crescimento de 120 por
cento». 24-09-2010
Fonte:
http://www.abola.pt/mundos/ve
r.aspx?id=223412
Abrange muito mais do que a simples obediência
aos pais (cf. CIC 2199-2200): é o fundamento
da autoridade; os deveres dos filhos para com os
pais; os deveres dos pais para com os filhos; os
deveres para com as pessoas da família, Igreja e
sociedade civil; os deveres para com pessoal
doméstico (empregados). Todos estes deveres
constituem uma virtude: a Piedade, que é o
hábito sobrenatural que inclina a tributar aos
pais, à pátria e a todos quantos com esta e
aqueles se relacionam, a honra e serviços
devidos.
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
A família é o fundamento da autoridade, pois é necessária e querida por Deus para
dar ordem à vida em comunidade para qual somos chamados a viver neste mundo.
(Rm 13,1-7).
CCIC 456. Qual é a natureza da família no plano
de Deus? Um homem e uma mulher, unidos em
matrimónio, formam com os filhos uma família. Deus
instituiu a família e dotou-a da sua constituição
fundamental. O matrimónio e a família são ordenados
ao bem dos esposos e à procriação e educação dos
filhos. Entre os membros da família estabelecem-se
relações pessoais e responsabilidades primárias. Em
Cristo, a família torna-se igreja doméstica, porque ela é
comunidade de fé, de esperança e de amor.
A família é a comunidade na qual, desde a infância, se podem assimilar os valores
morais (formação da consciência), tais como honrar a Deus e usar correctamente a
liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade. (cf CIC
2207-2212). A família é a célula originária da sociedade humana e precede
qualquer reconhecimento da autoridade pública (cf. CCIC 457). Assim, a sociedade
tem o dever de sustentar e consolidar o matrimónio e a família, no respeito também
do princípio de subsidiariedade. Os poderes públicos devem respeitar, proteger e
favorecer a verdadeira natureza do matrimónio e da família, a moral pública, os
direitos dos pais e a prosperidade doméstica (cf. CCIC 458).
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
Deveres dos filhos para com os pais: amor, respeito,
obediência e ajuda nas necessidades materiais e espirituais. (cf.
CIC 2214-18; Mc 7,10-13). Os pecados contra os pais são: falta
de amor interno e/ou externo; falta de respeito; desobediência;
abandono material e/ou espiritual.
Deveres dos pais com os filhos: não estão limitadas às
necessidades materiais, mas também à sua educação moral
e à sua formação espiritual. (CEC 2221-23; 2230,33). Como
pecados temos: o mimo excessivo, a falta de autoridade, o
excesso de bens materiais.
CCIC 461. Como é que os pais educam os filhos na fé
cristã? Principalmente com o exemplo, a oração, a catequese
familiar e a participação na vida eclesial.
Ouve-se muitas vezes: «Eles mais tarde
serão baptizados, se eles quiserem». Mas
os para querem o melhor para os filhos e
o que é melhor que mostrar-lhe o
caminho de Deus? Dizer isso é sinal que
não se acredita na fé que professa! «Os
pais têm obrigação de baptizar os filhos o
mais
cedo
possível
depois
do
nascimento» (Leo J. Trese).
Contudo, apesar de os
laços
familiares
serem
importantes, a primeira
vocação do cristão é
seguir Jesus, pelo que os
pais devem ajudar os filhos
com alegria a seguir Jesus
em todos os estados de
vida. (cf. CCIC 462).
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
Outros deveres que este mandamento impõe: outras
pessoas a quem se deve obediência, amor e respeito de
modo especial: parentes e amigos, pastores da Igreja, a
Pátria e as autoridades civis; além dos deveres para com os
empregados: respeito ao ser humano, salário justo e
necessidades materiais justas, além de apoio à sua vida
espiritual (CIC 2235, 2236, 2238-2243). Como pecados
temos: a falta de respeito, amor e obediência às pessoas de
nosso relacionamento íntimo e, em relação a Pátria:
nacionalismo exagerado e falta de cumprimento dos deveres
relacionados com esta como as leis justas, deveres políticos
e civis etc. Contudo, o cidadão não deve obedecer à
autoridade
civil
quando
os
mandamentos
dessas
autoridades opõem-se às exigências da ordem moral, pois
«É necessário obedecer mais a Deus do que aos homens»
(Act 5, 29) (cf. CCIC 426).
Em Portugal, assim como
em muitas partes do
mundo, especialmente na
Europa, tem-se assistido
a ataques à família por
parte das leis emanadas
pelas autoridades.
«Quem é (…) ? Um equilibrista que compromete os mandatos que lhe são confiados pensando no
percurso que lhe falta percorrer? Ou um verdadeiro político que distingue as questões de Estado
das confissões pessoais? (…) Aprovou a Lei do Aborto sem que o Referendo tenha tido uma
participação maioritária, como a Constituição impõe. Irritou-se (e bem) com o novo Estatuto dos
Açores que lhe pisou os calos e inverteria os poderes do Estado e aprova agora a Lei do
Casamento entre pessoas do mesmo sexo, contra todas as razões que soube identificar e que são
reais. O veto estava ao seu alcance e ninguém, à esquerda ou à direita, levaria a mal que o
usasse. Afinal, foi eleito sem dizer que, consigo, esta lei passaria sem qualquer dificuldade. Terá
uma agenda direitíssima até ao final do mandato apostando na memória curta de quem o elegeu.
(…) Inez Dentinho, Excerto de A Geração de 60, 20.05.2010
Fonte: www. http://o-povo.blogspot.com/2010/05/
E agora
adivinhe quem
é…
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
5º MANDAMENTO:
A VIDA
A vida humana é sagrada: a Igreja ensina que toda vida
humana, desde o momento da concepção até a morte, é
sagrada, porque a pessoa humana foi querida por si
mesma à imagem e à semelhança do Deus vivo e santo.
A vida humana é o mais alto bem na ordem natural (cf.
Gn 2, 7; 1, 26-31; CIC 2258).
«Antes que Eu te
formasse no ventre
materno Eu te conheci»
(Jer 1, 5)
“Não matarás”. (Ex 20,13; Dt 5,17; Mt 5,21s).
Não matar (nem causar outro dano, no corpo
ou na alma, a si mesmo ou ao próximo).
“Não matarás” (Ex 20,13). Jesus disse no Sermão da Montanha:
«Ouvistes o que foi dito aos antigos: “Não matarás. Aquele que
matar terá de responder ao tribunal». Eu, porém, vos digo: todo
aquele que se encolerizar contra seu irmão terá de responder no
tribunal (Mt 5,21-22). Portanto, o quinto Mandamento não proíbe
apenas “não matar”, mas todo acto ou pensamento que possa ferir
o outro física ou moralmente. Assim, a calúnia, a difamação, a
perseguição, a exploração da pessoa em qualquer forma, a
vingança, o ódio, etc., são pecados contra o Mandamento.
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
CCIC 470. Que proíbe o quinto mandamento? O quinto mandamento proíbe
como gravemente contrários à lei moral: O homicídio directo e voluntário e a
cooperação nele; O aborto directo, querido como fim ou como meio, e também a
cooperação nele, crime que leva consigo a pena de excomunhão, porque o ser
humano, desde a sua concepção, deve ser, em modo absoluto, respeitado e
protegido totalmente; A eutanásia directa, que consiste em pôr fim à vida de
pessoas com deficiências, doentes ou moribundas, mediante um acto ou omissão
duma acção devida; O suicídio e a cooperação voluntária nele, enquanto ofensa
grave ao justo amor de Deus, de si e do próximo: a responsabilidade pode ser
ainda agravada por causa do escândalo ou atenuada por especiais perturbações
psíquicas ou temores graves.
Derivam vários deveres: transmissão e conservação da vida (o homem é instrumento de Deus e está
sujeito às leis que o Criador promulgou para esse fim); deveres relacionados com a nossa própria
vida; deveres relacionados com a vida do próximo. Pecados contra a transmissão e conservação
da vida: esterilização, contracepção, o aborto voluntário, as manipulações genéticas (cf. CIC
2275), a eutanásia (cf. CIC 2276), etc. Pecados contra os deveres relacionados com a própria
vida: o homem é receptor e não autor da própria vida, portanto, deve preservá-la e desenvolver
as capacidades pessoais que com ela recebe. (CIC 2288); tais como: suicídio (cf. CIC 2280),
mutilações, pecados contra a sobriedade (cf. 2290), drogas (cf. 2291), etc. Pecados contra os
deveres relacionados com a vida dos outros, por exemplo o homicídio (cf. CIC 2261); há casos em
que pode ser permitido causar a morte a outro: o direito de tirar a um opressor injusto a
possibilidade de fazer o mal aos outros. A legítima defesa é um dever grave para quem é
responsável pela vida alheia ou pelo bem comum (cf. CCIC 2263), pena de morte (se não houver
outro meio de deter o agressor e que se preveja que fará um grande mal desproporcionado na
sociedade; «Na verdade, nos nossos dias, devido às possibilidades de que dispõem os Estados
para reprimir eficazmente o crime, tornando inofensivo quem o comete, sem com isso lhe retirar
definitivamente a possibilidade de se redimir, os casos em que se torna absolutamente necessário
suprimir o réu «são já muito raros, se não mesmo praticamente inexistentes» cf. CCIC 22652267), guerra justa, com condições muito estritas (cf. CIC 2307-2309). O respeito pela
convivência: vinganças, respeito pela intimidade e pela vida privada (a difamação, o segredo
profissional) (CIC 2262, 2302,03, 2284-87).
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
6º MANDAMENTO:
“Não pecar contra a castidade”Ex 20,14; Dt
5,18; Mt 5,27-28.
Guardar castidade nas palavras e nas obras.
O AMOR E A
SEXUALIDADE
CCIC 2331. «Deus é amor e vive em Si mesmo um mistério de
comunhão pessoal de amor. Ao criar a humanidade do homem e
da mulher à sua imagem [...] Deus inscreveu nela a vocação para
o amor e para a comunhão e, portanto, a capacidade e a
responsabilidade correspondentes». «Deus criou o homem à sua
imagem; [...] homem e mulher os criou» (Gn 1, 27); «Crescei e
multiplicai-vos» (Gn 1, 28); «Quando Deus criou o ser humano,
fê-lo à semelhança de Deus. Criou-os homem e mulher e
abençoou-os; e chamou-lhes «Adão» no dia em que os criou»
(Gn 5, 1-2).
CCIC 2332. A sexualidade afecta todos os aspectos da pessoa humana, na unidade do
seu corpo e da sua alma. Diz respeito particularmente à afectividade, à capacidade de
amar e de procriar, e, de um modo mais geral, à aptidão para criar laços de comunhão
com outrem.
O Sexto Mandamento ensina a viver a pureza; isto é, não pecar contra a castidade.
Mas, o que é a castidade e o que pressupõe?
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
A castidade é a virtude moral que regula rectamente a sexualidade humana. Com o
auto-conhecimento e auto-domínio, o homem poderá ordenar-se para seu objectivo em
corpo e alma (integridade da pessoa) e doar-se completamente a Deus e ao próximo a
exemplo de Jesus Cristo (integralidade da doação). Há diversas formas de castidade
(cf. CIC 2348-2350): no Matrimónio (a castidade conjugal) ou em celibato (castidade de
continência). Somos todos chamados à castidade, seja qual for o nosso estado de vida
(cf. 1 Cor 15-20), uma vez que no baptismo fomos elevados à dignidade de filhos de
Deus e somos templos do Espírito Santo. A castidade pode ser interna (pensamentos e
desejos) como externa (instintos sexual). Tudo deve ser feito por amor a Deus, que é
aquela pérola preciosa que devemos preferir a qualquer outro valor (Mt 13, 45s): Tendo
encontrado uma pérola de grande valor, vende tudo quanto possui e compra a pérola.»
A Beata Alexandrina
de Balazar e Santa
Maria
Goreti
defenderam a sua
pureza,
o
que
custou
estar
prostrada num leito
de
sofrimento
durante anos a fio e
a vida a outra, tudo
por amor a Cristo.
Contudo, hoje em
dia, há jovens que
até a virgindade
vendem
pela
internet!
Há
vários
meios
para
conservar
a
castidade:
sobrenaturais:
Reconciliação
e
Eucaristia; Oração frequente; Devoção à Virgem
Maria; Mortificação. Naturais: guarda da vista,
sobriedade na comida e bebida, cultivar o pudor,
direcção espiritual.
Problemas morais relacionados com a
sexualidade: luxúria – CIC 2351,
masturbação – CIC 2352, fornicação –
CIC 2353, pornografia – CIC 2354,
prostituição – CIC 2355, estupro ou
violação CIC 2356, homossexualidade, a
prática, mas não a tendência - CIC
2357-59.
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
Algumas verdades sobre o Matrimónio (cf. CICC 2360-63), hoje em dia muito
atacadas pela sociedade em que vivemos:
1.
A união matrimonial é entre homem e mulher, complementares
entre si, conforme a vontade do Criador. Ficam excluídas as uniões
homossexuais.
2. O sexo só pode ser vivido pelos casais após receberem o Sacramento do
Matrimónio, é exclusivo dos esposos. Qualquer uso do sexo fora do
casamento celebrado na igreja, é falta grave contra este Mandamento. Estão
assim excluídas as relações pré-matrimoniais e as uniões “à experiência”.
3. O Matrimónio, como doação total, é uno e indissolúvel, é para sempre:
qualquer limitação afectaria a totalidade da doação. Os esposos doam-se
totalmente um ao outro, em fidelidade, pelo que se exclui o divórcio (cf. CIC
2384-2386), o adultério (CIC 2380-2381), o incesto (CIC 2388-2389), as
uniões livres (CIC 2390-2391).
4. O Matrimónio deve-se pautar pela fecundidade (cf. CIC 2366-2372). Há
uma mentalidade avessa à questão dos filhos, considera-se a fecundidade
como um “perigo” e não como um “dom”. Por outro lado, não existe o
direito a ter filhos («filho exigido, a todo o custo»), pois os filhos são
um “dom” de Deus.
5. Os esposos devem ter consciência que o acto conjugal tem duas finalidades: a unitiva
(mútua doação dos esposos) e a procriativa (abertura à transmissão da vida). Não deve
ser nenhuma excluída, pelo que se condena a esterilização, e a regulação dos nascimentos por
métodos contraceptivos (excepto a continência periódica e o recuso aos períodos infecundos.
Contudo, não se trata de ter filhos sem pensar, mas os esposos devem conscientemente atender a
todas as condições, por motivos graves e aceitáveis, que não o egoísmo de se evitar os filhos!)
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
7º MANDAMENTO:
JUSTIÇA
Não roubarás (Ex 20,15; Dt 5,19; Mt 19,18).
Não furtar (nem injustamente reter ou
danificar os bens do próximo).
CCIC 503. Que diz o sétimo mandamento? Ele enuncia o destino,
a distribuição universal e a propriedade privada dos bens, e ainda o
respeito das pessoas, dos seus bens e da integridade da criação. A
Igreja encontra fundada neste mandamento também a sua doutrina
social, que compreende o recto agir na actividade económica e na
vida social e política, o direito e o dever do trabalho humano, a
justiça e a solidariedade entre as nações, o amor aos pobres.
CCIC 508. Que proíbe o sétimo mandamento? O sétimo mandamento, antes de
mais, proíbe o furto que é a usurpação do bem alheio contra a razoável vontade do seu
proprietário. É o que também sucede no pagamento de salários injustos; na especulação
sobre o valor dos bens para obter vantagens com prejuízo para os outros; na falsificação
de cheques ou facturas. Proíbe, além disso, cometer fraudes fiscais ou comerciais, causar
um dano às propriedades privadas ou públicas. Proíbe também a usura, a corrupção, o
abuso privado dos bens sociais, os trabalhos culpavelmente mal feitos e o esbanjamento.
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
O Sétimo Mandamento prescreve a prática da justiça e da caridade na administração
dons bens terrenos e dos frutos do trabalho dos homens – Doutrina Social da Igreja.
(CIC 2401-51). Refere-se ao uso ordenado dos bens terrenos.
No EFC 20 (Doutrina Social da Igreja e Ecumenismo) falamos das ideias e princípios
subjacentes à Doutrina Social da Igreja. Recordemos as ideias essenciais.
•
•
Deus criou todas as coisas e as entregou ao homem para para estarem ao
seu serviço, como administradores e não como “donos” da criação. «Qualquer
bem particular tem uma hipoteca social» (João Paulo II), isto é, parte do
usufruto deve ser dedicado ao bem comum. O homem participa com o seu
trabalho, aperfeiçoando-se. A Igreja limita-se no campo económico a dar
elementos essenciais para que um sistema social seja justo e não diz qual o
sistema social que deve seguir.
Os princípios básicos da Doutrina Social da Igreja são: a dignidade humana
(todo o homem deve ser respeitado em si mesmo, pois foi criado à imagem e
semelhança de Deus); destino universal dos bens (os bens são dom de
Deus e devem estar ao serviço de todos); solidariedade (na sociedade
deverá existir a união recíproca dos seus membros, que faz com que os
interesses de uns sejam, em certo grau, os interesses de todos), princípio
do bem comum (a pessoa tem obrigação de contribuir para o bem comum,
ainda que isto lhe custe a renúncia de interesses particulares; por exemplo,
pagar impostos, respeitar as leis, eleger seus governantes, etc; uma vez
cumpridos os deveres de cidadão, a pessoa terá a liberdade para atender a
seus interesses particulares, como a aplicação de seu património, lazer, etc.);
subsidariedade (uma sociedade maior e mais poderosa pode e deve prestar
a pessoas ou grupos menores e mais fracos, sem os sufocar ou impedir o seu
desenvolvimento)
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
Na Bíblia encontramos inúmeras condenações ao roubo, à corrupção, às
injustiças com os mais fracos. Os profetas acusaram os que exploram os
irmãos. «Nem os ladrões, nem os avarentos… nem os rapinadores
herdarão o Reino de Deus» (1 Cor 6,10). Todo o roubo exige a reparação
na mesma medida; temos o caso de Zaqueu que prometeu restituir
quatro vezes tudo o que tinha roubado.
Na sociedade em que vivemos, vemos cada vez mais atentados à dignidade
da pessoa humana, como a exploração em ambiente de trabalho, o
enriquecimento à custo de actos ilícitos como o tráfico de seres humanos, o
tráfico de influências, o tráfico de drogas, a corrupção, os desvios, a fuga ao
fisco, o contrabando, o não pagamento de salários justos, as fraudes
diversas, etc. Vemos os pobres cada vez mais pobres e os ricos cada
vez mais ricos, muitas vezes à custa de actos desonestos. Mas os bens
criados devem ser repartidos por todos conforme a justiça, mas respeitando
a caridade, sem meios violentos.
Exige-se também não poluir a terra, o ar e a água, e
não esbanjar os recursos naturais que as gerações
sucessoras
deverão
usar.
O
desperdício
e
consumismo em nossos dias também é um pecado
contra o sétimo Mandamento. Os animais são
confiados à administração do homem, que lhes deve
benevolência. Podem servir para a justa satisfação das
necessidades do homem, como alimentação e serviço,
mas devem ser tratados com respeito. A esmola dada
aos pobres é um testemunho de caridade fraterna; é
também uma prática de justiça que agrada a Deus.
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
8º MANDAMENTO:
“Não apresentarás falso testemunho contra teu
próximo”.(Ex 20,16; Mt 5,33)
Não levantar falsos testemunhos (nem de
qualquer outro modo faltar à verdade ou
difamar o próximo)
VERDADE
«Eu sou o
Caminho,
a Verdade
e a Vida»
(Jo 14, 6)
Este mandamento proíbe mentir ou falsificar a verdade nas relações com os outros. O povo de Deus é
santo e deve ser testemunha de Deus que é e quer a Verdade. «Ouvistes também o que foi dito aos
antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos para com o Senhor» (Mt 5,33). Jesus
disse: «Eu Sou a Verdade» (Jo 14, 6) e disse que o demónio é o «pai da mentira». Os discípulos de
Cristo «revestiram-se do homem novo, criado segundo Deus na justiça e santidade da verdade» (cf.
Ef 4,24-32; Jo 14,6; 8,44; Mt 5,37; CIC 2465-2470). O cristão não deve «envergonhar-se de dar
testemunho de Nosso Senhor” (cf 2Tm 1,8) em actos e palavras. O martírio é o supremo
testemunho prestado à verdade da fé. (CIC 2506).
CCIC 523. O que proíbe o oitavo mandamento? O oitavo mandamento proíbe:
O falso testemunho, o perjúrio e a mentira, cuja gravidade se mede pela natureza
da verdade que ela deforma, das circunstâncias, das intenções do mentiroso e dos
danos causados às vítimas; O juízo temerário, a maledicência, a difamação, a
calúnia, que lesam ou destroem a boa reputação e a honra a que a pessoa tem
direito; A lisonja, a adulação ou complacência, sobretudo se finalizadas à
realização de pecados graves ou à obtenção de vantagens ilícitas; Uma culpa
contra a verdade exige a reparação, quando se ocasionou dano a outrem.
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
CCIC 524. Que requer o oitavo mandamento? O oitavo mandamento requer o
respeito da verdade, acompanhado pela discrição da caridade: na comunicação e na
informação, que devem assegurar o bem pessoal e comum, a defesa da vida particular e
o perigo de escândalo; na reserva dos segredos profissionais, que se devem sempre
manter, salvo em casos excepcionais, por motivos graves e proporcionados. Exige-se
também o respeito pelas confidências feitas sob o sigilo do segredo.
Deve-se cultivar a virtude da veracidade, que nos inclina a dizer sempre a
verdade e a manifestar exteriormente tal como somos interiormente,
mostrando-nos verdadeiros no agir e falar, evitando a duplicidade e a
hipocrisia (cf. CIC 2505). Contudo, a virtude da prudência,
entretanto, mostra-nos que, embora exista a verdade, ela tem a hora
certa e a pessoa certa para sua divulgação. Assim, não somos sempre
obrigados a revelar a verdade; o que não se pode é mentir; uma regra
de ouro ajuda a discernir, nas situações concretas, se convém ou não
revelar a verdade àquele que a pede. Como ofensas à verdade temos
(cf. CIC 2475): a mentira (palavra ou sinal por que se dá a entender
alguma coisa diferente daquilo que se pensa e com a intenção de
enganar), nunca é lícito mentir, mesmo para obter bons efeitos para
terceiros. A gravidade da mentira deve ser considerada não só em si
mesma mas também pelas suas consequências. Como pecados afins
temos: a simulação (por actos), a hipocrisia, a adulação (para obter
proveitos), jactância (gabar-se ou depreciar alguém). Toda a mentira
impõe o dever de reparação (CIC 2487). A sociedade tem direito a uma
informação fundada na verdade, na liberdade e na justiça; por isso os
meios de comunicação devem ter moderação e disciplina e se pautar
pela verdade. Não se pode acusar alguém de crime ou dolo sem provas
concretas.
Muitas vezes, a prudência
manda calar; é melhor calar
do que dizer algo ocioso ou
falso; ou até verdade, mas
que pode ter efeitos adversos,
por exemplo: «Ouça lá, ó
vizinha, você está com um
penteado horrível!»
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
9º MANDAMENTO:
PUREZA
«Não cobiçar a mulher do próximo» (Ex 20,17; Mt 5,28).
Guardar castidade nos pensamentos e desejos.
CCIC 527. O que exige o nono mandamento? O nono mandamento exige vencer a concupiscência
carnal nos pensamentos e nos desejos. A luta contra a concupiscência passa pela purificação do
coração e pela prática da virtude da temperança. CCIC 528. Que proíbe o nono mandamento? O
nono mandamento proíbe cultivar pensamentos e desejos relativos às acções proibidas pelo sexto
mandamento.
Jesus disse: “Ouvistes o que foi dito: “Não cometerás adultério” (Ex 20,14). Eu, porém, vos digo: todo
aquele que olha para uma mulher com desejo malicioso já cometeu adultério com ela em seu
coração” (Mt 5,27-28). Jesus quer matar o pecado da impureza na sua raiz; no coração.
CCIC 529. Como chegar à pureza do coração? O baptizado, com a graça de Deus, em luta contra
os desejos desordenados, chega à pureza do coração mediante a virtude e o dom da castidade, a
pureza de intenção e do olhar exterior e interior, com a disciplina dos sentidos e da imaginação e pela
oração. CCIC 530. Quais as outras exigências da pureza? A pureza exige o pudor, que,
preservando a intimidade da pessoa, exprime a delicadeza da castidade e orienta os olhares e os gestos
em conformidade com a dignidade das pessoas e da sua comunhão. Ela liberta do erotismo difuso e
afasta de tudo aquilo que favorece a curiosidade mórbida. Requer uma purificação do ambiente social,
mediante uma luta constante contra a permissividade dos costumes, que assenta numa concepção
errónea da liberdade humana.
«Bem aventurados os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5, 8). Puros de coração são
que entregaram o seu coração e razão às exigências da santidade de Deus, principalmente
em três campos, na caridade, castidade, amor à verdade.
5 – «Amarás o teu próximo como a ti
mesmo»
10º MANDAMENTO:
POBREZA
Não cobiçarás coisa alguma que pertença a teu próximo”. (Ex
20,17; Dt.5,21; Mt 6,21).
Não cobiçar as coisas alheias.
CCIC 531. Que exige e que proíbe o décimo mandamento? Este
mandamento completa o precedente e exige uma atitude interior de respeito em
relação à propriedade alheia. Proíbe a avidez, a cupidez desregrada dos bens dos
outros e a inveja, que consiste na tristeza que se experimenta perante os bens
alheios e o desejo imoderado de deles se apoderar.
CCIC 532. Que pede Jesus com a pobreza de coração? Jesus requer aos seus discípulos que O prefiram a
tudo e a todos. O desprendimento das riquezas – segundo o espírito da pobreza evangélica – e o abandono à
providência de Deus, que nos liberta da preocupação pelo amanhã, preparam-nos para a bem-aventurança dos
«pobres em espírito, porque deles é já o reino dos céus» (Mt 5, 3). CCIC 533. Qual é o maior desejo do
homem? O maior desejo do homem é ver a Deus. Este é o grito de todo o seu ser: «Quero ver a Deus!». De
facto, o homem realiza a verdadeira e perfeita felicidade na visão e na bem-aventurança d’Aquele que o criou
por amor e o atrai a Si no seu infinito amor.
O rico e o Lázaro
Enquanto que no 7º mandamento proíbe actos externos contra os bens do próximo, o 10º proíbe actos
internos. Jesus ensina a disposição interior relativo aos bens: «Não vos inquieteis pela vossa vida,
pelo que haveis de comer ou beber, nem pelo vosso corpo, pelo que haveis de vestir» (Mt 6, 25).
Devemos cultivar a virtude da pobreza: querer não ter nada para alcançar o tudo (Deus); os bens
materiais são meios para obtermos o fim sobrenatural, não são fins. Este mandamento é vivenciado
através da virtude da liberalidade, que é a virtude que regula o amor pelas coisas materiais e nos
dispõe a utilizá-las segundo a vontade de Deus. Os pecados opostos são: a avareza – desejo
desordenado pelos bens materiais; um dos pecados capitais, visto ser fonte de muitos outros (CIC
2539); afecto desordenado pelas criaturas; a prodigalidade – vício que leva ao abuso no modo de
dispor do dinheiro, gastando-o inconsiderada e desmedidamente, para satisfazer os apetites.
6. Os Mandamentos da
Santa Igreja
6 – Os Mandamentos da Santa Igreja
A lei mais importante para ser cumprida é a Lei de Deus infundida em
nossos corações, a Lei Natural, expressa no Decálogo. Para facilitar o
cumprimento das mesmas, a Igreja, com o poder que recebeu de Cristo,
determinou algumas obrigações: «Os Mandamentos da Santa Igreja». O
não cumprimento destas Leis implica em falta grave (pecado mortal) por
contrariar a lei divina concretizada na lei eclesiástica. Por exemplo, ao deixar
de comungar ao menos uma vez ao ano (Páscoa), demonstramos a nossa
indiferença para com Jesus e, ferimos o primeiro e mais importante de todos
os mandamentos – “Amar a Deus sobre todas as coisas”.
Os Mandamentos da Lei de Deus e os mandamentos da Santa Igreja têm diferenças:
quanto à obrigação, os divinos obrigam a todos, enquanto que os da Igreja apenas obrigam aos
que fazem parte dela (os baptizados); quanto à validade, os divinos são eternos e imutáveis,
enquanto que os da Igreja poderão variar dependendo do discernimento do Magistério da
Igreja; quanto à dispensa, os divinos são indispensáveis, enquanto que os da Igreja podem ser
dispensados pelo próprio Magistério; quanto ao número, os divinos são dez, enquanto que os
da Igreja abrangem todo o Direito Canónico, dos quais há cinco principais.
CCIC 432. Quais são os preceitos da Igreja? São: 1) participar na missa
do Domingo e Dias Santos de Guarda e abster-se de trabalhos e actividades
que impeçam a santificação desses dias; 2) confessar os pecados recebendo
o sacramento da Reconciliação ao menos uma vez cada ano; 3) comungar ao
menos pela Páscoa da Ressurreição; 4) guardar a abstinência e jejuar nos
dias marcados pela Igreja; 5) contribuir para as necessidades materiais da
Igreja, cada um segundo as próprias possibilidades.
6 – Os Mandamentos da Santa Igreja
Participar na missa do
Domingo e Dias Santos de Guarda e
abster-se de trabalhos e actividades que
impeçam a santificação desses dias.
PRIMEIRO MANDAMENTO:
•
•
•
•
•
•
Isto já faz parte do Terceiro mandamento da Lei de Deus.
Teve-se de fixar este preceito no séc. V, pois vinha sendo esquecido
pelos cristãos este preceito natural.
Obriga a todos os fiéis com uso da razão, acima de sete anos, que
possuam capacidades físicas que permitam comparecer na Igreja.
O dia para cumprir o preceito é o Domingo, não cumpre o preceito
se substitui-lo por outro dia da semana para ir à Missa; se for missa
vespertina (de Sábado à tarde, desde que utilizadas as leituras de
Domingo).
Modo de participar: estar presente, participar da missa inteira,
atenção, «participar da Missa e não simplesmente assistir» (SC 48),
espírito de devoção.
Estão dispensadas as pessoas: que tenham impossibilidade física,
quer estejam doentes, quer vivam muito longe e não disponham de
transporte ou não suportem as viagens, etc.; que tenham grave
necessidade privada ou pública (os que trabalham em actividades
urgentes e essenciais, os que tratam de doentes ou crianças pequenas
que não podem dispensar os cuidados), grave incómodo ou prejuízo
(se para participar na missa tiver de sofrer grave dano para si mesmo
ou para o próximo). Pode ainda ser dispensado por um sacerdote ou
bispo. Contudo, o fiel faça todo o possível para superar os
impedimentos.
«Os
cristãos
católicos
aprendem no catecismo que
a missa do domingo é
obrigatória.
(…)
No
entanto,
nada
mais
afastado do espírito da
Igreja do que considerá-la
uma “obrigação”. A Santa
missa não pode tornar-se
uma obrigação, ou seja,
vamos lá, cumprimos nossa
obrigação e depois estamos
livres. Quem ama a Deus,
não vai por obrigação. A
Santa missa não deve ser
olhada como um preceito,
uma obrigação, mas como
uma graça, que nos insere
dentro da comunidade de
irmãos, nos faz viver o
mistério
de
Cristo».
Pe.
Mário Marcelo,
scj
http://twitter.com/pemario
marcelo
6 – Os Mandamentos da Santa Igreja
Confessar os pecados
recebendo o sacramento da Reconciliação
ao menos uma vez cada ano.
SEGUNDO MANDAMENTO:
«Isto é pecado? (…) Viver dentro
do binómio pecado/não-pecado,
seria destruir a nossa liberdade na
sua mesma base, porque
equivaleria a colocar-nos fora do
«círculo» do amor e gratuidade
para com Deus e os outros. Esta
atitude mostraria também que essa
pessoa ainda não percebeu que o
verdadeiro cristianismo consiste em
ir crescendo cada vez mais no
amor, cuja medida é não ter
medida (…) Pôr um limite no amor,
é «matá-lo» naquilo que é a sua
própria essência (…)» (António José
Coelho, S.J. – Perguntas com
resposta)
• Assegura a preparação para a Eucaristia pela recepção do
sacramento da Reconciliação. A Igreja exorta a que se recorra a este
Sacramento e de modo frequente: exame de consciência,
arrependimento e propósito de emenda.
• Aquele que pecou gravemente, afastando-se da presença e Deus,
deve reconciliar-se logo que possível, mostrando desprezo por Deus
se não se reconciliasse ao menos uma vez por ano (estipulação já de
si benévola). Em 1215, no IV Concílio de Latrão, a Igreja estipulou
este preceito.
• Devem cumprir o preceito as pessoas com a idade da razão, a partir
de 7 anos, aproximadamente, devendo ser feito no mínimo uma vez
cada ano, não havendo época determinada, mas aconselhando-se a
Quaresma, por ser tempo próprio de confissão e arrependimento; a
confissão deve ser sacramental; mas só está obrigado quem tiver
consciência de pecado mortal, pois os pecados veniais são perdoados
de outra forma: acto penitencial e Eucaristia, actos de caridade com o
próximo, penitências, etc.
• Contudo, os pecados veniais podem e aconselha-se a que sejam
confessados sacramentalmente, pelo que a Igreja aconselha a
confissão frequente como meio de purificação interior, ainda que não
existam pecados mortais.
6 – Os Mandamentos da Santa Igreja
Comungar ao menos
pela Páscoa da Ressurreição.
TERCEIRO MANDAMENTO:
• Este mandamento garante um mínimo de recepção do Corpo
e Sangue de Senhor, em ligação com as festas pascais, origem
e centro da liturgia cristã. Quem não procurasse a comunhão,
ao menos uma vez ao ano, violaria o primeiro mandamento da
Lei de Deus, uma vez que mostraria desprezo pela Sua obra
salvífica.
• Todo o cristão que tenha recebido já a Primeira Comunhão
deve cumprir este preceito. É indispensável a recepção em
estado de graça, com Sacramento da Reconciliação prévio, se
houver consciência de pecado mortal. Além disso, deve
observar o jejum eucarístico de pelo menos uma hora antes
da comunhão, sem ingerir alimentos ou líquidos, excepto água
(cf. Código de Direito Canónico, CDC, 919). E também a boa
disposição interior e exterior para comungar, sabendo-se
quem se vai receber e não por simples rotina.
• Deverá ser feita no Tempo Pascal, do domingo de Páscoa até
ao Pentecostes, dentro da Santa Missa, salvo situações
especiais (cf. CDC 919).
• Contudo, a Igreja exorta a que haja comunhões frequentes,
assim como toda a frequência dos sacramentos, sendo uma
vez por ano o mínimo dos mínimos.
«A comunhão, como o
mesmo título indica, faz
parte
integrante
da
Eucaristia. Isto significa
que esta só será completa,
se
comungarmos.
Não
comungar na Missa, é o
como ser convidado para
uma
refeição
e
não
comer…» (António José
Coelho, S.J. – Perguntas
com resposta)
6 – Os Mandamentos da Santa Igreja
Guardar a abstinência e
jejuar nos dias marcados pela Igreja.
QUARTO MANDAMENTO:
• Preparam-nos para as festas litúrgicas e contribuem para o nosso domínio
«O cristianismo é uma religião de
exigências muito maiores, como
seja «jejuar» (não cometer) do
pecado nas suas diversas formas,
procurando,
pelo
contrário,
cultivar as virtudes, como tantos e
tantas cultivaram e cultivam,
heroicamente. Não queremos dizer
com isto que não se faça jejum e a
abstinência, mas que estes devem
ser praticados, mas que estes
devem ser praticados dentro do
espírito evangélico, e não pelo
cumprimento de uma obrigação:
«A letra mata; o Espírito é que dá
vida» (2 Cor 3, 6; cf. Rom 2, 27;
7, 6). E faltará a este verdadeiro
espírito evangélico, por exemplo,
quem não coma carne às sextasfeiras, e a substitua por lagosta ou
camarão…» (António José Coelho,
S.J., Perguntas com resposta).
sobre os instintos e liberdade de coração. Como mínimo, se façam pequenas
mortificações (na alimentação ou outros prazeres) que serão postas em prática
em certos dias do ano. A razão de serem marcados dias e tempos penitenciais
para toda a Igreja é manifestar a unidade dos cristãos (cf. CDC 1249).
• Contudo, não é só nestes dias que se deve fazer penitência. Existem diferentes
modos de se viver o espírito de mortificação, dentre eles sobressaem o jejum e
a abstinência, obrigatórios em certos dias e para algumas pessoas. O jejum
consiste em apenas uma refeição por dia, embora seja permitido tomar algum
alimento de manhã e à noite (ou seja comermos menos); a abstinência consiste
em evitarmos (comer, usar, usufruir etc…) de alguma coisa de que gostamos,
por amor a Deus (caridade), tradicionalmente a carne. Contudo, não precisa de
ser carne, mas evitar-se os «pratos caros requintados».
• Os dias de penitência são todas as sextas-feiras do ano (desde que não
coincidam com uma solenidade) e o Tempo da Quaresma (cf. CDC 1250). Na
Quarta feira de cinzas e Sexta Feira Santa deve ser observado jejum e
abstinência (cf. CDC 1251).
• Para a abstinência estão obrigados os maiores de 14 anos; ao jejum estão
obrigados os maiores de idade (a partir dos 18 anos); até aos 59 completos, em
ambos os casos. Estão dispensadas as pessoas doentes, debilitadas ou
trabalhadores que tenham trabalhos que exijam muito esforço.
• A abstinência nas sextas-feiras (excepto na quaresma), pode ser substituída
por «outras formas de penitência, principalmente em obras de caridade e
exercícios de piedade» (cf. CDC 1253); em Portugal, a Conferência Episcopal
Portuguesa publicou (28.1.1985) as “Normas de Observância Penitencial para as
Dioceses Portuguesas”. Nomeadamente: o Contributo Penitencial (Renúncia
Quaresmal), Via-Sacra, reza do terço, recitação de Laudes e Vésperas do ofício
divino, participação na Eucaristia, leitura prolongada da Escritura, esmola…
6 – Os Mandamentos da Santa Igreja
Contribuir
para
as
necessidades materiais da Igreja, cada um
segundo as próprias possibilidades.
QUINTO
MANDAMENTO:
• Os fiéis têm a obrigação de socorrer as necessidades da Igreja, a fim de que
possa dispor do que é necessário para o culto divino, para as obras de
apostolado e de caridade e para o honesto sustento dos ministros. Embora a
Igreja tenha missão divina, é composta de seres humanos que dependem
destes recursos para poderem desempenhar a sua missão (cf. 1 Cor 9,8-14).
• No passado, existia o dízimo, que era a décima parte dos rendimentos ou as
primícias (as primeiras colheitas dos frutos da terra e dos animais). Hoje a
contribuição é feita «em consciência», dentro das possibilidades de cada um,
mas que permitam preservar a dignidade e a missão da Igreja.
• Normalmente, atendemos a esta obrigação de ajuda material prestando a
nossa colaboração às diversas colectas organizadas pela paróquia ou pela
diocese, com a generosidade que os nossos meios permitam.
• Podem ser: o Contributo Paroquial, conhecido por «Direitos paroquiais»,
«Primícias», «Côngrua» ou «Avinça», para o sustento do pároco; ofertórios na
Missa com diversas finalidades (para as despesas da paróquia, no templo, no
património da paróquia, para acções sociais, catequese, formação de agentes
de pastoral, etc); ofertórios prescritos para finalidades específicas: pela Santa
Sé estão prescritos os ofertórios para os Lugares Santos, a Cadeira de São
Pedro, as Instituições a cargo da Santa Sé, Obras Missionárias Pontifícias. Pela
Conferência Episcopal Portuguesa estão prescritos: para a Universidade
Católica Portuguesa, Cáritas, Contributo Penitencial, Meios de Comunicação
Social da Igreja, Obras Diocesanas de apostolado, obra católica das migrações
e seminários diocesanos.
«Jesus sentou-Se em
frente
da
arca
do
tesouro a observar como
a multidão deitava o
dinheiro na caixa. Muitos
ricos deitavam quantias
avultadas.
Veio
uma
pobre viúva e deitou
duas pequenas moedas,
isto é, um quadrante.
Jesus
chamou
os
discípulos e disse-lhes:
«Em verdade vos digo:
Esta pobre viúva deitou
na caixa mais do que
todos os outros. Eles
deitaram do que lhes
sobrava, mas ela, na sua
pobreza, ofereceu tudo o
que tinha, tudo o que
possuía para viver». Mc
12, 38-44
7. Bibliografia recomendada
(E.F.C. 28)
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